Assim não, senhor Presidente!

R$81,90

LANÇAMENTO: 17 março de 2025.

Assim não, senhor Presidente!  é um romance do moçambicano UNGULANI BA KA KHOSA, nome tsonga de Francisco Esaú Cossa. 

Em Assim não, senhor Presidente!, Ungulani nos conduz pela história de Moçambique por meio das vozes de personagens como memórias, cartas, diálogos, documentos e outros tipos de registros. Pensamentos e conversas de homens e mulheres, moçambicanos e portugueses, como jornalistas, políticos, professores, médicos, ex-guerrilheiros e colonos, resultam em narrativas que se interligam. O resultado é um sensível e emocionante retrato ficcional da história do povo moçambicano desde antes da luta de libertação contra o domínio colonial até os dias de hoje.

 

Em estoque

SKU: 9786587231372 Categoria:

Leia alguns trechos de

Assim não, senhor Presidente!,  de Ungulani Ba Ka Khosa.

“No subúrbio, pós-independência, os pobres pretos de outrora continuavam pobres e comemoravam, à sua maneira, o ano prestes a findar, com o pouco que tinham na mesa de madeira coberta por uma toalha de plástico, e um candeeiro a petróleo no centro da mesma a enterrar-se, de forma desequilibrada, no chão de areia; sentados em pequenos bancos de madeira, passavam de mão em mão a caneca com a cerveja tradicional. Todos ansiavam pelo novo ano, na esperança de outras melhoras na crescente pauperização da sociedade a militarizar-se.”

“Aprende isso, filho! Agora que andas na universidade deves ter o olho aberto, Este país não avança com estes sacanas! Um país não pode ser governado com inveja, mágoa, vingança, Um país deve ser de todos e não de poucos, poucos que se acham os mais inteligentes do mundo, foda-se! Era assim o velho mecânico Furtado…”

“Luísa não se preocupou de imediato com a mboa, por ser um prato rápido, diferente da matapa que aos sábados o casal fazia questão de levar à casa da avó, em alternância com a feijoada. A matapa requeria outro tempo de cozedura, outras formas de tratar a panela, a começar pelas folhas de mandioca, base do prato, que precisam de ser piladas com alho e, depois, dado importante, vão à panela com a água que serviu para limpar o pilão;”

“Eu respiro outro ar, sinto, pela primeira vez, que estou na minha terra. Ontem sentia-me estrangeiro na minha própria terra. Havia os verdadeiros nacionais. E nós, a maioria, tínhamos que mendigar a nossa cidadania…”

“Dezenove horas. As luzes dos candeeiros da principal avenida da cidade mostravam-se já cansadas nos postes meio descaídos; em muitos as lâmpadas haviam fundido há anos; nas ruas secundárias os candeeiros acompanhavam a noite, na escuridão que lhe é característica nestes trópicos onde as estrelas, projetadas nas suas constelações, pouco diziam às populações urbanizadas, habituadas aos calendários já uniformizados e às horas pontuadas em Greenwich.”

“A matapa requeria outro tempo de cozedura, outras formas de tratar a panela, a começar pelas folhas de mandioca, base do prato, que precisam de ser piladas com alho e, depois, dado importante, vão à panela com a água que serviu para limpar o pilão; deixa-se ferver até que a água termine, em seguida põe-se o tomate, a cebola e o sumo de coco — aqui outro segredo, porque o primeiro sumo de coco fica de lado, entra a segunda leva do sumo de coco —, deixa-se ferver enquanto se prepara o sumo de amendoim que se mistura com a primeira leva do sumo de coco. Nesta fase junta-se o camarão e, caso queira, o caranguejo. Deixa-se cozer por cerca de uma hora e quarenta e cinco minutos, sempre com o olhar atento e a colher de pau mexendo e revirando o caril, deixando que os aromas encham a cozinha (…)”

“Bebiam de tudo, do tradicional, o chamado uputsu ou vuputru, dependendo da variante linguística, cerveja feita à base da mapira e milho fresco a servir de fermento com uma generosa dose de açúcar a aumentar o teor alcoólico, entremeado de uns goles de aguardente de caju proveniente das terras dos pais e avós, residentes no interior do país, e a cerveja socialmente aceite por todos, com o nome do general Mac Mahon (a famosa 2M), presidente francês, responsável pela mediação dos limites fronteiriços entre a região sul de Moçambique e a África do Sul, no conflito que opôs ingleses e portugueses, então potências coloniais, no último quartel do século XIX, ou a Laurentina, clara ou preta, marca de cerveja a tipificar os naturais da capital de Moçambique, os chamados laurentinos.”

*****

O livro originalmente foi lançado em 2023, em Moçambique. O lançamento no Brasil está previsto para 2025. É o 4º livro de do autor que a Kapulana traz ao Brasil.  Os anteriores são os seguintes:

 

ISBN

978-65-87231-37-2

Autor

Série

Idioma

País de origem

Páginas

274

Ano

Formato

brochura, e-book

Peso 0,365 kg
Dimensões 14 × 21 × 1 cm

Você também pode gostar de…