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Ungulani Ba Ka Khosa, autor moçambicano, lança no Brasil seu livro Orgia dos loucos

Ungulani Ba Ka Khosa, autor do livro O rei mocho, lança seu novo livro no Brasil, Orgia dos loucos, pela Editora Kapulana

Ungulani Ba Ka Khosa é Diretor do Instituto Nacional do Livro e do Disco (INLD) e Secretário-geral da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO). Escreveu muitos livros, vários deles premiados. Autor dos livros O rei mocho (infantil) e Orgia dos loucos (contos), da Editora Kapulana, Ungulani Ba Ka Khosa esteve no Brasil entre os dias 04 e 11 de dezembro de 2016, para participar de eventos em Recife e São Paulo.

Em 6 de dezembro de 2016, às 18h30,  em Recife, Pernambuco, o renomado escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa, participou do lançamento de seu livro Orgia dos loucos, pela Editora Kapulana, durante o “VI Encontro de Professores de Literaturas Africanas/ II Afrolic Dizer Áfricas: vozes, literatura, mulher”, na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). A diretora da Kapulana, apresentou os protagonistas da edição brasileira de Orgia dos loucos. A mesa de lançamento teve mediação da Profa. Dra. Carmen Tindó Secco, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A prefaciadora Vanessa Teixeira falou de sua pesquisa sobre a obra de Ungulani Ba Ka Khosa e sobre seu prefácio para o livro Orgia dos loucos. O autor falou sobre seu processo criativo da obra, enquanto Mariana Fujisawa, ilustradora, explicou o processo artístico e as técnicas utilizadas na edição. Ao final do evento, houve sessão autógrafos para os presentes. Na mesma ocasião, os participantes fizeram o lançamento, em território pernambucano, do livro Sangue Negro, de Noémia de Sousa, a Mãe dos Poetas Moçambicanos.

Em 7 de dezembro, ainda no “VI Encontro de Professores de Literaturas Africanas/ II Afrolic Dizer Áfricas: vozes, literatura, mulher”, Ungulani Ba Ka Khosa participou da mesa de encerramento do evento, intitulada “O lugar da literatura e das humanidades nos estudos africanos”, com mediação do Prof. Dr. Benjamin Abdala Júnior, da Universidade de São Paulo (USP). Os presentes falaram sobre aspectos da criação literária e da obra de Ungulani, e abriram perguntas para discussão com o público.

Em 8 de dezembro de 2016, das 19h30 às 21h, em São Paulo, SP, a Editora Kapulana promoveu a participação de Ungulani Ba Ka Khosa em evento na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), denominado “Conversa com Ungulani Ba Ka Khosa, escritor moçambicano”. A editora da Kapulana apresentou os participantes da mesa, que foi mediada pelo Prof. Ubiratã Sousa (USP), pesquisador da obra de Ungulani, e contou com as presenças do autor e da ilustradora de Orgia dos loucos, e do renomado professor moçambicano José Luís Cabaço. Foram colocados em pauta temas como: cultura e literaturas africanas de língua portuguesa, literatura moçambicana, a obra de Ungulani Ba Ka Khosa e, principalmente, aspectos da criação literária e das ilustrações nos contos de Orgia dos loucos. Ao final do evento, houve sessão de autógrafos. O evento contou com o apoio do CEA (Centro de Estudos Africanos) e do CELP (Centro de Estudos das Literaturas e Culturas de Língua Portuguesa), ambos da Universidade de São Paulo.

Em 9 de dezembro de 2016, o escritor visitou a Editora Kapulana e acompanhou a dinâmica de trabalho da equipe da editora. Concedeu entrevistas em áudio e vídeo a Clarissa Wolff, do canal “A redoma de livros” e a Bárbara Ferreira Santos, correspondente no Brasil da “Rádio Voice of America”, que faz transmissões para países africanos de língua portuguesa. Concedeu ainda entrevista à Rádio Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho).

A equipe agradece a todos que apoiaram as atividades de Ungulani Ba Ka Khosa no Brasil, tornando possível a aproximação entre o escritor moçambicano e seus leitores brasileiros.

Acompanhe as novidades, que serão atualizadas diariamente no site e nas redes sociais da Editora Kapulana.

 

São Paulo, 09 de dezembro de 2016.

