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LUÍS CARLOS PATRAQUIM

LUÍS CARLOS PATRAQUIM nasceu em Maputo, Moçambique, em 1953. Entre 1973 e 1975, foi refugiado político na Suécia.

Ao retornar a Moçambique, fundou, com outros escritores, a Agência de Informação de Moçambique (AIM), trabalhou no Instituto Nacional de Cinema (INC) de Moçambique, foi redator do jornal cinematográfico “Kuxa Kanema” e colaborador na imprensa moçambicana.

Em 1986, deixou Moçambique fixando-se em Portugal, onde continuou seu trabalho como roteirista e colaborador editorial.

Em sua vasta obra publicada em prosa, poesia e teatro, inspira-se em temas do passado e do presente, retratando o amor, a mulher, o mar e o sonho. Em 1995, em Moçambique, ganhou o “Prémio Nacional de Poesia”.

 

OBRAS DA KAPULANA

OUTRAS PUBLICAÇÕES

  • Monção. Lisboa: Edições 70; Maputo: Instituto Nacional do Livro e do Disco, 1980.
  • A inadiável viagem. Maputo: Associação dos Escritores Moçambicanos, 1985.
  • Vinte e tal novas formulações e uma elegia carnívora. Lisboa: ALAC, 1992.
  • Mariscando luas. Lisboa: Vega, 1992.
  • Lidemburgo blues. Lisboa: Caminho, 1997.
  • O osso côncavo e outros poemas (1980-2004). Lisboa: Caminho, 2005.
  • O osso côncavo. São Paulo: Escrituras, 2008.
  • Pneuma. Lisboa: Caminho, 2009.
  • A canção de Zefanías Sforza. Lisboa: Porto, 2010.
  • Antologia poética. Belo Horizonte: UFMG, 2011.
  • Matéria concentrada. Maputo: Ndjira, 2011.
  • Enganações de boca. Maputo: Alcance, 2011.
  • Ímpia Scripta. Maputo: Alcance, 2012.
  • Manual para incendiários e outras crónicas. Lisboa: Antígona, 2012.
  • O escuro anterior. Lisboa: Companhia das Ilhas, 2013.
  • O Deus Restante. Maputo: Cavalo do Mar, 2017.

PRÊMIOS

  • Prémio Nacional de Poesia, Moçambique, 1995.
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ALEXANDRE DUNDURO

ALEXANDRE DUNDURO nasceu na cidade da Beira, em Moçambique, em 1987. Formado em Relações Internacionais e Diplomacia, segue a carreira de pesquisador e consultor desde 2012. Ativista cultural, está envolvido em iniciativas juvenis de promoção da Cultura e da Literatura Infantojuvenil em Moçambique. É cofundador do grupo Clube de Leitura no Instituto Superior de Relações Internacionais.

É membro ativo da plataforma online de literatura jovem moçambicana, Lidilisha, onde tem publicado vários textos, na sua maioria poesia. Atualmente, desenvolve e implementa projetos de desenvolvimento social, ambiental e cultural e colabora em vários projetos como consultor e pesquisador.

OBRAS DA KAPULANA

O casamento misterioso de Mwidja, Contos de Moçambique, v. 4, 2017.

OUTRAS PUBLICAÇÕES

  • O casamento misterioso de Mwidja. Maputo: Escola Portuguesa de Moçambique; Barcelona: Fundació Contes pel Món, 2013.
  • Antologia – Aunt Mavo’s Labours: A story from Mozambique, Inanna Publications, Canadá, 2014.
  • Antologia – SÄRJETTY MAA, SIEMENPUU, Finlândia, 2015.
  • Mutondi, o tocador de Timbila, Beira: Fundza, 2017.
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CONTOS AFRICANOS PARA CRIANÇAS

Contação de história dos livros O jovem caçador e a velha dentuça e Kalimba.

QUANDO: 04/02/2017 – 16h

ONDE: Livraria Cultura  Shopping Market Place

Av. Dr. Chucri Zaidan, 902 – Vila Cordeiro, São Paulo – SP


 

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CONTOS DE MOÇAMBIQUE

Contação de história dos livros As armadilhas da floresta e A viagem.

QUANDO: 22/01/2017 – 16h

ONDE: Livraria Cultura Conjunto Nacional

Av. Paulista, 2073 – Consolação, São Paulo – SP

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LITERATURA INCLUSIVA PARA CRIANÇAS

Contação de história do livro Serei sereia?.

QUANDO: 15/01/2017 – 16h

ONDE: Livraria Cultura do Bourbon Shopping São Paulo

R. Palestra Itália, 500 – Vila Pompeia, São Paulo – SP, 03178-200

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POESIAS AFRICANAS PARA CRIANÇAS

Contação de história dos livros Sonho da Lua e Viagem pelo mundo num grão de pólen e outros poemas.

QUANDO: 14/01/2017 – 16h às 17h

ONDE: Livraria Cultura Villalobos

Shopping Villa Lobos – Av. das Nações Unidas, 4777 – 245

Jardim Universidade Pinheiros, São Paulo – SP

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Ungulani Ba Ka Khosa, autor moçambicano, lança no Brasil seu livro Orgia dos loucos

Ungulani Ba Ka Khosa, autor do livro O rei mocho, lança seu novo livro no Brasil, Orgia dos loucos, pela Editora Kapulana

Ungulani Ba Ka Khosa é Diretor do Instituto Nacional do Livro e do Disco (INLD) e Secretário-geral da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO). Escreveu muitos livros, vários deles premiados. Autor dos livros O rei mocho (infantil) e Orgia dos loucos (contos), da Editora Kapulana, Ungulani Ba Ka Khosa esteve no Brasil entre os dias 04 e 11 de dezembro de 2016, para participar de eventos em Recife e São Paulo.

Em 6 de dezembro de 2016, às 18h30,  em Recife, Pernambuco, o renomado escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa, participou do lançamento de seu livro Orgia dos loucos, pela Editora Kapulana, durante o “VI Encontro de Professores de Literaturas Africanas/ II Afrolic Dizer Áfricas: vozes, literatura, mulher”, na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). A diretora da Kapulana, apresentou os protagonistas da edição brasileira de Orgia dos loucos. A mesa de lançamento teve mediação da Profa. Dra. Carmen Tindó Secco, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A prefaciadora Vanessa Teixeira falou de sua pesquisa sobre a obra de Ungulani Ba Ka Khosa e sobre seu prefácio para o livro Orgia dos loucos. O autor falou sobre seu processo criativo da obra, enquanto Mariana Fujisawa, ilustradora, explicou o processo artístico e as técnicas utilizadas na edição. Ao final do evento, houve sessão autógrafos para os presentes. Na mesma ocasião, os participantes fizeram o lançamento, em território pernambucano, do livro Sangue Negro, de Noémia de Sousa, a Mãe dos Poetas Moçambicanos.

Em 7 de dezembro, ainda no “VI Encontro de Professores de Literaturas Africanas/ II Afrolic Dizer Áfricas: vozes, literatura, mulher”, Ungulani Ba Ka Khosa participou da mesa de encerramento do evento, intitulada “O lugar da literatura e das humanidades nos estudos africanos”, com mediação do Prof. Dr. Benjamin Abdala Júnior, da Universidade de São Paulo (USP). Os presentes falaram sobre aspectos da criação literária e da obra de Ungulani, e abriram perguntas para discussão com o público.

Em 8 de dezembro de 2016, das 19h30 às 21h, em São Paulo, SP, a Editora Kapulana promoveu a participação de Ungulani Ba Ka Khosa em evento na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), denominado “Conversa com Ungulani Ba Ka Khosa, escritor moçambicano”. A editora da Kapulana apresentou os participantes da mesa, que foi mediada pelo Prof. Ubiratã Sousa (USP), pesquisador da obra de Ungulani, e contou com as presenças do autor e da ilustradora de Orgia dos loucos, e do renomado professor moçambicano José Luís Cabaço. Foram colocados em pauta temas como: cultura e literaturas africanas de língua portuguesa, literatura moçambicana, a obra de Ungulani Ba Ka Khosa e, principalmente, aspectos da criação literária e das ilustrações nos contos de Orgia dos loucos. Ao final do evento, houve sessão de autógrafos. O evento contou com o apoio do CEA (Centro de Estudos Africanos) e do CELP (Centro de Estudos das Literaturas e Culturas de Língua Portuguesa), ambos da Universidade de São Paulo.

Em 9 de dezembro de 2016, o escritor visitou a Editora Kapulana e acompanhou a dinâmica de trabalho da equipe da editora. Concedeu entrevistas em áudio e vídeo a Clarissa Wolff, do canal “A redoma de livros” e a Bárbara Ferreira Santos, correspondente no Brasil da “Rádio Voice of America”, que faz transmissões para países africanos de língua portuguesa. Concedeu ainda entrevista à Rádio Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho).

A equipe agradece a todos que apoiaram as atividades de Ungulani Ba Ka Khosa no Brasil, tornando possível a aproximação entre o escritor moçambicano e seus leitores brasileiros.

Acompanhe as novidades, que serão atualizadas diariamente no site e nas redes sociais da Editora Kapulana.

 

São Paulo, 09 de dezembro de 2016.

 

Fotos das atividadeshttps://www.kapulana.com.br/5-a-7122016-lancamento-de-orgia-dos-loucos-de-ungulani-ba-ka-khosa-na-afrolic-em-recife-pe/

https://www.kapulana.com.br/08122016-conversa-com-ungulani-ba-ka-khosa-na-fflch-usp-em-sao-paulo-sp/ 

https://www.kapulana.com.br/09122016-ungulani-ba-ka-khosa-na-editora-kapulana/

Vídeo “Ungulani Ba Ka Khosa lê trecho de conto de seu novo livro Orgia dos loucos”https://youtu.be/75wAx9U9rUA

Entrevista de Ungulani Ba Ka Khosa ao canal A redoma de livros: http://www.catarticos.com.br/doce/entrevista-ungulani-ba-ka-khosa/

Entrevista de Ungulani Ba Ka Khosa à Rádio Voice of America: https://www.youtube.com/watch?v=0OUIaDeKdMc

Enrevista de Ungulani Ba Ka Khosa à Rádio Unesp: em breve.

Sobre o autor Ungulani Ba Ka Khosa: https://www.kapulana.com.br/ungulani-ba-ka-khosa/

Sobre o livro Orgia dos loucos: https://www.kapulana.com.br/produto/orgia-dos-loucos/

Sobre o livro O rei mocho: https://www.kapulana.com.br/produto/o-rei-mocho/


 

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Sangue Negro, da moçambicana Noémia de Sousa, no Brasil, pela Editora Kapulana

A Editora Kapulana faz lançamento nacional de Sangue Negro, de Noémia de Sousa, a Mãe dos Poetas Moçambicanos, pela primeira vez no Brasil

SANGUE NEGRO, da moçambicana Noémia de Sousa (1926-2002), é obra fundamental que marcou as gerações de poetas africanos. É composta por 46 poemas, inicialmente publicados esparsamente em jornais, que retratam a luta dos oprimidos na época colonial de Moçambique. São poemas que representam a voz dos negros, das mulheres e dos trabalhadores oprimidos.

O conjunto de poemas teve duas edições moçambicanas (2001 e 2011) e agora chega finalmente ao Brasil pela Editora Kapulana. Primeira edição brasileira, a obra apresenta rigor no tratamento dos textos.

A Kapulana optou por manter a grafia original dos textos, sem atualizações, de forma a que as particularidades da poesia de Noémia não se perdessem, como a sonoridade e o ritmo dos versos. Notas elucidativas foram inseridas no texto principal. Notas finais sobre termos de línguas locais foram devidamente organizadas com o auxílio de estudiosos de literaturas africanas de língua portuguesa do Brasil e de Moçambique.

Além dos 46 poemas de Noémia de Sousa, a edição brasileira conta com importante prefácio da pesquisadora brasileira Profa. Dra. Carmen Lucia Tindó Secco, e com uma seção de inestimável valor artístico denominada “Mensagens para Noémia”. São textos em prosa, em versos e ilustrados; de amigos, parentes, conhecidos, artistas plásticos, poetas, prosadores, estudiosos, ativistas culturais; mais jovens, mais velhos; brasileiros, moçambicanos, angolanos, portugueses, goeses.  Mariana Fujisawa, artista brasileira, ilustra a obra, inclusive com retratos inéditos de Noémia de Sousa.

Para o lançamento no Brasil do icônico livro da Mãe dos Poetas Moçambicanos, a Kapulana participou de dois grandes eventos literários: a II Pré-balada Literária da Bahia e a Balada Literária de São Paulo.

A II Pré-balada Literária da Bahia aconteceu nos dias 11 e 12 de novembro de 2016, na Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris). O lançamento do livro Sangue negro ocorreu no dia 11/11, às 17h, com leitura interpretada de alguns poemas de Noémia de Sousa por Lúcia Santos e Luíza Santos e intervenção visual com Pablo Dinada e Zezé Olukemi.

A Balada Literária de São Paulo realizou-se entre os dias 23 e 27 de novembro de 2016. O lançamento do livro Sangue negro, intitulado “Um canto para Noémia de Sousa”, aconteceu no dia 26 de novembro, na Biblioteca Alceu Amoroso Lima, às 16h30.

O evento contou com apresentação especial do “Sarau das Pretas”, grupo formado por quatro escritoras/poetizas negras paulistanas, que declamaram alguns poemas de Noémia de Sousa com a mesma força que a autora escreve no seu livro. Enquanto os poemas eram declamados, a ilustradora do livro, Mariana Fujisawa, realizou uma intervenção artística na Balada. Também aconteceram performances literárias com os escritores Nelson Maca e Raffa Carvalho.

 

A Editora Kapulana agradece a todos que ajudaram a concretizar este belíssimo trabalho na Pré-balada Literária de Salvador e na Balada Literária de São Paulo, em especial o escritor Marcelino Freire, que tornou possível o lançamento do livro Sangue negro, de Noémia de Sousa, com muito carinho e dedicação.

São Paulo, 28 de novembro de 2016.

Veja fotos do evento: https://www.kapulana.com.br/26112016-um-canto-para-noemia-de-sousa-lancamento-de-sangue-negro-de-noemia-de-sousa-na-balada-literaria-2016-em-sao-paulo-sp/ 

Veja as fotos da Pré-Balada: https://www.kapulana.com.br/11-e-12-112016-lancamentos-de-a-noiva-de-kebera-de-aldino-muianga-e-de-sangue-negro-de-noemia-de-sousa-ii-pre-balada-literaria-da-bahia-biblioteca-dos-barris-salvador-ba/

Saiba mais sobre o livro Sangue negro: https://www.kapulana.com.br/produto/sangue-negro/ 

Saiba mais sobre a escritora Noémia de Sousa: https://www.kapulana.com.br/noemia-de-sousa/

Saiba mais sobre a ilustradora Mariana Fujisawa: https://www.kapulana.com.br/mariana-fujisawa/

 


 

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CONVERSA COM UNGULANI BA KA KHOSA, ESCRITOR MOÇAMBICANO, COM A PRESENÇA DA ILUSTRADORA MARIANA FUJISAWA

QUANDO: 08/12/2016 – 19h30

ONDE: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP

Sala 266 do Prédio Didático de Letras

Av. Prof. Luciano Gualberto, 315 – 05508-010 – São Paulo, SP

Saiba mais sobre o livro Orgia dos loucoshttp://18.231.27.148/orgia-dos-loucos-ungulani-ba-ka-khosa-literatura-africana-mocambique/

Saiba mais sobre o escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa: http://18.231.27.148/biografia-de-ungulani-ba-ka-khosa/

Saiba mais sobre a ilustradora Mariana Fujisawa: http://18.231.27.148/biografia-de-mariana-fujisawa/

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VI ENCONTRO DE PROFESSORES DE LITERATURAS AFRICANAS /II AFROLIC “DIZER ÁFRICAS: VOZES, LITERATURA, MULHER”

QUANDO: de 05 a 07/12/2016

ONDE: Universidade Federal Rural de Pernambuco – Campus Dois Irmãos

BR 101 Sul, 5225 – Ponte dos Carvalhos

52171-900 – Recife/PE

 

06/12/2016 – 18h30

Lançamento do livro Orgia dos Loucos, de Ungulani Ba Ka Khosa

Lançamento do livro Sangue negro, de Noémia de Sousa

Sessão de autógrafos: Ungulani Ba Ka Khosa (AEMO-Moçambique)

Mediação: Profa. Dra. Carmen Tindó (UFRJ)

 

07/12/2016 – 19h00

O lugar da literatura e das humanidades nos estudos africanos

Ungulani Ba Ka Khosa (Moçambique)

Mediação: Prof.Dr. Benjamin Abdala Júnior (USP)

 

Saiba mais sobre o livro Orgia dos loucoshttp://18.231.27.148/orgia-dos-loucos-ungulani-ba-ka-khosa-literatura-africana-mocambique/

Saiba mais sobre o livro Sangue negrohttp://18.231.27.148/sangue-negro-de-noemia-de-sousa-literatura-africana-poesia-mocambique/

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Orgia dos Loucos: Moçambique sem saída de emergência, por Vanessa Ribeiro Teixeira

Orgia dos loucos, de Ungulani Ba Ka Khosa, publicado em 1990, funciona como um caleidoscópio vertiginoso sobre a realidade de Moçambique nas décadas que se seguiram à Independência. A obra, composta por nove contos, ficcionaliza as experiências de homens e mulheres marcados pela escassez, pela guerra, pelo aviltamento da cultura endógena, pela distopia. Deparamo-nos com uma série de escritos aparentemente desconexos, mas que logo se revelam profundamente dialogantes sob uma importante perspectiva: tudo parece estar “fora da ordem”.

“O prémio”, conto que abre o livro, focaliza os princípios de uma política assistencialista, que tem data, hora e local para se fazer presente, e retrata o desespero de uma jovem mulher na sua tentativa de adiar o parto iminente, vislumbrando as benesses destinadas aos primeiros nascidos de Junho, o emblemático mês da Independência, a despeito das urgências do corpo e da nova vida que se anuncia. Do mar à terra firme, da terra ao rio, a fome e a morte são a herança de uma família. O infortúnio se torna regra, entrecortado por raros lampejos de calmaria e fartura. Esses são os elementos norteadores de “A praga”. Por sua vez, a sensação de um tempo parado, alimentado por uma rotina tão decadente quanto inalterável, dá o tom de “A solidão do Senhor Matias”. O velho comerciante branco, reduzido aos limites de sua propriedade em ruínas e à convivência com seu velho empregado negro, amarga a impossibilidade de reencontrar o caminho do mar, rumo à Europa, visto sua alma ter sido amarrada à terra que ele mesmo ajudou a violentar e explorar.

