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CONSCIÊNCIA NEGRA – EDITORA KAPULANA FAZ PROMOÇÕES DE LIVROS

No mês da Consciência Negra, a Editora Kapulana anuncia promoções de livros de seu catálogo.

de 18 a 24 de novembro de 2024: PROMOÇÃO “CONSCIÊNCIA NEGRA”!
50% de desconto

São 30  obras de poesia, contos, romances, infantis, juvenis, memórias e biografias:

Boas leituras!

*Frete grátis em compras acima de R$150,00.*
* Promoção válida para livros selecionados do catálogo da Kapulana/ somente no site da Kapulana /somente para o território nacional / promoção não cumulativa com outras promoções / de 18 a 24/11/2024 ou antes, se acabarem os estoques*.

[Atualizada em 17 de novembro de 2024.]

Sobre a Editora Kapulana
Editora voltada para a publicação e divulgação de autores brasileiros e estrangeiros com foco na literatura africana com seleção de títulos marginais, ou seja, de pouca visibilidade na mídia. O catálogo da editora Kapulana preza pela diversidade e apresenta obras voltadas para literatura infantil, jovens e adultos, assim como memórias, biografias e obras científicas. Com o compromisso de ampliar e apresentar diversas linguagens literárias ao público brasileiro, os escritores, ilustradores e colaboradores da Kapulana são de países como Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Nigéria, Quênia e Zimbábue.

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NÓS MATAMOS O CÃO TINHOSO!, de Luís Bernardo Honwana, leitura para o vestibular da FUVEST

Nós matamos o Cão Tinhoso!, do moçambicano Luís Bernardo Honwana, publicado pela Kapulana, está indicado como leitura obrigatória para o vestibular da FUVEST – Provas em novembro e dezembro/2024

O livro de contos Nós matamos o Cão Tinhoso!, de autoria do moçambicano Luís Bernardo Honwana, faz parte da lista das obras literárias indicadas para leitura pela FUVEST 2025 (Fundação Universitária para o Vestibular), com provas em novembro e dezembro de 2024).

O livro foi classificado entre os “100 melhores livros africanos do século XX” (Creative Writing), 2002, uma iniciativa da “Zimbabwe International Book Fair”, com a colaboração de African Publishers Network (APNET), Pan-African Booksellers Association (PABA).

A edição moçambicana original do livro é de 1964. Em 2017, a Editora Kapulana lançou  no Brasil a atual edição, recomendada pela Fuvest.

Nós matamos o Cão Tinhoso!, de Luís Bernardo Honwana, da série “Vozes da África”, é um livro clássico, já adotado em várias instituições de ensino brasileiras.  Como foi indicado para os vestibulares de 2024 e 2029, escolas passaram a adotá-lo já em 2022, para os anos finais do ensino fundamental e para o ensino médio.

O livro é composto por sete contos emocionantes que denunciam a realidade sufocante vivida pelos trabalhadores colonizados e suas famílias durante a opressão colonial portuguesa em Moçambique, sendo a maior parte das narrativas do ponto de vista das crianças. A edição da Kapulana também traz o conto “Rosita, até morrer”, nunca antes publicado em livro.

É uma leitura cada dia mais necessária para que esteja sempre vivo o debate sobre racismo, discriminação, autoritarismo e opressão, práticas a serem permanentemente combatidas.

ALGUNS TRECHOS DO LIVRO:

“O Cão Tinhoso tinha a pele velha, cheia de pelos brancos, cicatrizes e muitas feridas, e em muitos sítios não tinha pelos nenhuns, nem brancos nem pretos e a pele era preta e cheia de rugas como a pele de um gala-gala. Ninguém gostava de lhe passar a mão pelas costas como aos outros cães.” (Conto: “Nós matamos o Cão Tinhoso!”)

“– Meu filho, tem de haver uma esperança! Quando um dia acaba e sabemos que amanhã teremos um dia igual, que sempre seremos a mesma coisa, temos de ir arranjar forças para continuar a sorrir e continuar a dizer “isso não tem importância”. Temos de marcar a nós mesmos um prêmio para todo o heroísmo do dia a dia. Temos de estabelecer uma data para esse prêmio, ainda que seja o dia da nossa morte!” (Conto: “Papá, cobra e eu”)

“Já não sei a que propósito é que isso vinha, mas o Senhor Professor disse um dia que as palmas das mãos dos pretos são mais claras do que o resto do corpo porque ainda há poucos séculos os avós deles andavam com elas apoiadas ao chão, como os bichos do mato, sem as exporem ao sol, que lhes ia escurecendo o resto do corpo.” (Conto: “As mãos dos pretos”)

ALGUNS LINKS DE INTERESSE:

SOBRE MATERIAL DE APOIO GRATUITO:

FUVEST – LEITURAS OBRIGATÓRIAS PARA O VESTIBULAR 2025: (provas em novembro e dezembro/2024)

  • “Nós matamos o Cão Tinhoso!” – Luís Bernardo Honwana
  • “Marília de Dirceu” – Tomás Antônio Gonzaga
  • “Quincas Borba” – Machado de Assis
  • “Os Ratos” – Dyonelio Machado
  • “Alguma Poesia” – Carlos Drummond de Andrade
  • “A Ilustre Casa de Ramires” – Eça de Queirós
  • “Água funda” – Ruth Guimarães
  • “Romanceiro da Inconfidência” – Cecília Meireles
  • “Dois irmãos” – Milton Hatoum

[Atualizada em: 04 de novembro de 2024.]

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EDITORA KAPULANA FAZ PROMOÇÕES DE LIVROS EM NOVEMBRO

A Editora Kapulana anuncia promoções de livros de seu catálogo para o mês de novembro de 2024!

  • de 6 a 10 de novembro de 2024: PROMOÇÃO “KAPULANA 50%”!

* válida para todo o catálogo da Kapulana, exceto para os lançamentos de 2024 / somente no site da Kapulana / somente para o território nacional / promoção não cumulativa com outras promoções / de 6 a 10/11/2024 ou antes, se acabarem os estoques.

  • de 18 a 24 de novembro de 2024: PROMOÇÃO “CONSCIÊNCIA NEGRA”!

* válida para livros selecionados do catálogo da Kapulana/ somente no site da Kapulana /somente para o território nacional / promoção não cumulativa com outras promoções / de 18 a 24/11/2024 ou antes, se acabarem os estoques.

Catálogo disponível em: https://www.kapulana.com.br/catalogo/

Boas leituras!

*Frete grátis em compras acima de R$150,00.*

[Atualizada em 11 de novembro de 2024.]

Sobre a Editora Kapulana
Editora voltada para a publicação e divulgação de autores brasileiros e estrangeiros com foco na literatura africana com seleção de títulos marginais, ou seja, de pouca visibilidade na mídia. O catálogo da editora Kapulana preza pela diversidade e apresenta obras voltadas para literatura infantil, jovens e adultos, assim como memórias, biografias e obras científicas. Com o compromisso de ampliar e apresentar diversas linguagens literárias ao público brasileiro, os escritores, ilustradores e colaboradores da Kapulana são de países como Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Nigéria, Quênia e Zimbábue.

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LANÇAMENTO! 16 de outubro! Roteiros Provinciais, de João Paulo Borges Coelho

A Kapulana lança no Brasil, em 16 de outubro de 2024, ROTEIROS PROVINCIAIS, novelas do moçambicano JOÃO PAULO BORGES COELHO. 

Roteiros provinciais, do moçambicano João Paulo Borges Coelho, é um conjunto de quatro novelas independentes localizadas na imensa periferia dos centros urbanos ou na zona rural mais profunda de Moçambique. São histórias que nos levam a conhecer espaços e personagens do período que vai desde a luta de libertação de Moçambique até o período pós-independência do país — que ocorreu em 1975. Une estas novelas a reflexão sobre o tempo e o espaço, sobre a relação entre o que aconteceu e o que é ficção.  Questões que provocam nossa reflexão surgem nas novelas como: O que é memória e o que é história?  O que é história e o que é criação? Quando sonho e realidade se encontram?  O que é real e o que é imaginário?

A edição brasileira tem capa de Mariana Fujisawa e projeto gráfico de Daniela Miwa Taira.  A obra é ilustrada com figuras, fotos, notas e mapas gentilmente cedidos pelo autor. Formatos: brochura e e-book.

Roteiros provinciais é uma obra de ficção composta por 4 novelas:

“9 Alexander Road”:  Sobre um moçambicano que trabalhou no Zimbábue (antiga Rodésia) antes da Independência de Moçambique, e agora volta ao seu antigo local de trabalho, na “9 Alexander Road, a fim de reconhecer lugares e pessoas.

“Figuras de papel”: Após fazer um mapa de aldeias extintas de Moçambique, o narrador parte em busca de dados reais para entender a história daqueles lugares e das pessoas que lá viveram antes da independência do país. Surpreende-se com o que encontra e passa a questionar o que é registro e o que é memória de fatos históricos.

“Cenas da vida na aldeia”: Um relato das atividades de uma brigada de reconstrução de aldeias na província do Niassa, norte de Moçambique, após a independência do país. Situações do dia a dia, como a construção de um forno para a fabricação de tijolos, questões sobre a organização de atividades culturais e administrativas, solução de conflitos e desastres e decisões políticas compõem um quadro dinâmico da época pós-independência em Moçambique.

“Viagem nas estrelas”: É parte da história de vida de Russel Parker, americano da Califórnia, que trabalhou em Moçambique como cinegrafista e pesquisador universitário em Maputo. Acompanhamos a trajetória de Parker a partir de um acidente de motocicleta que provoca uma série de episódios inusitados na vida do protagonista no período pós-independência do país.

TRECHOS:

“Nehanda era a voz dos limoeiros da terra, aqueles que levavam em ombros as laranjas de Mazoe, e a última mensagem que deixou dizia que os seus ossos voltariam a levantar-se do chão para prosseguir a luta. E era ao som dos insultos gritados por ela que os estudantes negros do campus viam despontar a alvorada.”

“No fundo, era como se quisesse manter o meu mapa de aldeias imaginárias a salvo da interferência das aldeias reais, deixando que o destino concedesse a estas últimas uma segunda oportunidade.”

“O estremecer da folhagem tanto podia ser da passagem de um bando de mabecos listados como do respirar de um enorme elefante cinzento entre as árvores, interrompendo o mastigar das folhas para assistir, imóvel e de muito perto, à passagem da coluna.”

“Segundo uma curiosa visão das coisas, uma história é um conjunto de várias possibilidades e à medida que vamos escolhendo umas somos forçados a descartar aquelas que as contradizem.”

O autor: JOÃO PAULO BORGES COELHO

O escritor moçambicano JOÃO PAULO BORGES COELHO é historiador e professor titular de História Contemporânea na Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, Moçambique. Publica obras de ficção desde 2003, muitas delas premiadas. Sua vasta obra inclui bandas desenhadas, romances, contos e novelas, publicados em Moçambique, Portugal, Itália, Colômbia e, mais recentemente, no Brasil pela Kapulana.

O livro ROTEIROS PROVINCIAIS: NOVELAS

Roteiros provinciais é o 5º livro de João Paulo Borges Coelho que a Kapulana publica no Brasil. A Kapulana já publicou: As visitas do Dr. Valdez, Crônica da Rua 513.2, Quatro histórias e Museu da Revolução.

LINKS de interesse:

Apresentação (pptx/pdf): 1-Kapulana_ROTEIROS-PROVINCIAIS-Apresentacao-ppt-do-livro-KPLN

Instagram (vídeo): https://www.instagram.com/reel/DBJ6jLmtWp7/?igsh=NzU3ODAxcHZzOHl3

Facebook (vídeo)https://www.facebook.com/share/r/13mWzoE9Ab/?mibextid=WC7FNe

Youtube (vídeo): https://www.youtube.com/channel/UCdg9-g5GiahREhT6Vf6of9g

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Sobre a Editora Kapulana

Editora voltada para a publicação e divulgação de autores brasileiros e estrangeiros com foco na literatura africana com seleção de títulos marginais, ou seja, de pouca visibilidade na mídia. O catálogo da editora Kapulana preza pela diversidade e apresenta obras voltadas para literatura infantil, jovens e adultos, assim como memórias, biografias e obras científicas. Com o compromisso de ampliar e apresentar diversas linguagens literárias ao público brasileiro, os escritores, ilustradores e colaboradores da Kapulana são de países como Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Nigéria, Quênia e Zimbábue.

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[Atualizada em 14 de outubro de 2024.]

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EDITORA KAPULANA FAZ PROMOÇÃO DE LIVROS DE LITERATURA INFANTIL

A Kapulana faz promoção de livros de literatura infantil.

De 08 a 12 de outubro de 2024, a Kapulana oferece – com 50% de desconto – obras de literatura infantil.

São obras belamente ilustradas , de escritores do Brasil, de Angola e de Moçambique.

Conheça os 21 livros que estão em promoção durante esta semana: https://www.kapulana.com.br/infantis/

Conheça também nossa “Sala dos Professores”: https://www.kapulana.com.br/promocoes-e-material-de-apoio/

Boas leituras!

*Essa oferta é válida apenas para o site de vendas da editora. Promoção não cumulativa com outras promoções. Vendas somente para o território nacional. Frete grátis em compras acima de R$150,00.*

[Em 08 de outubro de 2024.]

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EDITORA KAPULANA FAZ PROMOÇÃO DE LIVROS DE LITERATURA NIGERIANA

A Kapulana faz promoção-relâmpago de livros de literatura nigeriana.

De 16 a 22 de setembro de 2024, a Kapulana oferece – com 60% de desconto – 6 obras de literatura da Nigéria.

São obras de ficção de diversos gêneros e estilos, escritas por  Akwaeke Emezi, Lesley N. Arimah, Wole Soyinka e Oyinkan Braithwaite.

Veja a seguir os 6 livros que estão em promoção durante esta semana:

AKÉ, OS ANOS DE INFÂNCIA, de Wole Soyinka: https://www.kapulana.com.br/produto/ake-os-anos-de-infancia/

ÁGUA DOCE, de Akwaeke Emezi: https://www.kapulana.com.br/produto/agua-doce/

PET, de Akwaeke Emezi: https://www.kapulana.com.br/produto/pet/

MINHA IRMÃ, A SERIAL KILLER, de Oyinkan Braithwaite: https://www.kapulana.com.br/produto/minha-irma-a-serial-killer/

O BEBÊ É MEU, de Oyinkan Braithwaite:  https://www.kapulana.com.br/produto/o-bebe-e-meu/

O QUE ACONTECE QUANDO UM HOMEM CAI DO CÉU, de Lesley Nneka Arimah: https://www.kapulana.com.br/produto/o-que-acontece-quando-um-homem-cai-do-ceu/

Somente esta semana!

Consulte nosso catálogo e boas leituras!
https://www.kapulana.com.br/catalogo/

*Essa oferta é válida apenas para o site de vendas da editora. Promoção não cumulativa com outras promoções. Frete grátis em compras acima de R$150,00.*

[Em 15 de setembro de 2024.]

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EDITORA KAPULANA FAZ PROMOÇÃO DE LIVROS TEÓRICOS SOBRE ÁFRICA

A Kapulana, em homenagem à volta às aulas universitárias, faz promoção de seus livros teóricos sobre África. 

De 13 de agosto a 15 de setembro de 2024, a Kapulana oferece seus livros do segmento científicos/ teóricos com 60% de desconto

São obras de escritores de Angola, Brasil, Moçambique, Portugal e Zimbábue, da série “Ciências & Artes”,  sobre cinema, literatura, cultura e sociedade de países africanos. 

Essa oferta é válida apenas para o site de vendas da editora: https://www.kapulana.com.br/cientificos-e-periodicos/

Veja os 9 livros que estão em promoção! 

PRETA E MULHER: https://www.kapulana.com.br/produto/preta-e-mulher/

A MAGIA DAS LETRAS AFRICANAS: https://www.kapulana.com.br/produto/a-magia-das-letras-africanas-angola-e-mocambique-ensaios/

CINEGRAFIAS MOÇAMBICANAS: https://www.kapulana.com.br/produto/cinegrafias-mocambicanas-memorias-cronicas-ensaios/

CINEGRAFIAS ANGOLANAS: https://www.kapulana.com.br/produto/cinegrafias-angolanas-memorias-reflexoes/

IMPÉRIO, MITO E MIOPIA: https://www.kapulana.com.br/produto/imperio-mito-e-o-miopia-mocambique/

O CAMPO LITERÁRIO MOÇAMBICANO: https://www.kapulana.com.br/produto/o-campo-literario-mocambicano/

PENSANDO O CINEMA MOÇAMBICANO: https://www.kapulana.com.br/produto/pensando-o-cinema-mocambicano/

PERTO DO FRAGMENTO, A TOTALIDADE: https://www.kapulana.com.br/produto/perto-do-fragmento-a-totalidade/

 

UNS E OUTROS NA LITERATURA MOÇAMBICANA: https://www.kapulana.com.br/produto/uns-e-outros-na-literatura-mocambicana/

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[Em 13 de agosto de 2024.]

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LANÇAMENTO! 19 de junho! A vida verdadeira de Domingos Xavier, de Luandino Vieira

A Kapulana lança no Brasil, em 19 de junho de 2024, A VIDA VERDADEIRA DE DOMINGOS XAVIER, do angolano JOSÉ LUANDINO VIEIRA. 

A vida verdadeira de Domingos Xavier é a história de Domingos, Maria e muitos outros angolanos que sofreram nas mãos do invasor e opressor colonialista português. Luandino Vieira nos mostra, com grande sensibilidade e habilidade, o absurdo do abuso, da agressão e da brutalidade do dominador sobre um povo invadido.

Domingos Xavier é sequestrado em sua própria casa, em sua própria terra, e torturado pelas forças portuguesas, mas não se rende. Enquanto isso, sua mulher Maria, com o filho pequeno Bastião, o procura incessantemente, acreditando na justiça humana.

A luta pela independência de Angola é o cenário da história de Domingos e Maria, representantes de um povo oprimido que deseja viver plenamente sua existência, como seres de uma nação livre cultural e politicamente, berço de sua história e identidade.

A vida verdadeira de Domingos Xavier deu origem ao filme Sambizanga, realizado pela cineasta francesa Sarah Moldoror, falecida em 13 de abril de 2020.

É o segundo livro de Luandino Vieira que a Kapulana publica no Brasil. O primeiro foi Nós, os do Makulusu.

A edição brasileira conta com capa e ilustrações de Mariana Fujisawa e projeto gráfico de Daniela Miwa Taira.

 

TRECHOS de A vida verdadeira de Domingos Xavier

O preso era alto e magro, muito magro mesmo. E embora a cara estivesse inchada, tornando-lhe quase irreconhecível, toda gente via era ainda novo. Ao descer da carroceria, caiu de frente no areal, e as mães chegando mais os filhos, murmuraram só:

— Aiuê!…

-.-.-.-.-

A tarde caía quieta, o vento xuaxalhava nas folhas das mulembas e mandioqueiras. Meninos brincavam na terra vermelha suas brincadeiras, os mais-velhos olhavam só, mães e filhas lavando ou engomando, papás nas conversas, encostados nas paredes, filosofando da vida. E essa calma de fim de tarde de sábado entrou mesmo em Maria, que foi falando para miúdo Bastião, antes de avistar os miúdos brincando, na frente dos muros da prisão.

-.-.-.-.-

Deslizando como as águas do rio, estas imagens carregam os pensamentos de Domingos Xavier, nascendo no cacimbo do cérebro cansado, dorido de botas de cipaio, quando o luar estendeu em cima do corpo caído na cela o seu lençol macio. A luz branca entrava no postigo defendido pela rede de aço, e o tratorista, mal erguendo a cabeça, pôde ver o céu azul, sem nuvens, por detrás das pálpebras inchadas e cheias de areia. Era o céu azul e a lua da sua terra que olhavam…

-.-.-.-.-

Maria ouvia com atenção as palavras do cipaio enquanto tentava adormecer miúdo Bastião no colo. Os olhos abertos, quietos, fixavam longe as mangueiras da estação. O que o cipaio estava contar já não doía, já não sentia, na sua cabeça só as palavras do seu homem saltavam, repetidas como eco, ampliadas no coração: “não digo, não digo”.

-.-.-.-.-

SOBRE A OBRA:

PEPETELA (Angola)

 “A vida verdadeira de Domingos Xavier, de Luandino Vieira, é o primeiro romance retratando a luta de libertação de Angola. É, portanto, um livro seminal na literatura angolana. Já não seria pouca coisa. […] O romance é a consagração do que apreendemos nos contos. Claro que não poderia ser publicado por nenhuma gráfica de Angola ou Portugal, e foi passando em cópias sucessivas e clandestinas por um grupo interessado de angolanos, como um estandarte que deveria ser empunhado na luta inevitável pela independência nacional. Inspirou para a acção os que o puderam ler e encorajou alguns que tinham a aspiração de escrever sobre o mesmo tema.
Como diria alguma personagem de Jorge Amado: Saravá, Luandino.”

RITA CHAVES (Brasil)

“Assim, a estória de um herói popular combina-se exemplarmente com o percurso de sua companheira. Sem recorrer aos jargões, ele nos coloca diante de uma obra aberta à  perspectiva feminina, característica muito bem trabalhada em Sambizanga por Sarah Maldoror, a excelente diretora da adaptação para o cinema.
Só podemos celebrar a reedição dessa obra que salta no tempo e faz perdurar o impacto que nos levou, a tantos de nós, a ‘descobrir’ Angola naqueles complicados anos que envolveram as lutas de libertação.”

CARMEN TINDÓ SECCO (Brasil)

A vida verdadeira de Domingos Xavier, de Luandino Vieira (1961) é um clássico da literatura angolana. Essa obra me atrai por seu questionamento aos regimes opressores e pela intertextualidade com a poesia de Agostinho Neto e o cinema de Sarah Maldoror, particularmente com o filme Sambizanga (1972), adaptação do referido romance. Tanto na narrativa cinematográfica, como na romanesca, o protagonista Domingos Xavier, revolucionário preso pela polícia portuguesa, é, arbitrariamente, levado para o calabouço. Como no poema “Mussunda Amigo”, de Agostinho Neto, dá sua vida pela liberdade de Angola. Mussunda é o alfaiate que politiza a consciência dos demais.

O autor: JOSÉ  LUANDINO VIEIRA

https://www.kapulana.com.br/jose-luandino-vieira/

 

JOSÉ LUANDINO VIEIRA é cidadão angolano por sua militância pela independência de Angola. Nasceu em Portugal  e fez os estudos primários e secundários em Luanda.  Em 4 de maio de 2024, completou 89 anos.

Por sua militância contra a opressão de Portugal contra o povo de Angola, foi preso várias vezes pela PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado), a polícia portuguesa, e condenado a 14 anos de prisão.

Em 1964, foi transferido para o Campo de Concentração do Tarrafal, na ilha de Santiago, arquipélago de Cabo Verde, onde passou 8 anos. Lá escreveu muitos de seus livros. Em 1972, foi libertado e regressou a Angola em 1975. Atualmente, vive em Portugal, para onde retornou em 1992.

*-*-*-*-*

O livro: A vida verdadeira de Domingos Xavier

https://www.kapulana.com.br/produto/a-vida-verdadeira-de-domingos-xavier/

Sobre a Editora Kapulana

Editora voltada para a publicação e divulgação de autores brasileiros e estrangeiros com foco na literatura africana com seleção de títulos marginais, ou seja, de pouca visibilidade na mídia. O catálogo da editora Kapulana preza pela diversidade e apresenta obras voltadas para literatura infantil, jovens e adultos, assim como memórias, biografias e obras científicas. Com o compromisso de ampliar e apresentar diversas linguagens literárias ao público brasileiro, os escritores, ilustradores e colaboradores da Kapulana são de países como Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Nigéria, Quênia e Zimbábue.

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[Em 15 de maio de 2024.]

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A vida verdadeira de Domingos Xavier: lembranças e homenagens.

Os seguintes textos sobre o romance A vida verdadeira de Domingos Xavier, de José Luandino Vieira, que compõem a edição brasileira da Kapulana, com lançamento em 19 de junho de 2024,  representam os sentimentos e pensamentos de amigos e estudiosos da obra do renomado escritor angolano.

PEPETELA [Angola]

            A vida verdadeira de Domingos Xavier, de Luandino Vieira, é o primeiro romance retratando a luta de libertação de Angola. É, portanto, um livro seminal na literatura angolana. Já não seria pouca coisa. Além do mais, baseia-se numa sequência lógica de anteriores contos de Luandino que, em passinhos aparentemente mais mansos, vão colocando os grãos de areia necessários para o surgimento do livro, sobretudo com a descrição das vidas de sofrimento dos colonizados perante a brutalidade do regime proto-fascista de Salazar, do racismo, das injustiças perpetradas pelos auto-proclamados civilizados e civilizadores. O romance é a consagração do que apreendemos nos contos. Claro que não poderia ser publicado por nenhuma gráfica de Angola ou Portugal, e foi passando em cópias sucessivas e clandestinas por um grupo interessado de angolanos, como um estandarte que deveria ser empunhado na luta inevitável pela independência nacional. Inspirou para a acção os que o puderam ler e encorajou alguns que tinham a aspiração de escrever sobre o mesmo tema.

            Como diria alguma personagem de Jorge Amado: Saravá, Luandino.

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CARMEN TINDÓ SECCO [Brasil]

A vida verdadeira de Domingos Xavier, de Luandino Vieira (1961) é um clássico da literatura angolana. Essa obra me atrai por seu questionamento aos regimes opressores e pela intertextualidade com a poesia de Agostinho Neto e o cinema de Sarah Maldoror, particularmente com o filme Sambizanga (1972), adaptação do referido romance. Tanto na narrativa cinematográfica, como na romanesca, o protagonista Domingos Xavier, revolucionário preso pela polícia portuguesa, é, arbitrariamente, levado para o calabouço. Como no poema “Mussunda Amigo”, de Agostinho Neto, dá sua vida pela liberdade de Angola. Mussunda é o alfaiate que politiza a consciência dos demais.

Em Sambizanga e no romance, há a utopia da libertação de Angola e a crítica ao colonialismo português. Contudo, os enredos tomam perspectivas diversas. No romance, o narrador, a cada capítulo, dá voz a um personagem. No filme, imagens-ações, direcionadas pelo olhar de Maria, esposa de Domingos, vão escoltando seu deambular à cata do marido. A canção “Caminho do Mato”, cuja letra é um poema de Agostinho Neto, traz poesia ao filme, seguindo a busca angustiada de Maria, à medida que denuncia o trabalho forçado imposto pelo regime colonial.

*****

 RITA CHAVES [Brasil]

Um dos primeiros livros publicados no Brasil na célebre coleção Autores Africanos, A vida verdadeira de Domingos Xavier trouxe-nos o sobressalto gerado pelas grandes revelações. O encontro com Luandino Vieira trazia-nos o impacto de uma literatura que, sem descuidar do compromisso com a transformação que a realidade colonial exigia, avança no desejo de ir além do essencial programa daquele tempo naquele espaço: libertar Angola, fundar um país.

Situando-se dialeticamente no encontro entre a lealdade a valores éticos e a aposta em um poderoso senso estético, a força da obra está em uma linguagem apta a refletir os complexos movimentos de tantas vidas. Ao escrever sobre a vida de um homem, o Domingos do título, Luandino traz-nos o itinerário de uma mulher em confronto direto com a opressão colonial em todas as suas dimensões. Assim, a estória de um herói popular combina-se exemplarmente com o percurso de sua companheira. Sem recorrer aos jargões, ele nos coloca diante de uma obra aberta à  perspectiva feminina, característica muito bem trabalhada em Sambizanga por Sarah Maldoror, a excelente diretora da adaptação para o cinema.

