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Editora Kapulana lança no Brasil 2º livro de Tsitsi Dangarembga – O LIVRO DO NÃO

O livro do Não, da escritora do Zimbábue, Tsitsi Dangarembga, é o 2º da trilogia iniciada com Condições Nervosas

A Kapulana lança em 07 de fevereiro de 2022 O Livro do Não, de autoria da escritora e ativista zimbabuana Tsitsi Dangarembga, com tradução de Carolina Kuhn Facchin.

O livro do Não é o segundo livro de uma trilogia composta por: Nervous conditions, The book of Not e This mournable body. A Kapulana lançou o primeiro volume em 2019 (Condições nervosas) e agora lança o 2º: O livro do Não. O 3º livro já está em processo de tradução.

A protagonista da trilogia é Tambu (Tambudzai Sigauke) uma adolescente de origem shona. No primeiro livro (Condições Nervosas), Tsitsi Dangarembga conta como foi a infância de Tambu com seus pais e irmãos em uma aldeia nos arredores de Umtali, na Rodésia, nos anos 60 do século XX, quando o país estava sob domínio britânico. Depois da Independência, o país passou a se chamar Zimbábue, e a cidade, Mutare. No primeiro livro, Tambu estudava numa escola missionária na aldeia onde seu tio Babamukuru era o diretor. Nesse segundo livro da trilogia, O LIVRO DO NÃO, duas outras fases da vida de Tambu são retratadas: sua vida escolar em um internato para moças, na sua maioria brancas, e o início de sua vida profissional em uma agência de publicidade, após curta experiência como professora.

Após finalizar os estudos primários em sua aldeia natal, Tambu vai estudar na Escola para Moças Sagrado Coração, colégio secundário religioso para alunas da elite branca, um internato que mantinha algumas vagas para alunas negras. Depois de formada, Tambu vai trabalhar como redatora em uma empresa de marketing em Harare (antes Salisbury), capital do país e passa a morar em um pensionato, também com maioria de residentes brancas. Nesses dois momentos de sua vida, Tambu esforça-se para atingir níveis de excelência, mas não tem sucesso por sofrer discriminações de todo o tipo. Além disso, é confrontada com situações em que sua identidade é colocada à prova. A história se passa nos momentos finais da luta de libertação do país até sua independência, em 1980. Tambu, por ser de família negra, e ter estudado em colégio de elite para meninas brancas, passa a questionar os valores com que foi educada, ao mesmo tempo em que convive com os representantes do país colonizador e também com os que lutam pela independência do país, sua irmã Netsai e seu tio Babamukuru, por exemplo.

Tsitsi Dangarembga traz corajosamente à tona os resultados devastadores das ações destruidoras do sistema colonial inglês sobre a cultura e a formação de jovens como Tambudzai Sigauke. É um livro que, além de aproximar o leitor da história de um país pouco conhecido dos leitores brasileiros, emociona ao mostrar a saga de uma personagem sempre em processo de reflexão e luta, da mesma forma que a autora dessa incrível trilogia.

TRECHOS

Mai, nossa mãe, caiu. E não se levantou. Assim, novamente, algo foi exigido de mim. Eu era a menina mais velha, a filha mais velha, agora que dois irmãos estavam mortos. Esperava-se que eu agisse de forma apropriada. Então me levantei do pano Zâmbia estendido na areia que minha mãe tinha me lembrado de trazer, movendo-me lentamente, primeiro engatinhando sobre os joelhos e as mãos como uma velha, e mantendo minha cabeça baixa para invocar a paz que vem com não ver, a paz que eu tinha em tempos de guerra.

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“É horrível, né?” Ela também estava olhando pela janela. “Olha todo o combustível que gastamos apenas tendo medo. Você não tem medo, Tambu? Eu tenho! Como vamos conseguir todas essas coisas? Não vejo a gente chegando lá antes de ficarmos sem combustível.”

TSITSI DANGAREMBGA

Tsitsi Dangarembga é escritora e cineasta nascida na Rodésia, hoje Zimbábue. Iniciou sua educação na Inglaterra, onde viveu parte da infância, e concluiu o ensino básico em uma escola missionária na cidade de Mutare, Zimbábue. Estudou direção de cinema em Berlim, na Alemanha, onde produziu diversos filmes. Atualmente, Tsitsi Dangaremgba vive com a família em Harare, capital do Zimbábue, onde fundou uma produtora de filmes, a Nuyerai Films. Feminista e ativista, é idealizadora e diretora de diversos projetos e programas que dão suporte financeiro e técnico para mulheres que atuam como artistas e cineastas no Zimbábue e na África como um todo. É autora de livros de ficção e para teatro e cinema. Dois deles já publicados pela Kapulana (Condições Nervosas e O livro do Não) e um em processo de edição (This mournable body). Recebeu vários prêmios, os mais recentes em 2021: “2021 Pen Pinter Prize” e “Prêmio da Paz na Feira do Livro de Frankfurt” (Peace Prize of the German Book Trade).

Mais dados sobre o livro e a autora em:

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[19 de janeiro de 2022]