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[Sobre] O pátio das sombras, por Mia Couto

“Este conto maconde foi a história escolhida por mim como base do conto que intitulei “O Pátio das Sombras” por ser um conto muito sugestivo. Através dele podemos ver que os mortos, quando lembrados, não chegam nunca a morrer. Contudo, pareceu-me que esta história se enquadra na crença generalizada nas sociedades rurais que as mulheres viúvas e velhas se convertem em feiticeiras. É esta a razão que leva a mulher idosa a ser morta, no final da história. Estes valores devem ser questionados hoje e senti ser necessário reconverter esta história alterando o seu desfecho.

Do ponto de vista formal, pensei que seria bom criar um clima de mistério e introduzir um núcleo de conflito que se adensaria para, no final, se resolver de forma positiva.”

Mia Couto nasceu em 1955, na cidade da Beira, em Moçambique. Em 1972 foi para Lourenço Marques, hoje Maputo, capital de Moçambique, para estudar Medicina, mas não terminou o curso. Nos anos 70 dedicou-se ao trabalho de jornalista em diversos órgãos de informação. Voltou aos estudos universitários e formou-se em Biologia, passando, então a exercer atividades como biólogo e escritor. Está traduzido em mais de 30 idiomas e recebeu importantes prêmios, nacionais e internacionais, como o Prémio Camões, que recebeu em 2013. Desde 1987, colabora com grupos de teatro, havendo múltiplas adaptações de contos e romances para teatro e cinema, tanto em Moçambique como no estrangeiro. Da sua vasta e rica obra destaca-se o romance Terra sonâmbula que foi considerado um dos 12 melhores romances africanos do século XX.

Citar como:

COUTO, Mia. O pátio das sombras. Ilustrações de Malangatana. São Paulo: Kapulana, 2018 [Contos de Moçambique, v. 10]