A solidão também “sorri” para a vida de Dolores, protagonista das linhas dispersas de “Fragmentos de um diário”. A narrativa, tecida em primeira pessoa, abre-nos as portas da intimidade diária de uma mulher que, através de suas reflexões, potencializa a sua presença, mesmo quando ausente. A personagem, suicida e homicida, é reconduzida à vida através do discurso e traduz sua existência numa frase: “A vida é uma estupidez, uma anedota permanente, uma passarela de esquizofrénicos.” (p. 27). Tal declaração surge como mote para o desenrolar da trama de “Orgia dos loucos”, conto que dá nome ao livro. A realidade que se anuncia é tão avessa à ideia de humanidade, que só um estado alterado de consciência poderia com ela conviver. Por entre os escombros de seres que, um dia, foram homens, um jovem procura por seu pai. O corpo do mais velho está vivo, mas a vida não existe mais: “Ninguém está vivo. Estamos mortos. Somos espíritos angustiados à porta duma sepultura decente.” (p. 35)

A solidão e a morte, a solidão da morte, são experiências extremamente democráticas entre os espaços moçambicanos, desde os grandes centros urbanos até às recônditas províncias do interior. É o que “Morte inesperada” e “Exorcismo” comprovam. No primeiro conto, a modernidade mal gerida, representada por um elevador num país subdesenvolvido, vitima mais um homem. A imagem da cabeça a ser esmagada pela máquina alegoriza a força das estruturas de poder que se impõem cotidianamente, esmagando corpos e esperanças. Já em “Exorcismo”, as bases do poder castrador são estremecidas pela insurgência de forças sobrenaturais e veem-se obrigadas a ceder espaço a um saber ancestral, evocado quando o filho de um administrador local desaparece misteriosamente e seu corpo só é devolvido pelas águas após uma sequência de rituais classificados como “obscurantistas”. A cristalização dessa lógica de poder ganha colorações satíricas nas linhas de “A revolta”, quando um governante é tomado pela cólera ao deparar-se com uma folha de jornal onde sua foto estava estampada e “borrada por excrementos de desconhecida origem”. Diante da pergunta “Eu sou merda?”, o povo permanece calado. Apesar dos homens, o Homem e a Natureza resistem. Eis a mensagem do último conto, “Fábula do futuro”, que, numa narrativa articulada em três parágrafos, aponta para alguma esperança nos dias vindouros, inspirada pela constância democrática da natureza.       

Em Orgia dos loucos, todos os passos parecem caminhar para o fim, realidade sugerida, aliás, na recorrência de imagens e processos escatológicos que tecem os contos. Paradoxalmente, a experiência caótica do fim dos corpos, fim dos homens, fim do mundo, aponta, pela própria essência cíclica da vida, para a construção de outros começos.

Rio de Janeiro, 12 de outubro de 2016.

Vanessa Ribeiro Teixeira – Universidade Federal do Rio de Janeiro / UNIGRANRIO

Citar como:
TEIXEIRA, Vanessa Ribeiro.  “Orgia dos loucos: Moçambique sem saída de emergência”. 
Prefácio in: KHOSA, Ungulani Ba Ka. Orgia dos loucos. Ilustrações de Mariana Fujisawa. São Paulo: Kapulana, 2016. (Série Vozes da África)

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Artesanato, desenho, fotografia e ilustração digital – ilustrações de Luís Cardoso e Tomás Muchanga em “A viagem”, de Tatiana Pinto

Artesanato, desenho, fotografia, ilustração digital, manipulação e tratamento de imagens por computador são as diversas formas de arte utilizadas em A viagem para escapar do conceito mais comum de ilustração bidimensional.

O material utilizado são bonequinhos de arame revestidos de pequenas tiras de folhas secas de massaroca (milho), vestidos com pedacinhos de pano colorido que imitam a capulana, tradicional tecido moçambicano. Os bonequinhos, típicos da região Sul de Moçambique, usam alguns instrumentos de trabalho e utensílios, como pilão, cabaças, cestos e potes de barro.

A seguir, alguns dos passos percorridos por LUÍS CARDOSO, artista plástico, e TOMÁS MUCHANGA, um dos criadores desses “bonequinhos”:

PASSO 1 (caracterização) – Definiram e caracterizaram as personagens da história.

PASSO 2 (fotografia) – Os bonecos foram colocados nas posições de cada cena e fotografados em fundo infinito. Texturas de folhas secas de massaroca foram também fotografadas.

PASSO 3 (tratamento de imagem) – As fotografias foram tratadas em computador, as cores foram corrigidas e o fundo de cada uma delas foi eliminado (para permitir a montagem dos ambientes das ilustrações por trás dos bonecos).

PASSO 4 (desenho) – Para a produção dos cenários (casas, árvores, montanhas, pássaros, água, etc.), foram feitos desenhos à parte, digitalizados e trabalhados em computador, em que foram aplicadas as texturas das folhas de massaroca.

O resultado é um belo conjunto de ilustrações que valoriza a arte e os artistas e de Moçambique.

Citar como:
PINTO, Tatiana. A viagem. Ilustrações de Luís Cardoso e artesanato de Tomás Muchanga. São Paulo: Kapulana, 2016 [Contos de Moçambique, v. 3].

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VANESSA R. TEIXEIRA

VANESSA RIBEIRO TEIXEIRA nasceu no Rio de Janeiro, em 27 de setembro de 1980. É Bacharel em Letras Vernáculas (2001), Mestre em Literaturas de Língua Portuguesa (2004) e Doutora em Literaturas Portuguesa e Africanas de Língua Portuguesa pela UFRJ. É Professora Adjunto Doutor I do Programa de Pós-Graduação em Humanidades, Culturas e Artes (PPGHCA) na Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO).

OBRAS / ARTIGOS DA KAPULANA

Orgia dos loucos: Moçambique sem saída de emergência“. Prefácio. In: KHOSA, Ungulani Ba. Orgia dos loucos, São Paulo: Kapulana, 2016. [Vozes da África]

 

OUTRAS PUBLICAÇÕES – Capítulos de livros:

  • “O drama de não ser-se: diálogos possíveis entre a velha negra, o deus-morto e António Agostinho Neto”. In: SANTOS, Gilda (org.). Jorge de Sena: Ressonâncias e Cinquenta Poemas, 2006.
  • “Os nós na garganta de uma voz plural”. In: SALGADO, Maria Teresa, SECCO, Carmen Lucia Tindó Ribeiro & SEPÚLVEDA, Maria do Carmo (orgs.). África & Brasil – letras em laços 2, 2010.
  • “As mulheres que criam reis – uma leitura de ‘Maundlane, o criador’, de Paulina Chiziane”. In: MIRANDA, Maria Geralda de (org.). Paulina Chiziane: vozes e rostos femininos de Moçambique, 2013.

PRÊMIOS, CONCURSOS OU OUTRAS PARTICIPAÇÕES

  • Bolsa de Pós-Doutorado beneficiada pelo Programa de Apoio ao Pós-Doutorado da Faperj (PAPD Faperj 2012)
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SARAU DAS PRETAS

SARAU DAS PRETAS

Diante do cenário de empoderamento feminino pela garantia dos direitos das mulheres, jovens escritoras negras atuantes nas periferias da cidade de São Paulo têm revelado, através da literatura, de seus tambores e de seus corpos, as realidades de viver o feminino e o feminismo. Acreditando que a presença negra é também um ato político na negritude, este sarau é conduzido por quatro escritoras/poetizas negras paulistanas. Assim, O SARAU DAS PRETAS reúne grande público disposto a partilhar as vivências e reflexões que essas mulheres expressam através da sua arte. Cada encontro é tematizado por algum assunto contemporâneo ou premente que envolva protagonismo da mulher negra e suas questões.

O SARAU DAS PRETAS é realizado em centros culturais, SESC’s ou espaços congêneres como forma de ampliar e fortalecer os espaços de protagonismo feminino negro.

É composto por Jô Freitas, Débora Garcia, Elizandra Souza, Thata Alves e Taissol Roberta Silva.

PARTICIPAÇÕES EM EVENTOS DA KAPULANA

Participaram do lançamento do livro Sangue negro, de Noémia de Sousa, no dia 26 de novembro, na Balada Literária de São Paulo, na Biblioteca Alceu Amoroso Lima.

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FÁTIMA MENDONÇA

FÁTIMA MENDONÇA é professora aposentada da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane, Maputo. Desde 2007 é investigadora integrada do CLEPUL (Centro de Culturas e Literaturas Lusófonas e Europeias da Universidade de Lisboa).

É autora de vários livros e ensaios sobre Literatura Africana e Literatura Moçambicana. Organizou obras de poesia moçambicana e é autora de textos que fazem parte de obras literárias importantes.

OBRAS / ARTIGOS DA KAPULANA

2016 – “Moçambique, lugar para a poesia”. Posfácio das edições moçambicanas de Sangue negro, de Noémia de Sousa: 2001 (AEMO – Associação dos Escritores Moçambicanos), e 2011 (Ed. Marimbique), revisto pela autora Fátima Mendonça, em agosto de 2016, para a Editora Kapulana.

OUTRAS PUBLICAÇÕES

  • Antologia da nova poesia moçambicana: 1975 – 1988 [em coautoria com Nelson Saúte]. Maputo: Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO), 1989.
  • Literatura moçambicana – a história e as escritas. Maputo: Faculdade de Letras e Núcleo Editorial da Universidade Eduardo Mondlane, 1989.
  • Rui de Noronha: meus versos [edição crítica da poesia de Rui de Noronha]. Lisboa: Texto editores, 2006.
  • Hibridismo ou estratégias narrativas? Modelos de herói na ficção narrativa de Ngugi wa T´hiongo, Alx la Guma e João Paulo Borges Coelho. São Paulo: Via Atlântica – USP, 2009.
  • “Moçambique, lugar para a poesia”. Posfácio das edições moçambicanas de Sangue negro, de Noémia de Sousa: 2001 (Maputo: AEMO – Associação dos Escritores Moçambicanos); 2011 (Maputo: Ed. Marimbique).
  • Literatura moçambicana – as dobras da escrita. Maputo: Ndjira, 2011.
  • “João Albasini e as luzes de Nwanzengele”. Em coautoria com César Braga-Pinto. Maputo: Alcance, 2015.

PRÊMIO:

  • 2016 – Vencedora do Prémio José Craveirinha de Literatura de 2016.
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NELSON SAÚTE

NELSON SAÚTE é jornalista, escritor e professor de Ciências da Comunicação em Maputo, Moçambique. Nasceu em 26 de fevereiro de 1967, em Maputo, é autor, editor e organizador de obras de Literatura Moçambicana.

OBRAS/ARTIGOS DA KAPULANA

A mãe dos poetas moçambicanos“. Introdução da 1a. edição moçambicana de Sangue negro, de Noémia de Sousa: 2001 (AEMO – Associação dos Escritores Moçambicanos), revista pelo autor Nelson Saúte, em junho de 2016, para a Editora Kapulana.

“O legado do amanhã”. Prefácio da 2a. edição moçambicana de Sangue negro, de Noémia de Sousa: 2011 (Ed. Marimbique), revisto pelo autor Nelson Saúte, em junho de 2016, para a Editora Kapulana.

OUTRAS PUBLICAÇÕES

  • Antologia da nova poesia moçambicana: 1975 – 1988 [em coautoria com Fátima Mendonça]. Maputo: Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO), 1989.
  • A Ilha e Moçambique pela voz dos poetas. Com António Sopa. Lisboa: Edições 70, 1992.
  • O apóstolo da desgraça, estórias. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1996.
  • Os narradores da sobrevivência. Romance. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2000.
  • “A mãe dos poetas moçambicanos”. Introdução da 1a. edição moçambicana de Sangue negro, de Noémia de Sousa: AEMO – Associação dos Escritores Moçambicanos, 2001.
  • As Mãos dos Pretos. Antologia de contos moçambicanos. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2001.
  • O homem que não podia olhar para trás. Em coautoria com Roberto Chichorro, 2006.
  • Rio dos bons sinais. Contos. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2007.
  • “O legado do amanhã”. Prefácio da 2a. edição moçambicana de Sangue negro, de Noémia de Sousa: Ed. Marimbique, 2011.
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Maria Celestina Fernandes, escritora angolana, participa de atividades no Brasil

Maria Celestina Fernandes, autora do livro Kalimba, da Editora Kapulana, participa de eventos no Brasil

Seu primeiro livro infantil saiu em 1990, e também escreve para adultos. No entanto, a maior produção e o maior prazer são os livros para crianças, a quem gosta de contar histórias, transmitir conhecimentos e com elas aprender.

Autora do livro Kalimba, da Editora Kapulana, Maria Celestina Fernandes esteve no Brasil entre 17 e 23 de novembro de 2016, para participar de eventos culturais em São Paulo.

Em 19 de novembro de 2016, às 14h30, a FlinkSampa 2016 – Festa do Conhecimento, Literatura e Cultura Negra contou com a ilustre presença da escritora angolana Maria Celestina Fernandes, autora do livro Kalimba, da Editora Kapulana, na mesa redonda que aconteceu na Biblioteca Latino-americana. O evento, intitulado “Literatura Infanto-juvenil e formação de leitores”, também contou com Teresa Cárdenas e Macaé Evaristo e foi mediado por Márcia Bulcão.

Os convidados discorreram sobre a importância da educação para construção de uma sociedade justa, democrática e sustentável. Além disso, houve debate sobre o direito à educação em países como Angola, Cuba e Brasil. Ao final da mesa, aconteceu a sessão de autógrafos com a autora Maria Celestina Fernandes.

Às 17h30, a escritora realizou a contação de história de seu livro Kalimba para as crianças participantes da Flinkinha, no espaço do Salão dos Atos.

No dia 22 de novembro, a autora visitou a Livraria Cultura do Shopping Bourbon, em São Paulo – SP, acompanhada da diretora Rosana M. Weg e da assessora de marketing da Editora Kapulana, Juliana Dantas, onde foi possível encontrar seu livro na estante da livraria.

Por fim, em 23 de novembro de 2016, a escritora visitou a Editora Kapulana e sua equipe e concedeu entrevista ao canal Compartlivros.

A equipe da Editora Kapulana agradece a FlinkSampa pelo convite e por proporcionar este encontro da literatura e da cultura negra, junto à autora Maria Celestina Fernandes.

Acompanhe as novidades, que serão atualizadas diariamente no site e nas redes sociais da Editora Kapulana.

São Paulo, 23 de novembro de 2016.

 

Veja fotos do evento: https://www.kapulana.com.br/18-e-1911-maria-celestina-fernandes-na-flinksampa-2016-em-sao-paulo-sp/

Vídeo: Maria Celestina Fernandes lê trecho de seu livro “Kalimba”: https://www.youtube.com/watch?v=9goTp5yGvO4

Entrevista ao jornal Plano Crítico: http://www.planocritico.com/entrevista-maria-celestina-fernandes-escritora-fala-sobre-literatura-infantil-representatividade-e-machismo/

Saiba mais sobre a autora: https://www.kapulana.com.br/maria-celestina-fernandes/

Saiba mais sobre o livro Kalimba: https://www.kapulana.com.br/produto/kalimba/


 

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Aldino Muianga, escritor moçambicano da Editora Kapulana, no Brasil

O escritor moçambicano Aldino Muianga esteve no Brasil, a convite da Editora Kapulana, participando de eventos de lançamento da edição brasileira de seu livro A noiva de Kebera, contos

ALDINO MUIANGA, consagrado escritor moçambicano, autor de vários livros em prosa, esteve no Brasil, entre os dias 7 e 17 de novembro de 2016, a convite da Editora Kapulana. A Editora Kapulana publicou dois livros do autor no Brasil: O domador de burros e outros contos (2015) e A noiva de Kebera, contos, lançado em novembro de 2016, com a presença do autor.

O autor participou de um circuito de eventos culturais nas cidades de São Paulo, Salvador e Rio de Janeiro, como sessões de lançamento, mesas-redondas, debates e palestras sobre literatura moçambicana.

No dia 7 de novembro, Aldino Muianga chegou ao Brasil, acompanhado de sua esposa Carolina de Sousa. Foi sua primeira visita ao país.

No dia 8 de novembro, a convite da Profa. Dra. Tania Celestino de Macedo, do Centro de Estudos Africanos da Universidade de São Paulo (CEA-USP), participou do “Encontro com o escritor Aldino Muianga”, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. O escritor, que é médico-cirurgião, fez uma apresentação sobre sua vida e obra e seu processo de criação literária. O público presente – professores, alunos e outros pesquisadores de literatura – teve a oportunidade de conversar com o autor, que falou sobre a conexão existente entre os gêneros “conto” e “poesia” e fez uma análise do processo tradicional de contação de histórias de Moçambique, denominado “à volta da fogueira”.

No dia 9 de novembro, aconteceu o lançamento paulistano do livro de contos do autor, A noiva de Kebera, na Livraria Blooks de São Paulo. Na ocasião, foi organizada uma mesa-redonda com os principais participantes da edição brasileira: o autor moçambicano Aldino Muianga; o prefaciador Prof. Dr. Nazir A. Can, da Universidade Federal do Rio de Janeiro; e o ilustrador dos contos, o brasileiro Dan Arsky. Foi um evento bastante interessante porque o público teve a oportunidade de ouvir dos protagonistas dessa publicação nacional como foi o processo de criação conjunto do livro que estava sendo lançado. Muianga falou sobre o processo de criação literária; Can, sobre sua leitura analítica da obra; e Arsky, sobre a representação em forma de imagens da obra moçambicana que lia pela primeira vez. Os três participaram da conversa com o público e da sessão de autógrafos.

No dia 10 de novembro, Aldino Muianga visitou a Editora Kapulana e concedeu duas entrevistas: para a Rádio Unesp e para o Jornal Plano Crítico. As entrevistas estão disponíveis on-line.