Só podemos celebrar a reedição dessa obra que salta no tempo e faz perdurar o impacto que nos levou, a tantos de nós, a “descobrir” Angola naqueles complicados anos que envolveram as lutas de libertação. Mais que um documento, ela permanece fundando Angola e multiplicando a força do imaginário que, entre verdades tão diversas, cerca sua geografia e sua história.

Citar como: VIEIRA, José Luandino. A vida verdadeira de Domingos Xavier. “Sobre a obra”. São Paulo: Kapulana, 2024. [Série Vozes da África]

Publicado em

Nós, os do Makulusu: do fundo humano em cada caco, por Jacqueline Kaczorowski

 

Tantos pisam este chão que ele talvez
um dia se humanize. E malaxado,
embebido da fluida substância de nossos segredos,
quem sabe a flor que aí se elabora, calcária, sangüínea?
(“Contemplação no banco”, Carlos Drummond de Andrade)

Após anos de ausência das livrarias brasileiras, somos finalmente agraciados com uma nova publicação desta obra-prima: Nós, os do Makulusu, de José Luandino Vieira. O magro e denso romance angolano impacta desde a primeira frase e, como pode gerar certo estranhamento, nesta edição [1] são apresentados brevemente alguns elementos da narrativa com o objetivo de incentivar o leitor a caminhar por este labirinto refinado. Aquele que o percorrer perceberá seu esforço recompensado por uma obra que, não se rendendo a qualquer didatismo, aposta numa composição cuja elaboração ao mesmo tempo requer e oferece ferramentas para a sofisticação do olhar.

Nestes tempos em que presenciamos atônitos o ressurgimento de uma tendência global à intolerância e aos totalitarismos, dados a maniqueísmos de toda sorte, urge combater o afluxo e recorrer a exercícios de humanização. As redes sociais têm sido um bom exemplo de arena onde algoritmos ensinam a reduzir o outro: ali, via de regra, somos induzidos por certo sentido de urgência a não lhe reservar o direito ao erro, ao diálogo, ou mesmo ao processo de aprendizado, percurso que cada um trilha a seu tempo e que exige paciência. Sob aparente fugacidade, fixamos um momento do outro como dado acabado, interditando, assim, possibilidades de transformação. 

Diante de tal cenário, parece senso comum recorrer à sugestão do mergulho na literatura como remédio. A sensibilidade que aciona, o tempo que exige para contemplação, absorção e amadurecimento da apreciação, a identificação com o diferente que demanda e proporciona, a transformação de personagens diante de nossos olhos são algumas das faculdades que caminham na contramão do simplismo que facilmente se transveste em algoz. Recuperando a voz de Antonio Candido, o texto literário “não corrompe nem edifica (…); mas, trazendo livremente em si o que chamamos o bem e o que chamamos o mal, humaniza em sentido profundo, porque faz viver”.

Importa salientar, entretanto, que, apesar de todo o potencial de humanização que a literatura efetivamente comporta, nem sempre é esta a vocação que privilegia. Um exemplo pode ser encontrado na pena de outro grande escritor, o nigeriano Chinua Achebe, quando ensina que o “vasto arsenal de imagens depreciativas da África que foram coletadas para defender o tráfico de escravos e, mais tarde, a colonização, deu ao mundo uma tradição literária que agora, felizmente, está extinta; mas deu também uma maneira particular de olhar (ou melhor, de não olhar) a África e os africanos que, infelizmente, perdura até os dias de hoje”.

Vale recordar que, no final do século XIX, após a famigerada Conferência de Berlim, o acirramento das disputas territoriais exigia maior firmeza na ocupação das colônias, levando as metrópoles à criação de uma série de órgãos e mecanismos de controle dos territórios e de suas populações. O contexto angolano não foi exceção. Colonizado por Portugal, cujo império precário não teve a brandura que ainda defendem alguns, foi alvo de uma violência que também se expressou na constituição de um vasto repertório discursivo a serviço da dominação. Os “Concursos de Literatura Colonial” promovidos a partir de 1926 pela Agência Geral das Colônias, com alto investimento financeiro e o objetivo de “intensificar por todos os meios a propaganda das nossas colónias e da obra colonial portuguesa”, ilustram bem como a escrita literária passou a exercer função importante nesse quadro.

Ainda que tenha se prestado ao papel de instrumento a serviço da sujeição, a literatura também pôde ser tomada pelo avesso em seu potencial criativo e transformada em “arma que eu conquistei ao outro”, como define Manuel Rui, outro escritor angolano. Desde o século XIX é possível identificar, em Angola, manifestações literárias que desafiam o padrão proposto pelo opressor. No século XX já se verifica o desenvolvimento de um projeto literário autônomo, resultado do empenho de uma geração de escritores e intelectuais entre os quais podemos situar José Luandino Vieira.

Nascido em Portugal em 1935, muda-se cedo para Luanda, onde vive sua infância. É por seu compromisso radical com a luta pela libertação nacional que se torna cidadão angolano e adota o nome “Luandino”. Em decorrência de sua atuação é preso duas vezes e tem sua vida “hipotecada por muitos anos”, desde muito jovem. Conforme conta em seus Papéis da prisão, “do Aljube, em Lisboa, ao Campo de Trabalho no Tarrafal, passando por todas as cadeias disponíveis na nossa terra de Luanda, palmilhei doze anos da estrada da minha vida”. É nesta condição de exceção, portanto, que o autor desenvolve seu primoroso trabalho literário.

Suas memórias do cárcere, ao contrário do que seria esperado, sugerem um pacto com a liberdade capaz de extrapolar o espaço da cela e inscrever as ruas de Luanda e sua cultura popular em textos que, por meio da memória e da imaginação, ajudavam a substituir a vida, para tomar de empréstimo uma expressão do escritor. Confinado em espaços que impossibilitavam outras intervenções diretas, Luandino Vieira atuou dentro de seu “particular campo de acção – o estético”. Os resultados excepcionais demonstram a eficácia da apropriação da língua portuguesa como “despojo de guerra” e o empenho em construir uma voz narrativa que, desestabilizando a lógica da opressão, engendra novos modos de dizer a realidade.

Um dos frutos deste projeto literário é a escrita, em 1967, “de um só jacto”, deste romance singular, composto no Campo de Concentração do Tarrafal, onde Luandino Vieira passou oito anos. Imerso na severidade do “campo da morte lenta”, surpreende a trilha potente e lúcida que desenha para mostrar que “não há outros homens para com eles construir o mundo. É com esses mesmos que se fará – ou nunca se fará”. A capacidade de aderir radicalmente a um projeto ético e também se colocar habilmente na pele do outro, mesmo do mais antagônico, revela como a literatura pode, sim, vestir o manto diáfano da fantasia para combater a violência objetiva do real sem prescindir da “cortesia de dar a cada um o que lhe é devido”, lembrando novamente Achebe.

O início da leitura pode provocar um choque: que língua é essa que, ao mesmo tempo, sinto que conheço e desconheço? O que ela está me contando? Quem fala e de quem fala? Na primeira sentença somos lançados no meio de uma guerra, mas, logo em seguida, adentramos uma brincadeira em um dia de sol. O que aconteceu?

O leitor que aprender a ouvir o movimento do texto notará que um dos recursos utilizados pelo escritor é a justaposição de ideias, cenas e imagens que podem parecer desconexas. Ao longo da obra, no entanto, muitas delas são retomadas, desvelando aos poucos algumas associações complexas e sempre aprofundando sentidos. Com paciência é possível construir familiaridade com os procedimentos e perceber que alguns se assemelham àqueles do funcionamento da memória, que muitas vezes irrompe de maneiras imprevistas, nem sempre lineares.

Seguindo o movimento da memória de Mais-Velho, acionada pela dor, passamos a reconhecer sua voz e outras tantas que incorpora à sua, num emaranhado cada vez mais complexo, mas também mais nítido. Lembranças, projeções e muitas indagações são misturadas ao momento real que este narrador-personagem vivencia: sua caminhada em direção ao irremediável reconhecimento da morte de Maninho e do “viver de morte” que agarrou Paizinho. Nesta deambulação conhecemos os outros três protagonistas: Maninho, Paizinho e Kibiaka. A realidade asfixiante do colonialismo obriga os companheiros inseparáveis de aventuras infantis pelos capins do Makulusu a carregarem “o alegre caixão da nossa infância” na escolha de rumos inconciliáveis: Maninho, branco nascido na metrópole (assim como seu irmão Mais-Velho) integra o exército colonial português, escolha forçosa que defende com a ideia de que “só há uma maneira de a acabar, esta guerra que não queres e eu não quero: é fazer-lhe depressa, com depressa, até no fim, gastá-la toda, matar-lhe”. Paizinho, meio-irmão mestiço dos dois, participa de ações clandestinas e acaba preso pela PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado). Kibiaka, amigo negro morador do Bairro Operário, junta-se à guerrilha. Mais-Velho é aquele que segue imerso em dúvidas; o “escrupuloso” que, segundo o olhar de Maninho, não teve certeza suficiente para tomar uma decisão radical como as de seus companheiros e “limitou-se” ao trabalho clandestino. São “quatro ritmos e saberes e vidas diferentes” atravessados pela violência, inexorável.

No trajeto descobrimos pela voz de Mais-Velho que Maninho, “o melhor de todos nós”, era integrado à terra e aos seus, “ele é quem (…) bebia e comia, falava e ria sempre lá entre os que eu amava vagamundeando nas ruas solitárias e velhas da nossa terra de Luanda. E a ele a carabina escolhera. Simples buraco, fino e furo, toda a vida por ele saiu…”, “para ficar da cor da farda que lhe embrulha, tapado nas moscas, antes que a salva do estilo vai-lhe acordar no sonho de amor que, no ódio do próprio ódio, queria construir”. Descobrimos também que, se Kibiaka “segue na mata seu caminho de dignidade”, também pode ter saído de suas mãos, “que são as culpadas de ter homens com ideias e dignidade”, o balázio que roubou a vida de Maninho. E que Mais-Velho, em um gesto de solidariedade à luta, no Natal colocara “no sapatinho o único brinquedo que merece um homem digno como o meu amigo Kibiaka: Parabellum, de 9 milímetros”.

Paizinho, cuja cabeça “era uma peça de alta precisão, um instrumento afinadíssimo que ele cuidava diariamente com pensamento e acção”, que “nunca trai, porque é sério em tudo que em sua vida faz”, de “sangrenta presença” nos presságios do meio-irmão, é apresentado ao Mais-Velho de seis anos de idade ao mesmo tempo que a dor da mãe “Estrudes”: “cara desfeita e enrugada, alguma coisa lhe dói no dentro da alma é o que pode ser, pois não tira os olhos do miúdo encardido, seguro na mão da mulher negra, está quieto como se fosse de pau”. Dela conhecemos ainda a funda dor da perda do filho, as “mãos grossas de unhas curtas e negras do trabalho, aquelas pernas de varizes que não se equilibravam nos sapatos de salto alto”, de “apanhar azeitona dentro de Invernos frios e descalços da tua infância”, a “coragem de sempre perder” – quando pai Paulo afirma que Paizinho é seu afilhado com o “tranquilo riso de quem que sabe verdade ou mentira ele é que fala verdade sempre”.

Pai Paulo, colono pobre e racista, é exemplar tão verossímil da colonização lusa quanto o operário Brito, com sua consciência de classe que permite linchar publicamente um trabalhador negro. O lamento materno desta morte evoca o peso da violência colonial sobre toda uma coletividade: “este o grito só que oiço ou é coro de milhões de gritos iguais?”. A narrativa dialeticamente evidencia as contradições de um sistema extremamente embrutecedor e não interdita a complexidade a nenhuma das personagens, recuperando traços que marcam também a constituição subjetiva de todo um grupo.

O vigor da premissa, que é possível vislumbrar mesmo com a apresentação de poucos elementos, somado à extraordinária habilidade com que o escritor humaniza todas as personagens sem jamais elidir as relações de força entre elas, entregam ao leitor um texto pelo qual é impossível passar incólume. “Amar os homens é sempre uma alegria dolorosa”, afinal.

São Paulo, abril de 2019.

Jacqueline Kaczorowski

Doutora em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa (FFLCH/USP), com pesquisa sobre a obra Nós, os do Makulusu, de José Luandino Vieira. Membro dos grupos de pesquisa PIELAFRICA – Pactos e impactos do espaço nas literaturas africanas de língua portuguesa (Angola e Moçambique), vinculado à UFRJ, e GEHISLIT, vinculado ao Depto. de História da PUC-Minas.

Citar como:

O ARTIGO:
KACZOROWSKI, Jacqueline .“Nós, os do Makulusu: do fundo humano em cada caco”. Prefácio. In: VIEIRA, José Luandino. Nós, os do Makulusu. São Paulo: Kapulana, 2019. [Vozes da África] Disponível em: <https://www.kapulana.com.br/nos-os-do-makulusu-do-fundo-humano-em-cada-caco-por-jacqueline-kaczorowski/>

O LIVRO:
VIEIRA, José Luandino. Nós, os do Makulusu. São Paulo: Kapulana, 2019. [Vozes da África]. Disponível em: https://www.kapulana.com.br/produto/nos-os-do-makulusu/<>

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NÓS MATAMOS O CÃO TINHOSO!, de Luís Bernardo Honwana, leitura para o vestibular da FUVEST

Nós matamos o Cão Tinhoso!, do moçambicano Luís Bernardo Honwana, publicado pela Kapulana, está indicado como leitura obrigatória para o vestibular da FUVEST

O livro de contos Nós matamos o Cão Tinhoso!, de autoria do moçambicano Luís Bernardo Honwana, faz parte da lista das obras literárias indicadas para leitura pela FUVEST (Fundação Universitária para o Vestibular).

O livro foi classificado entre os “100 melhores livros africanos do século XX” (Creative Writing), 2002, uma iniciativa da “Zimbabwe International Book Fair”, com a colaboração de African Publishers Network (APNET), Pan-African Booksellers Association (PABA).

A edição moçambicana original do livro é de 1964. Em 2017, a Editora Kapulana lançou  no Brasil a atual edição, recomendada pela Fuvest.

Nós matamos o Cão Tinhoso!, de Luís Bernardo Honwana, da série “Vozes da África”, é um livro clássico, já adotado em várias instituições de ensino brasileiras.  Como foi indicado para os vestibulares de 2024 e 2029, escolas passaram a adotá-lo já em 2022, para os anos finais do ensino fundamental e para o ensino médio.

O livro é composto por sete contos emocionantes que denunciam a realidade sufocante vivida pelos trabalhadores colonizados e suas famílias durante a opressão colonial portuguesa em Moçambique, sendo a maior parte das narrativas do ponto de vista das crianças. A edição da Kapulana também traz o conto “Rosita, até morrer”, nunca antes publicado em livro.

É uma leitura cada dia mais necessária para que esteja sempre vivo o debate sobre racismo, discriminação, autoritarismo e opressão, práticas a serem permanentemente combatidas.

ALGUNS TRECHOS DO LIVRO:

“O Cão Tinhoso tinha a pele velha, cheia de pelos brancos, cicatrizes e muitas feridas, e em muitos sítios não tinha pelos nenhuns, nem brancos nem pretos e a pele era preta e cheia de rugas como a pele de um gala-gala. Ninguém gostava de lhe passar a mão pelas costas como aos outros cães.” (Conto: “Nós matamos o Cão Tinhoso!”)

“– Meu filho, tem de haver uma esperança! Quando um dia acaba e sabemos que amanhã teremos um dia igual, que sempre seremos a mesma coisa, temos de ir arranjar forças para continuar a sorrir e continuar a dizer “isso não tem importância”. Temos de marcar a nós mesmos um prêmio para todo o heroísmo do dia a dia. Temos de estabelecer uma data para esse prêmio, ainda que seja o dia da nossa morte!” (Conto: “Papá, cobra e eu”)

“Já não sei a que propósito é que isso vinha, mas o Senhor Professor disse um dia que as palmas das mãos dos pretos são mais claras do que o resto do corpo porque ainda há poucos séculos os avós deles andavam com elas apoiadas ao chão, como os bichos do mato, sem as exporem ao sol, que lhes ia escurecendo o resto do corpo.” (Conto: “As mãos dos pretos”)

ALGUNS LINKS DE INTERESSE:

SOBRE MATERIAL DE APOIO GRATUITO:

FUVEST RENOVA LISTA DE LEITURAS OBRIGATÓRIAS PARA O VESTIBULAR 2026-2029:

https://www.fuvest.br/fuvest-renova-sua-lista-de-leituras-obrigatorias-para-o-vestibular-2026-2029/

[Atualizada em: 24 de novembro de 2023.]

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KAPULANA NA FLIP 2023!

A Kapulana estará presente na FLIP-2023 com seus escritores Akwaeke Emezi e Mário Medeiros

A Kapulana estará representada na programação principal da edição de 2023 da FLIP (Festa Literária de Paraty) com a presença de dois de seus escritores: AKWAEKE EMEZI (da Nigéria) e MÁRIO MEDEIROS (do Brasil).

CONHEÇA MAIS SOBRE OS ESCRITORES:

AKWAEKE EMEZI

Nasceu em 1987, na Nigéria, em Umuahia, e cresceu em Aba. Atualmente vive nos Estados Unidos. Identifica-se como ọgbanje, palavra da cultura Igbo que significa um espírito intruso que nasce em uma forma humana, e que resultaria em uma criança com um terceiro gênero. Traduzindo isto para sua realidade terrena, Akwaeke nasceu em um corpo designado feminino, mas não é mulher, identificando-se como trans/não-binárie. Fez algumas cirurgias para adequar seu corpo – seu receptáculo – para que reflita sua natureza. Em Inglês, usa pronomes neutros para se referir a si mesme.

OBRAS DE AKWAEKE EMEZI PUBLICADAS PELA KAPULANA:

ÁGUA DOCE : https://www.kapulana.com.br/produto/agua-doce/

“Perguntamo-nos nos anos que se seguiram o que ela teria sido sem nós, se ela ainda teria enlouquecido. E se nós tivéssemos permanecido adormecidos? E se ela tivesse ficado para sempre naqueles anos em que pertencia a si? Olhe para ela, rodopiando pelo condomínio vestindo shorts pretos de batik e uma camiseta de algodão, o longo cabelo preto trançado em dois arcos amarrados com fitas coloridas, os dentes brilhando e um chinelo quebrado. Como um sol ofegante.
A primeira loucura foi que nascemos, que enfiaram um deus em um saco de pele.”

PET: https://www.kapulana.com.br/produto/pet/

“Porque se não existem mais monstros em Lucille, então por que Pet – um… monstro? Anjo? Monstranjo? – saiu de um quadro pintado pela mãe de Chimia, dizendo que estava ali para caçar um monstro na casa de Redenção? Agora, Chimia e o amigo enfrentam um dilema: como combater monstros se as pessoas não admitem que eles existem? Com seu habitual jeito sensível e direto de olhar para as coisas, Akwaeke Emezi e suas personagens perguntam: quem são os monstros, afinal? E como podemos caçá-los?”

MÁRIO MEDEIROS

Nasceu em São Paulo. É sociólogo e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desde 2014. Sua área de pesquisa e publicação em Sociologia envolve temas dos intelectuais negros, o associativismo, o pensamento social brasileiro e a circulação internacional de ideias e pessoas. É autor de obras teóricas e obras literárias. Publicou dois livros de contos: Gosto de amora, da Editora Malê (2019, finalista do Prêmio Jabuti) e  Numa esquina do mundo: contos,  da Editora Kapulana (2020, semifinalista do Prêmio Oceanos).

NUMA ESQUINA DO MUNDO – CONTOS
https://www.kapulana.com.br/produto/numa-esquina-do-mundo/

“Depois, calmaria. Volta ao asfalto, olhos nos céus. Dez, doze papagaios, maranhão. Latinha de linha parado na calçada. Dando um tempo… Moleques em pose, em pé. Postura ereta, linha reta, espinha dura, pose de quebrada, pé na frente, pé atrás. Lata numa mão, a outra no dedo indicador e polegar trabalhando para manejar o pássaro no ar.
Devia ser esporte olímpico. Devia passar na TV.  
Eles deviam ter ganho algum dinheiro com isso. Heróis da minha Vila. (Conto: “O pó da rabiola”)

*Acompanhe nossos escritores na Flip 2023:

AKWAEKE EMEZI, com Carla Akotirene. Mediação: Maria Carolina Casati
24/11 – 6a. f. – 17h
Programa Principal: Mesa 11 “Contra a mentalidade decadente”
https://www.flip.org.br/evento/mesa-11-contra-a-mentalidade-decadente/

MÁRIO MEDEIROS, com Luciany Aparecida. Mediação: Schneider Carpeggiani
24/11 – 6a. f. – 15h
Flip+ Casa da Cultura: Mesa 8 “Inventando a nossa língua”
https://www.flip.org.br/evento/casa-da-cultura-mesa-8-inventando-a-nossa-lingua/

*Sessões de autógrafos na Livraria da Travessa, na Flip.

São Paulo, 16 de novembro de 2023.

 

 

 

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LANÇAMENTO! Editora Kapulana lança em novembro no Brasil SOB AS ÁRVORES DE UDALAS, de Chinelo Okparanta

A Kapulana lançará no Brasil, no Mês da Consciência Negra, em 9 de novembro, Sob as árvores de udalas, de autoria de CHINELO OKPARANTA. 

Sob as árvores de udalas (Under the udala trees), da nigeriana Chinelo Okparanta, é uma história de amor e luta, narrada por Ijeoma, a protagonista, que é ainda menina quando acontece a Guerra Nigéria-Biafra (1967-1970), conhecida como a Guerra de Biafra.

Deslocada de sua vila natal, Ojoto, Ijeoma conhece Amina, em Nnewi, e se apaixonam. São elas de etnias diferentes — uma é Igbo e outra, Hauçá. O relacionamento entre elas não é aceito socialmente, gerando censura e repressão da família e da sociedade.

Em um cenário social conservador e religioso, sob os efeitos devastadores de uma guerra, Ijeoma convive com outras personagens marcantes, além de Amina, como seu pai Uzo, sua mãe Adaora, Chibundo, Ndidi, Chidinma e o professor e sua esposa.

Chinelo Okparanta escreve um romance ao mesmo tempo lírico e trágico, em defesa do amor e no combate contra a opressão e qualquer tipo de discriminação.

A edição brasileira conta com tradução de Carolina Kuhn Facchin, capa de Mariana Fujisawa e projeto gráfico de Daniela Miwa Taira.

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Trechos de SOB AS ÁRVORES DE UDALAS

[NOTA DA AUTORA] “Em 7 de janeiro de 2014, o presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, sancionou uma lei que criminaliza as relações entre pessoas do mesmo sexo e o apoio a tais relações, tornando esses crimes puníveis com até catorze anos de prisão. Nos estados do Norte, a punição é a morte por apedrejamento. Este romance tenta dar aos cidadãos LGBTQIAP+ marginalizados da Nigéria uma voz mais poderosa e um lugar na história de nossa nação.”

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“Quanto a nós, andávamos naquele jeito sem pressa das borboletas, como se a brisa fosse delicada, como se o sol na pele fosse uma carícia. Como se passos lentos permitissem saborear os dois. Era assim que as coisas eram antes da guerra: nossas vidas, caminhando mansamente.”

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“Não há como contar a história do que aconteceu com Amina sem primeiro contar a história de como mamãe me mandou embora.
Igualmente, não há como contar a história de como mamãe me mandou embora sem contar também sobre a recusa de papai em refugiar-se no bunker. Sem sua recusa, a expulsão poderia nunca ter ocorrido, e se não tivesse ocorrido, então eu poderia nunca ter conhecido Amina.
Se eu não tivesse conhecido Amina, talvez não houvesse história para contar.”

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“A resposta era simples: claro que eu ainda pensava em Amina. E, sim, daquele jeito. Como poderia afastar as lembranças de uma pessoa com quem compartilhei todo aquele tempo? Havia noites em que sonhava com ela, sonhos tão vívidos que quando acordava parecia que o despertar era o sonho, e o sonho, a realidade: Amina e eu resolvendo coisas na rua, lavando roupas e pendurando-as para secar, cortando lenha, buscando querosene.”

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“Então, a história começa antes mesmo da história, em 23 de junho de 1968. Ubosi chi ji ehihe jie: o dia em que a noite caiu à tarde, como diz o ditado. Ou, como mamãe às vezes diz, o dia em que a noite tomou o dia: o dia em que papai se despediu de nós.”

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O nome do meu pai, Uzo, significa “porta” ou “caminho”. Era um nome sólido, forte e confiante, ao contrário do meu, Ijeoma (que era apenas um desejo: “boa viagem”), ou de mamãe, Adaora (que dizia apenas que ela era a filha de todos, filha da comunidade, que era o que todas as filhas eram, pensando bem).
Uzo. Era o tipo de nome que eu gostaria de dobrar e segurar na minha mão, se nomes pudessem ser dobrados e guardados dessa forma. De modo que, se algum dia eu me perdesse, tudo o que teria de fazer seria abrir a palma da mão e permitir que o nome, como a luz de uma tocha, me mostrasse o caminho.

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Pensei: então é isso que significa ser casada: ficar na igreja, tensa, observando a luz do sol se espalhar ao meu redor, com esse medo constante de uma punição. Isso deve ser a vida de casada: uma tentativa diária de se livrar de uma bacia cheia de desejos, mas sem esperança. E, no entanto, a bacia se recusa a ser esvaziada, como se os desejos fossem cimento molhado que já está se transformando em concreto.

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A autora CHINELO OKPARANTA

https://www.kapulana.com.br/chinelo-okparanta/

CHINELO OKPARANTA nasceu na Nigéria. É escritora e professora universitária no ensino de Inglês e Escrita Criativa. É autora de contos e romances. Seu primeiro romance, Sob as árvores de udalas (Under the udala trees), teve o reconhecimento da crítica e recebeu prêmios por sua qualidade literária e tratamento temático.

Recebeu vários prêmios, com destaque para:

  • 2014: O. Henry Prize (contos).
  • 2014: Lambda Literary Award – Lesbian Fiction: Happiness like a water (contos).
  • 2016: Lambda Literary Award – Lesbian Fiction: Under the udala trees (romance).
  • 2016: Jessie Redmon Fauset Book Award in Fiction: Under the udala trees (romance).
  • 2016: Inaugural Betty Berzon Emerging Writer Award, do the Publishing Triangle.

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O livro: https://www.kapulana.com.br/produto/sob-as-arvores-de-udalas/

Sobre a Editora Kapulana

Editora voltada para a publicação e divulgação de autores brasileiros e estrangeiros com foco na literatura africana com seleção de títulos marginais, ou seja, de pouca visibilidade na mídia. O catálogo da editora Kapulana preza pela diversidade e apresenta obras voltadas para literatura infantil, jovens e adultos, assim como memórias, biografias e obras científicas. Com o compromisso de ampliar e apresentar diversas linguagens literárias ao público brasileiro, os escritores, ilustradores e colaboradores da Kapulana são de países como Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Nigéria, Quênia e Zimbábue.

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[Atualizada em 17 de outubro de 2023.]

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Editora Kapulana anuncia lançamento no Brasil de mais um livro de PEPETELA: AS AVENTURAS DE NGUNGA

A Editora Kapulana lança no Brasil, em agosto, edição de aniversário de AS AVENTURAS DE NGUNGA, de Pepetela

A Editora Kapulana lança no Brasil, em 31 de agosto de 2023, mais um livro de Pepetela, As aventuras de Ngunga, clássico da literatura africana. Trata-se de uma edição especial comemorativa dos 50 anos dessa obra, que teve sua primeira publicação em 1973.

