Frutos estranhos pendurados na mulemba

O romance Frutos estranhos pendurados na mulemba, do angolano Boaventura Cardoso, é uma obra de ficção inovadora, não só quanto ao tratamento temático como na sua composição literária.

A partir da voz e lembranças de Pedro Mandinga, passamos a conhecer a história de seus antepassados – seu bisavô e seu avô – e da sua família recente: as três mulheres e seus filhos. Pedro escapa de um campo de concentração e chega à ilha de Kolimá, onde se estabelece como chefe e patriarca supremo. Além disso, outras vozes também nos contam a história da família de Pedro e de períodos históricos de Angola, como Renata, pesquisadora, filha de um relacionamento anterior de Nucha, uma das três esposas de Pedro. 

O título do livro tem como referência uma canção interpretada por Billie Holiday que se tornou um hino contra o racismo – Strange Fruits:

Southern trees bear a strange fruit
Blood on the leaves and blood at the root
Black bodies swinging in the Southern breeze
Strange fruit hanging from the poplar trees

A capa da edição brasileira é de Mariana Fujisawa.

   
Categoria:

Frutos estranhos pendurados na mulemba, do angolano Boaventura Cardoso faz parte da série “Vozes da África”, da Editora Kapulana. 

Frutos estranhos pendurados na mulemba é o segundo livro de Boaventura Cardoso que a Kapulana publica no Brasil. O primeiro foi Margens e travessias.

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Algum vocabulário:

  • Haka! (interj.): Irra!
  • Kalú (kaluanda): natural de Luanda.
  • Kimbanda: adivinho; adivinho-curandeiro.
  • Kota: Mais-velho (subst.); ancião; anciã; pessoa sábia.
  • Maka: discussão; problema.

Alguns trechos:

Tina só mais tarde revelaria que durante três noites consecutivas tinha ouvido vozes estranhas a lhe vozearem; pareciam que cantavam. corpos negros swinging na mulemba.

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“Era no njango principal que se reuniam os habitantes da Ilha para conversar e discutir sobre como organizar a vida em comunidade. As mulheres não participavam porque não lhes era reconhecida competência para discutir nos assuntos da comunidade; que elas ficassem só nos-que-fazer-da-casa.”

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“Para além disso, em certas árvores havia frutos que ninguém devia comer pois representavam almas de pessoas que tinham sido assassinadas durante as lutas contra a ocupação colonial e da luta de libertação nacional frutas estranhas penduradas nos álamos.”

Autor

Série

Idioma

País de origem

Formato

brochura, e-book

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