Nos dias 11 e 12 de novembro, Aldino Muianga, acompanhado de Rosana Weg e Amanda Azevedo, diretoras da Editora Kapulana, participou das atividades da II Pré-balada literária da Bahia, na cidade de Salvador, a convite dos organizadores, os escritores Marcelino Freire e Nelson Maca. As atividades ocorreram na Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris). No dia 11, o escritor da Kapulana assistiu a uma série manifestações culturais de artistas baianos. No dia 12, houve o lançamento dos livros A noiva de Kebera, de Aldino Muianga; e Sangue negro, de Noémia de Sousa. Foi uma festa literária com mesas de conversas, leituras de poemas por Lúcia Santos e Luíza Santos, intervenções visuais em tempo real, performances musicais e dramatizações.

No dia 13 de novembro, o escritor moçambicano foi convidado a conhecer a casa onde morava e trabalhava o escritor baiano Jorge Amado, uma das grandes referências literárias de Aldino Muianga.

A cidade seguinte onde Aldino Muianga se apresentou foi o Rio de Janeiro, onde esteve acompanhado da diretora da Kapulana, Rosana M, Weg e de sua assistente editorial, Bruna Barros.

Em 17 de novembro, a convite da Profa. Dra. Carmen Tindó Secco, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Profa. Dra. Heloísa Buarque de Hollanda (Coordenadora do PACC, Programa Avançado de Cultura Contemporânea; Projetos LAB – Laboratório da Palavra e Universidade das Quebradas), o escritor Muianga participou, em conjunto com o poeta angolano Fernando Kafukeno, do evento “Angola e Moçambique: diálogos literários”. A mesa de debates foi conduzida pela Profa. Dra. Carmen Tindó Secco e pelo Prof. Dr. Nazir Ahmed Can, ambos do setor de Literaturas Africanas da UFRJ.

A equipe da Kapulana agradece a todos que, com sua participação e apoio, tornaram possível a realização desse circuito de eventos com o escritor moçambicano Aldino Muianga. Essa iniciativa da Kapulana atingiu o objetivo previsto, o de proporcionar um contato mais próximo entre escritores de países africanos de língua portuguesa e leitores brasileiros, o que só fortalece o intercâmbio cultural entre países de literaturas africanas de língua portuguesa.

A Editora Kapulana tem a honra de compartilhar com os leitores brasileiros o registro de suas atividades. Arquivos de fotos, áudios e vídeos são atualizados diariamente no site da editora. Acompanhe as novidades.

São Paulo, 18 de novembro de 2016.

FOTOS das atividades (de 8 a 17/11/2016): 

URFJ – RJ: https://www.kapulana.com.br/17112016-aldino-muianga-em-angola-e-mocambique-dialogos-literarios-universidade-federal-do-rio-de-janeiro-rio-de-janeiro-rj/

CASA DE JORGE AMADO –  Salvador-BA:https://www.kapulana.com.br/13112016-aldino-muianga-na-casa-de-jorge-amado-salvador-ba/

PRÉ-BALADA LITERÁRIA – Salvador-BA: https://www.kapulana.com.br/11-e-12-112016-lancamentos-de-a-noiva-de-kebera-de-aldino-muianga-e-de-sangue-negro-de-noemia-de-sousa-ii-pre-balada-literaria-da-bahia-biblioteca-dos-barris-salvador-ba/

LIVRARIA BLOOKS – São Paulo-SP: https://www.kapulana.com.br/09112016-lancamento-de-a-noiva-de-kebera-de-aldino-muianga-na-blooks-livraria-do-shopping-frei-caneca-em-sao-paulo-sp/

Vídeo: Aldino Muianga lê trecho de conto de seu novo livro: A noiva de Kebera – contos: https://www.youtube.com/watch?v=in78U5fOBRE

Entrevista de Aldino Muianga à Rádio Unesp: http://podcast.unesp.br/perfil-01122016-aldino-muianga-entrevista-2660

Entrevista de Aldino Muianga e Nazir A. Can ao canal Compartlivros: https://www.youtube.com/watch?v=C3yYA8jJIew

Entrevista de Aldino Muianga ao jornal Plano Crítico: http://www.planocritico.com/entrevista-aldino-muianga-no-lancamento-de-a-noiva-de-kebera-no-brasil/

Sobre o escritor Aldino Muianga: https://www.kapulana.com.br/aldino-muianga/

Sobre A noiva de Kebera, contos: https://www.kapulana.com.br/produto/a-noiva-de-kebera/

Sobre O domador de burros e outros contos: https://www.kapulana.com.br/produto/o-domador-de-burros-e-outros-contos/

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UM CANTO PARA NOÉMIA DE SOUSA – LANÇAMENTO DE SANGUE NEGRO

QUANDO: sab., 26/11/2016 – das 16h às 19h

ONDE: Balada Literária de São Paulo

Biblioteca Alceu de Amoroso Lima

R. Henrique Schaumann, 777, Pinheiros – CEP 05413-021 – São Paulo, SP

Saiba mais sobre o livro Sangue negro: http://18.231.27.148/sangue-negro-de-noemia-de-sousa-literatura-africana-poesia-mocambique/

Saiba mais sobre a escritora moçambicana Noémia de Sousa: http://18.231.27.148/biografia-de-noemia-de-sousa/


 

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ANGOLA E MOÇAMBIQUE: DIÁLOGOS LITERÁRIOS, COM ALDINO MUIANGA

QUANDO: 5a. f., 17/11/2016 – das 9h às 13h30

ONDE: Faculdade de Letras UFRJ (Fundão), Auditório PACC-LIBRAS

(próximo ao hall da biblioteca José de Alencar da Faculdade de Letras/UFRJ – Fundão)

Saiba mais sobre o autor moçambicano Aldino Muianga: http://18.231.27.148/biografia-de-aldino-muianga/

Saiba mais sobre o livro A noiva de Kebera, contoshttp://18.231.27.148/a-noiva-de-kebera-contos-aldino-muianga-literatura-africana-mocambique/

Saiba mais sobre o livro O domador de burros e outros contoshttp://18.231.27.148/o-domador-de-burros-e-outros-contos-aldino-muianga-literatura-africana-mocambique/


 

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BALADA LITERÁRIA EM SALVADOR: SANGUE NEGRO, DE NOÉMIA DE SOUSA E A NOIVA DE KEBERA, DE ALDINO MUIANGA

QUANDO: 11 e 12/11/2016

ONDE: Coletivo Blacktitude – Salvador – BA

Saiba mais sobre o livro Sangue Negro, de Noémia de Sousa: http://18.231.27.148/sangue-negro-de-noemia-de-sousa-literatura-africana-poesia-mocambique/

Saiba mais sobre o livro A noiva de Kebera, contos, de Aldino Muianga: http://18.231.27.148/a-noiva-de-kebera-contos-aldino-muianga-literatura-africana-mocambique/


 

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LANÇAMENTO DE A NOIVA DE KEBERA, CONTOS, de ALDINO MUIANGA, uma voz da literatura moçambicana

QUANDO: 4a. f.,  09/11/2016 , às 19h

ONDE: Blooks Livraria

Shopping Frei Caneca – Rua Frei Caneca, 569, 3º Piso, 406

Consolação, São Paulo – SP – CEP 01307-001

Saiba mais sobre o autor Aldino Muianga: http://18.231.27.148/biografia-de-aldino-muianga/

Saiba mais sobre o livro: http://18.231.27.148/a-noiva-de-kebera-contos-aldino-muianga-literatura-africana-mocambique/

Saiba mais sobre a Blooks Livraria: http://blooks.com.br/blooks-sao-paulo-2/


 

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ENCONTRO COM O ESCRITOR MOÇAMBICANO ALDINO MUIANGA

QUANDO: 3a. f.,  08/11/2016 , às 14h

ONDE: 

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP

Sala 200 do Prédio Didático de Letras

Av. Prof. Luciano Gualberto, 315 

05508-010 – São Paulo, SP

Saiba mais sobre o escritor Aldino Muianga: http://18.231.27.148/biografia-de-aldino-muianga/

Saiba mais sobre o livro A noiva de Kebera, contos: http://18.231.27.148/a-noiva-de-kebera-contos-aldino-muianga-literatura-africana-mocambique/

Saiba mais sobre o livro O domador de burros e outros contos: http://18.231.27.148/o-domador-de-burros-e-outros-contos-aldino-muianga-literatura-africana-mocambique/


 

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Contação de história do livro Serei sereia?, de Kely de Castro, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional

A Editora Kapulana promoveu, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, em São Paulo, a contação de história do livro infantil Serei sereia?, de Kely de Castro

A contação de história sobre o livro Serei sereia?, da Editora Kapulana, aconteceu no último sábado, 01 de outubro de 2016, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, em São Paulo, capital.

A obra narra a história de Inaê, uma menina que nasceu com um desafio a vencer: o fato de não poder andar. Comparada ludicamente com uma sereia, que tem restrição de mobilidade, em função da cauda de peixe, a menina, como todas as crianças, passa por momentos de tristeza, alegria, conflito e tranquilidade. A garota enfrenta desafios, mas com a ajuda da mãe descobre que pode construir sua própria história.

O evento foi conduzido pela autora e contadora de histórias Kely de Castro, que explicou um pouco sobre o livro e a Editora Kapulana. Em seguida, encenou parte da história, com o acompanhamento musical do artista Vinícius Camargo. Os atores contracenaram com a protagonista da história, Inaê, representada por duas bonecas, uma com forma de sereia e outra uma menina que usa cadeira de rodas. As bonecas foram confeccionadas pela própria Kely de Castro.

A contação teve duas sessões, às 11h e às 12h. Ao final, houve sessão de autógrafos com a autora Kely de Castro e a ilustradora do livro, Amanda de Azevedo. O livro contempla a temática inclusiva, com o objetivo de gerar visibilidade à causa da pessoa com deficiência.

Agradecemos a todos que compareceram ao evento e à parceria da Livraria Cultura que, através de disposição, apoio e gentileza, tornou possível mais uma contação bem-sucedida da Editora Kapulana.

Saiba mais:

Sobre o livro: https://www.kapulana.com.br/produto/serei-sereia/

Sobre a autora: https://www.kapulana.com.br/kely-de-castro/

Sobre a ilustradora: https://www.kapulana.com.br/amanda-de-azevedo/

Veja também as fotos dos eventos sobre Serei sereia?:

https://www.kapulana.com.br/01092016-setembro-verde-lancamento-com-dramatizacao-de-serei-sereia-no-memorial-da-inclusao-em-sao-paulo-sp/

https://www.kapulana.com.br/15012017-contacao-literatura-inclusiva-serei-sereia-na-livraria-cultura-do-bourbon-shopping-em-sao-paulo-sp/

 

 

 

 


 

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LUÍS CARDOSO

LUÍS CARDOSO nasceu na cidade da Beira, em Moçambique, em 1962. É artista e publicitário.Desde pequeno conviveu com o universo das cores, das artes. Participou, desde muito jovem, de núcleos de arte e cultura, onde estabeleceu seu primeiro contato com as várias vertentes das artes plásticas. Teve formação como professor de Português e História, e, mais tarde, como designer. Desenvolve, também, projetos de ilustração, onde utiliza várias técnicas como a fotografia, o desenho, a aquarela e a ilustração digital.

OBRAS DA KAPULANA

A viagem, de Tatiana Pinto. Contos de Moçambique v. 3, 2016.

O casamento misterioso de Mwidja, de Alexandre Dunduro. Contos de Moçambique v. 4, 2017.

Leona, a filha do silêncio, de Marcelo Panguana. Contos de Moçambique, v. 9, 2018. (em edição)

OUTRAS PUBLICAÇÕES

  • A história de João Gala Gala (de Pedro P. Lopes / Chico António), 2017.
  • O gato e o escuro (de Mia Couto), 2016.
  • Gil e a bola gira (de Celso C. Cossa), 2016.
  • O passeio das espécies (de Carlos Santos), 2015.
  • A história de um chapéu (de Silvia Alves), 2013.
  • A caçada real (de Zetho Cunha Gonçalves), 2013.
  • Poesia a gente inventa e dia brinquedo (de Fernando Paixão), 2013.
  • Colmeiopólis, um dia na colmeia (de Paulo José Miranda), 2013.
  • Adalberto e os sonhos (de Guilherme Ismael), 2011.
  • O pescador de Estrela (de Mathilde Ferreira Neves), 2010.
  • O céu da Laika (de Luna Rodrigues), 2008.
  • Bichos de papel (de Virgílio Alberto Vieira), 2008.
  • Mbila e o coelho (de Rogério Manjate), 2008.
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TOMÁS MUCHANGA

TOMÁS ARMANDO MUCHANGA nasceu em 1980, em Maputo, capital de Moçambique, onde fabricava os seus próprios brinquedos com arame e com outros materiais que recolhia na rua. Fazia bicicletas, motos e tudo o que sua imaginação e sua habilidade permitiam. Trabalha com arame como base e os brinquedos podem ser revestidos com palha de coco, folhas de bananeira e pedaços de capulana. Atualmente, possui uma banca de artesanato na Feira de Artesanato, Flores e Gastronomia de Maputo (Feima).

 

OBRAS DA KAPULANA:

A viagem, Contos de Moçambique, v. 3, de Tatiana Pinto, 2016.

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TATIANA PINTO

TATIANA PINTO nasceu na Zambézia, província do norte de Moçambique, em 1985. Em Moçambique, viveu 17 anos da sua vida. Após isso, foi viver mais uns tantos em Timor-Leste, país de sua mãe. Em 2006 mudou-se para Portugal para estudar Jornalismo. Após  terminar o curso, decidiu regressar para Moçambique.

OBRA DA KAPULANA

PINTO, Tatiana. A viagem. Contos de Moçambique, v. 3, 2016.

 

OUTRAS PUBLICAÇÕES

Stella e a Menina do Mar. Maputo: Escola Portuguesa de Moçambique, 2012.

A viagem. Maputo: Escola Portuguesa de Moçambique; Barcelona: Fundació Contes pel Món, 2012.

 

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NOÉMIA DE SOUSA

NOÉMIA DE SOUSA nasceu em 1926, em Catembe, vila no litoral Sul de Moçambique, banhada pelo Oceano Índico, na baía de Maputo, bem em frente à capital de Moçambique. Faleceu em 2002, em Cascais, Portugal. Por sua influência nas gerações de poetas de Moçambique, ficou conhecida como “Mãe dos poetas moçambicanos”. É autora de densa obra poética, que representa a resistência da mulher africana e luta do povo moçambicano por sua liberdade. Seu único livro, Sangue negro, é composto por 46 poemas, escritos entre 1948 e 1951, que circularam na época em jornais como O brado africano. Em 2001, seus poemas foram reunidos no livro Sangue negro, publicado pela Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO) e, dez anos mais tarde, uma nova edição de Sangue negro foi publicada pela editora moçambicana Marimbique. Em 2016, a Editora Kapulana publica a primeira edição brasileira de Sangue negro, com os 49 poemas mais marcantes da literatura moçambicana.

OBRA DA KAPULANA

SOUSA, Noémia. Sangue negro. São Paulo: Kapulana.  2016. [Vozes da África]

OUTRAS EDIÇÕES

  • SOUSA, Noémia. Sangue negro. Maputo: AEMO – Associação dos Escritores Moçambicanos, 2001.
  • SOUSA, Noémia. Sangue negro. Maputo: AEMO – Editora Marimbique, 2011.

 

 

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Noémia de Sousa, grande dama da poesia moçambicana, por Carmen Lucia Tindó Secco

Noémia de Sousa não é apenas uma grande dama da poesia moçambicana. É, também, uma grande dama da poesia africana em língua portuguesa, tendo em vista sua voz ardente ter ecoado por diversos espaços e compartilhado seu grito com outras vozes, em prol dos que lutaram e clamaram pela liberdade dos oprimidos, entre os anos 1940-1975, no contexto do colonialismo português.

Já não era sem tempo, no Brasil, a edição de Sangue negro, único livro escrito por Noémia. Praticamente desconhecida de grande parte dos leitores brasileiros, a autora, no entanto, nas décadas de 1940-1950, manteve, como jornalista, colaboração esparsa com a revista brasileira Sul, publicação que, nesse período, aproximou escritores e poetas do Brasil, entre os quais Marques Rebelo e Salim Miguel, de autores de Angola e de Moçambique, como António Jacinto e Augusto dos Santos Abranches, respectivamente. Além desses e de Noémia, outros escritores africanos também colaboraram na Revista Sul: Glória de Sant’Anna, Viriato da Cruz, Luandino Vieira, Francisco José Tenreiro. Em Cartas d’África e alguma poesia, Salim Miguel reuniu algumas dessas missivas trocadas com escritores da África, em cujas páginas se detectam contundentes denúncias ao salazarismo.

A ligação de Noémia com o Brasil vem, por conseguinte, dessa época e se revela, ainda, em alguns poemas, nos quais a poetisa assinala não só sua passagem imaginária por terras brasileiras (cf. o poema “Samba”, cuja dedicatória ao amigo e fotógrafo moçambicano Ricardo Rangel registra a noite de 19/11/1949 em que estiveram juntos no Brasil), mas também sua declarada admiração por Jorge Amado, que pode ser claramente observada nos versos a seguir:

[…]
As estrelas também são iguais
às que se acendem nas noites baianas
de mistério e macumba…
(Que importa, afinal, que as gentes sejam moçambicanas
ou brasileiras, brancas ou negras?)
Jorge Amado, vem!
Aqui, nesta povoação africana
o povo é o mesmo também
é irmão do povo marinheiro da Baía,
companheiro de Jorge Amado,
amigo do povo, da justiça e da liberdade!
[…]

(SOUSA, “Poema a Jorge Amado”, p. 125.)

Nos versos citados, o sangue pulsante nas veias do povo baiano carrega igual seiva africana, traz a memória amarga de negreiros que transportaram muitos escravos de lá, vindos para o Brasil à revelia. Há, na poesia de Noémia, uma emoção e uma musicalidade tão profundas, que atravessam tempos e espaços.

Nos jornais moçambicanos, entre 1948 e 1951, os poemas de Noémia de Sousa acenderam consciências, fizeram vibrar revoltas, dialogaram com o movimento da Negritude e com o Renascimento Negro do Harlem, entrecruzaram cadências melódicas e estribilhos de blues, spirituals e jazz, fazendo vir à tona a musicalidade africana reinventada.