As aventuras de Ngunga foi o primeiro livro publicado do angolano Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, que adotou o nome PEPETELA, como era conhecido no MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola).  Foi escrito em 1972, durante a guerrilha na luta de libertação de Angola contra Portugal, e publicado pela primeira vez em 1973.

A obra é resultado da experiência do autor como guerrilheiro que atuava na educação dos meninos (pioneiros). A partir de sua vivência na selva, como guerrilheiro e como educador, e da criação de textos de leitura para as crianças, surge essa sensível obra, em que a história de um menino de 13 anos, Ngunga, representa também a história de uma nação.

Em seu percurso por rios e terras, Ngunga conhece personagens inesquecíveis que despertam fortes emoções nos leitores, como o Comandante Nossa Luta, o Comandante Mavinga, o Comandante Avança, o Presidente Kafuxi, o professor União, a bela Uassamba, a menina Imba, o jovem Chivuala e o velho Livingue.

As aventuras de Ngunga é o 6o. livro de Pepetela  que a Kapulana lança no Brasil. A editora já publicou O cão e os caluandas (2019), O quase fim do mundo (2019), Sua Excelência, de corpo presente (2020), O desejo de Kianda (2021) e Jaime Bunda, Agente Secreto (2022).

Na edição brasileira, a capa e as ilustrações são de Mariana Fujisawa, e o projeto gráfico é de Daniela Miwa Taira.

TRECHOS:

“Ngunga é um órfão de treze anos. Os pais foram surpreendidos pelo inimigo, um dia, nas lavras. Os colonialistas abriram fogo. O pai, que era já velho, foi morto imediatamente. A mãe tentou fugir, mas uma bala atravessou-lhe o peito. Só ficou Mussango, que foi apanhada e levada para o posto.”

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“A verdade ele não dizia. Que procurava então o Ngunga? É simples: queria saber se em toda a parte os homens são iguais, só pensando neles. As pessoas da zona do Kembo pareciam melhores, davam comida mais facilmente. No entanto, ele pensava que era só aparência. Todos perseguiam um fim escondido.”

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“Mais tarde, as mulheres reuniram-se no terreiro de chinjanguila, e a dança começou. Os guerrilheiros e o povo imitaram as mulheres. Também Ngunga e Imba, e as outras raparigas.”

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“O povo veio com as crianças. O Comandante falou-lhes. A escola já estava pronta, podiam começar as aulas. O professor União tinha sido enviado de longe pelo Movimento, para ensinar. No tempo do colonialismo, ali nunca tinha havido escola, raros eram os homens que sabiam ler e escrever. Mas, agora o povo começava a ser livre.”

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RIOS e algum VOCABULÁRIO em As aventuras de Ngunga:

  • Rios Kwanza, Kuíto, Kwando, Kuembo, Kontuba.
  • alambamento (ou alembamento): espécie de dote que a família do noivo oferece à família da noiva, por ocasião do pedido de casamento; pode ser em moeda ou em bens.
  • chinjanguila:  dança de roda tradicional e particular da região sudeste de Angola; durante a luta armada de libertação, também nome dado a arma artesanal.
  • fuba: farinha de mandioca, ou de milho.
  • kimbo (umbundo): povoado, aldeia.
  • matabicho (mata-bicho): primeira refeição do dia; pequeno almoço; café da manhã.
  • pioneiros: jovens que participaram da Luta de Libertação de Angola.
  • quinda: espécie de cesto de palha.

O LIVRO: https://www.kapulana.com.br/produto/as-aventuras-de-ngunga/

O AUTOR: https://www.kapulana.com.br/pepetela/

SOBRE A OBRA:

Jofre Rocha (Angola): “Tenho a agradecer ao talento de Pepetela em As aventuras de Ngunga, a perícia com que nos transporta para o universo dos homens que fazem a História, de que ele próprio faz parte, num plano de realidade crua mas humanizante, onde se entrechocam culturas, reminiscências do passado, avanços e recuos, crendices, afectos desencontrados.”

Mia Couto (Moçambique): “A escrita de Pepetela transporta-nos para as histórias da nossa História com a proximidade de quem vive por dentro a realidade angolana e a distância de quem sonhou um outro mundo.”

Rita Chaves (Brasil): “Mais que de um só escritor, em As aventuras de Ngunga temos um livro de um tempo e de um lugar. É a expressão de uma utopia que tomou conta de muitas gerações, de uma gente capaz de suspender o medo e, em seu lugar, erguer a esperança.”

Luís Bernardo Honwana (Moçambique): “E porque já tinha lido As aventuras de Ngunga e sabia de tudo quanto na altura já se tinha difundido sobre a génese desse livro, senti-me imediatamente amigo de Pepetela, sem embargo do seu trato meio sacudido a que a hirsutez de aspecto não fazia senão acentuar. “

Francisco Noa (Moçambique): “Trata-se de uma das obras que, ao lado de Luuanda de Luandino Vieira, Nós matámos o Cão Tinhoso! de Luís Bernardo Honwana, Quem me dera ser onda de Manuel Rui, preencheu, de forma prodigiosa, a nossa imaginação de adolescentes, em plena ebulição revolucionária e que envolveu as nossas independências na década de 70.”

Carmen Tindó Secco (Brasil): “As aventuras de Ngunga é um livro encantador. […] A narrativa, assemelhando-se a uma singela epopeia do MPLA, erige o protagonista, Ngunga, como “pioneiro sem mácula”, “herói mítico”, amante dos pássaros, dos rios, da natureza.”

José Luís Cabaço (Moçambique): “Antes de ser amigo do Pepe eu já me sentia seu companheiro de jornada, juntos na mesma picada, sonhando sonhos paralelos. […] Neste caleidoscópio de entusiasmos, certezas e angústias me veio parar às mãos outro livro de Pepetela escrito nos anos da luta de libertação: As aventuras de Ngunga.”

Inocência Mata (São Tomé e Príncipe): “Gosto da simplicidade da escrita de As Aventuras de Ngunga, gerada na efervescência da luta de libertação nacional. Uma narrativa que me faz lembrar essoutra, anos depois, A Montanha da Água Lilás (2000): a diferença entre as duas não é de natureza, é de tempo – tal como esta novela, também As Aventuras de Ngunga é uma “Fábula para Todas as Idades”.

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[Atualizada em 16 de agosto de 2023.]

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As aventuras de Ngunga, de Pepetela: lembranças e mensagens

Os seguintes textos compõem a edição brasileira da Kapulana, comemorativa dos 50 anos de As aventuras de Ngunga, de Pepetela. Fazem parte da seção denominada Lembranças e Mensagens, e representam os sentimentos e pensamentos de leitores desse clássico da literatura africana, de amigos e de  companheiros de luta do combativo e sensível escritor angolano Pepetela. 

MIA COUTO [MOÇAMBIQUE]

A escrita de Pepetela transporta-nos para as histórias da nossa História com a proximidade de quem vive por dentro a realidade angolana e a distância de quem sonhou um outro mundo. Pepetela foi guerrilheiro contra as velhas injustiças, foi cidadão quando se construía uma nova nação e foi crítico quando foi necessário denunciar as novas elites do seu país. Mas acima de tudo continua a ser um escritor que nos orgulha a todos nós, cidadãos da língua portuguesa.

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 RITA CHAVES [BRASIL]

Mais que de um só escritor, em As aventuras de Ngunga temos um livro de um tempo e de um lugar. É a expressão de uma utopia que tomou conta de muitas gerações, de uma gente capaz de suspender o medo e, em seu lugar, erguer a esperança. Os anos eram os de 1960/70 e o chão era de uma Angola em movimento, de um território que saía de suas fronteiras e investia na transformação. Nem o canhão, nem a escrita — aliados na dominação, como bem define Manuel Rui em emblemático ensaio sobre as tradições orais — foram capazes de deter Ngunga ou de parar essa literatura que nos faz pensar e querer continuar imaginando um mundo mais justo. Como muitas vezes mais, Pepetela se faz intérprete dessa corrente e partilha a sua voz com a de tantos outros personagens que se moviam pelos terrenos minados, movidos por um sonho mais poderoso do que as armas do inimigo. Dessa invenção, participaram personagens de papel como Comandante Nossa Luta, Comandante Mavinga, professor União e Uassamba, tão misteriosa em sua beleza, e personagens reais, mulheres, homens e crianças que emprestaram suas vidas a uma causa.

Com seu talento excepcional, o autor soube associá-los e converter em energia viva os sinais da utopia, aquela utopia concreta que resiste a tantos ventos. Se o sonho do socialismo se esfumou, adiado talvez para outras idades, como insistimos em acreditar, o sonho de Angola está vivo e se reinventa no Ngunga que guardam no peito o escritor e alguns de seus companheiros de luta. E outros que prosseguem na vida difícil de cada dia resistindo ao desalento. E nós, leitoras e leitores apaixonados, só queremos acompanhá-los na esperança de novos dias. E, nos dizendo de um certo tempo e um certo lugar, de forma tão verdadeira, a narrativa salta para além desses limites e nos entrega a força de uma humanidade que nos faz melhores. Nessa comunhão reside a razão de ser da literatura que, em sua tão difícil definição, insiste em perdurar nesse mundo hostil.

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JOFRE ROCHA [ANGOLA]

Tenho a agradecer ao talento de Pepetela em As aventuras de Ngunga, a perícia com que nos transporta para o universo dos homens que fazem a História, de que ele próprio faz parte, num plano de realidade crua mas humanizante, onde se entrechocam culturas, reminiscências do passado, avanços e recuos, crendices, afectos desencontrados.

Abraça-nos então a vivência dos personagens mergulhados num idealismo não isento de interrogações, temores e incertezas que a ignorância e a superstição muitas vezes alimentam, mas que se revigora quotidianamente na vontade inabalável de vencer.

Bem haja, escritor Pepetela!

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LUÍS BERNARDO HONWANA [MOÇAMBIQUE]

Num momento do processo de afirmação das nossas literaturas em que o movimento geral poderia ainda ser definido como o de protesto e tomada de consciência — qualquer coisa que nasce, fermenta e ganha corpo nos corredores da clandestinidade, num tempo de espera, As aventuras de Ngunga de Pepetela é a primeira obra que  é engendrada no próprio “maquis”, como  nessa altura aprendemos a designar o espaço da luta armada de libertação nacional.

Do universo da CONCP eu já tinha como referências literárias (e também como amigos pessoais, pois conhecemo-nos ainda em Portugal no tempo de exílio, o Luandino Vieira e o Manuel Rui) além, bem entendido, dos clássicos da “Mensagem” e da Casa dos Estudantes Império. O Pepetela conheci-o na minha primeira ida a Luanda, como parte da delegação moçambicana às cerimónias da proclamação da independência de Angola. Apresentou-mo o Rui Mingas.

E porque já tinha lido As aventuras de Ngunga e sabia de tudo quanto na altura já se tinha difundido sobre a génese desse livro senti-me imediatamente amigo de Pepetela, sem embargo do seu trato meio sacudido a que a hirsutez de aspecto não fazia senão acentuar. (Juro que o som familiar que tem para um ouvido moçambicano o nome Ngunga, para nós um apelido, não teve e continua a não ter nada a ver com o assunto…)

E fico cada vez mais amigo de Pepetela, mais comovido com a limpidez daquelas histórias, mais solidário com o povo irmão de Angola e mais admirador da sua grandiosa literatura — de cada vez que releio esse livro saboroso que deu certo quando tinha tudo para dar errado: um texto que um “camarada Quadro” se põe a escrever porque sentiu que os alunos das escolas do MPLA que vem visitando não têm material de leitura e também porque é oportuno naquela conjuntura produzir histórias que inspirem os patriotas, que ajudem a compreender a luta e a difundir a mensagem…

Quem é que disse que a literatura que se faz por encomenda não pode produzir verdadeiras obras-primas (quando quem a subscreve tem real talento)?

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FRANCISCO NOA [MOÇAMBIQUE]

Trata-se de uma das obras que, ao lado de Luuanda de Luandino Vieira, Nós matámos o Cão Tinhoso! de Luís Bernardo Honwana, Quem me dera ser onda de Manuel Rui, preencheu, de forma prodigiosa, a nossa imaginação de adolescentes, em plena ebulição revolucionária e que envolveu as nossas independências na década de 70. O facto de terem como protagonistas crianças e adolescentes desencadeou, em cada um de nós, uma imediata e festiva identificação. No caso específico da obra de Pepetela, há toda uma vivacidade envolvente não só na inquestionável mestria da arte de narrar, mas também no desfile de personagens inesquecíveis como Comandante Nossa Luta, Comandante Mavinga, professor União, a bela e enigmática Uassamba, sem obviamente esquecer o próprio Ngunga. É, pois, à volta deste, onde se concentram e gravitam as inúmeras e apelativas peripécias, as decepções, os sonhos de uma nação, e muito particularmente todo um código de valores que tanto estruturavam as mensagens cruzadas no texto, como ajudaram, de forma muito didáctica, a inseminar a nossa imaginação, ajudando-nos a melhor interpretar o mundo novo que nascia diante dos nossos olhos ainda prenhes de inocência. A transformação de Ngunga, no final, representava todas as mudanças individuais e colectivas que as nossas jovens nações experimentavam, num genuíno exercício ritualístico de passagem.

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CARMEN TINDÓ SECCO [BRASIL]

As aventuras de Ngunga é um livro encantador. Quando me preparava para prestar o concurso para a cadeira das Literaturas Africanas na Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1993, li essa obra de Pepetela com meus alunos do Pedro II, colégio em que lecionei antes de ingressar na UFRJ. Houve interesse por parte  dos discentes da quinta série, pois a coragem exemplar de Ngunga e as lições de vida e liberdade por ele transmitidas foram alvo de grande admiração.

A narrativa, assemelhando-se a uma singela epopeia do MPLA, erige o protagonista, Ngunga, como “pioneiro sem mácula”, “herói mítico”, amante dos pássaros, dos rios, da natureza. Há um olhar e uma dicção poética captando a flora, a fauna da geografia angolana, em meio à luta de libertação vivenciada pelo menino órfão que perdera os pais na guerra.

O trecho poético e bastante político que mais me emocionou foi, ao final, quando compreendi que Ngunga “está em todos nós, os que recusamos o arame farpado”, “os que queremos o mel para todos”.

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JOSÉ LUÍS CABAÇO [MOÇAMBIQUE]

Antes de ser amigo do Pepe eu já me sentia seu companheiro de jornada, juntos na mesma picada, sonhando sonhos paralelos. Mayombe foi a referência da gesta dos nossos povos, do heroísmo e dos sacrifícios consentidos, convivendo com problemas que se adivinhavam e contradições incubadas.

Neste caleidoscópio de entusiasmos, certezas e angústias me veio parar às mãos outro livro de Pepetela escrito nos anos da luta de libertação: As aventuras de Ngunga. E se Mayombe me surgiu como um convite à reflexão sobre os obstáculos a superar pela geração que aceitara o grande desafio, nessas Aventuras eu li (ou quis ler) a generosa transparência do empenho dos Pioneiros a nos alertar para a importância de preservar a essência da Libertação do Povo e resgatar, a cada momento, os ideais que a inspiraram. Hoje, passado meio século, na leitura dessa narrativa voltamos a perceber essa utopia figurada em Ngunga como, mais que uma escolha, uma necessidade para seguirmos. Ao amigo e ao escritor agradeço a lucidez e a beleza da sua mensagem.

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 INOCÊNCIA MATA [SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE]

Embora ciente de que vale sempre repetir o óbvio, Pepetela é um escritor sobre o qual apetece dizer que dispensa apresentações. Vale, pois, a pena apresentar aquele que ganhou o nome na guerrilha: Pepetela (pestanas em kimbundu), nome por que é conhecido Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, nasceu em Benguela a 29 de Outubro de 1941. Fez os estudos primários na sua terra natal e os secundários no Liceu Diogo Cão, na antiga Sá da Bandeira, hoje Lubango. Completou os estudos secundários em 1958, ano em que rumou para a então metrópole, com o propósito de estudar Engenharia no Instituto Superior Técnico. Em 1961, decide mudar de curso, tendo-se matriculado no curso Histórico-Filosóficas, na Faculdade de Letras da então Universidade Clássica de Lisboa, hoje apenas Universidade de Lisboa. Em Lisboa frequenta a Casa dos Estudantes do Império. Narrativizaria essa experiência e essas vivências em A Geração da Utopia (1992), um romance de forte projecção auto-biográfica.

A partir da fermentação político-ideológica vivida na “Casa”, decide-se pelo exílio em França, em 1962. Em 1963 torna-se militante do MPLA – Movimento Popular da Libertação de Angola, para depois rumar à recém-independente Argélia onde estudará Sociologia. Na capital argelina, onde será co-fundador do Centro de Estudos Angolanos, faz parte da equipa da  História de Angola (a primeira escrita por angolanos).

Em 1969 é integrado na luta armada na Frente de Cabinda com funções na área da Informação e da Educação, ao mesmo tempo que participava na guerrilha. Ainda durante o ano de 1969, escreve Muana Puó, romance que só viria a ser publicado em 1978. Durante as pausas da guerra, nos anos de 70 e 71, como prolongamento pessoal de um comunicado de guerra, escreve Mayombe, que só seria publicado, após aturada reflexão pessoal e curiosa autorização, em 1980. Este romance valer-lhe-á, no mesmo ano, o Prémio Nacional de Literatura. Mas seria a necessidade de produzir material didáctico para ser utilizado na alfabetização das populações das zonas libertadas da guerrilha do MPLA que o levou a escrever As Aventuras de Ngunga. É que em 1972 é deslocado para a Frente Leste para, no ano seguinte, ocupar o cargo de Secretário Permanente da Educação e Cultura. É no desempenho destas funções, e dada a manifesta falta de materiais didácticos, que escreve as estórias que darão origem a As Aventuras de Ngunga, que serão primeiro distribuídas em exemplares mimeografados em 1973 e, em 1977, publicadas na forma que hoje se conhece.

As Aventuras de Ngunga é uma narrativa breve (não cabe no âmbito deste texto uma discussão genológica, se se trata de um romance ou uma novela) sobre o menino órfão-futuro-guerrilheiro, sobre combatentes como o guerrilheiro Nossa Luta, o comandante Mavinga, o professor União, a velha Ntumba ou mesmo Chivuala, o companheiro de Ngunga, que são representados com signos que constroem uma isotopia de (quase) perfeição humana – a isotopia do Homem Novo. Por isso, diferentemente das personagens de outros romances, mesmo os seus primeiros romances – como Ele e Ela (Muana Puó, 1969), Sem Medo e João (Mayombe, 1980), Alexandre Semedo, Vilonda, Ulisses/Joel (Yaka, 1984); Lueji e Tchinguri, uma personagem extraordinária que desafia os nossos limites de empatia e de construção de sentidos éticos e morais (Lueji, 1989), Aníbal, Sara e até Elias (A Geração da Utopia, 1992), e mesmo João Evangelista (O Desejo de Kianda, 1995) – que são “andarilhos de fronteiras”, de ideias, de afectos e de sentimentos, as personagens de As Aventuras de Ngunga, são “planas”, no sentido em que,  na sua constituição e desenvolvimento, são de percepção linear, sendo os (seus) defeitos e virtudes de carácter usados para desencadear excursos moralizantes e doutrinários: o valor da escola e do saber, a relação entre alfabetismo e liberdade, o sentido da solidariedade e de entre-ajuda, a humildade e o espírito de colectivismo, a sinceridade contra a mentira…. Mesmo considerando o perfil doutrinário da narrativa, ninguém pode discordar de que “a escola era uma grande vitória sobre o colonialismo”, como disse a Ngunga o admirável comandante Mavinga, ele próprio analfabeto… Compreende-se, assim, que em algumas classificações esta novela aparece no acervo da literatura (infanto-)juvenil. Uma vez que as personagens não são “volúveis”, por elas não se opera nenhum descentramento a fim de que se possa vislumbrar os limites de cada visão e aportar o cais da multiplicidade de perspectivas para conformar uma realidade, abarcá-la e traduzir a sua complexidade, possibilitando, deste modo, uma percepção dessa realidade, segundo vários interesses e afectos.

Com essas personagens, consagram-se as identidades perfeitas de mitos e figuras erigidas a heróis nacionais (e o primeiro é, sem dúvida, Nossa Luta que cai em combate), diferentemente do que se verá em Mayombe, por exemplo, também um romance de guerrilha. É que As Aventuras de Ngunga, que se pode considerar um romance de formação, é uma obra em que a verve pedagógica por/sobre uma sociedade nova atinge a sua realização plena, tendo em conta, sobretudo, o “apelo da modernidade” e a necessidade de combate ao obscurantismo, reminiscências da linguagem materialista do “partido da vanguarda” da nação.

Gosto da simplicidade da escrita de As Aventuras de Ngunga, gerada na efervescência da luta de libertação nacional. Uma narrativa que me faz lembrar essoutra, anos depois, A Montanha da Água Lilás (2000): a diferença entre as duas não é de natureza, é de tempo – tal como esta novela, também As Aventuras de Ngunga é uma “Fábula para Todas as Idades”. Com efeito, apesar de esta ser uma narrativa de guerrilha e aquela uma fábula em que, por intermédio da metáfora da água lilás, se questionam os motivos por detrás do prolongar da guerra em Angola, ambas as narrativas se propõem a ensinar cidadãos de todas as idades quanto custou a liberdade.

Citar como: PEPETELA. As aventuras de Ngunga. “Lembranças e mensagens”. São Paulo: Kapulana, 2023. [Série Vozes da África]

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LANÇAMENTO! Em 13 de junho, Editora Kapulana lança no Brasil MARGENS E TRAVESSIAS, do escritor angolano Boaventura Cardoso

Romance de Boaventura Cardoso mostra a história de vida de pessoas e de um país, a partir de relatos, depoimentos, cartas e cantos do povo angolano.

A Kapulana lança no Brasil, em 13 de junho, MARGENS E TRAVESSIAS, de autoria do escritor angolano BOAVENTURA CARDOSO. Margens e travessias é um romance cujo protagonista é o povo de Angola. Nesta história ficcional, a história da formação de Angola e da identidade de seu povo é contada por meio das lembranças de dois “mais-velhos”: Kitekulu, um soba (chefe tradicional) e Manimaza, filho das águas. As conversas entre eles acontecem enquanto percorrem os rios de Angola e suas aldeias ribeirinhas. Desse modo, fatos e mitos do país, desde os tempos pré-coloniais e da luta de libertação, até o período pós-independência, chegam ao leitor pelas vozes das personagens do romance.

Os rios e suas margens não são apenas acidentes geográficos. São personagens que são fios condutores das vivências e narrativas do povo angolano numa viagem no tempo e no espaço.

O romance conta com vários narradores que se expressam de maneiras diversas: troca de mensagens e cartas entre o soba, chefe de uma Zona de Acção, e o Comissário Distrital; relatos de uma mãe à procura e à espera de seu filho; e  lembranças e conversas entre Kitekulu e Manimaza. As narrativas em conjunto compõem o panorama da história de Angola, na forma de ficção. Presente e passado conversam nesse fluxo narrativo.

Margens e travessias, de Boaventura Cardoso, série Vozes da África
capa de Mariana Fujisawa e projeto gráfico de Daniela Miwa Taira

[TAMBÉM EM E-BOOK!]

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Trechos de MARGENS E TRAVESSIAS:

“E os rios arrepiaram seus leitos de andanças. Primeiro foi o Chiloango, depois o Kwilu; Kambo, Lukala, Kwangu, Lwacimo, Dange, Keve e Kunhinga; mais o Zambeze, o Lwiana, o Kunene, o Kubangu, o Balombo, o Kuroka, o Mukope e o M’bridge; e finalmente o Kwanza. Todos kwanzando em seus kwanzas. Todos foram vindo em direção ao Ngola.”

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“Fora levado para uma feira de escravos. Viu escravos acorrentados a serem vergastados e a sangrar; ouvia-se, por isso, uma gritaria que só lembrava as almas a arderem no Inferno. Estava assustado com o ambiente de terror que predominava na feira. Pensou em fugir, voltar para junto dos pais, mas reconheceu que seria muito arriscado. Kileba temia pelo seu futuro, chorava de muito medo.”

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“E canoando, canoando foram desaguar no rio Kunene, lá. Soba Kitekulu e Manimaza continuavam desbraguando rios e revisitando memórias, o que faziam viajando no tempo que eles traziam dentro de si. Eram relembramentos de vivências vividas ou transmitidas, contadas ou intuídas dos seus antepassados.”

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Bertine… ele desapareceu, estão à procura dele… o meu filho…

Meu filho… eu quero o meu filho…

Não haverá perdão… a sentença…

Vamos orar juntas, Bertine

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“O Lukala se engravidara de muitas mortes; de muitos corpos que lhe tinham sido atirados para dentro de si; de muitas almas que se tinham adubado nas suas sempre renovadas águas.”

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“Mais-velho Mwata Cinyama tinha sua arte de caminhar sobre andas, apesar da idade. Quando jovem, era-lhe frequente participar em festas tradicionais como a da mukanda, na companhia de outros rapazes, andando sobre andas. Aliás, ele, em jovem, tinha passado não só pelo ritual da mukanda como também do mungonge.”

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Boaventura Cardoso

BOAVENTURA CARDOSO, escritor angolano, é licenciado em Ciências Sociais  e diplomata de carreira. Foi Governador da Província de Malanje e exerceu vários cargos em instituições de cultura em Angola, tendo sido Ministro da Cultura e da Informação do país.

Foi membro fundador da União dos Escritores Angolanos e o primeiro presidente da Academia Angolana de Letras. Atualmente, é Deputado da Assembleia Nacional onde exerce o cargo de Presidente da Comissão para a Cultura, Assuntos Religiosos, Comunicação Social, Juventude e Desportos. 

É autor de contos e romances, com destaque para Margens e travessias, que recebeu o Prémio de Literatura dstAngola/Camões, 2022. 

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Saiba mais:

Sobre o Autor e sua obra: https://www.kapulana.com.br/boaventura-cardoso/

Sobre Margens e travessias: https://www.kapulana.com.br/produto/margens-e-travessias/

Sobre a Kapulana: 

Editora voltada para a publicação e divulgação de autores brasileiros e estrangeiros com foco na literatura africana com seleção de títulos marginais ou de pouca visibilidade na mídia. O catálogo da editora Kapulana preza pela diversidade e apresenta obras voltadas para literatura infantil, jovens e adultos, assim como memórias, biografias e obras científicas. Com o compromisso de ampliar e apresentar diversas linguagens literárias ao público brasileiro, os escritores, ilustradores e colaboradores da Kapulana são de países como Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Nigéria, Quênia e Zimbábue.

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[Atualizada em 13 de junho de 2023.]

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JOSÉ LUANDINO VIEIRA, autor de Nós, os do Makulusu, faz 88 anos de idade

José Luandino Vieira, autor do clássico da literatura angolana e mundial, NÓS, OS DO MAKULUSU, completa em 4 de maio de 2023, 88 anos de idade.

JOSÉ LUANDINO VIEIRA, nome literário de José Vieira Mateus da Graça, nasceu em 4 de maio de 1935, em Ourém, Portugal. Passou a infância e a juventude em Luanda, Angola, onde fez os estudos primários e secundários. É cidadão angolano por sua militância pela independência de Angola.

Participou da luta armada de libertação em Angola contra Portugal, como membro do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola). Em função de sua militância,  foi preso várias vezes pela PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado), a polícia portuguesa, e condenado à prisão.

Em 1964, José Luandino Vieira é preso pela polícia política portuguesa, a PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado), permanecendo oito anos no campo de concentração do Tarrafal, onde escreveu muitos de seus livros, dentre eles o Nós, os do Makusulu, publicado só em 1974.

Em 1972, foi libertado em regime de residência vigiada em Lisboa. Iniciou, então, a publicação da sua obra, grande parte escrita na prisão.