 

Fotos das atividadeshttps://www.kapulana.com.br/5-a-7122016-lancamento-de-orgia-dos-loucos-de-ungulani-ba-ka-khosa-na-afrolic-em-recife-pe/

https://www.kapulana.com.br/08122016-conversa-com-ungulani-ba-ka-khosa-na-fflch-usp-em-sao-paulo-sp/ 

https://www.kapulana.com.br/09122016-ungulani-ba-ka-khosa-na-editora-kapulana/

Vídeo “Ungulani Ba Ka Khosa lê trecho de conto de seu novo livro Orgia dos loucos”https://youtu.be/75wAx9U9rUA

Entrevista de Ungulani Ba Ka Khosa ao canal A redoma de livros: http://www.catarticos.com.br/doce/entrevista-ungulani-ba-ka-khosa/

Entrevista de Ungulani Ba Ka Khosa à Rádio Voice of America: https://www.youtube.com/watch?v=0OUIaDeKdMc

Enrevista de Ungulani Ba Ka Khosa à Rádio Unesp: em breve.

Sobre o autor Ungulani Ba Ka Khosa: https://www.kapulana.com.br/ungulani-ba-ka-khosa/

Sobre o livro Orgia dos loucos: https://www.kapulana.com.br/produto/orgia-dos-loucos/

Sobre o livro O rei mocho: https://www.kapulana.com.br/produto/o-rei-mocho/


 

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Sangue Negro, da moçambicana Noémia de Sousa, no Brasil, pela Editora Kapulana

A Editora Kapulana faz lançamento nacional de Sangue Negro, de Noémia de Sousa, a Mãe dos Poetas Moçambicanos, pela primeira vez no Brasil

SANGUE NEGRO, da moçambicana Noémia de Sousa (1926-2002), é obra fundamental que marcou as gerações de poetas africanos. É composta por 46 poemas, inicialmente publicados esparsamente em jornais, que retratam a luta dos oprimidos na época colonial de Moçambique. São poemas que representam a voz dos negros, das mulheres e dos trabalhadores oprimidos.

O conjunto de poemas teve duas edições moçambicanas (2001 e 2011) e agora chega finalmente ao Brasil pela Editora Kapulana. Primeira edição brasileira, a obra apresenta rigor no tratamento dos textos.

A Kapulana optou por manter a grafia original dos textos, sem atualizações, de forma a que as particularidades da poesia de Noémia não se perdessem, como a sonoridade e o ritmo dos versos. Notas elucidativas foram inseridas no texto principal. Notas finais sobre termos de línguas locais foram devidamente organizadas com o auxílio de estudiosos de literaturas africanas de língua portuguesa do Brasil e de Moçambique.

Além dos 46 poemas de Noémia de Sousa, a edição brasileira conta com importante prefácio da pesquisadora brasileira Profa. Dra. Carmen Lucia Tindó Secco, e com uma seção de inestimável valor artístico denominada “Mensagens para Noémia”. São textos em prosa, em versos e ilustrados; de amigos, parentes, conhecidos, artistas plásticos, poetas, prosadores, estudiosos, ativistas culturais; mais jovens, mais velhos; brasileiros, moçambicanos, angolanos, portugueses, goeses.  Mariana Fujisawa, artista brasileira, ilustra a obra, inclusive com retratos inéditos de Noémia de Sousa.

Para o lançamento no Brasil do icônico livro da Mãe dos Poetas Moçambicanos, a Kapulana participou de dois grandes eventos literários: a II Pré-balada Literária da Bahia e a Balada Literária de São Paulo.

A II Pré-balada Literária da Bahia aconteceu nos dias 11 e 12 de novembro de 2016, na Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris). O lançamento do livro Sangue negro ocorreu no dia 11/11, às 17h, com leitura interpretada de alguns poemas de Noémia de Sousa por Lúcia Santos e Luíza Santos e intervenção visual com Pablo Dinada e Zezé Olukemi.

A Balada Literária de São Paulo realizou-se entre os dias 23 e 27 de novembro de 2016. O lançamento do livro Sangue negro, intitulado “Um canto para Noémia de Sousa”, aconteceu no dia 26 de novembro, na Biblioteca Alceu Amoroso Lima, às 16h30.

O evento contou com apresentação especial do “Sarau das Pretas”, grupo formado por quatro escritoras/poetizas negras paulistanas, que declamaram alguns poemas de Noémia de Sousa com a mesma força que a autora escreve no seu livro. Enquanto os poemas eram declamados, a ilustradora do livro, Mariana Fujisawa, realizou uma intervenção artística na Balada. Também aconteceram performances literárias com os escritores Nelson Maca e Raffa Carvalho.

