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Editora Kapulana anuncia lançamento no Brasil de mais um livro de PEPETELA: AS AVENTURAS DE NGUNGA

A Editora Kapulana lança no Brasil, em agosto, edição de aniversário de AS AVENTURAS DE NGUNGA, de Pepetela

A Editora Kapulana lança no Brasil, em 31 de agosto de 2023, mais um livro de Pepetela, As aventuras de Ngunga, clássico da literatura africana. Trata-se de uma edição especial comemorativa dos 50 anos dessa obra, que teve sua primeira publicação em 1973.

As aventuras de Ngunga foi o primeiro livro publicado do angolano Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, que adotou o nome PEPETELA, como era conhecido no MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola).  Foi escrito em 1972, durante a guerrilha na luta de libertação de Angola contra Portugal, e publicado pela primeira vez em 1973.

A obra é resultado da experiência do autor como guerrilheiro que atuava na educação dos meninos (pioneiros). A partir de sua vivência na selva, como guerrilheiro e como educador, e da criação de textos de leitura para as crianças, surge essa sensível obra, em que a história de um menino de 13 anos, Ngunga, representa também a história de uma nação.

Em seu percurso por rios e terras, Ngunga conhece personagens inesquecíveis que despertam fortes emoções nos leitores, como o Comandante Nossa Luta, o Comandante Mavinga, o Comandante Avança, o Presidente Kafuxi, o professor União, a bela Uassamba, a menina Imba, o jovem Chivuala e o velho Livingue.

As aventuras de Ngunga é o 6o. livro de Pepetela  que a Kapulana lança no Brasil. A editora já publicou O cão e os caluandas (2019), O quase fim do mundo (2019), Sua Excelência, de corpo presente (2020), O desejo de Kianda (2021) e Jaime Bunda, Agente Secreto (2022).

Na edição brasileira, a capa e as ilustrações são de Mariana Fujisawa, e o projeto gráfico é de Daniela Miwa Taira.

TRECHOS:

“Ngunga é um órfão de treze anos. Os pais foram surpreendidos pelo inimigo, um dia, nas lavras. Os colonialistas abriram fogo. O pai, que era já velho, foi morto imediatamente. A mãe tentou fugir, mas uma bala atravessou-lhe o peito. Só ficou Mussango, que foi apanhada e levada para o posto.”

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“A verdade ele não dizia. Que procurava então o Ngunga? É simples: queria saber se em toda a parte os homens são iguais, só pensando neles. As pessoas da zona do Kembo pareciam melhores, davam comida mais facilmente. No entanto, ele pensava que era só aparência. Todos perseguiam um fim escondido.”

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“Mais tarde, as mulheres reuniram-se no terreiro de chinjanguila, e a dança começou. Os guerrilheiros e o povo imitaram as mulheres. Também Ngunga e Imba, e as outras raparigas.”

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“O povo veio com as crianças. O Comandante falou-lhes. A escola já estava pronta, podiam começar as aulas. O professor União tinha sido enviado de longe pelo Movimento, para ensinar. No tempo do colonialismo, ali nunca tinha havido escola, raros eram os homens que sabiam ler e escrever. Mas, agora o povo começava a ser livre.”

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RIOS e algum VOCABULÁRIO em As aventuras de Ngunga:

  • Rios Kwanza, Kuíto, Kwando, Kuembo, Kontuba.
  • alambamento (ou alembamento): espécie de dote que a família do noivo oferece à família da noiva, por ocasião do pedido de casamento; pode ser em moeda ou em bens.
  • chinjanguila:  dança de roda tradicional e particular da região sudeste de Angola; durante a luta armada de libertação, também nome dado a arma artesanal.
  • fuba: farinha de mandioca, ou de milho.
  • kimbo (umbundo): povoado, aldeia.
  • matabicho (mata-bicho): primeira refeição do dia; pequeno almoço; café da manhã.
  • pioneiros: jovens que participaram da Luta de Libertação de Angola.
  • quinda: espécie de cesto de palha.

O LIVRO: https://www.kapulana.com.br/produto/as-aventuras-de-ngunga/

O AUTOR: https://www.kapulana.com.br/pepetela/

SOBRE A OBRA:

Jofre Rocha (Angola): “Tenho a agradecer ao talento de Pepetela em As aventuras de Ngunga, a perícia com que nos transporta para o universo dos homens que fazem a História, de que ele próprio faz parte, num plano de realidade crua mas humanizante, onde se entrechocam culturas, reminiscências do passado, avanços e recuos, crendices, afectos desencontrados.”

Mia Couto (Moçambique): “A escrita de Pepetela transporta-nos para as histórias da nossa História com a proximidade de quem vive por dentro a realidade angolana e a distância de quem sonhou um outro mundo.”

Rita Chaves (Brasil): “Mais que de um só escritor, em As aventuras de Ngunga temos um livro de um tempo e de um lugar. É a expressão de uma utopia que tomou conta de muitas gerações, de uma gente capaz de suspender o medo e, em seu lugar, erguer a esperança.”

Luís Bernardo Honwana (Moçambique): “E porque já tinha lido As aventuras de Ngunga e sabia de tudo quanto na altura já se tinha difundido sobre a génese desse livro, senti-me imediatamente amigo de Pepetela, sem embargo do seu trato meio sacudido a que a hirsutez de aspecto não fazia senão acentuar. “

Francisco Noa (Moçambique): “Trata-se de uma das obras que, ao lado de Luuanda de Luandino Vieira, Nós matámos o Cão Tinhoso! de Luís Bernardo Honwana, Quem me dera ser onda de Manuel Rui, preencheu, de forma prodigiosa, a nossa imaginação de adolescentes, em plena ebulição revolucionária e que envolveu as nossas independências na década de 70.”

Carmen Tindó Secco (Brasil): “As aventuras de Ngunga é um livro encantador. […] A narrativa, assemelhando-se a uma singela epopeia do MPLA, erige o protagonista, Ngunga, como “pioneiro sem mácula”, “herói mítico”, amante dos pássaros, dos rios, da natureza.”

José Luís Cabaço (Moçambique): “Antes de ser amigo do Pepe eu já me sentia seu companheiro de jornada, juntos na mesma picada, sonhando sonhos paralelos. […] Neste caleidoscópio de entusiasmos, certezas e angústias me veio parar às mãos outro livro de Pepetela escrito nos anos da luta de libertação: As aventuras de Ngunga.”

Inocência Mata (São Tomé e Príncipe): “Gosto da simplicidade da escrita de As Aventuras de Ngunga, gerada na efervescência da luta de libertação nacional. Uma narrativa que me faz lembrar essoutra, anos depois, A Montanha da Água Lilás (2000): a diferença entre as duas não é de natureza, é de tempo – tal como esta novela, também As Aventuras de Ngunga é uma “Fábula para Todas as Idades”.

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[Atualizada em 16 de agosto de 2023.]