No Brasil, tantos anos depois, na Feira Literária de Paraty, em julho de 2015, um poema de Noémia, intitulado “Súplica”, ao ser lido pelo poeta pernambucano Marcelino Freire, provocou enorme comoção no público presente. Em agosto de 2015, Emicida, cantor brasileiro de rap, no SESC Pinheiros, em São Paulo, também declamou esse mesmo poema, comovendo os ouvintes que não conseguiram esconder o entusiasmo e a atração despertados. Por tudo isso, torna-se importante, no Brasil, ler e conhecer a vida e a obra de Noémia de Sousa, o que contribuirá, sobremaneira, para refazer, com a África, alguns laços ancestrais que uma história de dores e exílios esgarçou por tanto tempo.

Carolina Noémia Abranches de Sousa nasceu em 20 de setembro de 1926, em Catembe, em uma casa à beira-mar, banhada pelo Índico, no litoral de Moçambique; faleceu em 2002, em Cascais, em Portugal, levando consigo a mágoa de não ter sido convidada para a festa da independência de Moçambique pela qual tanto lutou em sua mocidade.

Noémia era mestiça, tanto por via paterna, como materna: seu pai, de procedência lusitana, afro-moçambicana e goesa, era originário da Ilha de Moçambique; sua mãe, filha de um caçador alemão e de uma mulher africana da etnia ronga, era do sul de Moçambique. Ela sempre se mostrou precoce; antes dos cinco anos, já lia, pois o pai, cedo, a iniciara no mundo das letras e a incentivara intelectualmente. Com a morte deste, quando ela tinha apenas 8 anos, as condições financeiras da família mudaram e, aos 16 anos, se viu obrigada a trabalhar para ajudar na educação dos irmãos. Entretanto, mesmo trabalhando, nunca deixou de procurar amigos que defendiam as letras, as artes e os ideais libertários, em Moçambique. As orientações recebidas do pai calaram-lhe fundo e a levaram a atuar politicamente junto a intelectuais que reivindicavam uma sociedade mais justa e humana.

Em 1948, Noémia publicou, no Jornal da Mocidade Portuguesa, em Moçambique, o poema “Canção Fraterna”, cuja repercussão fez com que se aproximasse de um grupo revolucionário de jovens moçambicanos: João e Orlando Mendes, Ruy Guerra, Ricardo Rangel, Cassiano Caldas, José Craveirinha, entre outros. A combatividade poética e política de seus poemas, assinados com as iniciais N.S. ou com o pseudônimo literário Vera Micaia, acarretou à autora o exílio. Junto com João Mendes e Ricardo Rangel, foi presa por atacar, frontalmente, o sistema colonial português em Moçambique. Foi degredada para Portugal, tendo participado, em 1951, da Casa dos Estudantes do Império, em Lisboa; viajou pela América e, entre 1952 e 1972,   mudou-se para Paris, continuando, como jornalista, poetisa e tradutora, sua luta a favor do nacionalismo e da libertação de Moçambique.

Noémia de Sousa inaugurou a cena literária feminina moçambicana, protestando contra as opressões sofridas pelas mulheres em Moçambique. Seus 49 poemas, escritos todos, entre 1948 e 1951, circulavam em jornais da época, como O Brado Africano. Só em 2001, foram reunidos no livro Sangue negro, publicado pela Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO), com organização de Nélson Saúte, Francisco Noa e Fátima Mendonça. Noémia não queria seus poemas publicados em livro. Ela tinha consciência da dimensão de sua linguagem poética, capaz de disseminar a revolta por intermédio de poemas incendiários, passados, de mão em mão, de jornal em jornal (O Brado Africano, Itinerário, etc.), de antologia em antologia (as editadas pela Casa dos Estudantes do Império, CEI, em 1951 e 1953; a Poesia negra de expressão portuguesa, organizada por Mário Pinto de Andrade e Francisco José Tenreiro, em 1953; o Boletim Mensagem, de 1962; a antologia No reino de Caliban, organizada por Manuel Ferreira em 3 volumes, em 1975, 1976 e 1988; a Antologia temática de poesia africana, de Mário Pinto de Andrade em 2 volumes, em 1975 e 1979; a Antologia da nova poesia moçambicana, organizada por Fátima Mendonça e Nelson Saúte, em 1993, entre outras).

Embora, para Noémia, um livro com seus poemas não fosse necessário à sua militância poética, para os estudiosos de sua poesia, as duas edições moçambicanas de Sangue negro – a de 2001, pela AEMO, e a de 2011, pela Editora Marimbique, de Nélson Saúte – foram importantíssimas, pois cumpriram a tarefa de consagração da primeira poetisa das letras de Moçambique, considerada por Zeca Afonso, compositor e cantor da “Grândula Morena”, nas celebrações do 25 de Abril, “a mãe dos poetas moçambicanos”. Mãe, por ser a primeira voz feminina da poesia moçambicana a embalar os poetas que a sucederam. Contudo, é como irmã, companheira de luta, que os sujeitos poéticos de grande parte dos poemas de Sangue negro se impõem. Irmã, filha de uma África violada e aviltada durante séculos, cujos filhos foram vítimas de muitas discriminações e crueldades. Irmã, que denuncia os dramas do continente africano.

A publicação de Sangue negro, no Brasil, amplia esse universo de sagração da autora, cuja voz atravessou índicos de revolta e desespero, levando seu brado contestador por outras terras e mares, sem se calar, mesmo no exílio, vivido até a morte, em 2002, em Portugal.

A edição brasileira mantém a mesma estrutura das edições moçambicanas anteriores, respeitando a divisão em seis seções: “Nossa Voz”, “Biografia”, “Munhuana 1951”, “Livro de João”, “Sangue Negro”, “Dispersos”.

A primeira seção funda a “poética da voz”, a “poiesis do grito” que se quer rebelde e se expressa por poemas longos, caudalosos, feitos para serem declamados, dramatizadamente, de forma a traduzirem a indignação do sujeito lírico que, por meio de anáforas e gradações, não se cansa de gritar contra as injustiças sociais, denunciando a escravidão, os preconceitos em relação aos negros, a fome e a pobreza dos menos favorecidos.

A voz de Noémia não é apenas feminina; é, também, coletiva. É uma voz tutelar, fundadora da poesia moçambicana. É uma voz plural, prometeica, que, epicamente, assume uma heroicidade salvacionista, na medida em que se declara como a que iluminará e libertará os destinos dos irmãos africanos marginalizados. É evidente a postura redentora dos sujeitos poéticos, cuja missão é dar passagem ao povo oprimido. São inúmeras as imagens que se relacionam a esse campo semântico: “trespassou”, “passe”, “abrir a porta”. Tais metáforas dão abertura aos poemas da segunda seção, “Biografia”, que tratam não apenas da urgência de ser recobrada a memória individual de Noémia, nascida na casa à beira-mar, em Catembe, mas, ainda, do imperativo de ser revigorada a memória ancestral dos povos negros moçambicanos e africanos, cujos hábitos, crenças, ritmos e histórias precisam ser preservados, assim como necessitam ser esconjuradas as lembranças sombrias de injúrias e atrocidades vividas ao longo de séculos de escravidão.

O poema “Deixa passar o meu povo”, “Let my people go”, se configura como movimento e ação para dentro e fora de Moçambique. É uma poética nervosa, tecida por afetos e emoções, que, pulsantes, revelam a revolta contra as discriminações vivenciadas não só pelos negros de África, porém, também, pelos africanos dispersos nas Américas e no mundo. Nesse sentido, a voz de Noémia se acumplicia à dos irmãos negros do Harlem, referência explícita ao Renascimento Negro, de Langston Hughes.

Noite morna de Moçambique
e sons longínquos de marimba chegam até mim
– certos e constantes –
vindos nem eu sei donde.
Em minha casa de madeira e zinco,
abro o rádio e deixo-me embalar…
Mas as vozes da América remexem-me a alma e os nervos.
E Robeson e Marian cantam para mim
spirituals negros de Harl.
“Let my people go”
– oh deixa passar o meu povo,
deixa passar o meu povo –,
dizem.
[…]

(Idem, “Deixa passar o meu povo”, p. 48.)

No posfácio “Noémia de Sousa: a metafísica do grito”, escrito por Francisco Noa, é sublinhado esse pendor para a emoção, recorrente na poesia de Noémia, em que são frequentes apóstrofes, cuja função é imprimir uma dicção emocionada aos versos. É uma emoção fremente, acelerada, que deixa à mostra o dilaceramento do sujeito poético, cuja insubordinação se manifesta não apenas no nível temático, mas, ainda, no campo da linguagem.

Os afetos na poética de Noémia vão da repulsa e do ódio ao amor e à esperança, da angústia e da solidão à indignação e à solidariedade, da vergonha e da humilhação à rebeldia e à coragem. A voz enunciatória prima por um derramamento de sentimentos que leva a mulher oprimida a buscar recuperar sua dignidade. Falando da margem, dos bairros periféricos de Lourenço Marques, antiga capital moçambicana no tempo colonial, o sujeito lírico feminino se rebela contra o abuso sofrido pelas moças das docas, encaradas como objetos sexuais pelos colonizadores, cuja posse empreendida não foi só da terra, porém, também, dos corpos dessas negras, tratadas, quase sempre, de forma exótica e subalterna.

Somos fugitivas de todos os bairros de zinco e caniço.
Fugitivas das Munhuanas e dos Xipamanines,
viemos do outro lado da cidade
com nossos olhos espantados,
nossas almas trancadas,
nossos corpos submissos escancarados.
[…]

(Idem, “Moças das Docas”, p. 79.)

Este poema faz parte da terceira seção do livro, intitulada “Munhuana 1951”. Os espaços marginais aqui são eleitos como cenários de uma poesia que chama atenção para os subalternizados pelo regime colonial racista: as mulheres negras e pobres, prostituídas e humilhadas; os habitantes dos bairros de caniço, Munhuana, Mafalala, Xipamanine; os magaíças, serviçais explorados nas minas da África do Sul; os zampunganas, negros que recolhiam em baldes, à noite, as fezes dos patrões colonizadores; os escravos, em diáspora, que, obrigados a condições subumanas de trabalho, morreram em terras distantes.

Os poemas da quarta seção “Livro de João” constituem uma espécie de réquiem a João Mendes, seu irmão de luta, cuja vida deu à causa dos oprimidos de Moçambique e da África em geral:

Ah, roubaram-nos João,
mas João somos nós todos,
por isso João não nos abandonou…
E João não “era”, “é” e “será”,
porque João somos nós, nós somos multidão,
[…]

(Idem, “Poema de João”, p. 105.)

João representa o companheiro político com quem Noémia partilhou ideais revolucionários. Os poemas desta seção choram a falta do amigo, mas rendem-lhe homenagem por ter sido o grande mentor intelectual, cujas lições de liberdade ficaram e continuaram a animar a poesia da autora.

A seguir, a quinta seção, “Sangue Negro”, reúne composições poéticas de profunda recusa à opressão sofrida pelos negros. É o momento em que os sujeitos poéticos celebram o sangue negro, metáfora da ancestralidade africana reinventada e repensada por uma poesia lúcida que consegue dizer não a formas de imposição e autoritarismo:

Bates-me e ameaças-me,
Agora que levantei minha cabeça esclarecida
E gritei: “Basta!”

[…] Condenas-me à escuridão eterna
Agora que minha alma de África se iluminou
E descobriu o ludíbrio…
E gritei, mil vezes gritei: “Basta!”

(Idem, “Poema”, p. 122.)

Se a poesia de Noémia, por um lado, se pautou pelo grito de “basta” à exploração da mulher e à escravização dos negros em geral, por outro procurou afirmar traços da oralidade e da cultura popular de Moçambique, como também aspectos de valorização das raízes africanas em geral.

Os poemas da quinta seção, numa espécie de gradação, alcançam o clímax de suas reivindicações, celebrando a África e outras vozes que também bradaram pela liberdade: Billie Holiday, nascida em 1924 na Pensilvânia, a primeira grande cantora de jazz, cujas letras das canções protestaram, com veemência, contra o preconceito racial e as desigualdades sofridas pelos negros americanos; Jorge Amado que defendeu o Brasil negro, descendente dos escravos vindos da África; Rui de Noronha, o poeta-precursor da poesia moçambicana.

O livro de Noémia de Sousa se fecha com a sexta seção, “Dispersos”, em que se encontram os poemas: “Quero conhecer-te África”, “19 de outubro”, “A Mulher que ria à Vida e à Morte”. Nessas três composições, fica expresso o compromisso de os sujeitos poéticos mergulharem num profundo conhecimento da África milenar, buscando recuperar a prática do culto aos antepassados, a crença de que é preciso continuar a batalha daqueles que deram a vida pelas causas libertárias, pois, segundo antigas religiosidades africanas, “para lá da curva, esperam os espíritos ancestrais”.

Mesmo tendo vivido tantos anos fora de Moçambique, Noémia de Sousa se manteve viva na lembrança do povo moçambicano e seus poemas não se afastaram de suas origens africanas. Por isso, talvez, não tenha sido relegada ao silêncio, nem ao esquecimento, tendo sido aclamada “a mãe dos poetas moçambicanos”. Agora, publicada no Brasil, sua voz continuará a ecoar, compartilhando com Jorge Amado, entre outros, as dores da memória de um passado escravo que ainda precisa ser exorcizado para, definitivamente, ser ultrapassado.

Rio de Janeiro, 26 de maio de 2016.
Revisto e atualizado em 17 de julho de 2023.

Carmen Lucia Tindó Secco – Universidade Federal do Rio de Janeiro

Citar como:

SECCO, Carmen Lucia Tindó.  “Noémia de Sousa, grande dama da poesia moçambicana”. Prefácio in: SOUSA, Noémia. Sangue negro. Ilustrações de Mariana Fujisawa. São Paulo: Kapulana, 2016. [Série Vozes da África]. Revisto e atualizado em 17 jul. 2023.
e/ou
SECCO, Carmen Lucia Tindó.  “Noémia de Sousa, grande dama da poesia moçambicana”. In: SECCO, Carmen Lucia Tindó.  A magia das letras africanas. Angola e Moçambique: Ensaios.  São Paulo: Kapulana, 2021. [Série Ciências e Artes]. Revisto e atualizado em 17 jul. 2023.
e/ou
SECCO, Carmen Lucia Tindó.  “Noémia de Sousa, grande dama da poesia moçambicana. In: <https://www.kapulana.com.br/noemia-de-sousa-grande-dama-da-poesia-mocambicana-por-carmen-lucia-tindo-secco/>

 

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Fátima Mendonça, autora de posfácio do livro Sangue negro, de Noémia de Sousa, ganha “Prémio José Craveirinha de Literatura 2016”

Fátima Mendonça, professora e pesquisadora, ganhou o moçambicano “Prémio José Craveirinha de Literatura” de 2016, por sua contribuição para o desenvolvimento da literatura moçambicana

Profa. Fátima Mendonça é professora aposentada da Universidade Eduardo Mondlane, de Maputo, Moçambique. É investigadora integrada do CLEPUL (Centro de Culturas e Literaturas Lusófonas e Europeias da Universidade de Lisboa) e autora de diversos ensaios sobre literaturas africanas e literatura moçambicana.

Um de seus mais importantes ensaios é “Moçambique, lugar para a poesia”, escrito em 2001, e publicado como posfácio nas edições moçambicanas do livro Sangue negro, de Noémia de Sousa.

A Editora Kapulana lançará no Brasil, em dezembro de 2016, nova edição de Sangue negro, de Noémia de Sousa, a Mãe dos Poetas Moçambicanos. Essa edição conta com o referido posfácio de Fátima Mendonça e textos de outros grandes escritores moçambicanos, como Nelson Saúte e Francisco Noa. A edição brasileira de Sangue negro conta também com o prefácio da renomada intelectual brasileira, Profa. Carmen Tindó, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

O “Prémio José Craveirinha de Literatura” é uma homenagem ao poeta moçambicano José Craveirinha (1922-2003), primeiro autor moçambicano a receber o prêmio Camões de Literatura. É instituído pela AEMO (Associação dos Escritores Moçambicanos) e patrocinado pela HCB (Hidroeléctrica da Cahora Bassa), e é atribuído aos autores moçambicanos. Além de Fátima Mendonça, colaboradora da edição de Sangue negro, da editora Kapulana, outros escritores da Kapulana já ganharam esse prêmio. Dentre eles, destacam-se Ungulani Ba Ka Khosa e Aldino Muianga. A Editora Kapulana tem em seu catálogo os seguintes livros dos premiados escritores:

  • de Ungulani Ba Ka Khosa:  O rei mocho (2016) e Orgia dos loucos (em edição, 2016)
  • de Aldino Muianga: O domador de burros (2015) e A noiva de Kebera (em edição, 2016)

A Editora Kapulana parabeniza a Profa. Fátima Mendonça e agradece a oportunidade de ter tão importante intelectual como colaboradora em uma de suas mais relevantes obras de seu catálogo.

São Paulo, 14 de setembro de 2016.

Saiba mais sobre a edição de 2016 do Prémio José Craveirinha: http://opais.sapo.mz/index.php/cultura/82-cultura/41872-fatima-mendonca-vence-premio-jose-craveirinha-de-literatura-.html

http://www.jornalnoticias.co.mz/index.php/recreio-e-divulgacao/58595-edicao-2016-maria-de-fatima-mendonca-vence-o-premio-craveirinha.html

Saiba mais sobre Fátima Mendonça: https://www.kapulana.com.br/fatima-mendonca/


 

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Hélder Faife, escritor de As armadilhas da floresta, publica crônica no jornal de Moçambique O País

Hélder Faife, escritor moçambicano, publica, em sua coluna Xipikiri, do jornal O País, de Moçambique, texto intitulado “Sabina”

Em 13 de setembro, Hélder Faife, escritor moçambicano, publica, no Jornal O País, em sua coluna “Xipikiri”, do jornal O País, de Moçambique, crônica intitulada “Sabina”.

Hélder Faife é autor de As armadilhas da floresta, segundo volume da coletânea “Contos de Moçambique, livro editado no Brasil, pela brasileira Kapulana.

Nessa crônica, Hélder Faife demonstra sua incrível capacidade de apresentar ao leitor uma situação que é, ao mesmo tempo, cotidiana e inesperada.

São Paulo, 13 de setembro de 2016.