Em 1975, regressou a Angola, após a Independência do país, agora denominado República Popular de Angola. De 1975 a 1979, foi Diretor do Departamento de Orientação Revolucionária do MPLA. Foi responsável pelo Instituto Angolano de Cinema (1979-1984) e cofundador da União dos Escritores Angolanos, de que foi secretário-geral (1975-1980 e 1985-1992). Foi secretário-geral adjunto da Associação dos Escritores Afro-Asiáticos (1979-1984) e é membro da Academia Angolana de Letras. Atualmente, vive em Portugal, para onde retornou em 1992.

José Luandino Vieira escreveu muitos livros que marcaram e marcam a história da literatura africana e mundial, dentre eles A vida verdadeira de Domingos Xavier (1961),  Luuanda (1963), Nós, os do Makulusu (1974) e Papeis da prisão (2015).

A Kapulana teve a honra de publicar no Brasil, em 2019, Nós, os do Makulusu, e irá lançar em breve A vida verdadeira de Domingos Xavier!

Conheça um pouco mais sobre José Luandino Vieira e sua obra:

Nós, os do Makulusu, de José Luandino Vieira

Nós, os do Makulusu, a palavra e o outro”, por Rita Chaves.

Nós, os do Makulusu: do fundo humano, em cada caso”, por Jacqueline Kaczorowski

EM BREVE:

A vida verdadeira de Domingos Xavier, de José Luandino Vieira (em edição pela Kapulana).

[São Paulo, 4 de maio de 2023.]

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Sobre a Editora Kapulana

Editora voltada para a publicação e divulgação de autores brasileiros e estrangeiros com foco na literatura africana com seleção de títulos marginais, ou seja, de pouca visibilidade na mídia. O catálogo da editora Kapulana preza pela diversidade e apresenta obras voltadas para literatura infantil, jovens e adultos, assim como memórias, biografias e obras científicas. Com o compromisso de ampliar e apresentar diversas linguagens literárias ao público brasileiro, os escritores, ilustradores e colaboradores da Kapulana são de países como Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Nigéria, Quênia e Zimbábue.

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LANÇAMENTO! Em 18 de abril, Editora Kapulana lança no Brasil PRETA E MULHER, da escritora e ativista do Zimbábue – Tsitsi Dangarembga

Livro da escritora zimbabuana é um conjunto de ensaios sobre a colonização inglesa no Zimbábue e os efeitos devastadores do império britânico sobre os povos africanos.

A Kapulana lançará no Brasil, em 18 de abril, PRETA E MULHER (Black and female), ensaios de autoria da escritora e ativista TSITSI DANGAREMBGA, do país africano Zimbábue.

Em Preta e mulher, Tsitsi Dangarembga mergulha profundamente em questões como racismo, misoginia e patriarcado, que marcaram e marcam a vida das mulheres no Zimbábue, país com histórico colonial violento.

Na “Introdução”, o leitor tem a oportunidade de conhecer parte da história pessoal de Tsitsi, no contexto da história de seu país.

O primeiro ensaio, “Escrever como preta e mulher”,  é dedicado a revelar como a escrita tornou-se um instrumento de análise de sua condição de preta e mulher escritora.

O segundo ensaio, “Preta, mulher e a supermulher feminista preta”, é sobre como a trajetória da sociedade zimbabuana durante o colonialismo determinou o comportamento das mulheres nos espaços públicos e privados.

No último ensaio, “Descolonização como imaginação revolucionária”, a autora defende a necessidade da descolonização mental africana para se alcançar a igualdade discursiva, por um futuro mais justo e sem medo.

Como parte final da obra,  são apresentadas notas bibliográficas de alto valor teórico para os leitores que queiram se aprofundar mais nas questões discutidas nos ensaios.

Preta e mulher, de Tsitsi Dangarembga, com tradução de Carolina Kuhn Facchin, capa de Mariana Fujisawa e projeto gráfico de Daniela Miwa Taira.

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Trechos de PRETA E MULHER:

“Eu nasci, então, em uma sociedade perversa que me enxergava como essencialmente carente de humanidade plena, necessitada, mas nunca capaz, como resultado de ser um corpo preto, de atingir o status completo de humanidade. Este é o ambiente em que cresci. São essas malignidades, seus fundamentos e seus efeitos em minha vida e na vida de outros seres humanos de corpos pretos que traço nesses ensaios.”

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“Aqueles que, como eu, foram feridos pela arrogância da branquitude não mais dizem “Estou machucado” e se automedicam de maneira autodestrutiva, ou agem dentro de nossas comunidades de acordo com uma dor ruinosa, enraivecida e amarga, como essa arrogância exigia. Agora dizemos: “Você me machucou”, palavras que apontam não para a abjeção e a morte que seguem a automutilação implacável, mas para a possibilidade de se afastar daquele que fere e, a partir daí, transformar-se em alguém que aquele que fere não consegue mais desmembrar.”

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“Muito antes de as super-heroínas entrarem na moda, eu já tinha criado a minha. Ela tinha vinte metros de altura. Sua pele era cor de cobre. Ela usava extensões trançadas no cabelo, em um longo rabo de cavalo que descia por suas costas. Minha super-heroína caminhava sobre cabanas e casas. Ela chutava cobras que estavam prestes a morder crianças, puxava gado para fora de ravinas e segurava entre o indicador e o polegar homens cometendo violência contra corpos de mulheres; após o que ela os arremessava para o horizonte. Quem não teria medo dela?”

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“Tinha a sensação de viver fora de mim, não em integração comigo. O trauma causado por essa falha de integração foi tão intenso e tão forte que não consegui me identificar com ele, resultando em um maior distanciamento de mim, de modo que não conseguia me identificar comigo mesma. Eu me sentia como uma sombra que na verdade não existia.”

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“Pessoas melanizadas ainda vagam por pântanos de negatividade, ainda tentam alcançar o princípio que foi removido quando nosso ser foi sugado de nossos corpos pelas forças da colonização. Nosso sofrimento é o equivalente metafísico de um membro fantasma.”

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A autora TSITSI DANGAREMBGAhttps://www.kapulana.com.br/tsitsi-dangarembga/

TSITSI DANGAREMBGA é escritora e cineasta nascida na Rodésia, hoje Zimbábue. Iniciou sua educação na Inglaterra, onde viveu parte da infância, e concluiu o ensino básico em uma escola missionária na cidade de Mutare, Zimbábue. Estudou direção de cinema em Berlim, na Alemanha, onde produziu diversos filmes. Atualmente, Tsitsi Dangarembga vive com a família em Harare, capital do Zimbábue, onde fundou uma produtora de filmes, a Nuyerai Films. Feminista e ativista, é idealizadora e diretora de diversos projetos e programas que dão suporte financeiro e técnico para mulheres que atuam como artistas e cineastas no Zimbábue e na África como um todo. É autora de livros de ficção, para teatro e cinema e de ensaios.

A autora recebeu vários prêmios, com destaque para:

  • 2018 – Nervous conditions (Condições nervosas): Um dos 100 livros que moldaram o mundo (BBC).
  • 2020 – This mournable body (Esse corpo lamentado): 2020 Booker Prize for Fiction (finalista).
  • 2021: Pen Pinter Prize e “Prêmio da Paz na Feira do Livro de Frankfurt” (Peace Prize of the German Book Trade).
  • 2021: Honorary Fellowship of Sidney Sussex College, Cambridge.
  • 2022: Windham-Campbell Literature Prize (fiction).

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A Kapulana também lançou no Brasil a trilogia de ficção de Tsitsi Dangarembga, composta por Condições nervosas, O livro do Não e Esse corpo lamentado.

 

Sobre os livros de Tsitsi Dangarembga publicados pela Kapulana:

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Sobre a Editora Kapulana

Editora voltada para a publicação e divulgação de autores brasileiros e estrangeiros com foco na literatura africana com seleção de títulos marginais, ou seja, de pouca visibilidade na mídia. O catálogo da editora Kapulana preza pela diversidade e apresenta obras voltadas para literatura infantil, jovens e adultos, assim como memórias, biografias e obras científicas. Com o compromisso de ampliar e apresentar diversas linguagens literárias ao público brasileiro, os escritores, ilustradores e colaboradores da Kapulana são de países como Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Nigéria, Quênia e Zimbábue.

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[3 de abril de 2023.]

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MUSEU DA REVOLUÇÃO, de João Paulo Borges Coelho, fica em 2º lugar no Prêmio Oceanos 2022

MUSEU DA REVOLUÇÃO, de João Paulo Borges Coelho, ficou em 2º lugar na  classificação final de 2022 do “Oceanos – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa”.

O livro Museu da Revolução, do moçambicano João Paulo Borges Coelho, foi classificado entre os três primeiros livros na edição de 2022 do Prêmio Oceanos, sendo o segundo colocado. A cerimônia de premiação teve lugar em Maputo, capital de Moçambique com transmissão simultânea para Brasil e Portugal.

Museu da Revolução é a mais recente obra de João Paulo Borges Coelho, tendo sido publicado no Brasil, no primeiro semestre de 2022, pela Editora Kapulana.

A Kapulana orgulha-se de ter sido a primeira e única editora que trouxe os livros de João Paulo para o Brasil, oferecendo aos leitores brasileiros o acesso à magnífica e importante obra do autor.

Museu da Revolução é o 4º livro de João Paulo Borges Coelho que a Kapulana lança no Brasil. A editora já publicou As visitas do Dr. Valdez (2019), Crônica da Rua 513.2 (2020) e Quatro histórias (2021).

A edição brasileira de Museu da Revolução tem capa de Mariana Fujisawa, e projeto gráfico de Daniela Miwa Taira.

O protagonista de Museu da Revolução, é um país: Moçambique. Nessa obra de ficção, João Paulo Borges Coelho nos mostra personagens diversas que participam da história de Moçambique. Em uma viagem em uma van – um Hiace antigo – várias pessoas se conhecem e percorrem caminhos em Moçambique à procura de sua história e de sua identidade. Nesse retrato contemporâneo do país africano da África Austral, o leitor não só é convidado a participar de uma viagem no tempo desde os tempos da luta de libertação, mas também a fazer um percurso geográfico por vários outros países que se relacionam com Moçambique de diversas formas.

Trecho:
“Por vezes o futuro parece estar mesmo ao alcance da mão, mas eis que um vento inesperado o sopra para diante. Reúnem-se então as forças que descobrimos ainda ter, com o fito de reiniciar a perseguição.”

A obra: MUSEU DA REVOLUÇÃO, do moçambicano JOÃO PAULO BORGES COELHO: https://www.kapulana.com.br/produto/museu-da-revolucao/

O autor JOÃO PAULO BORGES COELHO: https://www.kapulana.com.br/joao-paulo-borges-coelho/

Sobre os vencedores do Prêmio Oceanos de 2022:
https://associacaooceanos.pt/premio-oceanos-2022/

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A Kapulana parabeniza o escritor João Paulo Borges Coelho e agradece por sua gentileza e confiança no trabalho da Kapulana.

A editora agradece a todos que apoiaram e tornaram possível a publicação e a divulgação de MUSEU DA REVOLUÇÃO no Brasil: equipe da Kapulana, equipe do Prêmio Oceanos, DGLAB/Portugal, professores, estudantes, pesquisadores, clubes de leitura, jornalistas e, principalmente, agradece aos  leitores brasileiros que nos acompanham e nos fortalecem com suas leituras e comentários sobre as obras que publica.  

Acompanhe a Kapulana e saiba mais sobre nosso catálogo:

 [São Paulo, 09 de dezembro de 2022.]

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Luís Bernardo Honwana, autor de Nós matamos o Cão Tinhoso!, faz 80 anos de idade

Luís Bernardo Honwana, autor do clássico da literatura moçambicana e mundial, Nós matamos o Cão Tinhoso!, completa em 12 de novembro de 2022, 80 anos de idade.

Luís Bernardo Honwana nasceu em 12 de novembro de 1942, em Chamanculo, subúrbio da cidade de Maputo (Lourenço Marques, no período colonial).

A história da criação e da trajetória de sua obra prima Nós matamos o Cão Tinhoso! faz parte da história de vida de Luís Bernardo Honwana. A coleção de sete contos estreou no jornal A Tribuna, quando autor tinha 22 anos de idade, em momento em que Moçambique estava sob o domínio colonial de Portugal. Teve grande repercussão por serem histórias que ecoavam as vozes das crianças como representantes de todos os oprimidos. Por meio da ficção, vem à tona todo o processo de opressão e autoritarismo do invasor português sobre o povo moçambicano.

Em 1964, Luís Bernardo Honwana é preso pela polícia política portuguesa, a PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado), permanecendo na prisão por quatro anos, junto com outras personalidades do meio artístico. Nesse mesmo ano, é publicado em forma de livro Nós matamos o Cão Tinhoso!, que é imediatamente recolhido pelo regime, e poucos moçambicanos tiveram a chance de ler essa primeira edição.

Com a independência de Moçambique, em 1975, o livro é finalmente libertado e teve o reconhecimento que merecia. Foram feitas várias edições em Moçambique, em Portugal e em outras partes do mundo. Foram publicadas traduções em países como Alemanha, Costa do Marfim, Cuba, Espanha, França, Inglaterra, Senegal, Suécia, Togo e Zimbábue.

No Brasil, a obra foi publicada pela Editora Ática (1980) e pela Editora Kapulana (2017). A edição da Kapulana faz parte da série “Vozes da África” e inclui o conto do autor “Rosita, até morrer”, de 1971, nunca antes publicado em livro.

Em 2002, Nós matamos o Cão Tinhoso! foi classificado entre os “100 melhores livros africanos do século XX” (Creative Writing), em iniciativa da “Zimbabwe International Book Fair”, com a colaboração de African Publishers Network (APNET), Pan-African Booksellers Association (PABA), associações de escritores africanos, conselhos para o desenvolvimento do livro e associações de bibliotecas.

Ao sair da prisão, Luís Bernardo Honwana continua seus estudos em Portugal e, no retorno à terra natal, participa da vida cultural e política de Moçambique como Diretor do Gabinete da Presidência, Secretário do Estado da Cultura e Ministro da Cultura de Moçambique. Colaborou firmemente para a fundação da AEMO (Associação dos Escritores Moçambicanos). Marcou também sua presença no meio internacional, quando foi Secretário da UNESCO.

Muitas homenagens são dedicadas ao querido escritor. Destacamos aqui um conjunto delas para que nossos leitores possam conhecer um pouco mais da vida e da obra de Luís Bernardo Honwana. Foram organizadas pelo jornalista moçambicano José dos Remédios, e divulgadas na forma de artigos, depoimentos e entrevistas no jornal O País, e no canal televisivo Stv. São textos marcantes sobre a vivência de Luís Bernardo como pessoa, estudante, militante político e escritor; revelam-nos sua infância, juventude, atuação política, experiência linguística e processo de criação literária.

A Kapulana agradece a Luís Bernardo Honwana por nos ter presenteado com livro tão belo, tão sensível e, ao mesmo tempo, tão forte e corajoso. Agradece a generosidade do autor em ceder essa obra prima para publicação no Brasil por nossa casa editorial, possibilitando que mais brasileiros conheçam esses maravilhosos contos.

Conheça um pouco mais sobre a história de vida de Luís Bernardo Honwana:

Saiba mais sobre:

[São Paulo, 11 de novembro de 2022.]

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Sobre a Editora Kapulana

Editora voltada para a publicação e divulgação de autores brasileiros e estrangeiros com foco na literatura africana com seleção de títulos marginais, ou seja, de pouca visibilidade na mídia. O catálogo da editora Kapulana preza pela diversidade e apresenta obras voltadas para literatura infantil, jovens e adultos, assim como memórias, biografias e obras científicas. Com o compromisso de ampliar e apresentar diversas linguagens literárias ao público brasileiro, os escritores, ilustradores e colaboradores da Kapulana são de países como Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Nigéria, Quênia e Zimbábue.

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LANÇAMENTO! Editora Kapulana lança em 20 de novembro no Brasil ESSE CORPO LAMENTADO, da escritora e ativista do Zimbábue – Tsitsi Dangarembga

Livro da escritora do Zimbábue é o último volume da trilogia com a protagonista Tambudzai 

A Kapulana lançará no Brasil, em 20 de novembro (Dia da Consciência Negra), ESSE CORPO LAMENTADO (This mournable body), de autoria da escritora e ativista do Zimbábue, TSITSI DANGAREMBGA, com tradução de Carolina Kuhn Facchin, capa de Mariana Fujisawa e projeto gráfico de Daniela Miwa Taira.

ESSE CORPO LAMENTADO é o terceiro livro de uma trilogia composta por: Nervous conditions, The book of Not e This mournable body, editados no Brasil pela Kapulana como Condições nervosas (2019), O livro do Não (2022) e, agora, Esse corpo lamentado. A protagonista da trilogia é Tambu (Tambudzai Sigauke), uma adolescente de origem shona, nascida no Zimbábue (antiga Rodésia).

Esse corpo lamentado (This mournable body) foi finalista no “2020 Booker Prize for Fiction”.

Em 2023, a Kapulana lançará o livro de ensaios de Tsitsi Dangarembga: Black and Female.

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A TRILOGIA

Na trilogia, Tsitsi Dangarembga mostra corajosamente os resultados devastadores das ações destruidoras do sistema colonial inglês sobre a cultura e a formação de mulheres como Tambudzai Sigauke. É uma sequência de livros que, além de aproximar o leitor da história de um país pouco conhecido dos leitores brasileiros, emociona ao mostrar a saga de uma personagem sempre em processo de reflexão e luta, da mesma forma que a autora dessa incrível trilogia.

1º volume da trilogia – Condições Nervosas (Nervous conditions) – 11/11/2019

Tsitsi Dangarembga conta como foi a infância de Tambu com seus pais e irmãos em uma aldeia nos arredores de Umtali, na Rodésia, nos anos 60 do século XX, quando o país estava sob domínio britânico. Tambu estudava numa escola missionária na aldeia onde seu tio Babamukuru era o diretor. Depois da Independência, o país passou a se chamar Zimbábue, e a cidade, Mutare.

Condições nervosas (Nervous conditions) foi classificado pela BBC como “Um dos 100 livros que moldaram o mundo”.

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2º volume da trilogia – O livro do Não (The book of Not) – 07/02/2022

Tambu vai estudar na Escola para Moças Sagrado Coração, colégio secundário religioso para alunas da elite branca, um internato que mantinha algumas vagas para alunas negras. Depois de formada, Tambu vai trabalhar como redatora em uma empresa de marketing em Harare (antiga Salisbury), capital do país e passa a morar em um pensionato, também com maioria de residentes brancas. Nesses dois momentos de sua vida, Tambu esforça-se para atingir níveis de excelência, mas sem sucesso por sofrer discriminações de todo o tipo. Além disso, é confrontada com situações em que sua identidade é colocada à prova. A história se passa nos momentos finais da luta de libertação do país até sua independência, em 1980. Tambu, por ser de família negra, e ter estudado em colégio de elite para meninas brancas, passa a questionar os valores com que foi educada e convive com os representantes do país colonizador e também com os que lutam pela independência do país, sua irmã Netsai e seu tio Babamukuru, por exemplo.

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3º volume da trilogia – Esse corpo lamentado (This mournable body) – 20/11/2022

Nesse romance, última parte da trilogia, Tambu (Tambudzai), a protagonista, nascida no Zimbábue, é uma mulher adulta que tenta afirmar-se, depois de terminar os estudos e ter tido uma experiência profissional negativa. Em Harare, capital do país, Tambu esforça-se para atingir a excelência nas suas atividades e alcançar alguma estabilidade financeira e pessoal, mas se depara com questões desafiadoras – marcadas desde a infância e juventude – como a discriminação racial e social e o não reconhecimento de seu esforço.

Memórias, traumas e experiências do passado e a dramática e violenta experiência do presente vêm à tona nessa emocionante obra de ficção, em que Tambu consegue se reconhecer e se reconstruir numa sociedade em que forças políticas e históricas do colonialismo permanecem enraizadas no tecido social do Zimbábue.

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Trechos de ESSE CORPO LAMENTADO

“Você sente como se seu útero estivesse escorrendo entre os ossos de seu quadril e caindo numa poça no chão.”

“A boca dela é um poço. Está puxando você. Você não quer ser sepultada por ela. Baixa os olhos, mas não se afasta porque, por um lado, está cercada pela multidão. Por outro lado, se voltar à solidão, cairá dentro de si mesma, onde não há lugar para se esconder.”

“Você se preocupa que vá começar a considerar acabar com tudo, já que não tem nada pelo que viver: nem casa, nem trabalho, nem laços familiares. Esse pensamento induz um pântano de culpa.”

“Cobras, aquelas sobre as quais sua avó falava quando você era criança e perguntava a ela as coisas que não podia perguntar a sua mãe, as cobras que seguram seu útero dentro de você, abrem suas bocas ao ouvirem falar da guerra. Todo o conteúdo em seu abdômen escorre para o chão, como se as cobras tivessem liberado tudo ao abrirem suas bocas. Seu ventre se transforma em água. Você fica ali parada, sua força aniquilada.”

“As mulheres da guerra são assim, um novo tipo de ser que ninguém conhecia antes, não exatamente homens, mas não mais mulheres.”

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A autora TSITSI DANGAREMBGAhttps://www.kapulana.com.br/tsitsi-dangarembga/

TSITSI DANGAREMBGA é escritora e cineasta nascida na Rodésia, hoje Zimbábue. Iniciou sua educação na Inglaterra, onde viveu parte da infância, e concluiu o ensino básico em uma escola missionária na cidade de Mutare, Zimbábue. Estudou direção de cinema em Berlim, na Alemanha, onde produziu diversos filmes. Atualmente, Tsitsi Dangarembga vive com a família em Harare, capital do Zimbábue, onde fundou uma produtora de filmes, a Nuyerai Films. Feminista e ativista, é idealizadora e diretora de diversos projetos e programas que dão suporte financeiro e técnico para mulheres que atuam como artistas e cineastas no Zimbábue e na África como um todo. É autora de livros de ficção, para teatro e cinema e de ensaios.

Recebeu vários prêmios, com destaque para:

  • 2018 – Nervous conditions (Condições nervosas): Um dos 100 livros que moldaram o mundo (BBC).
  • 2020 – This mournable body (Esse corpo lamentado): 2020 Booker Prize for Fiction (finalista).
  • 2021: Pen Pinter Prize e “Prêmio da Paz na Feira do Livro de Frankfurt” (Peace Prize of the German Book Trade).
  • 2021: Honorary Fellowship of Sidney Sussex College, Cambridge.
  • 2022: Windham-Campbell Literature Prize (fiction).

Sobre os livros de Tsitsi Dangarembga publicados pela Kapulana:

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Sobre a Editora Kapulana

Editora voltada para a publicação e divulgação de autores brasileiros e estrangeiros com foco na literatura africana com seleção de títulos marginais, ou seja, de pouca visibilidade na mídia. O catálogo da editora Kapulana preza pela diversidade e apresenta obras voltadas para literatura infantil, jovens e adultos, assim como memórias, biografias e obras científicas. Com o compromisso de ampliar e apresentar diversas linguagens literárias ao público brasileiro, os escritores, ilustradores e colaboradores da Kapulana são de países como Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Nigéria, Quênia e Zimbábue.

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[Atualizada em 11 de novembro de 2022.]

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MUSEU DA REVOLUÇÃO, de João Paulo Borges Coelho, está entre os finalistas do Prêmio Oceanos 2022

Museu da Revolução, de João Paulo Borges Coelho, está entre os finalistas de 2022, anunciados pelo “Oceanos – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa”.

O livro MUSEU DA REVOLUÇÃO, do moçambicano João Paulo Borges Coelho, finalista em 2022 do Prêmio Oceanos, foi publicado no Brasil, no primeiro semestre de 2022, pela Editora Kapulana.

A edição brasileira de Museu da Revolução tem capa de Mariana Fujisawa, e projeto gráfico de Daniela Miwa Taira.

O protagonista de Museu da Revolução, é um país: Moçambique. Nessa obra de ficção, João Paulo Borges Coelho nos mostra personagens diversas que participam da história de Moçambique. Em uma viagem em uma van – um Hiace antigo – várias pessoas se conhecem e percorrem caminhos em Moçambique à procura de sua história e de sua identidade. Nesse retrato contemporâneo do país africano da África Austral, o leitor não só é convidado a participar de uma viagem no tempo desde os tempos da luta de libertação, mas também a fazer um percurso geográfico por vários outros países que se relacionam com Moçambique de diversas formas.

Museu da Revolução é o livro mais recente de João Paulo Borges Coelho, lançado originalmente em 2021. A Kapulana é a única editora que publica livros de João Paulo Borges Coelho no Brasil.

Museu da Revolução é o 4º livro de João Paulo Borges Coelho que a Kapulana lança no Brasil. A editora também publicou As visitas do Dr. Valdez (2019), Crônica da Rua 513.2 (2020) e Quatro histórias (2021).

Trecho:

“Por vezes o futuro parece estar mesmo ao alcance da mão, mas eis que um vento inesperado o sopra para diante. Reúnem-se então as forças que descobrimos ainda ter, com o fito de reiniciar a perseguição.”

A obra: MUSEU DA REVOLUÇÃO, do moçambicano JOÃO PAULO BORGES COELHO: https://www.kapulana.com.br/produto/museu-da-revolucao/

O autor JOÃO PAULO BORGES COELHO: https://www.kapulana.com.br/joao-paulo-borges-coelho/

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 [08 de novembro de 2022]

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MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA com descontos na Kapulana

Em Novembro, Mês da Consciência Negra, a Editora Kapulana oferece descontos nos livros de sua loja online

A Kapulana sempre teve a preocupação e a iniciativa em trazer obras de autoria de negros e negras para os leitores brasileiros. 

Nesse sentido, no período de 5 a 20 de novembro de 2022, a Editora Kapulana, como forma de destacar a importância do Mês da Consciência Negra, oferece aos seus leitores desconto de 40% em todos os livros de seu catálogo online. 

O leitor encontra no catálogo da Kapulana livros para crianças e adultos. São obras de ficção, poesia,  memórias, biografias e livros de estudos sobre literatura e cinema.

Escritores e ilustradores dos livros publicados pela Kapulana são de países diversos como Angola, Brasil, Moçambique, Nigéria, Portugal, Quênia e Zimbábue.

Tsitsi Dangarembga
Ungulani Ba Ka Khosa
Akwaeke Emezi
Maria Celestina Fernandes
Mário Medeiros

Venha visitar nosso site e conhecer nossos maravilhosos livros, todos agora em promoção!

[04 de novembro de 2022]

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ISSAKA MAÏNASSARA BANO

ISSAKA MAÏNASSARA BANO

É doutorando em Sociologia pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH/ Unicamp). É mestre em Educação pela Faculdade de Educação da Unicamp e bacharel em Relações Internacionais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. 

Tem experiência nas áreas de Literaturas Africanas, Imigração, Sociologia e Educação. É membro do Núcleo de Estudos Carolina Maria de Jesus (Bitita), da Unicamp, pesquisador do Centro de Estudos Rurais e Urbanos da USP e coordenador do Coletivo Raízes São Paulo. 

Participa da produção de documentários e lançamentos de livros, e coordena o Coletivo Raízes de São Paulo. É autor de várias obras sobre cultura, sociedade e literaturas africanas.

PUBLICAÇÕES

É autor e organizador de várias obras, com destaque para:

  • BANO, Issaka Maïnassara; SANENE, Isidro. As Áfricas dentro de mim: coletânea de poesias e contos. São Paulo: Alupolo, 2021.
  • BANO, Issaka Maïnassara; BAMPOKY, Providence. África(s) na(s) literatura(s): revisitando narrativas que tecem complexos culturais. v. 1. São Paulo: Alupolo, 2021.
  • BANO, Issaka Maïnassara; DEMARTINI, Zeila de Brito Fabri. Literaturas africanas: perspectivas e desafios no século XXI. São Paulo: E-manuscrito, 2021.
  • BANO, Maïnassara Bano; BAMPOKY, Providence. África(s) na(s) literatura(s): revisitando narrativas que tecem complexos culturais. v. 2. São Paulo: Alupolo, 2022.