 

A Editora Kapulana agradece a todos que ajudaram a concretizar este belíssimo trabalho na Pré-balada Literária de Salvador e na Balada Literária de São Paulo, em especial o escritor Marcelino Freire, que tornou possível o lançamento do livro Sangue negro, de Noémia de Sousa, com muito carinho e dedicação.

São Paulo, 28 de novembro de 2016.

Veja fotos do evento: https://www.kapulana.com.br/26112016-um-canto-para-noemia-de-sousa-lancamento-de-sangue-negro-de-noemia-de-sousa-na-balada-literaria-2016-em-sao-paulo-sp/ 

Veja as fotos da Pré-Balada: https://www.kapulana.com.br/11-e-12-112016-lancamentos-de-a-noiva-de-kebera-de-aldino-muianga-e-de-sangue-negro-de-noemia-de-sousa-ii-pre-balada-literaria-da-bahia-biblioteca-dos-barris-salvador-ba/

Saiba mais sobre o livro Sangue negro: https://www.kapulana.com.br/produto/sangue-negro/ 

Saiba mais sobre a escritora Noémia de Sousa: https://www.kapulana.com.br/noemia-de-sousa/

Saiba mais sobre a ilustradora Mariana Fujisawa: https://www.kapulana.com.br/mariana-fujisawa/

 


 

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CONVERSA COM UNGULANI BA KA KHOSA, ESCRITOR MOÇAMBICANO, COM A PRESENÇA DA ILUSTRADORA MARIANA FUJISAWA

QUANDO: 08/12/2016 – 19h30

ONDE: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP

Sala 266 do Prédio Didático de Letras

Av. Prof. Luciano Gualberto, 315 – 05508-010 – São Paulo, SP

Saiba mais sobre o livro Orgia dos loucoshttp://18.231.27.148/orgia-dos-loucos-ungulani-ba-ka-khosa-literatura-africana-mocambique/

Saiba mais sobre o escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa: http://18.231.27.148/biografia-de-ungulani-ba-ka-khosa/

Saiba mais sobre a ilustradora Mariana Fujisawa: http://18.231.27.148/biografia-de-mariana-fujisawa/

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VI ENCONTRO DE PROFESSORES DE LITERATURAS AFRICANAS /II AFROLIC “DIZER ÁFRICAS: VOZES, LITERATURA, MULHER”

QUANDO: de 05 a 07/12/2016

ONDE: Universidade Federal Rural de Pernambuco – Campus Dois Irmãos

BR 101 Sul, 5225 – Ponte dos Carvalhos

52171-900 – Recife/PE

 

06/12/2016 – 18h30

Lançamento do livro Orgia dos Loucos, de Ungulani Ba Ka Khosa

Lançamento do livro Sangue negro, de Noémia de Sousa

Sessão de autógrafos: Ungulani Ba Ka Khosa (AEMO-Moçambique)

Mediação: Profa. Dra. Carmen Tindó (UFRJ)

 

07/12/2016 – 19h00

O lugar da literatura e das humanidades nos estudos africanos

Ungulani Ba Ka Khosa (Moçambique)

Mediação: Prof.Dr. Benjamin Abdala Júnior (USP)

 

Saiba mais sobre o livro Orgia dos loucoshttp://18.231.27.148/orgia-dos-loucos-ungulani-ba-ka-khosa-literatura-africana-mocambique/

Saiba mais sobre o livro Sangue negrohttp://18.231.27.148/sangue-negro-de-noemia-de-sousa-literatura-africana-poesia-mocambique/

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Orgia dos Loucos: Moçambique sem saída de emergência, por Vanessa Ribeiro Teixeira

Orgia dos loucos, de Ungulani Ba Ka Khosa, publicado em 1990, funciona como um caleidoscópio vertiginoso sobre a realidade de Moçambique nas décadas que se seguiram à Independência. A obra, composta por nove contos, ficcionaliza as experiências de homens e mulheres marcados pela escassez, pela guerra, pelo aviltamento da cultura endógena, pela distopia. Deparamo-nos com uma série de escritos aparentemente desconexos, mas que logo se revelam profundamente dialogantes sob uma importante perspectiva: tudo parece estar “fora da ordem”.