 

Saiba mais sobre o texto de Hélder Faife: http://opais.sapo.mz/index.php/opiniao/182-helder-faife/41876-sabina.html

Saiba mais sobre a edição brasileira de As armadilhas da floresta, v. 2 de Contos de Moçambique:

https://www.kapulana.com.br/produto/as-armadilhas-da-floresta/

Saiba mais sobre Hélder Faife: https://www.kapulana.com.br/helder-faife/


 

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Contação dramatizada de conto infantil de Moçambique – As armadilhas da floresta, da Editora Kapulana – com apoio da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, no Parque do Ibirapuera

A Editora Kapulana, com o apoio da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo, apresentou seu livro As asrmadilhas da floresta, do escritor moçambicano Hélder Faife, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo – SP

No dia 7 de setembro, a editora brasileira Kapulana proporcionou uma contação dramatizada de um conto de Moçambique, As armadilhas da floresta, do escritor Hélder Faife, com ilustrações de Mauro Manhiça, ambos moçambicanos. Trata-se do 2º volume da série “Contos de Moçambique”, parte de um projeto de resgate de contos da literatura oral desse país do sudeste da África. O 1º volume é O rei mocho, de Ungulani Ba Ka Khosa, e o 3º é A viagem, a ser lançado em Outubro, Mês das Crianças. Todos são de autores de Moçambique.

O evento teve início às 14h no auditório do DEA-UMAPAZ, Departamento de Educação Ambiental – Universidade do Meio Ambiente e Cultura de Paz, da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) da Prefeitura do Município de São Paulo, localizado no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, capital.  

A atividade foi conduzida pela talentosa contadora Beatriz Ferraresso, acompanhada de intérpretes da secretaria municipal, que recontaram a história em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), já que parte da plateia era composta por surdos.

O cenário, composto por capulanas, típicos panos de Moçambique que servem de adorno e vestimenta, foi povoado por animais que representavam os seres da floresta que vivenciaram a disputa entre o leão e o homem pelo território da floresta.

Essa obra literária apresenta às crianças brasileiras uma amostra da cultura de Moçambique, a dos contos que eram transmitidos oralmente de pais para filhos. Além disso, o público teve a oportunidade de, a partir da história recontada, refletir sobre as formas de convivência entre homens e animais, a necessidade de respeito e preservação da natureza e a tolerância para com as diferenças sociais.

Na sequência da contação dramatizada, os presentes, principalmente as crianças, participaram de atividade de pintura com giz de cera, quando puderam colorir máscaras que representavam os animais da floresta, personagens do conto apresentado.

A Editora Kapulana agradece à equipe do DEA-UMAPAZ pela oportunidade de apresentar seu livro As armadilhas da floresta, parte integrante de um projeto que a Kapulana desenvolve em prol do fortalecimento do intercâmbio cultural afro-brasileiro. Agradece também aos intérpretes que auxiliaram sua contadora na transmissão da atividade e ao público presente que prestigiou mais uma atividade cultural na cidade de São Paulo.

São Paulo, 08 de setembro de 2016.

Saiba mais sobre o livro: https://www.kapulana.com.br/produto/as-armadilhas-da-floresta/

Sabia mais sobre o autor: https://www.kapulana.com.br/helder-faife/

Veja as fotos: https://www.kapulana.com.br/20160907-contacao-de-historia-as-armadilhas-da-floresta-na-secretaria-do-verde-e-do-meio-ambiente-ibirapuera-sao-paulo-sp/

Saiba mais sobre o DEA-UMAPAZ, da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo:
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/umapaz/programacao/index.php?p=222098

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Lançamento do livro Serei sereia?, de Kely de Castro, da Editora Kapulana, no Memorial da Inclusão

A Editora Kapulana lança o livro Serei sereia?, de Kely de Castro, também em versão acessível, na abertura do Setembro Verde, com apoio da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência, no Memorial da Inclusão, em São Paulo – SP

 

No dia 1º de setembro, o lançamento do livro Serei sereia?, da Editora Kapulana, marcou o início do Setembro Verde, mês oficial voltado à inclusão social das pessoas com deficiência. O evento é realizado pela Federação das APAES do Estado de São Paulo – FEAPAES-SP, com o apoio da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, que teve lugar no Memorial da Inclusão.

O evento teve início às 13h, com abertura oficial da mesa através do pronunciamento da Secretária Dra. Linamara Rizzo Battistella e da presidente da FEAPAES-SP, Cristiany de Castro, que falou sobre a parceria entre as APAES e a Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, além da presença de outros participantes.  

O lançamento do livro Serei sereia? aconteceu às 14h, com a apresentação da diretora da Editora Kapulana, Rosana Weg, que agradeceu a oportunidade da Dra. Linamara Rizzo Battistella, Secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência, e também a colaboração da equipe Kapulana e dos artistas Kely de Castro e Vinicius Camargo.

Em seguida, houve a dramatização com acompanhamento musical de parte da história pela autora e bonequeira Kely de Castro, juntamente com o artista Vinícius Camargo. Os atores contracenaram com a boneca representando a menina Inaê, protagonista da história, e confeccionada pela própria autora, na forma de sereia e em sua forma humana, com cadeira de rodas.

A obra narra a história de Inaê, uma menina que nasceu com um desafio a vencer: o fato de não poder andar. Comparada ludicamente com uma sereia, que tem restrição de mobilidade, em função da cauda de peixe, a menina, como todas as crianças, passa por momentos de tristeza, alegria, conflito e tranquilidade. A garota enfrenta desafios, mas com a ajuda da mãe descobre que pode construir sua própria história.

O mês oficial da luta pela inclusão da pessoa com deficiência tem como objetivo gerar visibilidade à causa da pessoa com deficiência. Setembro foi escolhido para essa ação em razão do dia 21 ser Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Além da comemoração da data, a ação tem o intuito de tornar o mês referência nacional.

A Editora Kapulana agradece à Dra. Linamara Rizzo Battistella, Secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência e sua equipe, e aos colaboradores do Memorial da Inclusão, por terem possibilitado o lançamento do livro Serei sereia?, também em versão acessível.

São Paulo, 05 de setembro de 2016.

Saiba mais sobre a autora: https://www.kapulana.com.br/kely-de-castro/

Saiba mais sobre o livro: https://www.kapulana.com.br/produto/serei-sereia/

Veja as fotos: http://https://www.kapulana.com.br/01092016-setembro-verde-lancamento-com-dramatizacao-de-serei-sereia-no-memorial-da-inclusao-em-sao-paulo-sp/

Saiba mais sobre o evento:  http://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/ultimas-noticias/setembro-verde-apresenta-atendimento-a-pessoas-com-deficiencia-intelectual-alinhado-a-lei-brasileira-de-inclusao-


 

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CARMEN LUCIA TINDÓ SECCO

 

CARMEN TINDÓ SECCO é professora Titular de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), ensaísta e pesquisadora do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e da FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro). Tem Mestrado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1976), Doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1992) e pós-Doutorado pela Universidade Federal Fluminense, com estágio na Universidade Politécnica de Moçambique (2009-2010).

PUBLICAÇÕES DA KAPULANA

OUTRAS PUBLICAÇÕES

  • Morte e prazer em João do Rio. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978.
  • Antologia do mar na poesia africana do Século XX: Cabo Verde (v. II). (Org. com DINIZ, A. L. M.; OLIVEIRA, C. F.; MOURA, C. A.; ROCHA, R. M. A.; SILVA, R.). 1. ed. Rio de Janeiro: Coordenação dos Cursos de Pós-Graduação em Letras Vernáculas – Faculdade de Letras da UFRJ, 1997.
  • Além da idade da razão. Rio de Janeiro: Graphia, 1994.
  • Antologia poética do mar em Angola. (coletânea de poemas) 1. ed. Luanda: Editorial Kilombelombe, 2000; 1. ed. Rio de Janeiro: Coordenação dos Cursos de Pós-Graduação em Letras Vernáculas – Fac. Letras, UFRJ, 1996.
  • Eroticus mozambicanus. (Org. com LEMOS, Virgílio). 1. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
  • Antologia do mar na poesia africana do século XX: Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe (v. III). (Org. com OLIVEIRA, C. F.; DINIZ, A. L. M.; SILVA, R.; MOURA, C. A. ; ROCHA, R. M. A.; BELFORD, E. M.). 1. ed. Rio de Janeiro: Coordenação dos Cursos de Pós-Graduação em Letras Vernáculas – Fac. Letras, UFRJ, 1999.
  • Resenha crítica para a orelha do livro: PEPETELA. A gloriosa família. 1. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
  • A magia das letras africanas. Ensaios escolhidos sobre as literaturas de Angola, Moçambique e alguns outros diálogos. 1. ed. Rio de Janeiro: Barroso Produções Editoriais, 2003.
  • A magia das letras africanas. Ensaios escolhidos sobre as literaturas de Angola, Moçambique e alguns outros diálogos. 1. ed. Lisboa: Edições Novo Imbondeiro, 2004.
  • Brasil & África: como se o mar fosse mentira. (Org. com MACEDO, T. C.; CHAVES, R.). 2. ed. São Paulo; Editora da UNESP; Luanda: Editora Chá de Caxinde, 2006.
  • Entre fábulas e alegorias. Ensaios sobre literatura infantil de Angola e Moçambique. 1. ed. Rio de Janeiro: Quartet, 2007.
  • “Entre passos e descompassos, a alquimia e a resistência do canto — Reflexões sobre a poesia angolana hoje”. Capítulo de livro. In: PADILHA, Laura; RIBEIRO, Margarida Calafate (Org.). Lendo Angola. Porto: Afrontamento, 2008, p. 125-134.
  • A magia das letras africanas. Ensaios escolhidos sobre as literaturas de Angola, Moçambique e alguns outros diálogos. 2. ed. Rio de Janeiro: Quartet, 2008.
  • África & Brasil: Letras em laços, v. 2. (Org. com CAMPOS, M. C. S.; SALGADO, M. T.). 1. ed. São Caetano do Sul: Editorial Yendis, 2010.
  • África, escritas literárias. (Org. com SALGADO, M. T.; JORGE, S. R.). 1. ed. Rio de Janeiro; Luanda: Editora da UFRJ e UEA (União dos Escritores Angolanos),
  • Pensando África: literatura, arte, cultura e ensino. (Org. com SALGADO, T.; JORGE, S. R.). 1. ed. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2010.
  • Luís Carlos Patraquim: antologia poética. (Org.) 1. ed. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2011.
  • “A voz, o canto, o sonho e o corpo na poesia feminina moçambicana”. In: CHAVES, Rita; MACÊDO, Tânia (Org.). Capítulo do livro Passagens para o Índico. Encontros brasileiros com a literatura moçambicana. Maputo: Marimbique, 2012, p. 73-93.
  • Paulina Chiziane: Vozes e rostos femininos de Moçambique. Org. com MIRANDA, Maria Geralda. 1. ed. Curitiba: Appris, 2013.
  • “Uma pátria chamada Poesia…”, capítulo do livro Vozes femininas de África. Prosa e poesia. Sprachen Literaturen Kulturen. In: BEGENAT-NEUSCHÄFER, Anne e QUINTALE, Flávio (Organizadores). Frankfurt: Peter Lang Edition, 2014, p. 5-14.
  • Afeto & Poesia. Ensaios e entrevistas: Angola e Moçambique. 1. ed. Rio de Janeiro: Oficina Raquel, 2014.
  • Nação e narrativa pós-Colonial IV. Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe: Entrevistas (Org. com LEITE, Ana Mafalda, Jéssica Falconi, Kamila Krakowska, Sheila Khan). Lisboa: Colibri, 2018.
  • Nação e narrativa pós-colonial III. Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe: Ensaios (Org. com LEITE, Ana Mafalda, Ellen Sapega, Hilary Owen). Lisboa: Colibri, 2018.
  • “Sonhos, sangue, perplexidades, esperança… — um percurso pela poesia da Guiné-Bissau” (capítulo de livro). In: RIBEIRO, Margarida Calafate; ROTHWELL, Phillip. Heranças pós-coloniais nas literaturas de língua portuguesa. Porto: Afrontamento, dez. 2019. p. 105-116.
  • “Quatro vozes femininas do Índico e alguns entrelaces poéticos” (capítulo). In:
  • PINHEIRO, V. R.; FREITAS, S. R. F. Dos percursos pelas Áfricas: a literatura de Moçambique. João Pessoa: Ed. UFPB, 2020, p. 61-76.
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Editora Kapulana divulga o lançamento de Sangue Negro, de Noémia Sousa, NA FFLCH-USP

A Editora Kapulana participa das atividades do XVI Encontro de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo
 
De 23 a 25 de agosto de 2016, a Editora Kapulana participou das atividades do XVI Encontro de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa, a convite do CELP (Centro de Estudos das Literaturas e Culturas de Língua Portuguesa), da USP. 
 
O evento ocorreu na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade de São Paulo, no prédio do curso de Letras, das 14h30 às 19h30.
 
A Editora Kapulana compareceu com mostra e venda de livros de Literatura Africana de seu catálogo, da série de prosa e poesia “Vozes da África” e da série de teóricos, também de autores africanos, “Ciências e Artes”.

Na ocasião, a Editora divulgou o lançamento da obra poética Sangue negro, de Noémia de Sousa, a “Mãe dos Poetas Moçambicanos”. O lançamento do livro está previsto para o início de dezembro de 2016, em Recife, PE, no VI Encontro de Professores de Literaturas Africanas / II Afrolic, cujo tema é “Dizer Áfricas: vozes, literatura, mulher”, sob a coordenação da Universidade Federal Rural de Pernambuco, câmpus Dois Irmãos.

A equipe da Editora Kapulana agradece ao CELP-USP pelo convite para mais uma participação em evento de literatura na Universidade de São Paulo, contribuindo para a divulgação de expoentes das literaturas africanas de língua portuguesa, como a moçambicana Noémia de Sousa, autora de Sangue negro.

São Paulo, 26 de agosto de 2016.
 
Saiba mais:
 
Sobre o livro Sangue negro, de Noémia de Sousa: https://www.kapulana.com.br/produto/sangue-negro/
Saiba mais sobre Noémia de Sousa, a autora de Sangue Negrohttps://www.kapulana.com.br/noemia-de-sousa/
Saiba mais sobre Mariana Fujisawa, a ilustradora de Sangue Negrohttps://www.kapulana.com.br/mariana-fujisawa/
Veja as fotos do evento: 
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O percurso da liberdade em Lucílio Manjate, por José dos Remédios

A conquista da liberdade é a conquista da vitória sobre o medo

Carlos Serra

Definitivamente, Lucílio Manjate é um autor cuja escrita está comprometida com a liberdade. Já havíamos observado esta particularidade, por exemplo, em O contador de palavras e em A legítima dor da dona Sebastião, outros livros do escritor. E, à semelhança das duas narrativas, neste O jovem caçador e a velha dentuça, dedicado, felizmente, a um público mais novo e tão carente de obras que lhes possa estimular a imaginação, Manjate volta a formular, como propósito ou consequência da criatividade, a necessidade de o Homem se livrar de todas as correntes de modo a ser autêntico e com isso alcançar um bem maior.

Ao longo desta trajectória, Lucílio Manjate retoma uma estória contada pela mãe, dando ao enredo a circunstância necessária para subsistir na palavra escrita e partilhada. Assim, o livro floresce numa eternidade cuja existência confunde-se com ficção que mora na meninice; uma meninice que ainda nos constitui, a representar a pureza em harmonia com a integridade. Por isso o protagonista do livro é um jovem caçador, pois, fosse adulto, quem sabe, deixar-se-ia corromper pelo medo das matemáticas da vida. Em vez disso, o personagem desafia-se a si próprio e ruma à procura de desposar uma donzela numa floresta misteriosa, em que a simpatia confunde-se com a morte e é a única coisa que se recebe de borla. É nessa floresta que o nosso herói destemido por ser autêntico, confronta uma velha feiticeira com dois dentes a medir um metro cada. Uma velha muito poderosa e que não media esforços para proteger as donzelas sob a sua custódia. Por essa razão, todos os homens que iam ao seu povoado para arranjar uma esposa, morriam. O nosso caçador sabia disso. No entanto, como a possibilidade de poder sonhar uma felicidade conquistada dependia dele próprio conseguir uma amada, o caçador levou a sua azagaia, os três cães e trilhou, sem atalhos, o percurso da liberdade: a coragem de vencer o medo em todas as circunstâncias.

Contra todas as adversidades, entre tentativas e erros, é essa ansiedade pela vitória que faz do caçador um homem livre e emancipado, tornando-o um rei abençoado por devolver à floresta e às belas habitantes a luz do sol no lugar das trevas. Com efeito, este cenário faz de O jovem caçador e a velha dentuça um livro que não só nos revela o percurso indispensável para o alcance da liberdade como também proporciona a atmosfera que amadurece o desejo de ser livre, independentemente da altivez do obstáculo.

Não obstante, o livro de Lucílio Manjate tenta assumir-se como manifesto – e este é um outro título do autor – contra a intolerância, covardia e conformismo que define as sociedades quando muitas vezes se deparam com dificuldades. Afinal, a velha dentuça pode ser entendida como qualquer monstro que aniquila o futuro de Moçambique ou do Brasil, já agora, lá foi lançado o livro pela editora Kapulana, em benefício próprio. Aqui Manjate reconstrói um herói para seduzir tantos outros potenciais espalhados por aí. O escritor sabe que existem e que eles só precisam de quem lhes ensine a conhecer o mundo no eco da palavra contada.

José dos Remédios

Maputo, 23 de agosto de 2016.

In: O país.  Moçambique. 27 agosto 2016, 23:25.

http://opais.sapo.mz/index.php/opiniao/160-jose-dos-remedios/41692-o-percurso-da-liberdade-em-lucilio-manjate-.html

Saiba mais sobre o livro: http://18.231.27.148/o-jovem-cacador-e-a-velha-dentuca-de-lucilio-manjate-literatura-africana-infantil-mocambique/

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A noiva de Kebera e outros nkaringanas de segredos, por Nazir A. Can

Publicadas em 1994, as estórias de A noiva de Kebera ofereciam já pistas de um projeto literário que, anos antes, em Xitala-Mati, e nas décadas que se seguiram, em tantas outras narrativas, soube conferir dignidade histórica e virtualidade poética aos recantos mais abandonados de Moçambique. Apontando para as doxas e os paradoxos de um lugar fundado em hierarquias, mas também em criativas formas de resistência de seus habitantes mais desvalidos, os seis contos deste livro de Aldino Muianga, que agora chega ao Brasil, ligam-se pelo transfundo didático. O fato mais surpreendente, contudo, é que a exemplaridade dos protagonistas se concretiza pelo viés da ambiguidade, favorecendo o abalo, no campo da construção narrativa, da transparência da mensagem e das fronteiras entre as formas da tradição oral e da escrita moderna. Os finais dos relatos, por exemplo, desestabilizam as verdades que narradores e personagens parecem querer instituir ao longo de cada um dos textos. No plano temático, a morte, enquanto elemento estruturador da sociedade, por orientar a existência dos vivos e por constituir uma passagem, mais do que um final, consolidará esse imaginário de incertezas.