PARTICIPAÇÕES

É mediador de mesas e outros debates com autores de obras de literaturas africanas. Participa de diversos eventos culturais, dentre eles:

  • 22/03/2022, 19h – Mesa redonda: “África pelo olhar da literatura” – Nós matamos o Cão Tinhoso!, de Luís Bernardo Honwana (com Patricia Anunciada e Marcello Stella). Casa das Rosas, São Paulo, SP.
  • 01/11/2022, 19h: PEPETELA – Bate-papo com sessão de autógrafos. Livraria da Travessa, São Paulo, SP. 
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PEPETELA EM SÃO PAULO! Bate-papo com sessão de autógrafos

PEPETELA participa em São Paulo de bate-papo com sessão de autógrafos na Livraria da Travessa, no bairro de Pinheiros, em novembro próximo.

PEPETELA, consagrado escritor angolano, participa no dia 1º de novembro de 2022, às 19h, de bate-papo com sessão de autógrafos, na Livraria da Travessa, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. A conversa com Pepetela será mediada pelo pesquisador de literaturas africanas ISSAKA MAÏNASSARA BANO, doutorando em Sociologia pelo IFCH/ Unicamp (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas).

PEPETELA é escritor bastante premiado e autor de vasta obra publicada em Angola e em outros países, como o Brasil. Em 25 de outubro recebe em cerimônia na UFRJ o título de Doutor Honoris Causa, outorgado pela renomada universidade.

PEPETELA é bastante conhecido também por sua militância política e atuação na área de Educação. Participou da Luta de Libertação de Angola e integrou a primeira delegação do MPLA (Movimento Popular pela Libertação de Angola), como Diretor do Departamento de Educação e Cultura e do Departamento de Orientação Política. Após a independência de Angola, foi vice-ministro da Educação, passando depois a lecionar Sociologia na Universidade Agostinho Neto, em Luanda.

PEPETELA é autor de muitos livros, sendo o primeiro As aventuras de Ngunga, de 1973. Durante o evento do dia 1º de novembro de 2022, os leitores poderão conversar com o escritor e receber autógrafos dos livros publicados no Brasil pela Kapulana, da série “Vozes da África”, à venda no local.

Jaime Bunda, o Agente Secreto (2022)

O desejo de Kianda (2021)

Sua Excelência, de corpo presente (2020)

O quase fim do mundo (2019)

O cão e os caluandas (2019)

 

Saiba mais:

O EVENTO:

  • “PEPETELA – Bate-papo com sessão de autógrafos”
  • Mediação: Issaka Maïnassara Bano
  • Quando: 01/11/2022 – 19h
  • Onde: Livraria da Travessa – Pinheiros
  • Rua dos Pinheiros, 513 – São Paulo / SP  – CEP 05422-010
  • Próximo à estação Fradique Coutinho da Linha 4 do Metrô – Linha Amarela

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A Editora Kapulana agradece à equipe da LIVRARIA DA TRAVESSA mais essa oportunidade de participar de evento que reuniu escritor e leitores para a troca de ideias sobre a criação literária. Agradece também a todos e todas que participaram do emocionante encontro.

Algumas fotos do evento:

 

[Atualizada em 28 de outubro de 2022]

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CHINELO OKPARANTA

CHINELO OKPARANTA é uma escritora nascida na Nigéria, em Port Harcourt, e fez seus estudos nos Estados Unidos da América.  É professora universitária no ensino de Inglês e Escrita Criativa.

Publicou vários contos e ensaios em revistas renomadas como a Granta. Foi indicada para prêmios, tendo sido vencedora em vários deles.

OBRA DA KAPULANA:

Sob as árvores de udalas. Tradução: Carolina Kuhn Facchin. São Paulo, 2023.

OBRA:

  • 2013: Happiness like water (contos)
  • 2022: Harry Silvester Bird (romance).
  • 2016: Under the udala trees (romance).

PRÊMIOS E DESTAQUES:

  • 2014: O. Henry Prize (contos).
  • 2014: Lambda Literary Award – Lesbian Fiction: Happiness like a water (contos).
  • 2016: Lambda Literary Award – Lesbian Fiction: Under the udala trees (romance).
  • 2016: Jessie Redmon Fauset Book Award in Fiction: Under the udala trees (romance).
  • 2016: Inaugural Betty Berzon Emerging Writer Award, do the Publishing Triangle.
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GUSTAVO BACCI

GUSTAVO BACCI

É artista de teatro, dublador, intérprete, tradutor e videomaker.

Fez licenciatura em Teatro pela Universidade Federal de Uberlândia-MG e Dublagem pelo SENAC-SP.

COLABORAÇÃO COM A KAPULANA

Na área de Artes e Literatura, tem colaborado com a Editora Kapulana na narração de vídeos de divulgação sobre obras e autores de países africanos, como:

2020 – Lançamento do livro Crônica da Rua 513.2, de João Paulo Borges Coelho (entrevista).

2022 – Lançamento do livro Museu da Revolução, de João Paulo Borges Coelho (depoimento).

2022 – Lançamento do livro Rabhia, de Lucílio Manjate (depoimento).

2022 – Videoaula sobre o livro Nós matamos o Cão Tinhoso!, de Luís Bernardo Honwana.

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Kapulana lança obra sobre o CINEMA ANGOLANO

A Editora Kapulana lança mais um livro sobre cinema africano: CineGrafias Angolanas: memórias e reflexões

A Editora Kapulana lançou em 27 de julho de 2022 a obra CineGrafias Angolanas: memórias & reflexões. Trata-se de uma coletânea de ensaios, entrevistas e depoimentos de profissionais do cinema angolano. Foi organizada por Carmen Lucia Tindó Secco (brasileira), Ana Paula Tavares (angolana), Ana Mafalda Leite (portuguesa) e José Octávio Van-Dúnem (angolano).

A  partir do conjunto de textos e fotos, a obra aproxima o leitor da história do cinema angolano, desde seu princípio como cinema documental de guerra pela independência até os dias de hoje. O leitor tem contato com a geração de cineastas que  deu os primeiros passos na cinegrafia do país até os jovens inovadores do século XXI. 

Conheça alguns dos profissionais que marcaram e marcam o cinema angolano retratados na obra:

Sarah Maldoror, Irmãos Henriques, António Ole, Ruy Duarte de Carvalho, Afonso Salgado da Costa, Óscar Gil, Asdrúbal Rebelo, Jorge António, Zézé Gamboa, José Manuel Antunes, Nguxi dos Santos, Maria João Ganga, Pocas Pascoal, Ondjaki, Fradique, Jorge Cohen, Ery Claver, Kamy Lara, Hugo Salvaterra e Tchiloia Lara.

Trecho do livro (Apresentação dos organizadores):

A ideia da publicação de um livro com entrevistas de cineastas, realizadores e produtores de Angola despontou em virtude da constatação de ser ainda pequena a bibliografia acerca do cinema angolano e por inexistir, atualmente, em Angola, uma política cultural voltada para o incentivo e a valorização de produções cinematográficas, como ocorreu nos primeiros tempos da independência angolana.

O leitor tem, ao final, um panorama não só da história do cinema de Angola como também uma representação crítica, em linguagem cinematográfica, da  história do povo angolano.

CineGrafias angolanas: memórias & reflexões é a mais recente obra da série Ciências & Artes da Editora Kapulana, com foco no cinema desenvolvido na África. A Kapulana também publicou:

Mais dados sobre o livro: https://www.kapulana.com.br/produto/cinegrafias-angolanas-memorias-reflexoes/

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[27 de julho de 2022]

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Mês do Orgulho LGBTQIA+ : descontos na loja da Editora Kapulana!

No mês de junho, a Kapulana oferece ao leitor brasileiro desconto em 4 obras de seu catálogo relacionadas à temática LGTQIA+

Em Junho de 2022, mês dedicado ao Orgulho LGBTQIA+, a Kapulana oferece desconto de 50% em 4 livros de seu catálogo. São obras de ficção e de memórias de alta qualidade, de diferentes países que, além de proporcionarem uma leitura prazerosa, levam o leitor a refletir sobre questões relacionadas à diversidade e ao direito de todes à sua cidadania plena.

Os livros em destaque para este importante mês são:

Água Doce e Pet (de Akwaeke Emezi), Um dia vou escrever sobre este lugar (de Binyavanga Wainaina) e Ovelha Colorida (de Carolina Portella).

Conheça um pouco sobre cada um e boas leituras!

Água Doce, de Akwaeke Emezi (Nigéria)

Pet, de Akwaeke Emezi (Nigéria)

Um dia vou escrever sobre este lugar, memórias de Binyavanga Wainaina (Quênia)

 

Ovelha Colorida, de Carolina Portella (Brasil)

Acompanhe a Kapulana e saiba mais sobre nosso catálogo:

 [junho de 2022]

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Editora Kapulana anuncia os próximos lançamentos de 2022! De ANGOLA e MOÇAMBIQUE

Em maio de 2022, a Kapulana oferece ao leitor brasileiro três obras de escritores de ANGOLA e MOÇAMBIQUE – Pepetela, Lucílio Manjate e João Paulo Borges Coelho

Em maio de 2022, durante a IV Feira do Livro da Unesp, a Editora Kapulana lançará 3 livros de escritores africanos de língua portuguesa, todos da série “Vozes da África”:

  • RABHIA, do moçambicano LUCÍLIO MANJATE
  • JAIME BUNDA, AGENTE SECRETO, do angolano PEPETELA
  • MUSEU DA REVOLUÇÃO, do moçambicano JOÃO PAULO BORGES COELHO

[1] RABHIA, DO MOÇAMBICANO LUCÍLIO MANJATE: https://www.kapulana.com.br/produto/rabhia/

A história começa com a descoberta do corpo de Rabhia, uma prostituta. Quem vai investigar o crime é Sthoe, detetive excêntrico que já atuou em outros livros de Lucílio Manjate. A trama parece simples, comum, semelhante à maior parte das histórias policiais. No entanto, somente a partir dos relatos de testemunhas e investigadores, é que o retrato de Rabhia é construído, ao mesmo tempo que o da cidade de Maputo, capital de Moçambique.

Rabhia é o 3º livro de Lucílio Manjate que a Kapulana lança no Brasil. A editora publicou O jovem caçador e a velha dentuça (2016) e A triste história de Barcolino, o homem que não sabia morrer (2017). Rabhia recebeu o “Prémio Literário Eduardo Costley-White”, em 2017.

Trecho:

“Nesse dia, o sal, o açúcar e o carvão foram esquecidos, o comboio chegou sem sobressaltos. Nunca se ouvira madrugada mais silenciosa no bairro, sem as ordens das balas na mira dos saqueadores. Desta vez, as ordens eram tacitamente outras, espalhar a notícia: a prostituta mais amada e odiada do Bairro Luís Cabral morreu.”

O autor Lucílio Manjate: https://www.kapulana.com.br/lucilio-manjate/

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[2] JAIME BUNDA, AGENTE SECRETO, do angolano PEPETELA: https://www.kapulana.com.br/produto/jaime-bunda-agente-secreto/

Jaime Bunda é membro de uma família tradicional angolana que sempre quis ser detetive. Consegue, por influência de um parente bem relacionado no governo, a vaga de estagiário nos serviços secretos de Angola. Inicialmente não tem muito sucesso na função pelo fato dos colegas não o levarem a sério, não só por ser novato, mas por suas características anatômicas avantajadas. Com o uso de métodos pouco convencionais e aprendidos em livros policiais americanos, finalmente, tem a oportunidade de mostrar sua capacidade de investigação no caso em que a vítima é uma adolescente. Nesse romance policial satírico, Pepetela, ao mesmo tempo em que nos apresenta Jaime Bunda, o James Bond angolano, com humor fino revela as contradições da sociedade do seu país.

Jaime Bunda, Agente Secreto é o 5º  livro de Pepetela que a Kapulana lança no Brasil. A editora publicou O cão e os caluandas (2019), O quase fim do mundo (2019), Sua Excelência, de corpo presente (2020) e O desejo de Kianda (2021).

Trecho:

“Mas foi numa aula de educação física, mais propriamente de vôlei, que surgiu a alcunha. Às tantas, o professor, irritado com a falta de jeito ou de empenho do aluno, gritou:
— Jaime, salta. Salta com a bunda, porra!
A partir daí, ficou Jaime Bunda para toda a escola.”

O autor PEPETELA: https://www.kapulana.com.br/pepetela/

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 [3] MUSEU DA REVOLUÇÃO, do moçambicano JOÃO PAULO BORGES COELHO: https://www.kapulana.com.br/produto/museu-da-revolucao/

O protagonista de Museu da Revolução, é um país: Moçambique. Nessa obra de ficção, João Paulo Borges Coelho nos mostra personagens diversas que participam da história de Moçambique. Em uma viagem em uma van – um Hiace antigo – várias pessoas se conhecem e percorrem caminhos em Moçambique à procura de sua história e de sua identidade. Nesse retrato contemporâneo do país africano da África Austral, o leitor não só é convidado a participar de uma viagem no tempo desde os tempos da luta de libertação, mas também a fazer um percurso geográfico por vários outros países que se relacionam com Moçambique de diversas formas.

Museu da Revolução é o livro mais recente de João Paulo Borges Coelho, lançado originalmente em 2021. É o 4º livro de João Paulo Borges Coelho que a Kapulana lança no Brasil. A editora publicou As visitas do Dr. Valdez (2019), Crônica da Rua 513.2 (2020) e Quatro histórias (2021).

Trecho:

“Por vezes o futuro parece estar mesmo ao alcance da mão, mas eis que um vento inesperado o sopra para diante. Reúnem-se então as forças que descobrimos ainda ter, com o fito de reiniciar a perseguição.”

O autor JOÃO PAULO BORGES COELHO: https://www.kapulana.com.br/joao-paulo-borges-coelho/

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Acompanhe a Kapulana e saiba mais sobre nosso catálogo:

 [04 de abril de 2022]

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JOSÉ OCTÁVIO SERRA VAN-DÚNEM

JOSÉ OCTÁVIO SERRA VAN-DÚNEM, escritor, professor e pesquisador angolano, é um dos organizadores do livro CineGrafias Angolanas: memórias e reflexões. Fez seus estudos de licenciatura, Mestrado e Doutorado em Angola, Portugal e Brasil. Com formação na área de Sociologia, é professor catedrático e pesquisador na Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto. Também é docente e pesquisador na Universidade Nova de Lisboa e na Universidade Federal de Pelotas. Exerce funções nas áreas de Filosofia do Direito, Sociologia do Direito, Ética e Responsabilidade Social Corporativa.

Tem várias obras e artigos publicados dos quais se destacam:

OBRAS / ARTIGOS DA KAPULANA

OUTRAS PUBLICAÇÕES

  • Courts under construction in Angola: What Can they do for the poor? In courts and social transformation in new democracies, an institutional voice for the poor? (Com SKAAR, Elin.). Bergen: Ashgate Editor, 2006. Disponível em: https://www.cmi.no/publications/2457-courts-under-construction-in-angola. Acesso em: 21 dez. 2021.
  • Angola pós-guerra: novos e velhos desafios (revisitados). In: Angola: Caminhos e perspectivas para o progresso cultural, social e econômico sustentável. s.l.: HP Comunicação Editora,  2007.
  • Diálogos educativos entre Brasil e Angola (Org.). Pelotas: UFPEL, 2007.
  • Angola: caminhos e perspectivas para o progresso cultural, social e económico sustentável (Org.). Luanda: Nzila, 2007.
  • Avaliação dos cursos de Direito e Inovações: desafios da Pedagogia Jurídica. (Com LEITE, Maria Cecília Lorea). In: Diálogos educativos entre Brasil e Angola. Pelotas: UFPEL, 2007.
  • Fundos sociais: um colírio no combate à pobreza? n. 24-26. Rio de Janeiro: Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro/IUPERJ, 2009. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/africa/article/view/74401. Acesso em: 3 jan. 2022.
  • Sociedade e Estado em construção: desafios do Direito e da Democracia em Angola, Luanda e Justiça: Pluralismo jurídico numa sociedade em transformação. (Org. com SANTOS, Boaventura Sousa). Coimbra: Almedina, 2012, 3 v.
  • Falando em corrupção… malefícios evitáveis? (Com SANTOS, Boaventura Sousa.) In: Sociedade e Estado em construção: Desafios do Direito e da Democracia em Angola Luanda e Justiça: Pluralismo jurídico numa sociedade em transformação. Coimbra: Almedina, 2012.
  • Imagens da justiça produzidas por estudantes ingressantes no curso de Direito: diálogos Brasil e Angola. (Com LEITE, Maria Cecília Lorea). In: Imagens da justiça, currículo e educação jurídica. Porto Alegre: Sulina, 2014.
  • Cidadania e Ética. In: Cidadania o que é. Colecção Educativa Cívica, n. 6, Pelotas, 2015, p. 71-100.
  • Introdução sobre irresignações e espaços no ensino jurídico. (Com LEITE, Maria Cecília Lorea; HENNING, Ana Clara Correia). In: Contemporaneidade, imagens da Justiça e ensino Jurídico. Pelotas: UFPEL, 2016.
  • Contemporaneidade, imagens da justiça e ensino jurídico (Org. com LEITE, Maria Cecília Lorea; HENNING, Ana Clara Correa). São Leopoldo do Sul: Casa Leiria, 2016.
  • Efeitos económicos e sociais do confinamento social em Angola: resultados preliminares. (Com LOPES, Carlos Manuel). Dados. Revista de Ciências Sociais, jun. 2020. Disponível em: http://dados.iesp.uerj.br/confinamento-em-angola  Acesso em: 12 jan. 2022.
  • O valor da solidariedade. In: Comentário da Carta africana dos direitos humanos e dos povos e dos protocolos. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa Editora, 2020. Disponível em: https://www.ucp.pt/pt-pt/eventos/lancamento-da-obra-comentario-da-carta-africana-dos-direitos-humanos-e-dos-povos-e-do. Acesso em: 20 out. 2021.
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BOAVENTURA CARDOSO

BOAVENTURA CARDOSO, angolano, licenciado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade de São Tomaz de Aquino – “Angelicum”, de Roma, é escritor e diplomata de carreira. Exerceu cargos como Diretor do INALD (Instituto Nacional do Livro e do Disco), Secretário de Estado da Cultura, Ministro da Cultura, Ministro da Informação. Como diplomata, de 1992 a 2002, foi Embaixador na França, na Itália, em Malta e junto aos organismos das Nações Unidas sediados em Roma (FAO, PAM e FIDA). Foi Governador da Província de Malanje, Angola, de 2008 a 2012.

De 2016 a 2020, foi o primeiro presidente da Academia Angolana de Letras de que é membro-fundador. Atualmente, é Deputado da Assembleia Nacional onde exerce o cargo de Presidente da Comissão para a Cultura, Assuntos Religiosos, Comunicação Social, Juventude e Desportos. Foi membro fundador da União dos Escritores Angolanos.

Boaventura Cardoso tem obra publicada e referenciada em antologias, estudada em universidades portuguesas, brasileiras, americanas, francesas e italianas.

O romance Margens e travessias é o primeiro livro do autor que a Kapulana publica no Brasil.

OBRA DA KAPULANA

OUTRAS PUBLICAÇÕES

  • 1977– Dizanga dya Muenhu (contos)
  • 1987 – O fogo da fala (contos)
  • 1987– A morte do Velho Kipacaça (contos)
  • 1992 – O signo do fogo“(romance)
  • 1997 – Maio, mês de Maria (romance)
  • 2001 – Mãe, Materno Mar (romance) Prémio Nacional de Cultura e Artes – Literatura, em 2001
  • 2012 – Noites de vigília (romance)
  • 2021 – Margens e travessias (romance)

PRÊMIOS E DESTAQUES

  • Prémio Nacional de Cultura e Artes – Categoria Literatura, em 2001. Obra: Mãe, Materno Mar (romance).
  • Prémio de Literatura dstAngola/Camões 2022. Obra: Margens e Travessias (romance).
  • Ordem do Mérito Cultural na classe COMENDADOR, concedida pelo Presidente da República Federativa do Brasil, em 2006.
  • Membro honorário da Academia Palmense de Letras (Tocantins – Brasil).
  • Está dicionarizado no “Novo Aurélio”, de Aurélio Buarque de Holanda.

 

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Editora Kapulana lança no Brasil 2º livro de Tsitsi Dangarembga – O LIVRO DO NÃO

O livro do Não, da escritora do Zimbábue, Tsitsi Dangarembga, é o 2º da trilogia iniciada com Condições Nervosas

A Kapulana lança em 07 de fevereiro de 2022 O Livro do Não, de autoria da escritora e ativista zimbabuana Tsitsi Dangarembga, com tradução de Carolina Kuhn Facchin.

O livro do Não é o segundo livro de uma trilogia composta por: Nervous conditions, The book of Not e This mournable body. A Kapulana lançou o primeiro volume em 2019 (Condições nervosas) e agora lança o 2º: O livro do Não. O 3º livro já está em processo de tradução.

A protagonista da trilogia é Tambu (Tambudzai Sigauke) uma adolescente de origem shona. No primeiro livro (Condições Nervosas), Tsitsi Dangarembga conta como foi a infância de Tambu com seus pais e irmãos em uma aldeia nos arredores de Umtali, na Rodésia, nos anos 60 do século XX, quando o país estava sob domínio britânico. Depois da Independência, o país passou a se chamar Zimbábue, e a cidade, Mutare. No primeiro livro, Tambu estudava numa escola missionária na aldeia onde seu tio Babamukuru era o diretor. Nesse segundo livro da trilogia, O LIVRO DO NÃO, duas outras fases da vida de Tambu são retratadas: sua vida escolar em um internato para moças, na sua maioria brancas, e o início de sua vida profissional em uma agência de publicidade, após curta experiência como professora.

Após finalizar os estudos primários em sua aldeia natal, Tambu vai estudar na Escola para Moças Sagrado Coração, colégio secundário religioso para alunas da elite branca, um internato que mantinha algumas vagas para alunas negras. Depois de formada, Tambu vai trabalhar como redatora em uma empresa de marketing em Harare (antes Salisbury), capital do país e passa a morar em um pensionato, também com maioria de residentes brancas. Nesses dois momentos de sua vida, Tambu esforça-se para atingir níveis de excelência, mas não tem sucesso por sofrer discriminações de todo o tipo. Além disso, é confrontada com situações em que sua identidade é colocada à prova. A história se passa nos momentos finais da luta de libertação do país até sua independência, em 1980. Tambu, por ser de família negra, e ter estudado em colégio de elite para meninas brancas, passa a questionar os valores com que foi educada, ao mesmo tempo em que convive com os representantes do país colonizador e também com os que lutam pela independência do país, sua irmã Netsai e seu tio Babamukuru, por exemplo.

Tsitsi Dangarembga traz corajosamente à tona os resultados devastadores das ações destruidoras do sistema colonial inglês sobre a cultura e a formação de jovens como Tambudzai Sigauke. É um livro que, além de aproximar o leitor da história de um país pouco conhecido dos leitores brasileiros, emociona ao mostrar a saga de uma personagem sempre em processo de reflexão e luta, da mesma forma que a autora dessa incrível trilogia.

TRECHOS

Mai, nossa mãe, caiu. E não se levantou. Assim, novamente, algo foi exigido de mim. Eu era a menina mais velha, a filha mais velha, agora que dois irmãos estavam mortos. Esperava-se que eu agisse de forma apropriada. Então me levantei do pano Zâmbia estendido na areia que minha mãe tinha me lembrado de trazer, movendo-me lentamente, primeiro engatinhando sobre os joelhos e as mãos como uma velha, e mantendo minha cabeça baixa para invocar a paz que vem com não ver, a paz que eu tinha em tempos de guerra.

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“É horrível, né?” Ela também estava olhando pela janela. “Olha todo o combustível que gastamos apenas tendo medo. Você não tem medo, Tambu? Eu tenho! Como vamos conseguir todas essas coisas? Não vejo a gente chegando lá antes de ficarmos sem combustível.”

TSITSI DANGAREMBGA

Tsitsi Dangarembga é escritora e cineasta nascida na Rodésia, hoje Zimbábue. Iniciou sua educação na Inglaterra, onde viveu parte da infância, e concluiu o ensino básico em uma escola missionária na cidade de Mutare, Zimbábue. Estudou direção de cinema em Berlim, na Alemanha, onde produziu diversos filmes. Atualmente, Tsitsi Dangaremgba vive com a família em Harare, capital do Zimbábue, onde fundou uma produtora de filmes, a Nuyerai Films. Feminista e ativista, é idealizadora e diretora de diversos projetos e programas que dão suporte financeiro e técnico para mulheres que atuam como artistas e cineastas no Zimbábue e na África como um todo. É autora de livros de ficção e para teatro e cinema. Dois deles já publicados pela Kapulana (Condições Nervosas e O livro do Não) e um em processo de edição (This mournable body). Recebeu vários prêmios, os mais recentes em 2021: “2021 Pen Pinter Prize” e “Prêmio da Paz na Feira do Livro de Frankfurt” (Peace Prize of the German Book Trade).

Mais dados sobre o livro e a autora em:

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[19 de janeiro de 2022]

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TSITSI DANGAREMGBA, escritora do Zimbábue, recebe o Prêmio da Paz na Feira do Livro de Frankfurt

Tsitsi Dangarembga, do Zimbábue, autora da Editora Kapulana, recebe o Prêmio da Paz na Feira do Livro de Frankfurt

Tsitsi Dangarembga, escritora e cineasta, feminista e ativista pelos direitos humanos e pela paz, recebeu, em 24 de outubro passado, o prêmio do júri do “German Book Trade” da Alemanha, um dos mais importantes prêmios do país. É primeira mulher negra a receber esse prêmio. 

A Associação dos Editores e Livreiros alemães (German Publishers and Booksellers Association) concede o prêmio à personalidade que mais contribuiu para que a ideia da paz se realizasse. 

O júri referiu que o trabalho de Dangarembga na literatura, no cinema, no teatro e em outras artes, denuncia conflitos sociais e morais que ultrapassam os limites regionais e alcançam a humanidade como um todo e indicam propostas para solucionar o problema da violência.

Em seu discurso, Tsitsi falou do passado colonial de seu país, o Zimbábue, e das formas de opressão e violência que persistem no mundo de hoje. A partir daí, destacou a necessidade de novo olhar global e novas atitudes em prol da paz, colocando o racismo como causa principal da violência, e que deve ser eliminado.

Em sua trilogia literária, Tsitsi conta a história da vida e da luta da jovem protagonista Tambu (Tambudzai). 

Os livros de sua trilogia, traduzidos por Carolina Kuhn Facchin, são os seguintes:

Para conhecer um pouco mais sobre Tsitsi Dangarembga: https://www.kapulana.com.br/tsitsi-dangarembga/

Os leitores brasileiros parabenizam Tsitsi Dangarembga pelo merecido prêmio.

São Paulo, 26 de outubro de 2021.

[Atualizada em 11 de novembro de 2022.]

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Kapulana lança nova obra de literatura nigeriana: PET, de AKWAEKE EMEZI

A Editora Kapulana lança, no Brasil, em outubro, PET, de Akwaeke Emezi, com pré-venda a partir de 29 de setembro, com preço promocional

A Editora Kapulana lança no Brasil, em 21 de outubro de 2021, PET, novo romance de Akwaeke Emezi, da Nigéria, cuja obra já é bastante admirada pelos leitores brasileiros. Pet (2021) é o segundo livro de Akwaeke que a Kapulana publica no Brasil. A editora já publicou Água doce (2019), livro de grande sucesso nacional e internacional.