“O prémio”, conto que abre o livro, focaliza os princípios de uma política assistencialista, que tem data, hora e local para se fazer presente, e retrata o desespero de uma jovem mulher na sua tentativa de adiar o parto iminente, vislumbrando as benesses destinadas aos primeiros nascidos de Junho, o emblemático mês da Independência, a despeito das urgências do corpo e da nova vida que se anuncia. Do mar à terra firme, da terra ao rio, a fome e a morte são a herança de uma família. O infortúnio se torna regra, entrecortado por raros lampejos de calmaria e fartura. Esses são os elementos norteadores de “A praga”. Por sua vez, a sensação de um tempo parado, alimentado por uma rotina tão decadente quanto inalterável, dá o tom de “A solidão do Senhor Matias”. O velho comerciante branco, reduzido aos limites de sua propriedade em ruínas e à convivência com seu velho empregado negro, amarga a impossibilidade de reencontrar o caminho do mar, rumo à Europa, visto sua alma ter sido amarrada à terra que ele mesmo ajudou a violentar e explorar.

A solidão também “sorri” para a vida de Dolores, protagonista das linhas dispersas de “Fragmentos de um diário”. A narrativa, tecida em primeira pessoa, abre-nos as portas da intimidade diária de uma mulher que, através de suas reflexões, potencializa a sua presença, mesmo quando ausente. A personagem, suicida e homicida, é reconduzida à vida através do discurso e traduz sua existência numa frase: “A vida é uma estupidez, uma anedota permanente, uma passarela de esquizofrénicos.” (p. 27). Tal declaração surge como mote para o desenrolar da trama de “Orgia dos loucos”, conto que dá nome ao livro. A realidade que se anuncia é tão avessa à ideia de humanidade, que só um estado alterado de consciência poderia com ela conviver. Por entre os escombros de seres que, um dia, foram homens, um jovem procura por seu pai. O corpo do mais velho está vivo, mas a vida não existe mais: “Ninguém está vivo. Estamos mortos. Somos espíritos angustiados à porta duma sepultura decente.” (p. 35)

A solidão e a morte, a solidão da morte, são experiências extremamente democráticas entre os espaços moçambicanos, desde os grandes centros urbanos até às recônditas províncias do interior. É o que “Morte inesperada” e “Exorcismo” comprovam. No primeiro conto, a modernidade mal gerida, representada por um elevador num país subdesenvolvido, vitima mais um homem. A imagem da cabeça a ser esmagada pela máquina alegoriza a força das estruturas de poder que se impõem cotidianamente, esmagando corpos e esperanças. Já em “Exorcismo”, as bases do poder castrador são estremecidas pela insurgência de forças sobrenaturais e veem-se obrigadas a ceder espaço a um saber ancestral, evocado quando o filho de um administrador local desaparece misteriosamente e seu corpo só é devolvido pelas águas após uma sequência de rituais classificados como “obscurantistas”. A cristalização dessa lógica de poder ganha colorações satíricas nas linhas de “A revolta”, quando um governante é tomado pela cólera ao deparar-se com uma folha de jornal onde sua foto estava estampada e “borrada por excrementos de desconhecida origem”. Diante da pergunta “Eu sou merda?”, o povo permanece calado. Apesar dos homens, o Homem e a Natureza resistem. Eis a mensagem do último conto, “Fábula do futuro”, que, numa narrativa articulada em três parágrafos, aponta para alguma esperança nos dias vindouros, inspirada pela constância democrática da natureza.       

Em Orgia dos loucos, todos os passos parecem caminhar para o fim, realidade sugerida, aliás, na recorrência de imagens e processos escatológicos que tecem os contos. Paradoxalmente, a experiência caótica do fim dos corpos, fim dos homens, fim do mundo, aponta, pela própria essência cíclica da vida, para a construção de outros começos.

Rio de Janeiro, 12 de outubro de 2016.

Vanessa Ribeiro Teixeira – Universidade Federal do Rio de Janeiro / UNIGRANRIO

Citar como:
TEIXEIRA, Vanessa Ribeiro.  “Orgia dos loucos: Moçambique sem saída de emergência”. 
Prefácio in: KHOSA, Ungulani Ba Ka. Orgia dos loucos. Ilustrações de Mariana Fujisawa. São Paulo: Kapulana, 2016. (Série Vozes da África)