Em “Colar de missangas”, narrativa ambientada em um cemitério, recria-se a existência de três indivíduos que relatam, uns aos outros, as razões que os conduziram à morte. A relação que cada um mantém com sua própria memória contribui para a restituição, em plena atualidade, do elo entre vivos e mortos por via da tradição oral. Mas não sem ambivalência, pois quem conta, aqui, faz sempre a devida (di)gestão dos segredos mais decisivos de sua história pessoal. Já em “A noiva de Kebera”, primeiro conto deste volume, centrado no tempo pré-colonial, narram-se os infortúnios de Ma-Miriam, viúva e noiva de Kebera, o famoso guerreiro que, após ter sido morto em uma batalha, parece ressurgir ao mundo dos vivos para seduzir e engravidar sua antiga amada. A mulher vê-se, desse modo, no incômodo dilema de optar pelo caminho assinalado pelos mais velhos, detentores do saber, ou trilhar o rumo de dedicação e exclusividade exigido pelo defunto, que possui o poder. Também no universo feminino se estruturam os contos “Pôncio e os seus amores” e “A festa de malembe”. Esses relatos perscrutam, entre outros elementos, as contradições de uma contemporaneidade rígida, masculinizada e burocrata na qual as mulheres, mesmo quando em situação de privilégio social ou em cenários montados para homenageá-las, provam uma espécie de “morte simbólica”. Também por meio da técnica do encaixe, que articula microrrelatos no interior e em função da narrativa principal, se configuram “Uma prenda” e “Dois muda, quatro ganha”. O primeiro celebra o trabalho dos heróis alternativos, como o enfermeiro Costa, que se entrega silenciosamente ao ofício em territórios esquecidos pelos poderes políticos. Instaurando o humor na compilação, o segundo é um fresco sobre a pluralidade e a intensidade dos excluídos do mundo colonial. Em 1965, no calor da guerra de libertação que se iniciara um ano antes e que se deixa anunciar nas entrelinhas do desafio relatado pelo hilariante Ntavene, duas equipes de crianças jogam seu destino em uma dura partida de futebol, que tudo teria para terminar em zero-a-zero. Através de uma linguagem próxima do universo popular, discursos e imaginários aparentemente distantes – da tradição e da modernidade, do mundo da feitiçaria e da publicidade – sobrepõem-se para captar as fendas que o colonialismo criou e para exaltar a capacidade de superação dos pequenos guerreiros do Dukla do Bairro.

Em A noiva de Kebera, Aldino Muianga cartografa de maneira ascendente três períodos (o pré-colonial, o colonial e o do pós-independência) e redimensiona a historicidade de lugares até então pouco representados na prosa moçambicana, entre eles as margens da capital, Maputo, confirmando a aposta em uma literatura que repensa, a partir da combinação das coordenadas da existência tempo e espaço, a vida do indivíduo comum moçambicano em sua relação com os reveses do destino. Com essas e outras estratégias, o autor dá continuidade, portanto, a uma tradição literária que há muito se impôs como celeiro de “fantásticos nkaringanas” e de exímios contadores.

Rio de Janeiro, 16 de maio de 2016.
Nazir Ahmed Can
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Citar como:

O ARTIGO:
CAN, Nazir Ahmed. “A noiva de Kebera e outros nkaringanas de segredos”. Prefácio. In: MUIANGA, Aldino. A noiva de Kebera, contos. São Paulo: Kapulana, 2016. [Série Vozes da África]. Disponível em: <https://www.kapulana.com.br/a-noiva-de-kebera-e-outros-nkaringanas-de-segredos-por-nazir-a-can/>

O LIVRO:
MUIANGA, Aldino. A noiva de Kebera, contos. São Paulo: Kapulana, 2016. [Série Vozes da África]. Disponível em: <https://www.kapulana.com.br/produto/a-noiva-de-kebera/>

 

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CONTAÇÃO DE HISTÓRIA DO LIVRO AS ARMADILHAS DA FLORESTA, DE HÉLDER FAIFE (CONTOS DE MOÇAMBIQUE, v. 2)

QUANDO: 4a. f., 07/09/2016, às 14h

ONDE: Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente

UMAPAZ – Parque do Ibirapuera – Portão 7 – São Paulo  SP

Linkhttp://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/umapaz/programacao/index.php?p=222098

Obs.: evento aberto ao público; em caso de chuva será dentro do auditório próximo ao Portão 7, do UMAPAZ.


 

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Editora Kapulana participa da 28ª Semana da Educação Professor Paulo Freire, em Santos, SP

A Editora Kapulana esteve presente, em 19 de agosto de 2016, na 28ª Semana da Educação Professor Paulo Freire, em Santos, São Paulo, com destaque para o tema “Literatura Africana para crianças: um passeio multicultural”
 
A 28ª Semana da Educação Professor Paulo Freire – nos varais do meu quintal: diálogos entre a escola, a famíia e a leitura –  aconteceu entre os dias 17 e 19 de agosto de 2016, em diversos lugares da cidade de Santos, Estado de São Paulo, e a Editora Kapulana esteve presente em três deles, na sexta-feira, dia 19 de agosto: Museu do Café, Cine Roxy e UME Colégio Santista, onde houve mostra de livros com 30% de desconto para os professores.
 
No Cine Roxy aconteceram duas sessões do filme “As aventuras de Huckleberry Finn” de manhã e à tarde. No Colégio Santista, a Editora Kapulana marcou presença na Feira de Livros “3ª Onda Literária” e no Museu do Café, a Diretora da Editora Kapulana, Rosana Weg, ministrou a palestra intitulada “Literatura Africana para crianças: um passeio multicultural”, das 14 às 16h, voltada para educadores.
 
A Semana da Educação santista é anual e conta com a presença de educadores municipais e estudiosos em cumprimento à Lei Municipal nº 590, de 08 de maio de 1989 e alterada pela Lei 3.085, de 18 de dezembro de 2014, visando valorizar o educador da Rede Municipal de Ensino de Santos, oferecendo atividades que contribuam para sua formação pessoal e profissional.

A Editora Kapulana agradece aos servidores da Secretaria de Educação de Santos (SEDUC), especialmente a Seção de Projetos Educacionais Especiais, Coordenadoria de Formação Educacional e Departamento Pedagógico (SEPROJE/COFORM/DEPED) de Santos, por ter possibilitado nossa participação no evento.

São Paulo, 19 de agosto de 2016.
 
 
Saiba mais sobre o evento: http://www.santos.sp.gov.br/semanadaeducacao/
 
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KAPULANA NA 28a. SEMANA DE EDUCAÇÃO PROF. PAULO FREIRE – Santos

QUANDO: Sexta, 19/08/2016

ONDE: Venda de livros na Feira de Livros no Colégio UME Santista – das 8h às 17h

R. Sete de Setembro, 34  Vila Nova, Santos  SP

Venda de livros no Cine Roxy – das 9h às 16h

Av. Anna Costa, 443  Gonzaga, Santos  SP

Palestra no Museu do Café – das 14h às 16h

R. Quinze de Novembro, 95  Centro, Santos  SP


 

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Contação dramatizada do livro “O caso de Pedro e Inês: Inês(quecível) até o fim do mundo”, de Francisco Maciel Silveira, no Centro de Tradições Nordestinas, em São Paulo, SP

A Editora Kapulana promoveu, no Centro de Tradições Nordestinas, na capital do estado de São Paulo, a encenação do livro da Editora Kapulana, O caso de Pedro e Inês: Inês(quecível) até o fim do mundo, de Francisco Maciel Silveira, o Xico Maciel
 
A contação dramatizada de cenas do livro O caso de Pedro e Inês: Inês(quecível) até o fim do mundo, da Editora Kapulana, aconteceu no sábado, 13 de agosto de 2016, no Centro de Tradições Nordestinas, na cidade de São Paulo, SP. O livro é uma releitura, em formato de versos de cordel, da história do cancioneiro português sobre o amor entre a galega Inês de Castro e o monarca português D. Pedro.
 
O caso de Pedro e Inês: Inês(quecível) até o fim do mundo é de autoria do premiado escritor Francisco Maciel Silveira, professor de Literatura Portuguesa da Universidade de São Paulo (USP). As ilustrações ficaram por conta de Daniel Arsky, artista plástico e designer, também ilustrador de outros títulos da Kapulana.
 
A encenação foi realizada pelos artistas Mariana Rhormens e Marcelo Moraes. Os dois recontaram a história do livro em formato de dramatização, com o auxílio de bonecos, Inês e Pedro. O espetáculo foi acompanhado de música de autoria dos próprios artistas.

Nos intervalos entre as três sessões do espetáculo, no estande de livros da Editora Kapulana, houve sessões de autógrafos do autor Francisco Maciel Silveira e do ilustrador Dan Arsky.

Dan Arsky produziu ilustração em tempo real no espaço aberto ao público, o que muito impressionou a plateia, pois a figura representada era a do cadáver de Inês de Castro.

A Editora Kapulana agradece a todos que compareceram ao evento e ao Centro de Tradições Nordestinas que, através de colaboração e apoio, tornou possível mais uma contação bem-sucedida de uma história da Editora para o público brasileiro.

São Paulo, 16 de agosto de 2016.
 
 
 
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Palestra “Literatura africana para crianças: um passeio multicultural”

Editora Kapulana promove palestra sobre literatura africana para crianças para corpo docente da EMEI Butantã CEU, em São Paulo, capital
 
A diretora da Editora Kapulana, Profa. Rosana Weg, proferiu palestra para educadores da EMEI Butantã CEU, na cidade de São Paulo, no bairro do Rio Pequeno, sobre o ensino de Literatura Africana para crianças. A atividade ocorreu no espaço da biblioteca e teve como foco o intercâmbio cultural afro-brasileiro. A diretora da Kapulana fez inicialmente um relato sobre sua experiência como docente em escola de formação de professores em Moçambique.
 
A seguir apresentou livros da Kapulana de autores de Moçambique e Angola voltados para o público infantil. A exposição teve como foco as possibilidades metodológicas de abordagem da temática do multiculturalismo por meio da literatura.
 
A Editora Kapulana agradece aos professores que participaram do evento, à Coordenação e à responsável pela Biblioteca da EMEI Butantã CEU que possibilitaram que a atividade fosse realizada.
São Paulo, 08 de agosto de 2016.
 
Sabia mais sobre a palestrante Rosana Weg: https://www.kapulana.com.br/rosana-morais-weg/
 

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Lançamento do livro “O jovem caçador e a velha dentuça”, de Lucílio Manjate, na Livraria Cultura do Bourbon Shopping São Paulo – SP

A Editora Kapulana promoveu, na Livraria Cultura do Bourbon Shopping, em São Paulo, capital, o lançamento do livro infantil O jovem caçador e a velha dentuça, do moçambicano Lucílio Manjate

O lançamento do livro O jovem caçador e a velha dentuça, da Editora Kapulana, aconteceu na tarde do sábado, 06 de agosto de 2016, na Livraria Cultura do Bourbon Shopping São Paulo. O livro faz parte da série “Vozes da África” e é um conto resgatado da tradição oral moçambicana, contado de geração em geração.

O livro é de autoria do premiado escritor moçambicano, Lucílio Manjate, formado em Linguística e Literatura pela Universidade Eduardo Mondlane, de Maputo, em Moçambique, também professor de Literatura na Faculdade de Letras e Ciências Sociais da mesma universidade. As ilustrações são da artista brasileira Brunna Mancuso. 

O evento foi conduzido pela contadora de histórias da Editora Kapulana, Beatriz Ferraresso, que iniciou a contação apresentando brevemente a história da Editora e o significado da série “Vozes da África”, composta por livros de autores do continente africano, de contos e poesia, dedicados a crianças e adultos.

A seguir, Beatriz contou a história de forma animada, com músicas e dramatização, que muito agradou as crianças e adultos presentes, que ficaram presos ao enredo desta história fantástica de Moçambique.

A Editora Kapulana agradece a todos que compareceram ao evento e à Livraria Cultura que, através de colaboração e apoio, tornou possível mais uma contação bem-sucedida de uma história africana para o público brasileiro.

São Paulo, 08 de agosto de 2016.

Veja as fotos do evento:

https://www.kapulana.com.br/08082016-lancamento-com-contacao-de-historia-de-o-jovem-cacador-e-a-velha-dentuca-na-livraria-cultura-do-bourbon-shopping-sao-paulo/

Saiba mais sobre o livro: https://www.kapulana.com.br/produto/o-jovem-cacador-e-a-velha-dentuca/

Saiba mais sobre o autor: https://www.kapulana.com.br/lucilio-manjate/


 

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A história de Pedro e Inês em cordel, por Adelto Gonçalves

Quem não conhece a secular história de Pedro e Inês? Provavelmente, as novas gerações não a conheçam muito bem, mas, com certeza, já ouviram a expressão “agora Inês é morta” que equivale a dizer “agora é tarde demais”. Por isso, não custa nada dizer que é possível encontrar essa história em várias obras literárias, desde Fernão Lopes (1385-1459), cronista e guarda-mor da Torre do Tombo de 1418 a 1454, passando pelo poeta Sá de Miranda (1481-1558), até chegar ao grande Luís de Camões (ca.1524-1580).

Trata-se da história da infeliz Inês de Castro (1325-1355), nobre galega que foi para Portugal como aia de dona Constança Manuel, futura esposa de dom Pedro I (1320-1367), de Portugal. Se há uma história de amor marcante na História de Portugal, como a de Romeu e Julieta, tragédia do poeta inglês William Shakespeare (1564-1616), essa é a do amor proibido entre o infante d. Pedro e Inês de Castro.

Como se sabe, apesar do casamento, o infante mantinha encontros furtivos com a dama de companhia de sua esposa. E, depois da morte de d. Constança em 1345, passou a viver maritalmente com ela, o que acabou por afrontar o rei d. Afonso IV (1291-1357), que mandou assassinar Inês de Castro em janeiro de 1355. Magoado e tresloucado, Pedro liderou uma revolta contra o rei e, quando finalmente assumiu a coroa em 1357, mandou prender e matar os assassinos de Inês, arrancando-lhes o coração, o que lhe valeu o cognome de Cruel.

Mais tarde, jurando que se havia casado secretamente com Inês, d. Pedro impôs o seu reconhecimento como rainha de Portugal. Em abril de 1360, ordenou a trasladação o seu corpo para o Mosteiro Real de Alcobaça, onde mandara construir dois magníficos túmulos, para que pudesse descansar para sempre ao lado da sua eterna amada.

É o desenrolar desse amor proibido, vivido em meio a uma atmosfera pesada e de disputas palacianas de poder, que o leitor irá encontrar em linguagem polida e culta, mas ao estilo de cordel, em O Caso de Pedro e Inês – Inês(quecível) até o fim do mundo (São Paulo: Kapulana Editora, 2015), de Francisco Maciel Silveira, em que o autor alia criatividade e rigor poético. Segundo o seu autor, a obra, fartamente ilustrada por Dan Arsky, é dedicada aos leitores jovens adultos que estão à procura de uma literatura menos conservadora e com profundidade literária, mas distante dos calhamaços acadêmicos. Por isso, chama o seu livro de “ABC de Literatura”, pois, imaginariamente, teria sido escrito para ser lido e repetido em voz alta por cantadores de feira. Eis uma amostra:

 

(…) Rainha eterna (na memória

para sempre viva do povo

lenda na futura História)

só trazendo-a à vida de novo:

exumá-la da triste cova,

sagrá-la numa vida nova.

 

Fazê-la do Reino rainha,

reinando-o além da vida,

era ter promessa cumprida:

brotar dentre a erva daninha

rasa, da corte mal cheirosa,

pétalas de rosa amorosa.

 

(Amor além da vida, desbordante,

exige que metro se mude e rima,

para cadenciar sua extensão.

Que, sepulta em marmórea obra-prima,

não cabe na exígua dimensão

da rasa sepultura limitante.)

 

Pedro, o Cru, mandou construir

no sacro templo de Alcobaça

morada que lá no porvir,

dirá ao vivente que passa:

 “Tal foi teu amor – coeterno?

Vivo na morte, sempiterno?” (…)

II

Em linhas gerais, nesta obra, o professor Francisco Maciel Silveira deixa de lado os títulos acadêmicos – e que são muitos – para se assumir como o vate Xico Maciel, contador de casos. E o faz, em formato de literatura de cordel, a partir de um texto clássico da Literatura Portuguesa.

Na apresentação que escreveu para este livro, a professora Flávia Maria Corradin, coordenadora na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP) do projeto Autor por Autor: a Literatura e História portuguesas à luz do teatro, do qual o professor Maciel é o diretor, diz que o autor, em seu novo percurso numa arte tão popular como a do cordel, procura brincar com a estrutura da epopeia clássica, ao dividir o seu texto em introdução, narração e epílogo. No caso, a Narração apresenta a história do “amor que, contra tudo e todos,/ acabou virando infração./Infração contra as leis de Deus,/infração contra as leis da grei”.

De fato, como aponta a professora, Maciel saiu-se bem mais uma vez ao trabalhar um conteúdo canônico por intermédio de um meio de comunicação extremamente popular, “dialogando intertextual e criticamente com a História, com a Literatura, suscitando no leitor o desejo de explorar as sugestões aí contidas, de modo a que o amor de Pedro e Inês continue se perpetuando na memória dos brasileiros, portugueses, espanhóis, franceses, ingleses…” E acrescentamos nós: dos galegos, que ainda um dia hão de se tornar uma nação independente e integrante de Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

III

Professor titular de Literatura Portuguesa na FFLCH-USP, onde obteve os títulos de mestre, doutor e livre-docente, com trabalhos em torno da oratória sagrada dos padres António Vieira (1608-1697) e Manuel Bernardes (1644-1710) e da comediografia de António José da Silva (1705-1739), o Judeu, Francisco Maciel Silveira é crítico literário, com ensaios e resenhas publicados em periódicos do Brasil e do exterior. Poeta, ficcionista, dramaturgo e ensaísta com mais de duas dezenas de prêmios, atua na docência, pesquisa e orientação com ênfase no Classicismo, no Barroco, no Realismo e no Teatro Português.