A capa da edição brasileira de PET é de Mariana Fujisawa e a tradução do inglês para o português é de Carolina Kuhn Facchin.

Leia mais adiante trecho da Nota da Tradutora sobre o uso da neolinguagem, também conhecida como linguagem neutra, utilizada na tradução da obra e adotada pela Kapulana.

AKWAEKE EMEZI

Nasceu em 1987, na Nigéria, em Umuahia, mas cresceu em Aba. Atualmente vive nos Estados Unidos. Identifica-se como Ọgbanje, palavra da cultura Igbo que significa um espírito intruso que nasce em uma forma humana, e que resultaria em uma criança com um terceiro gênero. Traduzindo isto para sua realidade terrena, Akwaeke nasceu em um corpo designado feminino, mas não é mulher, identificando-se como trans/não-binárie. Fez algumas cirurgias para adequar seu corpo – seu receptáculo – para que reflita sua natureza. Em Inglês, usa pronomes neutros para se referir a si mesme. 

Não era mais para haver monstros em Lucille”.  Assim começa a história de Chimia, uma adolescente trans, e seu melhor amigo Redenção. Em Lucille, a história que as crianças aprendem na escola e em casa é que os anjos expulsaram todos os monstros da cidade, e não há nada mais motivo para ter medo. Elas aprendem que lembrar é importante, porque é esquecendo que os monstros voltam. Mas será que lembrar é o mesmo que contar uma história só até certo ponto, recusando outras possibilidades? Porque se não existem mais monstros em Lucille, então por que Pet – um… monstro? Anjo? Monstranjo? – saiu de um quadro pintado pela mãe de Chimia, dizendo que estava ali para caçar um monstro na casa de Redenção? Agora, Chimia e o amigo enfrentam um dilema: como combater monstros se as pessoas não admitem que eles existem? Com seu habitual jeito sensível e direto de olhar para as coisas, Akwaeke Emezi e suas personagens perguntam: quem são os monstros, afinal? E como podemos caçá-los?

Pet é um livro de fantasia que já chama a atenção da mídia literária internacional:

  • Foi incluído na shortlist para o “National Book Awards” em 2019.
  • Foi indicado entre os “100 Melhores livros de Fantasia de todos os tempos”, na Revista Time, por um júri formado pelos principais autores de obras de fantasia. A lista indica as obras de ficção mais engajadas, inventivas e influentes do século IX até hoje: https://time.com/collection/100-best-fantasy-books/

Leia alguns trechos do livro:

Não é a mesma coisa quando monstros se vão. Você só se lembra de sombras, histórias que parecem limitadas às páginas ou telas onde você as lê. Murchas e opacas. Então, sim, as pessoas esquecem. Mas esquecer é perigoso.
É esquecendo que monstros retornam.

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Chimia fez uma cara. Mas Lucille, o prefeito e o conselho e todo mundo que se juntou para destruir monstros, elus eram anjos, não esses aí, ela disse com as mãos.

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Mas alguma coisa devia ter escapado, ter dado errado, porque agora Pet estava ali, ume exterminadore caçando o monstro erva-daninha que havia brotado no jardim reformado que era Lucille, um perigo solto e secreto.

Leia trechos da Nota da Tradutora:

Queride leitore,
Sim, já começamos a nota desse jeito, marcando um aspecto importantíssimo deste livro: o uso de neolinguagem, mais conhecida como “linguagem neutra” – mas, se nada é neutro, muito menos a língua e a linguagem, certo?

[…]

Assim, em Pet utilizei a neolinguagem para me referir a personagens que não têm gênero, ou são não-bináries.
O que isso muda? Como isso impacta o processo de leitura?
Isso nós não podemos dizer, vai depender de cada ume, e de sua disposição a desbravar um novo jeito de se referir às pessoas, e, no caso de Pet, a… monstros? Anjos? Monstranjos?

Para conhecer mais sobre Pet e Akwaeke, acesse:

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[27 de setembro de 2021]

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Kapulana lança nova obra de estudos literários sobre Angola e Moçambique, por CARMEN LUCIA TINDÓ SECCO

A Editora Kapulana lança, em novembro, no Brasil, A magia das letras africanas – Angola e Moçambique: ensaios, de Carmen Lucia Tindó Secco

A Editora Kapulana lança no Brasil, em 03 de novembro de 2021, A magia das letras africanas – Angola e Moçambique: ensaios, de Carmen Lucia Tindó Secco, renomada pesquisadora e professora titular na UFRJ, autora de múltiplos ensaios e livros sobre as literaturas africanas de língua portuguesa.

A magia das letras africanas – Angola e Moçambique, uma coletânea de ensaios sobre a prosa e a poesia de Angola e Moçambique, faz parte da série “Ciências e Artes”, da Editora Kapulana. É uma obra de referência, de leitura imprescindível para aqueles que têm interesse ou curiosidade em conhecer mais profundamente a literatura desses países africanos.

CARMEN LUCIA TINDÓ SECCO

É doutora, professora titular de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), ensaísta e pesquisadora do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e Cientista do nosso Estado da FAPERJ (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro). Tem artigos e livros publicados desde os anos de 1970, muitos deles publicados pela Editora Kapulana.

Alguns trechos do livro:

Os textos que estudamos – os de poesia e os de prosa – foram engendrados por cosmovisões, pensamentos, imaginações dos autores que, através da elaboração poética da linguagem, conseguiram apreender, criativamente, aspectos culturais e sociais de seus países, sentimentos e emoções de seus povos.

-.-.-.-.

Duas imagens costumam surgir com frequência: a da Mãe-África idealizada pelos lugares-comuns de uma mítica “africanidade imaginada”, configurada por sons de tambores, danças sensuais, avós contadoras de estórias; e a da África dizimada por doenças, miséria e guerras. […]
Ao focalizarmos obras das literaturas africanas, desejamos mostrar que o encantamento despertado por elas provém, em muitos casos, do grande labor estético que possuem, não podendo, portanto, receberem o rótulo de “literaturas menores”, conforme foram designadas por certos segmentos da crítica literária ocidental.

Mais dados sobre o livro e a autora em:

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[28 de outubro de 2021]

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Editora Kapulana anuncia lançamento de mais um livro de PEPETELA no Brasil: O DESEJO DE KIANDA

A Editora Kapulana lança no Brasil, em setembro, O DESEJO DE KIANDA, de Pepetela, com pré-venda a partir de 16 de agosto

A Editora Kapulana lança no Brasil, em 16 de setembro de 2021, mais um livro de Pepetela – O desejo de Kianda – romance do escritor angolano bastante admirado pelos leitores brasileiros. O desejo de Kianda (2021) é o quarto livro de Pepetela que a Kapulana lança no Brasil. A editora já publicou O cão e os caluandas (2019), O quase fim do mundo (2019) e Sua Excelência, de corpo presente (2020).

O desejo de Kianda foi publicado originalmente em 1995. A ação se desenvolve em 1994, numa Angola marcada por sequelas da guerra civil. O cenário é a cidade de Luanda, em meio ao caos que faz parte da vida de todos. O romance se inicia com o desmoronamento de um prédio no dia do casamento de João Evangelista. Outros desmoronamentos misteriosos se sucedem sem aparente motivo, alterando o ritmo de vida dos habitantes da cidade. Com uma linguagem ao mesmo tempo crítica e irônica, Pepetela nos traz Kianda, espírito que vive em todas as águas – mar, lagos e rios. Kianda é personagem determinante nessa história em que tradições angolanas e atualidade política e econômica são retratadas com maestria e sensibilidade.

Trecho:

“O primeiro prédio desabou pouco depois da partida do cortejo de automóvel levando noivos e convidados para o banquete de casamento de João Evangelista e Carmina Cara de Cu. Foi um acontecimento nacional. Todos os relatos são coincidentes. Não houve explosão, não houve fragores de tijolos contra ferros, apenas uma ligeira musiquinha de tilintares, como quando o vento bate em cortinas feitas de finas placas de vidro. As paredes foram se desfazendo, as mobílias caindo no meio dos estuques e louças sanitárias e as pessoas e os cães, papagaios e gatos, mais as ninhadas de ratos e baratas, tudo numa descida não apressada, até chegarem ao chão.”

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[13 de agosto de 2021]

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NA SEMANA DA CRIANÇA: livros com 30% de desconto na Editora Kapulana

De 9 a 17/10, na loja da Editora Kapulana os livros de autores brasileiros e africanos para crianças estão com 30% desconto!

A Editora Kapulana tem em seu catálogo livros infantis de autores de Angola, Moçambique e Brasil.

A Editora Kapulana tem em seu catálogo livros infantis de autores de Angola, Moçambique e Brasil. Conheça alguns para dar de presente e para sua própria leitura nessa semana da Criança:

de Moçambique:

de Angola

do Brasil

Consulte o link do catálogo das obras infantis publicadas pela Kapulana:

https://www.kapulana.com.br/infantis/

[8 de outubro de 2021]

YouTube: https://www.youtube.com/channel/UCdg9-g5GiahREhT6Vf6of9g

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20 anos de “SANGUE NEGRO”, da moçambicana NOÉMIA DE SOUSA

Em 2021 completam-se 20 anos do lançamento da primeira edição de Sangue Negro, de Noémia de Sousa, a “Mãe dos poetas moçambicanos”

20 de setembro é uma data a ser destacada em nossos calendários! Foi nesse dia, em 1926, que nasceu Noémia de Sousa, escritora moçambicana, a Mãe dos Poetas Moçambicanos.

Em 20 de setembro de 2001, foi publicada a primeira edição de um dos livros mais importantes da literatura moçambicana – SANGUE NEGRO – coletânea de 46 poemas, escritos entre 1948 e 1951, por Noémia de Sousa (1926-2002). Essa primeira edição, da AEMO (Associação dos Escritores Moçambicanos), foi organizada por renomados pesquisadores – Fátima Mendonça, Francisco Noa e Nelson Saúte – que contribuíram com textos importantes que fazem parte da obra. A capa, de António Sopa, é um ícone da arte africana.

10 anos depois, em 2011, a editora Marimbique, sob a direção de Nelson Saúte, lançou a segunda edição do livro de Noémia de Sousa. Essa edição não só é uma homenagem à escritora, mas um marco na produção editorial de Moçambique.

Em 2016, em novembro, mês da Consciência Negra, a Editora Kapulana publica no Brasil Sangue Negro, cujos poemas já faziam parte do universo dos leitores brasileiros, mesmo não havendo ainda uma edição nacional até aquele momento. Os versos de Noémia de Sousa finalmente aportaram em território brasileiro. Um ano antes vieram pelas mãos do consagrado escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa para a casa da Kapulana.

A edição brasileira traz magnífica capa de Amanda de Azevedo, ilustrações internas inesquecíveis de Mariana Fujisawa, que nos fazem retornar à leitura de cada poema, e cuidadosa coordenação editorial de Rosana M. Weg. Os importantes ensaios da primeira edição, de Fátima Mendonça, Francisco Noa e Nelson Saúte, foram mantidos.

Além disso, a Kapulana recebeu de muitos, generosamente, textos e artes em homenagem a Noémia de Sousa, que fazem parte da edição brasileira. Encontramos aí uma conversa de inestimável valor entre a arte de Noémia de Sousa e a de emocionados amigos, parentes, conhecidos, artistas plásticos, poetas, prosadores, estudiosos, ativistas culturais; mais jovens, mais velhos; brasileiros, moçambicanos, angolanos, portugueses, goeses… A todos, a Kapulana não se cansa de agradecer:

Adelino Timóteo, Aldino Muianga, Ana Mafalda Leite, Calane da Silva, Carmen T. Secco, Clemente Bata, Domi Chirongo, Fátima Mendonça, Francisco Noa, José dos Remédios, José Luandino Vieira, José Luís Cabaço, Lucílio Manjate, Luis Carlos Patraquim, Marcelino Freire, Mariana Fujisawa, Mia Couto, Nazir Ahmed Can, Nelson Saúte, Rita Chaves, Roberto Chichorro, Sílvia Bragança, Suleiman Cassamo, Tânia Tomé, Ungulani Ba Ka Khosa e Virginia (Gina) Soares.

Os poemas de Noémia de Sousa impressionam por sua universalidade e pelo impacto que têm ainda hoje nas vidas de pessoas de várias nacionalidades. Seus versos atravessam mares, ares e terras, e encontram ressonância em todos os cantos do mundo. São lidos ou ouvidos por pequenos grupos, em reuniões familiares, em saraus; em revistas, em antologias e livros didáticos; nas redes sociais e em eventos maiores como nas feiras literárias.

Hoje, a voz de Noémia de Sousa ecoa dramaticamente por sua atualidade, por expressar o sofrimento e a luta contra o racismo, a intolerância e a opressão. Os versos de Noémia, ao mesmo tempo que emocionam por sua beleza, alertam o leitor e o ouvinte para que se mantenham sempre atentos e firmes na luta contra o opressor.

Um pouco da voz de Noémia:

NOSSA VOZ (06/08/1949)

Ao J. Craveirinha

Nossa voz ergueu-se consciente e bárbara
sobre o branco egoísmo dos homens
sobre a indiferença assassina de todos.
Nossa voz molhada das cacimbadas do sertão
nossa voz ardente como o sol das malangas
nossa voz atabaque chamando
nossa voz lança de Maguiguana
nossa voz, irmão,
nossa voz trespassou a atmosfera conformista da cidade

e revolucionou-a
arrastou-a como um ciclone de conhecimento.

E acordou remorsos de olhos amarelos de hiena
e fez escorrer suores frios de condenados
e acendeu luzes de esperança em almas sombrias de desesperados…

Nossa voz, irmão!
nossa voz atabaque chamando.

Nossa voz lua cheia em noite escura de desesperança
nossa voz farol em mar de tempestade
nossa voz limando grades, grades seculares
nossa voz, irmão! nossa voz milhares,
nossa voz milhões de vozes clamando!

Nossa voz gemendo, sacudindo sacas imundas,
nossa voz gorda de miséria,
nossa voz arrastando grilhetas
nossa voz nostálgica de ímpis
nossa voz África
nossa voz cansada da masturbação dos batuques de guerra
nossa voz negra gritando, gritando, gritando!
Nossa voz que descobriu até ao fundo,
lá onde coaxam as rãs,
a amargura imensa, inexprimível, enorme como o mundo,
da simples palavra ESCRAVIDÃO:

Nossa voz gritando sem cessar,
nossa voz apontando caminhos
nossa voz xipalapala
nossa voz atabaque chamando
nossa voz, irmão!
nossa voz milhões de vozes clamando, clamando, clamando!

Para saber mais sobre a obra: https://www.kapulana.com.br/produto/sangue-negro/
Saiba mais sobre a autora: https://www.kapulana.com.br/noemia-de-sousa/

[15 de setembro de 2021]

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Editora Kapulana anuncia lançamento de maio: O BEBÊ É MEU, de Oyinkan Braithwaite

Em 27 de maio de 2021,  a Kapulana lança no Brasil mais um livro da nigeriana Oyinkan Braithwaite.

A Editora Kapulana lançará em 27 de maio, em formato de livro de bolso, O bebê é meu, romance de Oyinkan Braithwaite, jovem escritora nigeriana, autora do Minha irmã, a serial killer, lançamento de sucesso da Kapulana em 2019.

Em O BEBÊ É MEU, da nigeriana Oyinkan Braithwaite o cenário é uma cidade da Nigéria, no período de lockdown durante a pandemia da Covid-19, quando um casal se separa. Ele, Bambi, é expulso do apartamento onde vivia com a namorada Mide, e busca refúgio na casa de seu tio – falecido durante o surto da Covid-19. Surpreende-se ao encontrar a casa habitada: pela viúva do tio, Bidemi, pela ex-amante do tio, Esohe, e por um bebê. O mistério consiste em descobrir, em meio a uma situação de isolamento, quem é a mãe do bebê: Bidemi ou Esohe?

Trechos:

Ficamos lá parados, com as pequenas fontes de luz iluminando nossas expressões vazias. Eu estava tentado a apagar minha vela, para caso minha cara dedurasse o que eu estava pensando. Ver Esohe aqui, quando minha tia também estava em casa, era bizarro. Tinha várias perguntas que eu queria fazer, mas não podia perguntar nada sem revelar meu segredo. E eu não queria ser expulso de duas casas no mesmo dia.

-.-.-.- 

“Mas não vi nenhum policial e nenhum outro carro na rua. Era só uma da manhã, mas mesmo assim… estávamos em Lagos! Abuja pode ser a capital, mas é em Lagos que todo mundo quer estar – a cidade está transbordando com vinte milhões de habitantes. Então foi estranho passar pela Rodovia Alexander e não ver quase nenhum veículo. É difícil imaginar que algum dia a vida vai voltar a ser o que era.”

-.-.-.- 

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[15 de abril de 2021]

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Revista da Faculdade de Letras da UFRJ publica artigos sobre livros da Kapulana

Revista Metamorfoses, da Faculdade de Letras da UFRJ publica artigos sobre livros da Kapulana

A Revista Metamorfoses – Revista de Estudos Literários Luso Afro-brasileiros da Cátedra Jorge de Sena da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apresenta em seu v. 17, n. 1 (2020), artigos de pesquisadores sobre livros de literatura e cinema de Moçambique publicados pela Editora Kapulana no Brasil, a saber:

Na seção “LER E DEPOIS”:

  • Resenha por Guilherme Rezende Machado sobre o livro:
    CineGrafias Moçambicanas: memórias & crônicas & ensaios, organizado por Carmen L. T. Secco, Ana Mafalda Leite e Luís Carlos Patraquim
  • “Lúcidos ensaios sobre a literatura moçambicana contemporânea”, por Tania Celestino Macedo, sobre o livro:
    O campo literário moçambicano. Tradução do espaço e formas de insílio, de Nazir Ahmed Can

Na seção “LITERATURAS AFRICANAS”:

  • “Ungulani Ba Ka Khosa e o fim dos mundos em Orgia dos loucos”, por Eliel Januario de Morais, sobre o livro:
    Orgia dos loucos, de Ungulani Ba Ka Khosa

 
Para ler os ensaios da revista:

https://revistas.ufrj.br/index.php/metamorfoses/issue/view/1718/showToc

 
Para conhecer mais sobre os livros da Kapulana e seus autores:

CineGrafias Moçambicanas: memórias & crônicas & ensaios, org. por Carmen L. Tindó, Ana Mafalda Leite e Luís Carlos Patraquim: https://www.kapulana.com.br/produto/cinegrafias-mocambicanas-memorias-cronicas-ensaios/

O campo literário moçambicano. Tradução do espaço e formas de insílio, de Nazir A. Can: https://www.kapulana.com.br/produto/o-campo-literario-mocambicano/

Orgia dos loucos, de Ungulani Ba Ka Khosa: https://www.kapulana.com.br/produto/orgia-dos-loucos/

São Paulo, 7 de junho de 2021.

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Pepetela recebe o título de “Doutor Honoris Causa”, pela UFRJ

Em 13 de maio de 2021,  a UFRJ concedeu ao escritor angolano Pepetela o título de  “Doutor Honoris Causa”

PEPETELA, Artur Carlos Maurício Pestana, renomado escritor angolano, recebeu do Conselho Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Consuni/UFRJ), por unanimidade e sob aclamação, o título de “Doutor Honoris Causa”.

O escritor é conhecido por sua militância política e atuação na área de Educação. Participou da Luta de Libertação de Angola e integrou a primeira delegação do MPLA (Movimento Popular pela Libertação de Angola), como Diretor do Departamento de Educação e Cultura e do Departamento de Orientação Política. Após a independência de Angola, foi vice-ministro da Educação, passando depois a lecionar Sociologia na Universidade Agostinho Neto, em Luanda.

Pepetela é escritor bastante premiado e autor de vasta obra publicada em Angola e em outros países, como o Brasil.  A Kapulana publicou três livros do autor no Brasil, e vai lançar mais um em 2021. São eles:

  • O cão e os caluandas (2019)
  • O quase fim do mundo (2019)
  • Sua Excelência, de corpo presente (2020)
  • O desejo de Kianda (2021, em edição)

Os leitores brasileiros parabenizam Pepetela pelo merecido prêmio.

Para conhecer um pouco mais sobre Pepetela e sua obra, acesse: https://www.kapulana.com.br/pepetela/

São Paulo, 16 de maio de 2021.

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Editora Kapulana anuncia lançamento de abril: A BOCA DO MURO, de Bruno Honorato

A Editora Kapulana anuncia livro inédito do brasileiro Bruno Honorato!

Em 22 de abril de 2021,  a Kapulana lança o premiado livro do brasileiro Bruno Honorato, A BOCA DO MURO, vencedor, na categoria Romance, do concurso Seja Nosso Autor-2019, promovido pela Kapulana.

Bruno Honorato conta a história de quatro amigos: Gordo, Negazul, Nina e Bonito, que formam um grupo de pixadores, os ALKIMISTAS. Cada um deles faz um pixo: GRAJAUEX, NOITE, ANGÚSTIA e BONITO.

Ao longo da leitura, as histórias de cada uma das personagens e da amizade do grupo são aprofundadas, assim como as reflexões sobre questões sociais e políticas que envolvem o pixo e a ocupação da cidade. O pano de fundo é a arte de rua paulistana e a vida na periferia de São Paulo. Na primeira parte da história, os ALKIMISTAS apanham da cidade, literal e metaforicamente, até que um acontecimento fantástico muda de forma surpreendente o rumo da narrativa.

Trechos:

“A noite feia e fria, e o dia inteiro aquele chove-não-molha. Pelo menos a garoa tinha parado. Umas dez e pouca da noite, muita nuvem e a lua quase sumindo, só aquele traço pálido que aparecia de vez em nunca. Eles vão trocando ideia, caminhando devagar. Os ALKIMISTAS estão chegando. Mais perto agora. Os ALKIMISTAS chegaram.”

-.-.-.- 

“A parede era comprida e cercava um terreno baldio. Numa ponta tinha uma guarita abandonada e na outra um poste de luz. O muro branco, para escrever o que quiser. Puta de um achado. E Gordo se achando, claro. É ou não é? Falei para vocês!”

-.-.-.- 

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[atualizada: 15 de abril de 2021]

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DANIELA MIWA TAIRA

DANIELA MIWA TAIRA

Daniela Miwa Taira, brasileira, nasceu em São Paulo, capital. É graduada em Design pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo. Desenvolve projetos como designer, fazendo projetos gráficos, diagramação, artes para mídias e capas de livros.

OBRAS DA KAPULANA  (capas)

2018 – Esperança para voar, de Rutendo Tavengerwei. (Participação em capa de Mariana Fujisawa)

2018 – O que acontece quando um homem cai do céu, de Lesley Arimah. (Participação em capa de Mariana Fujisawa)

2018 – Gungunhana: Ualalapi e As mulheres do imperador. [Vozes da África] (Participação em capa de Mariana Fujisawa)

2018 – Um dia vou escrever sobre este lugar, de Binyavanga Wainaina. (Participação em capa de Mariana Fujisawa)

2019 – Nina tem medo de palhaço, de Walter de Sousa. (Participação em capa de Mariana Fujisawa)

2019 – O cão e os caluandas, de Pepetela. [Vozes da África] (Participação em capa de Mariana Fujisawa)

2019 – Minha irmã, a serial killer, de Oyinkan Braithwaite. (Participação em capa de Mariana Fujisawa)

2019 – Um rio preso nas mãos, crônicas, de Ana Paula, Tavares. [Vozes da África] (Participação em capa de Mariana Fujisawa)

2019 – Nós, os do Makulusu, de José Luandino Vieira. [Vozes da África] (Participação em capa de Mariana Fujisawa)

2019 – Água doce, de Akwaeke Emezi. (Participação em capa de Mariana Fujisawa)

2019 – O quase fim do mundo, de Pepetela. (Participação em capa de Mariana Fujisawa)

2019 – As visitas do Dr. Valdez, de João Paulo Borges Coelho. [Vozes da África] (Participação em capa de Mariana Fujisawa)

2019 – Cemitério dos pássaros, de Adelino Timóteo. [Vozes da África] (Capa em parceria com Isabella Broggio)

2021 – Quatro histórias, de João Paulo Coelho. (Autora da capa)

2021 – O bebê é meu, de Oyinkan Braithwaite. (Autora da capa)

2021 – O desejo de Kianda, de Pepetela. (Participação em capa de Mariana Fujisawa)

2021 – Pet, de Oyinkan Braithwaite. (Participação em capa de Mariana Fujisawa)

2021 – A magia das letras africanas: Angola e Moçambique: Ensaios, de Carmen L. T. Secco. (Autora da capa)

2022 – O livro do Não, de Tsitsi Dangarembga. (Participação em capa de Mariana Fujisawa)

2022 – Rabhia, de Lucílio Manjate. (Autora da capa)

2022 – Jaime Bunda, Agente Secreto: estória de alguns mistérios, de Pepetela. (Participação em capa de Mariana Fujisawa)

2022 – Museu da Revolução, de João Paulo Borges Coelho. (Participação em capa de Mariana Fujisawa)

2022 – CineGrafias angolanas: memórias e reflexões, org. de Carmen L. T. Secco e outros. (Autora da capa)

2022 – Esse corpo lamentado, de Tsitsi Dangarembga.(Participação em capa de Mariana Fujisawa)

2023 – Preta e mulher, de Tsitsi Dangarembga. (Participação em capa de Mariana Fujisawa)

2023 – Margens e travessias, de Boaventura Cardoso. (Participação em capa de Mariana Fujisawa)

2023 – As aventuras de Ngunga, de Pepetela. (Participação em capa de Mariana Fujisawa)

2023 – Sob as árvores Udala, de Chinelo Okparanta (Participação em capa de Mariana Fujisawa) 

2024 – A vida verdadeira de Domingos Xavier, de José Luandino Vieira (Partricipação em capa de Mariana Fujisawa)

2024 – Roteiros provinciais: novelas, de João Paulo Borges Coelho (Participação em capa de Mariana Fujisawa) 

2025 – Assim não, senhor Presidente!, de Ungulani Ba Ka Khosa. [Participação em capa de Mariana Fujisawa] (em edição)

2025 – Tudo-está-ligado, de Pepetela [Participação em capa de Mariana Fujisawa] (em edição)

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Editora Kapulana anuncia o 1o. lançamento de 2021! de João Paulo Borges Coelho

O primeiro livro de 2021 da Editora Kapulana é do moçambicano João Paulo Borges Coelho: QUATRO HISTÓRIAS

Em 12 de fevereiro de 2021, a Editora Kapulana lança – em formato de livro de bolso – o novo livro do moçambicano João Paulo Borges Coelho: QUATRO HISTÓRIAS.

Nesse conjunto de quatro contos, João Paulo Borges Coelho conduz o leitor por caminhos, tempos e situações diversas. Ora estamos no Congo, ora em Moçambique, ora na China. A história da África, particularmente de Moçambique, aparece nesse cenário desde os inícios do século XIX. São histórias que emocionam por destacar personagens exploradas, sofredoras e resistentes.

É o terceiro livro do autor que a Kapulana publica no Brasil. Os anteriores são os romances As visitas do Dr. Valdez (2019) e Crônica da Rua 513.2 (2020).