É autor dos livros de contos Esfinges (1978) e A caixa de Pandora: aquela que nos coube (1996) e de poemas Macho e fêmea os criou, segundo a paixão… (1983), além de outros ainda na gaveta. Nas áreas didática e ensaística, publicou ainda Português para o segundo grau (São Paulo: Cultrix, 1979; 5ª ed. 1988); Aprenda a escrever (São Paulo: Cultrix, 1985; 2ª ed. 1989);Padre Manuel Bernardes – Textos doutrinais (São Paulo: Cultrix, 1981); Poesia clássica (São Paulo, Global, 1988); Literatura barroca (São Paulo: Global, 1987); Concerto barroco às óperas do Judeu (São Paulo: Perspectiva/Edusp, 1992); Palimpsestos – uma história intertextual da Literatura Portuguesa (São Paulo: Paulistana, 1997; 2ª ed., 2008, Santiago de Compostela: Laiovento, 1997); Fernando Pessoa(s) de um drama (São Paulo: Reis Editorial, 1999); Ó Luís, vais de Camões? (São Paulo: Reis Editorial, 2001; São Paulo: Arauco, 2ª ed,. 2008); Saramago – eu-próprio o outro? (Aveiro: Universidade de Aveiro, 2007); Eça de Queiroz: O mandarim do Realismo português (São Paulo: Paulistana, 2010); Canteiro de obras (São Paulo: Todas as Musas, 2011), e Exercícios de caligrafia literária: Saramago quase (Curitiba: CRV Editora, 2012). É responsável pelo site Pinceladas em que discorre sobre a pintura alheia: http://www.pinceladas-fms.com.br

Adelto Gonçalves – Brasil

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O caso de Pedro e Inês – Inês(quecível) até o fim do mundo (ABC de Literatura), de Francisco Maciel Silveira, com apresentação de Flávia Maria Corradin e ilustrações de Dan Arsky (Série Intersecções Literárias). São Paulo: Kapulana Editora, 78 págs., R$ 29,90, 2015. Site: www.editora@kapulana.com.br E-mail: www.kapulana.com.br

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Adelto Gonçalves é doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de Os vira-latas da madrugada (Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1981; Taubaté, Letra Selvagem, 2015), Gonzaga, um poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999),Barcelona brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002), Bocage – o perfil perdido (Lisboa, Caminho, 2003), Tomás Antônio Gonzaga (Academia Brasileira de Letras/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2012), e Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo Colonial (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2015), entre outros. E-mail:marilizadelto@uol.com.br

 

Baía da Lusofonia – 07/08/2016: http://baiadalusofonia.blogspot.com.br/2016/08/a-historia-de-pedro-e-ines-em-cordel.html

Pravda Portugal – 08/08/2016: http://port.pravda.ru/cplp/portugal/08-08-2016/41504-pedro_e_ines-0/

Jornal Opção  – 04/09/2016: http://www.jornalopcao.com.br/opcao-cultural/pedro-e-ines-historia-portuguesa-de-romeu-e-julieta-74200/

Saiba mais sobre o livro: http://18.231.27.148/o-caso-de-pedro-e-ines

Saiba mais sobre o autorhttp://18.231.27.148/biografia-de-francisco-maciel-silveira/

Saiba mais sobre o ilustradorhttp://18.231.27.148/biografia-de-daniel-arsky/

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A instabilidade social em O rei mocho, de Ungulani Ba Ka Khosa, por José dos Remédios

Antes vale uma mentira que nos conforta do que uma verdade que nos destrói

De facto, a literatura não se constrói apenas com a escrita, ainda que aqui se reconheça um mecanismo importante no complexo percurso da preservação, por exemplo, das atmosferas criativas e culturais. A escrita é um meio e não um fim em si, pois a edificação do edifício literário passa por várias fontes que iluminam a imaginação dos autores. Uma dessas fontes encontra-se nos contos orais, os quais, muitas vezes, concorrem para fazer do Homem um sujeito iluminado na medida em que as estórias contadas, sobretudo na tenra idade, ampliam a mente, preparando-a para a busca da razão. No repertório da oralidade, há contos que valem contos e que, por isso, merecem transcender a fronteira da voz para se impor, com vigor, na eternidade propiciada pela escrita. Entre vários, ocorre-nos “O rei mocho”, título do livro de Ungulani Ba Ka Khosa, lançado sob a chancela da editora brasileira Kapulana.

Nesta estória conhecida pelos moçambicanos, Ungulani apropria-se da oralidade do seu povo para recriar um texto que se dedica a explicar a origem da instabilidade social a envolver mochos e outros pássaros. Nesse sentido, o escritor instaura na narrativa um pai a contar a estória ao filho, numa iniciação ao porquê das coisas que caracteriza a infância. E a personagem paternal explica que o mocho chegou ao trono pelo mesmo equívoco que lhe custou o poder quando foi desvendando: penas que, ao descobrirem-se que de chifres apenas tinham a forma, incitaram desconfiança dos outros pássaros em relação ao Rei Mocho e à sua espécie. Fosse apenas esta a estória, diríamos que o livro de Ungulani não traz nada de novo. No entanto, e ainda bem, ao apropriar-se do conto oral o autor acrescenta um elemento à narrativa, evitando que fosse previsível: o Homem, a quem cabe a responsabilidade do caus que se instaura no reinado do Mocho. Este cenário faz com que a narrativa deixe apenas de ser um relato sobre os animais para, simultaneamente, se tornar num relato sobre a história da Humanidade, já que a intervenção humana desestrutura as convicções dos pássaros e gera na comunidade das aves uma revolta porque os súbditos do Rei Mocho, com a descoberta, sentem-se usados, daí a revolta a comprometer o trono.

Ao recontar-nos esta narrativa que pode envolver adultos, jovens, adolescentes e, sobretudo, crianças, Ungulani desafia-nos a uma reflexão em torno das acções desencadeadas pelo Homem enquanto sujeito gregário que parece nutrir enorme desejo pela segregação, quando a ideia é alcançar algum propósito. Sem comprometer o rigor de que se reveste a literatura infantil, investindo bem na descrição de imagens, de tal modo que as ilustrações aparecem a reforçar a tentativa de conquistar públicos iniciáticos, “O rei Mocho” é um veículo para mostrar que, do mesmo jeito que as instabilidades sociais são geradas pelo Homem, se houver vontade, por ele também podem ser superadas. E, numa outra perspectiva, o livro leva-nos a questionarmo-nos sobre qual será o futuro da humanidade enquanto o Homem não respeitar diferenças ao nível de convicções. Por exemplo, se o Homem não tivesse desmascarado o Rei Mocho, eventualmente, a paz entre as aves prevalecia naquele reinado que, num jogo metafórico, incorpora traços relativos às comunidades humanas. Por isso, a certa altura, o conto infantil deixa de ser apenas isso e torna-se um universo privilegiado para fazer pensar nas lideranças contemporâneas.

O Rei Mocho, portanto, pode ser qualquer líder que depois de ser eleito deixa cair a máscara, revelando que os chifres, aqui a representarem alguma virtude, não passam de ilusão usada propositadamente para esconder as nódoas.

No fim, fica a questão: vale mais uma mentira que nos conforta ou uma verdade que nos destrói?

José dos Remédios

Maputo, 02 de agosto de 2016.

In: O país.  Moçambique. 02 agosto 2016, 23:25.

http://opais.sapo.mz/index.php/opiniao/160-jose-dos-remedios/41482-a-instabilidade-social-em-o-rei-mocho-de-ungulani-ba-ka-khosa.html

Saiba mais sobre o livro: http://18.231.27.148/o-rei-mocho-ungulani-ba-ka-khosa-conto-infantil-africano-mocambique/

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Contação de história do livro As armadilhas da floresta, de Hélder Faife, na Livraria Martins Fontes Paulista

A Editora Kapulana promoveu, na Livraria Martins Fontes da Avenida Paulista, em São Paulo, a contação de história do livro infantil As armadilhas da floresta, de Hélder Faife

A contação de história com atividades sobre o livro As armadilhas da floresta, da Editora Kapulana, aconteceu no último sábado, 16 de julho de 2016, na Livraria Martins Fontes da Avenida Paulista, em São Paulo. O livro é o segundo volume da série “Contos de Moçambique”, composta por contos resgatados da tradição oral moçambicana.

O evento foi conduzido pela contadora de histórias da Editora Kapulana, Beatriz Ferraresso, que iniciou a contação explicando brevemente a história da Editora e expondo a série “Contos de Moçambique”, cujo primeiro volume é o livro O rei mocho. O terceiro volume, intitulado A viagem, já se encontra em processo de edição.

Após a contação, Beatriz fez uma atividade com as crianças, que consistia em desenhar os animais da floresta que apareciam na história e apresentar para as outras crianças adivinharem. Para isso, a criança escolhia e desenhava um animal enquanto as outras tentavam adivinhar que bicho era.

Agradecemos a todos que puderam comparecer ao evento e a parceria da Livraria Martins Fontes que, através de disposição, apoio e gentileza, tornou possível mais uma contação bem-sucedida da Editora Kapulana. 

 

São Paulo, 18 de julho de 2016.

 

Saiba mais:

sobre o livro: https://www.kapulana.com.br/produto/as-armadilhas-da-floresta/

sobre o autor: https://www.kapulana.com.br/helder-faife/

sobre o ilustrador: https://www.kapulana.com.br/mauro-manhica/

sobre o evento: https://www.kapulana.com.br/16072016-contacao-armadilhas-da-floresta-na-livraria-martins-fontes/

 


 

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Aurélio de Macedo participa da Festa Literária Internacional de Paraty para o público infantojuvenil (Flipinha)

O autor de Titus e as galinhas, da Editora Kapulana, participou da Flipinha, em Paraty, com colaboração de Amanda de Azevedo, ilustradora do livro. 

 No dia 01 de julho de 2016, Aurélio de Macedo, autor do livro Titus e as galinhas, da Editora Kapulana, realizou a contação de história de seu livro, em conjunto com a ilustradora da narrativa, Amanda de Azevedo.

O evento ocorreu na tenda da Flipinha, na Praça da Matriz, onde as crianças se reuniram para participar da contação através da confecção de desenhos. O público infantil compartilhou suas ideias sobre o livro e algumas crianças foram chamadas para falar no microfone.

Enquanto o autor realizava a contação, a ilustradora do livro, Amanda de Azevedo, desenhava a Praça da Matriz em um flipchart, para interagir com as crianças. Após a contação, Aurélio de Macedo sorteou dois kits com livros infantis da Editora Kapulana para duas crianças diferentes, além de uma camiseta do Titus e um exemplar extra do livro.

A Editora Kapulana produziu um vídeo sobre a experiência, entrevistando o autor Aurélio de Macedo sobre a importância da literatura infantil. Por acreditar que livros mudam pessoas, outro vídeo foi feito com frequentadores da festa literária, que falaram sobre uma experiência de leitura que mudou a vida deles.

A Flipinha é uma festa literária, que acontece desde 2004 em Paraty, e tem por objetivo difundir a literatura e a cultura entre o público infantil. Ela é parte da tradicional Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Este ano, o evento ocorreu entre os dias 28 de junho e 03 de julho de 2016, na Praça da Matriz.

A Editora Kapulana agradece ao autor Aurélio de Macedo por ter compartilhado esse espaço conosco, e à ilustradora Amanda de Azevedo, por nos ter representado neste evento.

 

São Paulo, 06 de julho de 2016.

Saiba mais sobre o livro: https://www.kapulana.com.br/produto/titus-e-as-galinhas-titus-and-the-hens/

Saiba mais sobre o autor: https://www.kapulana.com.br/aurelio-de-macedo/

Saiba mais sobre a ilustradora: https://www.kapulana.com.br/amanda-de-azevedo/

Assista aos filmes: http://bit.ly/YouTubeKPLN

Veja as fotos: https://www.kapulana.com.br/kapulana-na-flip/

Flipinha: http://www.flipinha.org.br/index.php


 

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LUCÍLIO MANJATE

LUCÍLIO MANJATE nasceu em Maputo, capital de Moçambique, em 13 de janeiro de 1981.

É formado em Linguística e Literatura e em Filosofia pela Universidade Eduardo Mondlane, onde é professor de Literatura na Faculdade de Letras e Ciências Sociais da mesma Universidade.

É membro da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO), da Sociedade Moçambicana de Autores (SOMAS) e Coordenador Editorial da Fundação Fernando Leite Couto.

Participa também de eventos internacionais como jornadas literárias e outros encontros culturais.

Escreve matérias para jornais e revistas e livros, alguns premiados, como Rabhia. É autor de obras em prosa para adultos e para crianças.

OBRAS DA KAPULANA

O jovem caçador e a velha dentuça, 2016. [Vozes da África]

A triste história de Barcolino, o homem que não sabia morrer, 2017. [Vozes da África]

Rabhia, 2022. [Vozes da África]

OUTRAS PUBLICAÇÕES

  • Manifesto. Maputo: TDM, 2006
  • Os silêncios do narrador. Maputo: AEMO, 2010.
  • O contador de palavras. Maputo: Alcance, 2012.
  • A legítima dor da Dona Sebastião. Maputo: Alcance, 2013.
  • Literatura moçambicana – da ameaça do esquecimento à urgência do resgate. Maputo: Alcance, 2015 (coautor)
  • Rabhia. Porto: Edições Esgotadas, 2017; Maputo: Alcance Editores, 2019; Kapulana, 2022.
  • A triste história de Barcolino, o homem que não sabia morrer; Kapulana, 2017; Cavalo do Mar, 2018. 
  • Zua e Mwêdzi vão à caça das palavras. Maputo: Alcance, 2018.
  • Geração XXI – Notas sobre a nova geração de escritores moçambicanos. Maputo: Alcance, 2018.
  • O rosto e o tempo: antologia poética comemorativa dos 35 anos de vida literária de Armando Artur. Maputo: Alcance Editores, 2021.

Coorganização

  • Esperança e certeza 2 – Contos. Maputo: AEMO, 2008.
  • Era uma vez… Maputo: AEMO, 2009.
  • Antologia inédita – Outras vozes de Moçambique. Maputo: Alcance, 2014.

PRÊMIOS, CONCURSOS E PARTICIPAÇÕES:

  • 2006 – Prémio Revelação Telecomunicações de Moçambique: pela obra Manifesto (contos).
  • 2008 – Prémio 10 de Novembro: pela obra Não me olhe com tanto ouvido boquiaberto (romance posteriormente publicado com o título Os silêncios do narrador).
  • 2017 – “Prémio Literário Eduardo Costley-White”: com Rabhia.
  • 2017 – FliPoços 2017 – 12a. Feira Nacional do Livro de Poços de Caldas. Participante da comitiva de Moçambique, país homenageado na festa literária e lançamento de seu livro A triste história de Barcolino, o homem que não sabia morrer.
  • 2017 – “II Jornada de Teoria Literária e Literaturas Africanas”, Unicamp /GELCA 2017 . Campinas – SP. Participação em mesa de debates sobre literaturas africanas de língua portuguesa, com sessão de autógrafos da edição brasileira de A triste história de Barcolino, o homem que não sabia morrer.
  • 2019 – Participação na “Travessia das Letras – 1ª Festa Infantojuvenil da Língua Portuguesa”. Oeiras, Portugal, 30 e 31/03/2019.
  • 2020 – Participação na FLISS, Festa Internacional de São Sebastião. Palestra “Literaturas Africanas”. Online, 27/08/2020.
  • 2020 – Participação no TEMPLO DE ESCRITAS, I Festa Literária Internacional da Língua Portuguesa. Mesa redonda “Diálogos sobre o espaço da CPLP: Circulação, silenciamentos e institucionalização de uma literatura de língua(s) portuguesa(s)”. Online, 7/10/20.
  • 2020 – Participação na mesa “Literatura de língua portuguesa pós-covid: desafios e perspectivas”. Feira do Livro de Maputo. Online, 24/10/2020.
  • 2020 – Participação no Painel de Literatura Moçambicana. Transmissão pela TV UNEB SEABRA, 31/10/2020.
  • 2020 – Participação no Simpósio de Literaturas Africanas e Afro-brasileiras: Encruzilhadas Epistemológicas, Intersseccionalidade e culturas de fronteira. Mesa “Literatura Moçambicana Contemporânea”. Online, 27/11/2020.
  • 2021 – Participação na mesa “Será que a literatura ajuda a criar uma zona de intervenção cívica?”, Feira do Livro de Maputo em homenagem ao escritor Ungulani Ba Ka Khosa. Online, 21/10/21.
  • 2021 – Participação na série “Áfricas”, TV 247. Entrevista à Profa. Rita Chaves. Mediação de Victor Castanho. Online, Brasil, 15/07/2021.
  • 2021 – Participação na “Confraria da Palavra”. Mediação de Edson Cruz. Online, Brasil, 18/12/2021.

Saiba mais sobre o autor e sua obra:

http://opais.sapo.mz/barcolino-uma-historia-sobre-a-condicao-humana

https://www.kapulana.com.br/historias-de-bela-tristeza-por-elena-brugioni/

https://www.dn.pt/artes/interior/escritor-mocambicano-lucilio-manjate-vence-premio-eduardo-costley-white-5721123.html

https://www.rtp.pt/noticias/cultura/obra-de-lucilio-manjate-revelou-cunho-mais-ousado-e-inteligencia-mia-couto_n988568

https://www.kapulana.com.br/contos-africanos-o-jovem-cacador-velha-dentuca-kalimba/

https://www.kapulana.com.br/editora-kapulana-no-flipocos-2017/

http://opais.sapo.mz/lucilio-manjate-esclarece-o-que-faz-um-escritor

https://www.kapulana.com.br/literatura-mocambicana-infantil_o-percurso-da-liberdade-em-lucilio-manjate-por-jose-dos-remedios/

https://www.kapulana.com.br/contacao-de-historia-do-livro-o-cacador-e-a-velha-dentuca/

https://www.kapulana.com.br/maputo-mocambique-2015-diretora-da-kapulana-com-lucilio-manjate-e-sangare-okapi/

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Dia da Criança Africana: 16 de junho

No dia 16 de junho é comemorado o “Dia da Criança Africana” (Day of the African Child – DAC), instituído em 1991 pela OUA (Organização da Unidade Africana), mais tarde UA (União Africana), em homenagem às crianças negras mortas e feridas no Soweto, em Joanesburgo, África do Sul.