Trechos de QUATRO HISTÓRIAS, de João Paulo Borges Coelho 

“A chegada dos captores à aldeia em Bukavu, nos confins do interior congolês, surgindo do nada como feras rapaces, ávidas de tudo quanto mexia. A fuga precipitada do povo pelo mato fora, ela puxada por um braço pela mãe apavorada, esta caindo trespassada por uma comprida lança para que aprendesse a não fugir, última e escusada lição. E a rapariga ficando ali a segurar a mão de um cadáver trespassado e inútil, até que chegou o árabe com um olho de cada cor – Ahmed lhe chamavam – […]” (Conto: “Maria Ernestina e as quatro senhoras”)

“A princípio, a coisa não me pareceu problemática. Tratava-se apenas de seguir a pista dos roubos e identificar autores, chineses ou não. Afinal, tínhamos a chamada lei do nosso lado. Todavia, à medida que a investigação prosseguia foi ficando evidente que, além da carne para canhão e dos chineses propriamente ditos, havia também peixe graúdo, se me faço entender. Autoridades. Gente que não me fica bem nomear […].” (Conto: “Pau Macau”)

Conheça um pouco mais sobre o livro e seu autor:

https://www.kapulana.com.br/produto/quatro-historias/ 

JOÃO PAULO BORGES COELHO

 

[10 de fevereiro de 2021]

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‘Sua Excelência, de corpo presente’, de Pepetela, ganha novo prêmio!

Pepetela foi vencedor do “Prémio  Literário dstangola/Camões”, com seu mais recente romance “Sua Excelência, de corpo presente”

A Editora Kapulana publicou o livro no Brasil em dezembro de 2020, com lançamento na Flipelô, Festa  Literária Internacional do Pelourinho, em Salvador, Bahia.

Neste romance do angolano PEPETELA, o protagonista, narrador da história, é um ditador africano morto, deitado em seu caixão. Durante seu próprio velório, ele vê, ouve e observa os que estão ali para se despedir dele. Passa, então a recordar as histórias vividas com os presentes – familiares, amigos, auxiliares, membros de governos dentre outros. Com suas memórias, a personagem revela a estrutura do poder político, o nepotismo, os abusos, as estratégias e ações de um regime ditatorial. Mesmo morto, o ditador não deixa de tentar controlar a sua sucessão através do seu espião-de-um-olho-só, que lhe é tão fiel na morte como era em vida. A obra surpreende por sua atualidade e universalidade.

Pepetela demonstra, como sempre, estar atento às situações de injustiça, opressão e abuso de poder que poderiam ter ocorrido em qualquer região do mundo em qualquer época. Por meio da ficção, com uma linguagem literária mordaz e, muitas vezes, irônica, Pepetela conduz o leitor ao submundo do poder opressivo.

O prêmio literário “dstangola/Camões” é uma iniciativa do dstgroup em parceria com o “Instituto Camões”, e visa distinguir, anualmente e de forma alternada, livros editados em poesia e prosa de artistas angolanos.

Além desse mais recente prêmio, de 2021, o livro foi o vencedor do Prémio Literário Casino da Póvoa do Correntes d’Escritas 2020 e finalista do Prêmio Oceanos 2019. É o terceiro livro de Pepetela que a editora Kapulana publicou no Brasil. Em 2019 publicou O cão e os caluandas e O quase fim do mundo.

Leia um trecho:

            Estou morto.
            Estou morto, de olhos cerrados, mas percebo tudo (ou quase) do que acontece à minha volta. Sei, estou deitado dentro de um caixão, num salão cheio de flores, as quais, em vida, me fariam espirrar. As pessoas não sabem que flores de velório cheiram mal? Sabem, mas a tradição é mais forte e velório sem flores é para pobre.
            Ora, não somos pobres, dominamos uma nação.
            Estou morto, no entanto posso escutar, entender os dizeres, mesmo os sussurros e, em alguns casos, adivinhar pensamentos.

-.-.-.-.-

Saiba mais sobre o escritor Pepetela: https://www.kapulana.com.br/pepetela/

Saiba mais sobre o livro: 
livro físico: https://www.kapulana.com.br/produto/sua-excelencia-de-corpo-presente/
e-book: https://www.kapulana.com.br/catalogo-de-ebooks/ 

[19 de março de 2021]

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LARISSA LISBOA

LARISSA LISBOA

É Doutora em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), Mestra em Estudos Literários pela Universidade de São Carlos (UFSCar), Especialista em Educação para as relações étnico-raciais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), formada em Letras pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Faz parte de grupos de pesquisa como Genore: Género, normatividade, representações, do Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa; Perspectivas pós-coloniais: literaturas e culturas em língua portuguesa, da Universidade Federal Fluminense; Literatura: intersecções identitárias, da Universidade de São Paulo.

Na área de Educação tem colaboração com diversas instituições de ensino e de atendimento social como Fundação Casa (Campinas), Universidade de Lisboa (UL), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Universidade de São Paulo (USP).​ Atualmente é profa. substituta na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Colabora também com jornais e revistas na área de literatura. Ministra palestras e minicursos e faz mediação em mesas de debates sobre literatura, particularmente sobre temas relacionados às literaturas africanas de Língua Portuguesa, como a entrevista para videoaula na Univesp:

Literatura e relações étnico-raciais. Entrevista com Larissa Lisboa. Univesp, 11/04/2022:

 

COLABORAÇÃO COM A KAPULANA

Colabora com a Editora Kapulana na mediação de mesas com escritores e com resenhas de obras como:

“Muitas histórias” em ‘Quatro histórias’, de João Paulo Borges Coelho”, São Paulo: Kapulana, 2021. Disponível em: <https://www.kapulana.com.br/muitas-historias-em-quatro-historias-de-joao-paulo-borges-coelho-por-larissa-lisboa/>

“Lançamento do livro Um rio preso nas mãos, crônicas, de Ana Paula Tavares” (mediação da mesa). São Paulo, 02/08/2019. Disponível em: <https://www.kapulana.com.br/02-08-2019-lancamento-e-sessao-de-autografos-de-um-rio-preso-nas-maos-de-ana-paula-tavares-na-biblioteca-mario-de-andrade-em-sao-paulo-sp/>

Publicado em

Muitas histórias, em ‘Quatro histórias’, de João Paulo Borges Coelho – por Larissa Lisboa

João Paulo Borges Coelho nos presenteia com um novo livro ficcional, “Quatro histórias”. O pequeno formato, contudo, tem como proposta grandes discussões que possibilitarão ao público brasileiro conhecer ainda mais o universo plural de sua obra artística.

Somos convidados a adentrar em diversos espaços para além de Moçambique. Seja através do diálogo com um passado não tão distante, onde as fronteiras geográficas africanas se faziam ainda mais complexas, seja através do presente, nas mais de quatro décadas de Independência do país e nas conflituosas relações globais, Borges Coelho nos desnuda a sua visão crítica, como historiador, a partir de uma genialidade artística que se constrói, inclusive, em histórias enigmáticas.

Assim, os três últimos séculos estão presentes nessas potentes narrativas que resgatam personagens históricas da África Austral, a exemplo de Abushiri ibn Salim al-Harthi (líder árabe da Revolta de Abushiri, no século XIX), além de comuns indivíduos, mas retratados como espelhos sociais que giram em torno dos processos coloniais, como a escravidão, e do neocolonialismo, na China como nova potência.

Portanto, ao público leitor da editora Kapulana, o convite é lançado: a leitura de uma pequena obra, consoante com o formato tradicional do conto, na possibilidade de uma profunda reflexão, além do prazer pela apreciação de um excelente texto.      

São Paulo, 09 de fevereiro de 2021.

Larissa Lisboa
Universidade Federal de São Paulo.

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Citar como:

O ARTIGO:
LISBOA, Larissa. “Muitas histórias, em ‘Quatro histórias’, de João Paulo Borges Coelho”, São Paulo: Kapulana, 2021. Disponível em: <https://www.kapulana.com.br/muitas-historias-em-quatro-historias-de-joao-paulo-borges-coelho-por-larissa-lisboa/>

O LIVRO:
COELHO, João Paulo Borges. Quatro histórias. São Paulo: Kapulana, 2021. [Vozes da África] Disponível em: <https://www.kapulana.com.br/produto/quatro-historias/>

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José dos Remédios, jornalista moçambicano, publica seu primeiro livro

O primeiro livro do jornalista e ensaísta José dos Remédios, O HORIZONTE E A ESCRITA, sai sob chancela da editora Fundza, de Moçambique.

O horizonte e a escrita, de autoria de José dos Remédios, resulta de um estudo realizado sobre oito romances do escritor Adelino Timóteo, que, em 21 anos de carreira, publicou 19 títulos, sendo nove romances, sete livros de poesia, dois estudos e um livro infantojuvenil.  A Editora Kapulana publicou no Brasil dois livros de Adelino Timóteo: Cemitério dos pássaros (romance) e Na aldeia dos crocodilos (infantojuvenil).

O interesse pela realização e publicação deste ensaio, segundo José dos Remédios, decorre, primeiro, da carência de estudos sobre os autores pertencentes à geração que começa a publicar por volta do início da década de 2000, e, segundo, da necessidade de eternizar pelo menos os mais importantes criadores dessa geração.

“Um dos mecanismos a ter em consideração é a recensão literária, por via da qual se criam condições para que o espólio desses mesmos criadores não fique desvalorizado”, lê-se na introdução do livro do autor.

O lançamento do primeiro livro de José dos Remédios marca o início das celebrações dos cinco anos da existência da editora Fundza, sediada na cidade da Beira, em Moçambique. O livro, patrocinado pelo BNI, está em pré-venda desde 9 de Fevereiro.

José dos Remédios nasceu a 1 de Agosto de 1987. Tem uma formação no ensino e uma licenciatura em Literatura Moçambicana. É jornalista e ensaísta. Possui inúmeros ensaios publicados na imprensa nacional e no Brasil. Atua como assessor na organização de festivais e feiras de livro. Publicou o artigo “Noémia: a poesia do mundo”. É co-fundador da editora “Kuvaninga Cartão d’Arte” e colabora com várias outras editoras (nacionais e estrangeiras) na edição de textos e/ou na promoção da literatura moçambicana. Como jornalista, escreveu vários roteiros de vídeos em homenagem a personalidades como Marcelino dos Santos, Ungulani Ba Ka Khosa, Dom Dinis Sengulane, Mia Couto e Paulina Chiziane. Foi roteirista, técnico de som e fotógrafo do documentário “Maputo, a doropa“.

José dos Remédios é antigo colaborador da Editora Kapulana com vários artigos publicados sobre os livros do catálogo da editora: https://www.kapulana.com.br/jose-dos-remedios/

Adelino Timóteo, objeto dos ensaios do livro de José dos Remédios, tem dois livros publicados no Brasil pela Editora Kapulana: https://www.kapulana.com.br/adelino-timoteo/

[9 de fevereiro de 2021]

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Editora Kapulana anuncia os primeiros lançamentos de 2021! De João Paulo Borges Coelho e Bruno Honorato

No primeiro semestre de 2021, a Kapulana oferece ao leitor brasileiro novo livro do moçambicano João Paulo Borges Coelho e livro inédito do brasileiro Bruno Honorato

Em 12 de fevereiro de 2021, a Editora Kapulana lança – em formato de livro de bolso – o novo livro do moçambicano João Paulo Borges Coelho: QUATRO HISTÓRIAS. 

QUATRO HISTÓRIAS, de João Paulo Borges Coelho  

Nesse conjunto de quatro contos, João Paulo Borges Coelho conduz o leitor por caminhos, tempos e situações diversas. Ora estamos no Congo, ora em Moçambique, ora na China. A história da África, particularmente de Moçambique, aparece nesse cenário desde os inícios do século XIX. São histórias que emocionam por destacar personagens exploradas, sofredoras e resistentes.

É o terceiro livro do autor que a Kapulana publica no Brasil. Os anteriores são os romances  As visitas do Dr. ValdezCrônica da Rua 513.2.

Trechos de QUATRO HISTÓRIAS

“A chegada dos captores à aldeia em Bukavu, nos confins do interior congolês, surgindo do nada como feras rapaces, ávidas de tudo quanto mexia. A fuga precipitada do povo pelo mato fora, ela puxada por um braço pela mãe apavorada, esta caindo trespassada por uma comprida lança para que aprendesse a não fugir, última e escusada lição. E a rapariga ficando ali a segurar a mão de um cadáver trespassado e inútil, até que chegou o árabe com um olho de cada cor – Ahmed lhe chamavam – […]” (Conto: “Maria Ernestina e as quatro senhoras”)

“A princípio, a coisa não me pareceu problemática. Tratava-se apenas de seguir a pista dos roubos e identificar autores, chineses ou não. Afinal, tínhamos a chamada lei do nosso lado. Todavia, à medida que a investigação prosseguia foi ficando evidente que, além da carne para canhão e dos chineses propriamente ditos, havia também peixe graúdo, se me faço entender. Autoridades. Gente que não me fica bem nomear […].” (Conto: “Pau Macau”)

Conheça um pouco mais sobre o livro e seu autor:

https://www.kapulana.com.br/produto/quatro-historias/ 

JOÃO PAULO BORGES COELHO

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Ainda no primeiro semestre de 2021, em abril,  a Kapulana lança o premiado livro do brasileiro Bruno Honorato, A BOCA DO MURO, Vencedor, na categoria Romance, do concurso Seja Nosso Autor-2019, da Kapulana.

A BOCA DO MURO, de Bruno Honorato: 

Bruno Honorato conta a história de quatro amigos: Gordo, Negazul, Nina e Bonito, que formam um grupo de pixadores, os ALKIMISTAS. Cada um deles faz um pixo: GRAJAUEX, NOITE, ANGÚSTIA e BONITO.

Ao longo da leitura, as histórias de cada uma das personagens e da amizade do grupo são aprofundadas, assim como as reflexões sobre questões sociais e políticas que envolvem o pixo e a ocupação da cidade. O pano de fundo é a arte de rua paulistana e a vida na periferia de São Paulo. Na primeira parte da história, os ALKIMISTAS apanham da cidade, literal e metaforicamente, até que um acontecimento fantástico muda de forma surpreendente o rumo da narrativa.

Conheça um pouco mais sobre o livro e sobre o autor:

https://www.kapulana.com.br/produto/a-boca-do-muro/ 

BRUNO HONORATO

 

[atualizada: 09 de fevereiro de 2021]

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Neste final de ano, a Editora Kapulana presenteia o leitor brasileiro com três incríveis lançamentos!

Em novembro e dezembro de 2020, a Kapulana presenteia o leitor brasileiro com a publicação de três livros de alta qualidade de três países diferentes: Brasil, Angola e Nigéria

A Editora Kapulana lançou em novembro um livro de memórias do nigeriano WOLE SOYINKA e um de contos do brasileiro MÁRIO MEDEIROS. Em dezembro, no dia 12, lançará na Flipelô, mais um livro – o terceiro – do angolano PEPETELA. 

AKÉ: OS ANOS DE INFÂNCIA, de Wole Soyinka: Um dos 12 melhores livros africanos do século XX (ASC Library).

É a história da infância do autor no oeste da Nigéria, antes e durante a Segunda Guerra Mundial. É um emocionante livro de memórias considerado clássico no gênero. Transcende o relato lírico de vivência do autor quando criança pois acaba por revelar a cultura de um povo. Uma atenção especial é dada pelo autor nigeriano, de origem Iorubá, às expressões da cultura local, como as canções, comidas, bebidas, vestuário e religião, em um país colonizado pelos ingleses.

Conheça um pouco mais sobre o livro: https://www.kapulana.com.br/produto/ake-os-anos-de-infancia/

NUMA ESQUINA DO MUNDO, contos, de Mário Medeiros: na categoria Conto, foi Vencedor do concurso Seja Nosso Autor-2019, da Kapulana, e Finalista do Prêmio Jabuti 2020.

É um conjunto de 12 contos escritos pelo brasileiro MÁRIO MEDEIROS. Compostos com enorme força narrativa, os contos abrem um leque extremamente diverso de histórias com protagonistas negros em ambientes urbanos, passando da infância à velhice e à morte, do trem ao escritório, das ruas de São Paulo a uma esquina em Paris. A humanidade, mostrada na obra a partir de sua capacidade de agir, reagir e refletir, é afinal o que une um trabalhador no escritório, empinadores de pipas, um sindicalista morto, uma garota que não vende balas no semáforo quando chove e tantos outros que permeiam os contos. 

Conheça um pouco mais sobre o livro: https://www.kapulana.com.br/produto/numa-esquina-do-mundo/

SUA EXCELÊNCIA, DE CORPO PRESENTE, de Pepetela: Vencedor do Prémio Literário Casino da Póvoa do Correntes d’Escritas 2020.

Neste romance do angolano PEPETELA, o protagonista, narrador da história, é um ditador africano morto, deitado em seu caixão. Com suas memórias, a personagem revela a estrutura do poder político, o nepotismo, os abusos, as estratégias e ações de um regime ditatorial. Mesmo morto, o ditador não deixa de tentar controlar a sua sucessão através do seu espião-de-um-olho-só, que lhe é tão fiel na morte como era em vida.  Pepetela demonstra, como sempre, estar atento às situações de injustiça, opressão e abuso de poder que poderiam ter ocorrido em qualquer região do mundo em qualquer época. A obra surpreende por sua atualidade e universalidade.

Conheça mais sobre o livro: https://www.kapulana.com.br/produto/sua-excelencia-de-corpo-presente/    

[8 de dezembro de 2020]

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Editora Kapulana lança no Brasil ‘Sua Excelência, de corpo presente’, de Pepetela – agora na versão impressa

A Kapulana publica no Brasil o mais novo romance de Pepetela – um retrato dos regimes ditatoriais de qualquer tempo e lugar

A Editora Kapulana lança no Brasil a versão impressa do premiado romance de Pepetela – Sua Excelência, de corpo presente. O livro foi lançado inicialmente em versão de e-book e agora chega na versão impressa por ocasião da participação do autor na Flipelô (Festa Literária Internacional do Pelourinho),  em dezembro de 2020, quando o escritor participará de um bate-papo virtual.

Neste romance do angolano PEPETELA, o protagonista, narrador da história, é um ditador africano morto, deitado em seu caixão. Durante seu próprio velório, ele vê, ouve e observa os que estão ali para se despedir dele. Passa, então a recordar as histórias vividas com os presentes – familiares, amigos, auxiliares, membros de governos dentre outros. Com suas memórias, a personagem revela a estrutura do poder político, o nepotismo, os abusos, as estratégias e ações de um regime ditatorial. Mesmo morto, o ditador não deixa de tentar controlar a sua sucessão através do seu espião-de-um-olho-só, que lhe é tão fiel na morte como era em vida. A obra surpreende por sua atualidade e universalidade.

Pepetela demonstra, como sempre, estar atento às situações de injustiça, opressão e abuso de poder que poderiam ter ocorrido em qualquer região do mundo em qualquer época. Por meio da ficção, com uma linguagem literária mordaz e, muitas vezes, irônica, Pepetela conduz o leitor ao submundo do poder opressivo.

O livro foi o vencedor do Prémio Literário Casino da Póvoa do Correntes d’Escritas 2020 e finalista do Prêmio Oceanos 2019. É o terceiro livro de Pepetela que a editora Kapulana publica no Brasil. Em 2019 publicou O cão e os caluandas e O quase fim do mundo.

Leia um trecho:

            Estou morto.
            Estou morto, de olhos cerrados, mas percebo tudo (ou quase) do que acontece à minha volta. Sei, estou deitado dentro de um caixão, num salão cheio de flores, as quais, em vida, me fariam espirrar. As pessoas não sabem que flores de velório cheiram mal? Sabem, mas a tradição é mais forte e velório sem flores é para pobre.
            Ora, não somos pobres, dominamos uma nação.
            Estou morto, no entanto posso escutar, entender os dizeres, mesmo os sussurros e, em alguns casos, adivinhar pensamentos.

-.-.-.-.-

Saiba mais sobre o escritor Pepetela: https://www.kapulana.com.br/pepetela/

Saiba mais sobre o livro: 
livro físico: https://www.kapulana.com.br/produto/sua-excelencia-de-corpo-presente/
e-book: https://www.kapulana.com.br/catalogo-de-ebooks/ 

[2 de dezembro de 2020]

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Editora Kapulana lança no Brasil o livro de contos de Mário Medeiros: ‘Numa esquina do mundo’

Livro de contos do escritor brasileiro Mário Medeiros expõe literariamente situações e cenários trágicos de personagens que vivem à margem da sociedade

A Kapulana publica em 19 de novembro de 2020 Numa esquina do mundo, o livro de contos do brasileiro MÁRIO MEDEIROS, ficcionista e pesquisador universitário na área de Sociologia. Tanto seus contos como sua pesquisa acadêmica focam na temática sobre os marginalizados, desfavorecidos e não atendidos pelo sistema social e político brasileiro. O lançamento do livro está marcado para novembro – mês da Consciência Negra.

Numa esquina do mundo, obra vencedora, na categoria Conto, da edição de 2019 do Seja Nosso Autor, da Editora Kapulana, é um conjunto de 12 contos de Mário Medeiros, compostos com enorme força narrativa.

Com escrita precisa e terna, o autor nos revela  a humanidade de personagens marginalizadas em meio à realidade trágica do dia a dia. São histórias com protagonistas negros em ambientes urbanos, passando da infância à velhice e à morte, do trem ao escritório, das ruas de São Paulo a uma esquina em Paris. A humanidade, sem estereótipos, mostrada na obra a partir de sua capacidade de agir, reagir e refletir, é o que une personagens tão diversas como o trabalhador no escritório, empinadores de pipas, o sindicalista morto, a garota que não vende balas no semáforo quando chove e tantos outros.

Leia alguns trechos:

“Aí, tia! Deixa eu subir aí para pegar a pipa? Deixa, tia? Quebra nada não! Porra…! Tia chata do caralho! Sem cerimônia, o palavrão. Sem cerimônia também, um pé no muro, outro no portão, dois tempos em cima do telhado, driblando os cachorros no quintal, movendo a posição da antena, chiado riscando na RV. Puta que pariu! ” [Conto: “O pó da rabiola”]

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“Qual o peso de um homem negro sob o sol? Qual o peso de sua sombra?
O peso de seu passado, do pretérito dos seus? Quanto marca na balança o seu futuro?” [Conto: “Durmo no fundo dos seus olhos”]

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“Agora é a vez de Tiquinho. Vender os doces lá em cima. O negócio é assim. Os Dois lá embaixo, com os vidros. Eu, de um lado, com os paus de fogo e Nadela, do outro, pedindo, vendendo bala ou batendo pau, sem bola de fogo, jogando bola. Lá em cima, Tiquinho, moleque ranhento, não deve de ter nem oito anos. Vende bala. A gente forma uma cruz. Sinal abriu, fechou, um de nós tá sempre em ação. Hoje, Nadela não veio. “Vai chover!”, ela disse. Hoje tem grana a menos. Hoje, Nadela apanha.” [Conto: “Vaga-lume”]

Saiba mais sobre o escritor Mário Medeiros: https://www.kapulana.com.br/mario-medeiros/
Saiba mais sobre o livro:  https://www.kapulana.com.br/produto/numa-esquina-do-mundo/

[07 de novembro de 2020]

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SHEYLA AYO

SHEYLA AYO é artista brasileira, com formação acadêmica pela Faculdade Salesianas – FATEA, em 2009, e cultural pelo Candomblé. Sua pesquisa  envolve desenho, pintura, fotografia e performance, com uma investigação que busca diálogos com a ancestralidade femininas e o “refazimento” das trajetórias da história negra. Sua obra é mencionada em uma série de plataformas, entre elas se destacam as entrevistas para o blog da Folha de São Paulo presente na matéria “Pensamentos Decoloniais”. 

OBRA DA KAPULANA

LINKS DE INTERESSE:

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Editora Kapulana lança no Brasil o livro de memórias de Wole Soyinka ‘Aké: os anos de infância’

Wole Soyinka, nascido na Nigéria, foi o primeiro negro africano a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1986, e “Aké: os anos de infância” está classificado entre os “12 melhores livros africanos do século XX”.

A Kapulana, editora voltada para a publicação e divulgação de obras de autores brasileiros e estrangeiros, com destaque para literaturas africanas e foco em temas marginais, lança em novembro de 2020 o livro de memórias do premiado escritor nigeriano WOLE SOYINKA. Trata-se de AKÉ: OS ANOS DE INFÂNCIA, publicado originalmente em 1981. O livro foi classificado entre os “12 melhores livros africanos do século XX” (ASC Library).

Aké: os anos de infância, do nigeriano Wole Soyinka, é uma autobiografia que transcende as biografias tradicionais centradas na pessoa do narrador. Ao relatar seus dias da primeira infância, sempre rodeado de livros, Soyinka nos presenteia com um retrato de época marcado por acontecimentos, conversas, sonhos e preocupações do narrador e de todos os que ele observa ou que com ele convivem. A chegada do rádio e da eletricidade à casa de Wole, a visão do primeiro avião em Aké, a ameaça de Hitler e a luta das mulheres por liberdade são fatos acompanhados das reflexões de uma criança curiosa que chama o pai de “Ensaio” e a mãe de “Cristã Impetuosa”. Uma atenção especial é dada pelo autor nigeriano, de origem Iorubá, às expressões da cultura local, como as canções, comidas, bebidas, vestuário e religião, em um país colonizado pelos ingleses.

Leia alguns trechos:

“Eram essas as bruxas de que nos falavam? Eu nunca tinha visto seios tão achatados, não parecia humano. Mas quando olhei de novo para as bandejas, reconheci cascas e raízes parecidas com as que meu pai comprava e enfiava em garrafas e jarros, onde elas ficavam mergulhadas por dias. Algumas nós tomávamos para certas doenças. Outras nós bebíamos em períodos comunicados misteriosamente aos nossos pais. E havia ainda mais cascas, cultivadas em panelas enormes. […]”

“Todos os avós eram Papa e Mama – e de algum jeito nós falávamos essas palavras em letras maiúsculas. Lá as vigas eram esfumaçadas, despidas do forro de teto usual. Havia objetos nos cantos do telhado, envoltos em folhas, em couro. Alguns não eram muito misteriosos, já que Papa frequentemente remexia esses embrulhos, uns que pareciam cobertos por cem anos de seca. Mas deles não saía nada mais estranho do que nozes-de-cola ou rapé.”

“Eles pareciam conversar em um novo idioma, não que falássemos iorubá com tanta desenvoltura. Ao redor de suas fogueiras no quintal, esse som enchia a noite como uma cantiga esquisita e cúltica, não muito diferente do canto dos ogboni que às vezes chegavam a nossa casa vindas de suas reuniões no Aafin.”

Saiba mais sobre Wole Soyinka: https://www.kapulana.com.br/wole-soyinka/
Saiba mais sobre o livro:  https://www.kapulana.com.br/produto/ake-os-anos-de-infancia/

[28 de setembro de 2020]

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TSITSI DANGAREMBGA é finalista no The Booker Prize 2020

Tsitsi Dangarembga, escritora do Zimbábue, é finalista em prêmio internacional altamente reconhecido.
 
A autora de Condições Nervosas, publicado pela Kapulana no Brasil, é finalista no The Booker Prize 2020 , com o livro This mournable body.
 
O livro finalista faz parte de uma trilogia escrita por Tsitsi Dangarembga, a saber:
 

1988 – Nervous conditions (Condições nervosas. Kapulana, 2019)
2006 – The Book of Not (O livro do Não. Kapulana, 2022)
2018 – This mournable body (Esse corpo lamentado. Kapulana, 2022)

 

[15 de setembro 2020]

 

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Faleceu a escritora SÍLVIA BRAGANÇA (1937-2020)

Sílvia Bragança, poeta, pintora e educadora, nascida em Goa e há muitos anos vivendo em Moçambique, morreu ontem, dia 21 de setembro de 2020.

É com enorme tristeza que a Editora Kapulana noticia o falecimento, aos 83 anos, da artista  e professora Sílvia Bragança, na última segunda-feira (21/9). A Kapulana publicou, em 2015, no Brasil, seu livro infantil Sonho da Lua, em que a autora revela grande sensibilidade no uso da palavra, encantando as crianças. A edição brasileira foi ilustrada pela artista Amanda de Azevedo. Na ocasião da edição do livro, Sílvia acompanhou todo o processo de produção editorial brasileiro, dando opinião sobre o projeto gráfico e as ilustrações que acompanham o texto.

A edição original foi publicada em 2010, em Moçambique, pela Brinduka, e contou com ilustrações da própria Sílvia e de seus sobrinhos Ariel e Luciana Dinis.

A Kapulana sente muito a perda de tão incansável educadora, na certeza que seu legado estará sempre entre nós e entre as crianças.

[22 de setembro de 2020]

Conheça mais  sobre a vida e a obra do autora: https://www.kapulana.com.br/silvia-braganca/

Conheça o livro Sonho da lua: https://www.kapulana.com.br/produto/sonho-da-lua/

 

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Prof. FRANCISCO NOA em webinar sobre Literaturas Africanas de Língua Portuguesa

Palestra do professor moçambicano Francisco Noa – “O poder da representação na literatura colonial: o caso de Moçambique” – ocorrerá em seminário promovido pela Unifesp e pela UAB.

É com grande honra que a Editora Kapulana divulga o evento online (webinar), promovido pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e UAB (Universidade Aberta do Brasil), Literaturas de Língua Portuguesa – Identidades, territórios e deslocamentos: Brasil, Moçambique e Portugal, diferentes olhares, que contará com a presença do renomado intelectual e escritor moçambicano Francisco Noa, no dia 24 de setembro próximo, às 18h, que irá proferir palestra sobre “O poder da representação na literatura colonial: o caso de Moçambique”.

Durante o mês de setembro, a Kapulana disponibilizou os livros de autoria do Prof. Noa com desconto de 30% em sua loja online:

  • Império, mito e miopia: Moçambique como invenção literária
  • Perto do Fragmento, a totalidade
  •  Uns e outros na literatura moçambicana

Loja online da Kapulana: https://www.kapulana.com.br/cientificos-e-periodicos/

Saiba mais sobre Francisco Noahttps://www.kapulana.com.br/francisco-noa/

O eventohttps://www.kapulana.com.br/eventos/webinar-com-prof-francisco-noa/

Inscrições, até 20/09/2020 (somente os inscritos receberão certificados): https://sistemas.unifesp.br/acad/proec-siex/index.php?page=INS&acao=2&code=18572

[15 de setembro 2020]

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A oficina de Nazir Ahmed Can em “campos, espaços” da escrita moçambicana, por Rita Chaves

Seis anos após o lançamento, em Moçambique, de Discurso e poder nos romances de João Paulo Borges Coelho, o primeiro trabalho exaustivo sobre o ficcionista moçambicano que acaba de ser publicado pela Kapulana, Nazir Ahmed Can entrega ao leitor brasileiro O campo literário moçambicano: tradução do espaço e formas de insílio. Durante esse período, a capacidade analítica de seu autor materializou-se em livros coletivos e em algumas das melhores revistas acadêmicas do Brasil e não só, revelando um leitor profundamente interessado na literatura do continente africano. Foi também esse o tempo que do território moçambicano, solo inicial de suas pesquisas, ampliou seu olhar arguto e sensível na direção de países como Angola e Cabo Verde, incorporando ainda espaços pouco palmilhados entre nós como  alguns países situados no Oceano Índico. Assim, em suas análises, nomes como Ondjaki, Ruy Duarte de Carvalho, Mario Lúcio de Sousa e Ananda Devi vieram se associar a João Paulo Borges Coelho e outros moçambicanos como Luís Bernardo Honwana, Luís Carlos Patraquim, Mia Couto, Paulina Chiziane, Ungulani Ba Ka Khosa e Helder Faife, alguns dos nomes aqui visitados.

Nesse movimento, o pesquisador habituado a romper fronteiras físicas transitou por diferentes gêneros literários para investigar problemas fundamentais da produção africana, menos empenhado em encontrar respostas do que no compromisso de formular questões – marca que define uma qualidade do intelectual contemporâneo de seu tempo. Nesse volume em que volta a se concentrar em Moçambique, notamos que tal regresso ao lugar de partida articula-se a uma notável capacidade de renovar o modo de percebê-lo. A partir do(s) conceito(s) de espaço, Nazir Ahmed Can avança no processo de análise e interpretação de textos que espelham e constroem as intrincadas relações entre ficção e realidade e convida-nos a uma viagem em que a mobilidade é, mais que um objeto, um modo de ver o mundo, o literário e aquele que catalisa a escrita das tantas páginas examinadas.

 

Na escolha do conceito de campo intelectual, cunhado por Pierre Bourdieu e muito utilizado no domínio das ciências sociais, marca seu apreço pela interdisciplinaridade como método, mas sabe evitar sua utilização como um recurso meramente terminológico para o exercício metalinguístico tão a gosto de algumas modulações críticas. Ao contrário, fugindo à tautologia, suas análises têm no fenômeno literário um cais de partidas e chegadas, expressando o firme propósito de captar vários movimentos para focalizar com pertinência e respeito inclusive um repertório ainda pouco divulgado como o identificado com o símile campo. Para isso concorrem o seu conhecimento do lugar, as suas vivências na realidade viva das ruas que compõem o espaço dos escritores e seus personagens. A pesquisa no terreno iniciada há mais de dez anos está na base de uma experiência capaz de facultar ao leitor brasileiro o acesso a todo um universo inexplorado, sem a trivial convocação à bênção paternalista que traduz alguns de nossos equívocos na relação com as literaturas africanas.

No corpo a corpo com a escrita dos autores visitados, reconhecendo sempre que a literatura é a arte da palavra, definição banal mas às vezes ignorada por tantos estudiosos, ele perscruta a linguagem e seus artifícios na tarefa de desvelar os projetos artísticos que constituem a literatura no país. A concepção de insílio surge como uma chave para observar alguns dos impasses vividos pelos escritores moçambicanos, e, sobretudo, compreender como os dilemas vividos no tempo e no espaço que respiram são operados na estrutura de seus textos. Um quadro assim configurado explica a presença da tradução como um procedimento que se impõe na mediação de mundos misturados e mesmo contraditórios. Sem diluir a contradição que define espaços socioculturais marcados pela diferença e pela desigualdade, ela favorece hipóteses de diálogos entre as pontas, recorda-nos o autor.

Com uma fina seleção de instrumentos de análise e a atenção posta em referências teórico-críticas, como Edward Said, Bernard Mouralis e Antonio Candido, por exemplo, ele procura também captar as redes que envolvem a literatura como instituição, identificando o seu lugar na dinâmica social e política de um estado nacional de formação recente e convulsionada. Contrapondo-se aos procedimentos meramente judicativos e aos apelos à celebração, Nazir Ahmed Can defende o direito à exigência, a que em 1994 já se referia Ruy Duarte de Carvalho. O processo de descolonização do conhecimento e do imaginário no território das chamadas “Africanas” tem em sua reflexão uma forte aliança porque nela estão inscritos os sinais da maturidade desejada por aqueles que nesse barco viajam desde há muito ou em tempos mais recentes.

São Paulo, 10 de junho de 2020.

Rita Chaves
Universidade de São Paulo.

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Citar como:

O ARTIGO:
CHAVES, Rita. “A oficina de Nazir Ahmed Can em ‘campos, espaços’ da escrita moçambicana”. Prefácio: In: CAN, Nazir Ahmed. O campo literário moçambicano: tradução do espaço e formas de insílio. São Paulo: Kapulana, 2020. [Ciências e Artes] Disponível em: <https://www.kapulana.com.br/a-oficina-de-nazir-ahmed-can-em-campos-espacos-da-escrita-mocambicana-por-rita-chaves/>

O LIVRO:
CAN, Nazir Ahmed. O campo literário moçambicano: tradução do espaço e formas de insílio. São Paulo: Kapulana, 2020. [Ciências e Artes] Disponível em: <https://www.kapulana.com.br/produto/o-campo-literario-mocambicano-traducao-do-espaco-e-formas-de-insilio/>

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O pó e a fissura, os muros e a sombra… Quantos tempos cabem na rua?, por Nazir A. Can

Publicado pela primeira vez em 2006, mais de três décadas depois da independência moçambicana, Crônica da Rua 513.2 reconstrói esse período com a distância suficiente para se demarcar da justificada euforia e incidir na contradição que qualquer temporalidade transitória abriga. Sem apresentar um herói, que iria contra o tom antiépico deste romance, e ambientado em Maputo, cenário raramente percorrido pela prosa moçambicana, João Paulo Borges Coelho avalia o modo como uma rua (simples e complexa) vive o tempo (belo e conturbado) da passeata revolucionária. O título, de resto, sintetiza o programa da obra: aliar o pequeno espaço (da rua) ao imenso tempo perdido (da crônica).

Também no “Prólogo: sobre os nomes e a rua” é possível notar o relevo dado a três elementos decisivos para a formação da identidade: o tempo, o nome e o espaço. Após sublinhar os tons da segregação racial, que hierarquizou pessoas, lugares e culturas no período colonial, bem como a herança armadilhada deixada pelo imaginário que nesse tempo se instalou, o narrador reflete sobre o processo de renomeação das ruas e avenidas retomado pela nova ordem. À valorização de indivíduos que lutaram pela libertação (Samora Machel, Eduardo Mondlane ou Josina Machel), de alguns modelos estrangeiros que com ela tiveram uma vinculação ideológica (Marx, Lenine, Kim Il Sung, Siad Barre) e de algumas datas históricas (25 de Setembro ou 25 de Junho) associa-se o desejo de apagamento das referências do passado. As exceções a essa lógica são os espaços numerados, como a rua 513.2, que se manteve como estava. Vale referir que, neste caso, ao invés do esperado 2.513 (fórmula mais próxima do que podemos encontrar hoje em algumas ruas de Maputo), temos o número 2, da dualidade, colocado no fim. Se seguirmos o sutil convite do narrador para não “desprezar a aritmética” e dividirmos estes números (513 por 2), teremos o seguinte resultado: 256.5. Ou inclusive uma data velada, 25-6-75, dia da independência do país. Tanto no título quanto no prólogo, portanto, se articulam algumas das principais estratégias da obra: a metonímia, a seleção onomástica, o jogo de inversões simbólicas e a sobredeterminação das coordenadas de existência tempo e espaço.

Seguindo a lógica da exceção, os nomes de várias personagens, como Josefate, Basílio, Valgy, Tito, Judite, Filimone ou Santiago, anunciam o propósito narrativo de se apropriar do texto bíblico. De maneira lúdica, (e) com efeito, o romance problematiza alguns dos postulados do período pós-independência através da imbricação de enunciados que aproximam o discurso socialista da revolução a uma visão teológica do mundo. Assim, depois de anunciar o desejo de transformação de estatuto no ambiente histórico representado (a doxa), o narrador, com base no mesmo material (o nome), sugere a ambivalência forçada que provam as personagens (o paradoxo). Com a partida de uns (portugueses, em sua maioria), a chegada de outros (moçambicanos dos subúrbios, mas não só) e a permanência de um pequeno e hesitante grupo (como o branco Costa e o indiano Valgy) sucedem-se os encontros e os mal-entendidos engendrados no interior de uma experiência coletiva intensa. Procurando desconstruir modelos de ortodoxia através da sátira, o autor investe ainda na criação dos “resquícios do passado”, espectros dos antigos habitantes da rua que, após a revolução, se escondem nas casas com a cumplicidade dos atuais moradores. O antigo PIDE Monteiro (rivalizando a poltrona da sala com o Secretário do Partido, Filimone Tembe), a prostituta branca Arminda (que, sentada na borda da cama, aconselha a nova moradora Antonieta), o mecânico Marques (cúmplice de garagem e de interesses de Ferraz) entre outros, auxiliam João Paulo Borges Coelho a construir os seus já característicos e insólitos limiares simbólicos. Significando tanto um resto (do espaço) como uma fissura (do tempo), o termo “resquício” sugere a contiguidade como traço constitutivo da jovem nação. Além de representarem a dificuldade de controle da heterodoxia popular, todas estas personagens indiciam, devido a sua natureza especular, que a linha que separa a transição da transação é porosa. Em suma, mais do que “pós-colonial”, conceito que nos remeteria a uma ideia romantizada de corte com o passado, estamos diante de uma sociedade ficcional que partilha os seus espaços com o pó colonial.

Com aquela mordacidade que humaniza, embora nem sempre redima, João Paulo Borges Coelho lê as dinâmicas de um tempo que, a sua maneira, também selou a descoincidência entre a austeridade do discurso público e a fluidez dos gestos privados. Entre a euforia de uns, a hesitação de outros, a improvisação de muitos e a melancolia de todos, espelhada nos muros que se agigantam na reta final da narrativa, anunciando possivelmente a voracidade neoliberal dos dias que correm, as relações entre as personagens dão a medida de uma época vivida sob os signos da solidariedade e do sobressalto. Por via de uma cuidadosa escolha lexical, capaz de enlaçar ritmo, imagem e sentido, além da ironia, que assume aqui plenamente as funções pragmática (por acionar a antífrase e a paródia) e estética (favorecendo a conversão do segredo em indício), o autor devolve à ficção aquela virtualidade poética que constrange qualquer afã de linearidade. Talvez por isso, e tal como a árvore da Rua 513.2 que se mantém firme após tantas intempéries, oferecendo sua sombra ao cortejo de indivíduos comuns que por ali circula, este romance resistirá aos humores do tempo.

Que siga a leitura, pois. E que se façam as contas depois.

Rio de Janeiro / Salamanca, 19 de fevereiro de 2020.

Nazir Ahmed Can
Universidade Federal do Rio de Janeiro / FAPERJ / CNPq / CAPES.

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Elaborado entre 2019 e 2020, este texto contou com o apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ (Programa Jovem Cientista do Nosso Estado, processo nº E-26/203.025/2018), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (Bolsa de Produtividade em Pesquisa, Nível 2, processo nº 307217/2018-3) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES/PrINT) – Finance Code 001, Projeto 88887.364731/2019-00.
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Citar como:

O ARTIGO:
CAN, Nazir Ahmed .“O pó e a fissura, os muros e a sombra… Quantos tempos cabem na rua?”. Prefácio. In: COELHO, João Paulo. Crônica da Rua 513.2. São Paulo: Kapulana, 2020. [Vozes da África] Disponível em: <https://www.kapulana.com.br/o-po-e-a-fissura-os-muros-e-a-sombra-quantos-tempos-cabem-na-rua-por-nazir-a-can/>

O LIVRO:
COELHO, João Paulo. Crônica da Rua 513.2. São Paulo: Kapulana, 2020 [Vozes da África] Disponível em: <https://www.kapulana.com.br/produto/cronica-da-rua-513-2/>

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EDITORA KAPULANA ANUNCIA O VENCEDOR NA CATEGORIA ‘CONTO’ DO ‘SEJA NOSSO AUTOR’ de 2019

NUMA ESQUINA DO MUNDO, de Mário Medeiros, foi o livro vencedor, na categoria ‘Conto’ da edição de 2019 do ‘Seja Nosso Autor’, seleção de obras literárias promovida anualmente pela editora Kapulana.

A coletânea de 12 contos do brasileiro Mário Medeiros, Numa esquina do mundo,  foi a obra selecionada pela Kapulana da categoria Conto para publicação em 2020.

As inscrições para a edição de 2019 estiveram abertas para obras em prosa de ficção (contos e romances).

Os contos, compostos com enorme força narrativa, abrem um leque extremamente diverso de histórias com protagonistas negros em ambientes urbanos, passando da infância à velhice e à morte, do trem ao escritório, das ruas de São Paulo a uma esquina em Paris.

O brasileiro Mário Medeiros é sociólogo e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É autor de obras científicas e de ficção, com destaque para o gênero Conto.

Na categoria Romance, o vencedor foi Bruno Honorato, com seu romance A boca do muro, a ser editado no primeiro semestre de 2020.

Em breve a Editora Kapulana anunciará o regulamento completo da edição do SEJA NOSSO AUTOR 2020, em seu site: https://www.kapulana.com.br/seja-nosso-autor/

Saiba mais:

sobre o escritor Mário Medeiros.
sobre o livro Numa esquina do mundo.

[17 de fevereiro de 2020.]

 

 

Publicado em

MÁRIO MEDEIROS

MÁRIO MEDEIROS, brasileiro, nasceu em São Paulo e, desde 2014, é docente na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sua pesquisa e publicações na área de  Sociologia envolvem temas como os intelectuais negros, o associativismo, o pensamento social brasileiro e a circulação internacional de ideias e pessoas.

É autor de obras teóricas e de obras literárias. Colaborou com contos para o jornal Irohin e para a Revista Lavoura.

Várias de suas obras receberam prêmios ou foram finalistas em concursos organizados por instituições como Prêmio Sesc de Literatura e Prêmio Jabuti. Numa esquina do mundo foi vencedor na categoria “Conto”, na edição de 2019 do processo de seleção Seja Nosso Autor, da Editora Kapulana.

OBRA DA KAPULANA

OUTRAS PUBLICAÇÕES

  • Os escritores da guerrilha urbana: literatura de testemunho, ambivalência e transição política (1977-1984). São Paulo: Annablume/Fapesp, 2008.
  • A descoberta do insólito: literatura negra e literatura periférica no Brasil (1960-2000). Rio de Janeiro: Aeroplano, 2013.
  • Polifonias marginais. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2015. [em parceria com Lucia Tennina, Érica Peçanha e Ingrid Hapke]
  • Rumos do Sul: periferia e pensamento social. São Paulo: Alameda Editorial/Fapesp, 2018. [em parceria com Mariana Chaguri]
  • Gosto de amora: contos. Rio de Janeiro: Malê, 2019.

PRÊMIOS E DESTAQUES

  • 2013 – Prémio do Centro de Estudos Sociais para Jovens Cientistas Sociais em Língua Portuguesa da Universidade de Coimbra (livro A descoberta do insólito).
  • 2014 – Finalista do Prêmio Jabuti, categoria Ciências Humanas (livro A descoberta do insólito).
  • 2017 – Finalista do Prêmio Sesc de Literatura de 2017, categoria Contos.
  • 2019 – Vencedor, no processo de seleção Seja Nosso Autor/2019, da Editora Kapulana, na categoria Conto  (livro Numa esquina do mundo: contos).
  • 2020 – Finalista do Prêmio Jabuti, categoria Conto ( livro Gosto de amora).
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WOLE SOYINKA

WOLE SOYNKA, autor de vasta obra, é poeta, romancista, dramaturgo, crítico, ensaísta e ativista político. Nasceu em Abeokuta, na Nigéria, em 1934. Seu pai foi pastor anglicano e diretor de escola e sua mãe dirigia um comércio local e foi ativista dos direitos das mulheres. Sua família pertencia ao povo Iorubá o que muito influenciou sua obra. Estudou na Nigéria e no Reino Unido. Atualmente é professor universitário na Nigéria e participa de eventos culturais e políticos pelo mundo todo.

Foi crítico severo contra o regime ditatorial na Nigéria por ocasião da guerra civil no país e por isso esteve encarcerado como preso político.

Recebeu vários prêmios, sendo o de maior destaque o “Prêmio Nobel de Literatura”, em 1986, por “numa ampla perspectiva cultural e com tons poéticos que moldam o drama da existência”.

Foi o primeiro africano negro a receber esse prêmio.

OBRA DA KAPULANA

OBRA ORIGINAL

Peças de teatro:

  • The Swamp Dwellers (encenada em 1958; publicada em 1963).
  • The Lion and the Jewel (encenada em 1959; publicada em 1963).
  • The Trial of Brother Jero (encenada em 1960; publicada em 1963).
  • A Dance of the Forests (encenada em 1960; publicada em 1963).
  • Kongi’s Harvest (encenada em 1965; publicada em 1967).
  • The Strong Breed (encenada em 1966; publicada em 1963).
  • Madmen and Specialists (encenada em 1970; publicada em 1971).
  • Jero’s Metamorphosis (encenada em 1974; publicada em 1973).
  • The Road (1965) and Death and the King’s Horseman (1975): (encenadas em 1976).
  • The Bacchae of Euripides (1973),reescreveu the Bacchae for the African stage and in Opera Wonyosi (encenada em 1977, publicada em 1981).
  • A Play of Giants (1984).
  • Requiem for a Futurologist (1985).

Romances:

  • The Interpreters (1965).
  • Season of Anomy (1973).
  • Chronicles from the land of happiest people on Earth: a novel (2021).

Autobiografias/ Memórias:

  • The Man Died: Prison Notes (1972).
  • Aké: the years of childhood (1981).

Ensaios literários, em:

  • Myth, Literature and the African World (1975).

Poemas, em:

  • Idanre, and Other Poems (1967).
  • Poems from Prison (1969).
  • A Shuttle in the Crypt (1972).
  • Ogun Abibiman (1976).
  • Mandela’s Earth and Other Poems (1988).

PRÊMIOS EM DESTAQUE

1967: John Whiting Award – por The Interpreters (1965).

1983: The Annual Anisfield-Wolf Book Awards (Non fiction) – por Aké: the years of childhood (1981).

1986: Prêmio Nobel de Literatura, por “numa ampla perspectiva cultural e com tons poéticos que moldam o drama da existência”.

2013: The Annual Anisfield-Wolf Book Awards (Lifetime Achievement) – por The Man Died: Prison Notes of Wole Soyinka (1972).

Aké: os anos de infância (Aké: the years of childhood, 1981) – considerado um dos 12 melhores livros africanos do século XX (ASC Library).

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EDITORA KAPULANA ANUNCIA O VENCEDOR NA CATEGORIA ‘ROMANCE’ DO ‘SEJA NOSSO AUTOR’ de 2019

A BOCA DO MURO, de Bruno Honorato, foi o livro vencedor, na categoria Romance da edição de 2019 do ‘Seja Nosso Autor’, seleção de obras literárias promovida anualmente pela editora Kapulana.

O romance A BOCA DO MURO, de Bruno Honorato, é a obra selecionada pela Kapulana para publicação em 2020. As inscrições para a edição de 2019 estiveram abertas para obras em prosa de ficção (contos e romances).

A boca do muro, primeiro livro do autor, se destaca por trazer à tona a discussão de questões sociais e culturais de moradores marginalizados das grandes cidades. A narrativa acompanha um grupo de quatro amigos pixadores da periferia da cidade de São Paulo, que se denominam ALKIMISTAS. A obra apresenta um toque de literatura fantástica e linguagem forte próxima da oralidade.

O brasileiro Bruno Honorato é tradutor, estudioso de literatura e começou a exercer a arte da ficção há três anos, após ter participado de várias oficinas literárias e cursos de preparação de escritor.

Na categoria Romance, o vencedor foi Mário Medeiros, com seu livro Numa esquina do mundo, a ser editado no primeiro semestre de 2020.

Em breve a Editora Kapulana anunciará o regulamento completo da edição do SEJA NOSSO AUTOR 2020, em seu site: https://www.kapulana.com.br/seja-nosso-autor/

Saiba mais:

sobre o escritor Bruno Honorato.
sobre o livro A boca do muro.

[Atualizada em 17 de fevereiro de 2020.]

 

 

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BRUNO HONORATO

BRUNO HONORATO é tradutor, artista e dono de bar. Nasceu em 1983, no Rio de Janeiro, na Baixada Fluminense. Cresceu em São Paulo, ama São Paulo, cidade que foi musa de seu primeiro livro, A boca do muro.

OBRA DA KAPULANA

A boca do muro, 2020. [Em edição]

PRÊMIOS E DESTAQUES

2019 – Vencedor, na categoria Romance, do concurso “Seja Nosso Autor”, de 2019, promovido pela Editora Kapulana.

2018 – Selecionado para o CLIPE, Curso Livre de Preparação do Escritor, promovido anualmente pela Casa das Rosas, em São Paulo.

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FELIPE TOGNOLI

FELIPE TOGNOLI, artista brasileiro, é ilustrador de obras para crianças e jovens. É palhaço e arte-educador. Participa de projetos envolvendo o universo lúdico das crianças, organiza e ministra oficinas em diversos espaços culturais e é mediador em exposições em museus e organizações culturais.

É o ilustrador de dois livros da Kapulana, Ilha e Ovelha Colorida.  

OBRAS DA KAPULANA

OUTRAS PUBLICAÇÕES:

  • 2019 – Meninas incríveis, organizado por Ana Paula Sefton.
  • 2018 – As tarraxinhas, de Tarsila Maria Teixeira.
  • 2017 – O que a gente come: histórias e receitas do que aparece no seu prato, de Clarice Uba e Piero Franchini.
  • 2016 – Pé de sonho, de Amanda Lioli, Brunna Talita e Li Albano.
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CAROLINA PORTELLA

CAROLINA PORTELLA, brasileira, é atriz e arte-educadora.

Artista brasileira, atua como arte-educadora e ministra oficinas de práticas cênicas. É atriz do coletivo “Teatro da Neura” e exerce atividades como gestora e professora de Teatro no “Espaço N de Arte e Cultura” – sede da companhia. É arte-educadora pelo Programa Vocacional da Prefeitura de São Paulo.

É autora de Ovelha Colorida, seu primeiro livro, que faz parte de um projeto conjunto com Mariana Rhormens e Felipe Tognoli.

OBRA DA KAPULANA

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PEPETELA É FINALISTA DO PRÊMIO OCEANOS e VENCEDOR DO Prémio Literário CASINO DA PÓVOA

PEPETELA, consagrado escritor angolano, foi um dos 10 finalistas no prêmio OCEANOS 2019, e vencedor do Prémio Literário Casino da Póvoa de 2020, com o romance SUA EXCELÊNCIA, DE CORPO PRESENTE, a ser publicado pela Editora Kapulana em 2020. 

Sua Excelência, de corpo presente, publicado pela D. Quixote em 2018, e a ser publicado no Brasil pela Kapulana em 2020, foi obra finalista do Prêmio Oceanos 2019 e vencedora do Prémio Literário Casino da Póvoa, 21a. ed. do Festival Correntes d’Escritas de 2020. Nesse surpreendente romance, o protagonista, narrador, é um ditador africano já morto. Pepetela, a partir das reflexões do defunto, em seu próprio velório, nos apresenta um quadro político e social de um país africano.

Pepetela esteve no Brasil recentemente para lançar o romance O quase fim do mundo, e para divulgar O cão e os caluandas, ambos publicados pela Kapulana em 2019. Participou de várias atividades, como sessões de autógrafos e bate-papos com leitores. Concedeu também entrevistas.

“Aquilo que li, vivi e fui aprendendo influencia, sim. Muito da minha vida está nesses livros.”

PEPETELA (Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos) nasceu em Benguela, Angola, em 1941. Estudou em Portugal e depois, por motivos políticos, esteve na França e na Argélia, onde militou na representação do MPLA (Movimento Popular pela Libertação de Angola). Em 1969, vai para Angola e participa ativamente da luta de libertação do país africano. Em Cabinda foi simultaneamente guerrilheiro e responsável no setor da educação, quando adota o nome de guerra Pepetela, adotado depois como pseudônimo literário. Em 1972, foi transferido para a Frente Leste de Angola, onde desempenhou a mesma atividade até ao acordo de paz de 1974 com o governo português. Seu primeiro livro, As aventuras de Ngunga, foi escrito em 1973, durante a guerrilha. Após a independência do país, exerceu cargos no governo, na área de educação, tendo sido vice-ministro de Educação.

De 1973 até agora não parou de escrever obras de ficção, muitas delas premiadas.

Para saber um pouco mais sobre o autor e seus livros, veja:
https://www.kapulana.com.br/pepetela/

[Atualizada em 02 de abril de 2020.]