Em 16 de junho de 1976, crianças e jovens  foram às ruas para protestar contra a má qualidade de ensino que lhes era proporcionado pelo governo e, também, contra o ensino da língua Afrikaans, usada apenas pela minoria branca do país.

A manifestação durou duas semanas e terminou com centenas de mortos, sobretudo crianças e adolescentes, e milhares de feridos. O “Dia da Criança Africana” é comemorado em memória delas e chama atenção para a realidade das crianças africanas que são vítimas de violência, exploração e abuso todos os dias.

A Editora Kapulana tem em seu catálogo livros infantis africanos que contam histórias populares com a participação de crianças. Um deles é Kalimba, da angolana Maria Celestina Fernandes, em que o menino Kababo e seu pássaro Kalimba participam de aventuras por aldeias de Angola, no continente africano. Juntos, os dois vencem desafios e ajudam uma comunidade em momentos de dificuldade.

A Editora Kapulana tem também a série de livros “Contos de Moçambique” em que crianças e animais são personagens. Em O rei mocho, de Ungulani Ba Ka Khosa, primeiro volume da série, o pai conta para seu filho uma história da tradição oral moçambicana sobre o surgimento da mentira no mundo.

A Editora Kapulana tem a honra de difundir histórias marcantes, com personagens infantis que retratam a resistência e a sensibilidade da criança africana.

São Paulo, 14 de junho de 2016.

Para conhecer os livros de literatura infantil africana da Kapulana e saber mais sobre o Dia da Criança Africana, acesse:

http://www.loja.kapulana.com.br/catalogo

http://www.au.int/en/newsevents/26675/commemoration-day-african-child

http://www.au.int/en/happening

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JOSÉ DOS REMÉDIOS

JOSÉ DOS REMÉDIOS nasceu em 1o de agosto de 1987, no Chamanculo, Maputo, Moçambique. É professor, jornalista, apresentador de TV e editor da “Livaningo Cartão D’Arte”. Tem publicado artigos de âmbito literário nos jornais e revistas de especialidade. Foi colaborador de programas radiofônicos com rubricas literárias na Cidade FM e na HFM. É licenciado em Literatura Moçambicana pela UEM (Universidade Eduardo Mondlane -Maputo, Moçambique). Foi um dos colaboradores no processo editorial da versão comemorativa dos 50 anos do livro Nós matamos o Cão-Tinhoso, de Luís Bernardo Honwana. Foi roteirista, técnico de som e fotógrafo do documentário MAPUTO A DOROPA.

Atualmente apresenta o programa “Artes e Letras” da emissora STV, de Moçambique: stv.sapo.mz

OBRA PUBLICADA

ARTIGOS SOBRE LIVROS DA KAPULANA

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Editora Kapulana promove exposição na Semana da África no Bar Disritmia

A Editora Kapulana promove, no Bar Disritmia, em São Paulo, a Mostra “O regresso do morto”, em comemoração à Semana da África. 

Entre os dias 25/05 e 04/06/2016, a Editora Kapulana apresenta a Mostra “O regresso do morto, com as ilustrações de Mariana Fujisawa para o livro de contos O regresso do morto, do moçambicano Suleiman Cassamo.

A Mostra é composta pelas gravuras  de Mariana Fujisawa, expostas em várias paredes do bar, acompanhadas de letterings criados pela ilustradora da editora, Amanda de Azevedo, reproduzindo trechos da obra e nomes de personagens femininas. No andar superior, há um espaço especial para os livros da editora, da série “Vozes da África”. O bar foi decorado com capulanas originárias da África, que são tecidos utilizados principalmente como peças de vestuário e ornamentação.

O Bar Disritmia fica à Rua Melo Alves, 74, próximo das avenidas Rebouças, Consolação e Paulista, na capital de São Paulo. O lugar tem samba ao vivo às sextas e aos sábados à noite. No horário de almoço, conta com cardápio com raízes brasileiras. Aos sábados, há feijoadas tradicional e vegana e caipirinha de limão à vontade, por um valor único.

A Editora Kapulana agradece à equipe do Bar Disritmia por tornar possível a divulgação da cultura africana.

São Paulo, 30 de maio de 2016.

Saiba mais e veja as fotos: 

https://www.kapulana.com.br/?p=5734


 

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Editora Kapulana participa da 29ª Feira de Artes da Vila Pompeia

A Editora Kapulana esteve presente, em 15 de maio de 2016, na 29ª Feira de Artes da Vila Pompeia, na capital de São Paulo

A tradicional Feira de Artes da Vila Pompéia aconteceu no bairro da Pompeia, zona Oeste da cidade de São Paulo, no quadrilátero compreendido entre as ruas Ministro Ferreira Alves, Tucuna, Padre Chico e Xerentes, das 9h às 19h, de 15 de maio de 2016. O tema desse ano foi “Faça amor, não faça guerra”.

A Feira de Artes da Vila Pompéia não é só uma feira comercial. Tem, principalmente, o caráter de divulgação cultural e, em seu espaço, estão presentes uma grande variedade de trabalhos de artistas plásticos, artesãos, estilistas, fotógrafos, designers, escritores, poetas e muitos outros, além dos setores de alimentação, com diversas opções de sabores.

A Editora Kapulana marcou sua presença com uma banca de livros localizada à Rua Caraíbas. Os frequentadores da feira puderam adquirir seus livros com descontos, além de terem a oportunidade de se informar melhor sobre o perfil e as atividades da editora.

A feira é anual e faz parte do calendário de eventos do município e do governo do Estado de São Paulo. É, também, uma das maiores referências de feiras culturais de rua do Brasil.

São Paulo, 17 de maio de 2016.

Veja as fotos:

https://www.kapulana.com.br/?p=5629


 

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Dia da África: 25 de maio

No dia 25 de maio de 1963, chefes de estado africanos, com ideias contrárias ao regime a que o continente estava submetido durante muitos séculos, reuniram-se na Etiópia, com o objetivo definir ações para a libertação da África do colonialismo e promover a emancipação dos povos africanos. Dessa reunião, nasceu a Organização da Unidade Africana (OUA).

 Em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 25 de maio como o DIA DA ÁFRICA OU DIA DA LIBERTAÇÃO DA ÁFRICA, também chamado de DIA INTERNACIONAL DA ÁFRICA. Em julho de 2002, a Organização de Unidade Africana (OUA) deu lugar à União Africana (UA). Porém, o DIA DA ÁFRICA permaneceu o mesmo, por ter sido a data em que se deu o passo inicial para a afirmação da cultura africana.

Este dia representa um profundo sentido da memória coletiva dos povos do continente africano e demonstra a verdadeira luta contra o colonialismo e a favor da soberania dos Estados Africanos.

Além da migração histórica dos povos africanos para o Brasil, há algumas décadas se desenvolve um intercâmbio cultural intenso entre estudantes brasileiros e africanos.  Na semana do Dia da África, as instituições de ensino e cultura também celebram a cooperação entre os povos.

A Editora Kapulana sente-se honrada em trazer para o Brasil um pouco da cultura africana por meio das obras de escritores consagrados e também de jovens escritores da nova geração, particularmente dos países africanos de língua portuguesa.

Para saber mais, acesse:

http://www.usp.br/aun/exibir?id=5117

http://ifch.ufpa.br/index.php/noticias/2334-2015-05-21-13-35-36

http://tchogue.blogspot.com.br/2015/05/o-dia-internacional-da-africa-o-berco.html

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Mariana Fujisawa, ilustradora do livro “O regresso do morto”, participa de entrevista para o programa Entretexto, da Rádio Justiça.

Mariana Fujisawa, ilustradora da Editora Kapulana, concedeu entrevista sobre o livro O regresso do morto, do moçambicano Suleiman Cassamo

A ilustradora Mariana Fujisawa participou do programa Entretexto, da Rádio Justiça, em 07 de abril de 2016, quando concedeu entrevista sobre as ilustrações que fez para a recente edição brasileira (2016) de O regresso do morto, de Suleiman Cassamo.

O programa foi conduzido pela jornalista Ana Paula Ergang. Na ocasião, Fujisawa explicou como desenvolveu seu processo de ilustração, desde o seu relacionamento com a editora até a fase da criação artística das ilustrações que enriquecem a obra do premiado escritor moçambicano.

A artista Mariana Fujisawa é estudante de Letras na Universidade de São Paulo (USP) e estudiosa de literaturas africanas de língua portuguesa, onde se insere o livro de contos O regresso do morto, que reflete um quadro de contradições sociais e culturais vividas pelo povo de Moçambique, em particular as mulheres.

São Paulo, 10 de maio de 2016.

Saiba mais sobre a ilustradora: https://www.kapulana.com.br/mariana-fujisawa/

Acompanhe a entrevista em: https://www.youtube.com/watch?v=GP9ubDe2v1U


 

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Desenho digital – Ilustrações de Mauro Manhiça em “As armadilhas da floresta”, de Hélder Faife.

O desenho digital é uma técnica de ilustração utilizada por artistas para a criação de seus desenhos no computador. O ilustrador tem acesso a uma tela virtual e a ferramentas digitais, como pincéis que simulam diversos tipos de texturas de tintas como óleo, aquarela e acrílica. Além disso, alguns instrumentos, somente presentes no computador, possibilitam efeitos diferentes dos desenhos tradicionais feitos à mão, como o “conta-gotas” e ferramentas que possibilitam alterar nitidez, brilho e contraste. É uma técnica muito prática para os momentos de criação.

Em 1972, surgiu o software SuperPaint, marco importante para a evolução da técnica de desenho digital, pois foi o primeiro programa capaz de criar traços mais limpos, eliminando o serrilhamento, que é produzido quando se cria uma linha inclinada no computador. Por ser bastante versátil, o desenho digital passou a ser utilizado em diversas áreas da comunicação e das artes, como publicidade, jogos virtuais e ilustração de livros e revistas.

Uma das vantagens do desenho digital é poder corrigir um erro, acrescentar ou alterar algum traço durante qualquer etapa do processo artístico. Além disso, a variedade de texturas e ferramentas disponíveis provocou o surgimento de novas combinações de materiais e diferentes estilos de trabalho.

O desenho digital não substitui o tradicional desenho feito à mão. Trata-se de uma técnica inovadora de ilustração que convive com a prática do desenho feito à mão. Em ambos os casos, o valor do artista é o que garante a beleza e a qualidade da obra.

Citar como:

FAIFE, Hélder. As armadilhas da floresta. Ilustrações de Mauro Manhiça. São Paulo: Kapulana, 2016. (Série Contos de Moçambique – v. 2)

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Prof. Dr. Francisco Maciel Silveira, autor do livro O caso de Pedro e Inês: Inês(quecível) até o fim do mundo, participa de entrevista para Univesp 

Prof. Dr. Francisco Maciel Silveira, escritor da Editora Kapulana, participa de entrevista sobre o livro Viagens na minha terra, de João Baptista de Almeida Garret

Em entrevista para a Univesp, Prof. Dr. Francisco Maciel Silveira, professor de Literatura Portuguesa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), falou sobre o livro Viagens na minha terra, de João Baptista de Almeida Garret, em 25 de abril de 2016. 

O programa foi conduzido pelo jornalista Ederson Granetto e tratou de assuntos sobre o livro de João Baptista de Almeida Garret, Viagens na minha terra, considerado introdutor do romantismo em Portugal na década de 1820. 

Prof. Dr. Maciel é autor do livro O caso de Pedro e Inês: Inês(quecível) até o fim do mundopublicado pela Editora Kapulana em 2015, que conta a história de Pedro e Inês através da literatura de cordel. 

São Paulo, 5 de maio de 2016.

Assista ao vídeo do programa em: https://www.youtube.com/watch

Saiba mais sobre o autor: https://www.kapulana.com.br/francisco-maciel-silveira/

Saiba mais sobre o livro O caso de Pedro e Inês: Inês(quecível) até o fim do mundo
https://www.kapulana.com.br/produto/o-caso-de-pedro-e-ines-inesquecivel-ate-o-fim-do-mundo/


 

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Editora Kapulana lança o segundo volume de Contos de Moçambique: As armadilhas da floresta!

A Editora Kapulana tem como lançamento do mês de maio o livro infantil africano As armadilhas da floresta. Esse é o segundo volume da série “Contos de Moçambique”.

Trata-se de um projeto da editora brasileira em conjunto com a Escola Portuguesa de Moçambique, cujo objetivo é lançar no Brasil dez volumes de histórias da tradição oral da África.

As armadilhas da floresta, que vem fazer companhia ao  O rei mocho (v. 1) de Ungulani Ba Ka Khosa, tem texto de Hélder Faife e ilustrações de Mauro Manhiça, ambos moçambicanos.

O escritor Hélder Faife cativa o leitor ao contar essa intrigante história em que homem e o leão disputam a liderança na floresta. Cada um faz uso de artimanhas para vencer o outro até que a disputa é solucionada, de maneira inesperada, com a participação de outro animal, o rato!

O artista Mauro Manhiça dá mais vida às personagens em cenário exuberante da floresta. Com cores vibrantes, por meio da técnica do desenho digital, expressões emocionadas e movimentos surpreendentes de animais da terra, do ar e da água são recriados por ele. 

A Editora Kapulana tem a honra de oferecer ao leitor brasileiro mais uma obra de qualidade da literatura de moçambicana. Outros oito volumes de “Contos de Moçambique” chegarão às estantes do Brasil em 2016 e 2017. Aguardem!

São Paulo, 01 de maio de 2016.

Saiba mais sobre o livro: https://www.kapulana.com.br/produto/as-armadilhas-da-floresta/

Saiba mais sobre o autor: https://www.kapulana.com.br/helder-faife/

Saiba mais sobre o ilustrador: https://www.kapulana.com.br/mauro-manhica/


 

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Outras Coisas: o vitimário das personagens, por José dos Remédios

Antes vale um fim trágico do que uma tragédia sem fim.
(Karl Marx)

A narrativa literária, de facto, é um exercício fictício com características particulares. Clemente Bata, na qualidade de autor que também urde histórias com a mestria da pena, não foge a essas diferenciações que concorrem para mantermos os contornos filosóficos da literatura bem elevados. Não foge e tão-pouco se esconde, afinal, neste universo, a exposição em livro é incontornável na sedimentação do ofício que ganha voz no olhar iluminado dos leitores. No entanto, ao mesmo tempo que a ficção resultante da narrativa deserta do plano empírico para se tornar naquilo que a compete, um sopro ou uma asa, no caso de Bata, a escrita vai-se tornando quase tangível de tanto aproximar-se ao plano social, no qual o poder da criação ganha altitude.

Como já nos habituou em “Retratos do instante”, seu livro de estreia, na nova colectânea de contos intitulada “Outras coisas”, Clemente Bata vem com histórias simples, todavia, ocultando nas entrelinhas conotações importantes para os que se esmeram em conhecer não necessariamente Moçambique mas os moçambicanos, com os se medos, êxitos e fracassos. Tal cenário incorpora-se nas histórias através de um retrato aparentemente bem ponderado, sobretudo se cruzarmos os traços relativos aos protagonistas e antagonistas dos contos curtos, à medida do cânone moçambicano, a afirmar-se em cada livro lançado.

Através das personagens, ou melhor, da “vitimização” feita àquelas entidades textuais, Bata dá-nos a conhecer comportamentos e personalidades dos habitantes de um país que (só) valoriza a liberdade quando corre risco de a perder: a liberdade de pensamento, de escolha e de defender os seus interesses. Este é o cenário que se configura, por exemplo, no conto inaugural, “Marozana”, a opor Guedjo, dono de uma vaca, e Xpera-Pôko, antigo milícia a representar as autoridades de um tempo que só a outra luta conseguiu derrubar. Guedjo é um personagem pacato, entretanto, inconformado com a injustiça sofrida, apenas cala-se com o tossir de uma espingarda, já morto, quando pretendia recuperar o que lhe era de direito. O mesmo cenário da “vitimização” acontece com Jubileu das Dores, no segundo conto da obra. Ao longo da história, a descrição do discurso no narrador veste-lhe com uma personalidade pacífica, de tal modo que o personagem é enganado por um enfermeiro até acreditar, durante 9 anos, que tinha HIV, quando, afinal, tudo tratava-se de um truque para Djabo esgotar-se nos calores de Eila, sua esposa. Nos dois contos há uma passividade dos protagonistas aproveitada por traquinas, libertando danos colaterais no enredo.

Ainda na mesma sequência, o conto “Embrulho” continua com o traço vitimário dos dois primeiros. No caso, envolvendo Marieta, uma empregada doméstica que, por não ter o que comer em casa, rouba no serviço duas postas de peixe carapau, três batatas e uma cebola. Porém, sem que disso se apercebesse, o embrulho com os produtos some e com isso o relato do narrador faz dela uma vítima dos seus actos, em parte, mas sobretudo da fome, quase que na mesma proporção que Rindza, uma personagem de “O outro lado do mar”, usada pelo marido para enganar homens em troca de dinheiro. Em várias histórias de “Outras coisas”, as personagens aparecem ou como vítimas dos seus actos ou por imposição de quem tem poder para o efeito.

Neste retrato persistente às personagens, Bata questiona os relacionamentos sociais e problematiza os limites da convivência num contexto em que, às vezes, as personagens, como calha com as pessoas, disputam os mesmos interesses. Do mesmo modo, “Outras coisas” afirma-se como um livro interventivo no sentido em que espalha a reflexão do velho Marx: antes um fim trágico do que uma tragédia sem fim. As personagens deste livro parecem muito atentas a isso…

José dos Remédios

Maputo, 01 de junho de 2016.

In: O país.  Moçambique. 01 jun 2016, 18:45.

http://opais.sapo.mz/index.php/opiniao/160-jose-dos-remedios/41015–outras-coisas-o-vitimario-das-personagens-.html

Saiba mais sobre o livro: https://www.kapulana.com.br/produto/outras-coisas-contos/

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Os retratos sociais e a alegoria dos nomes em “Outras coisas”, de Clemente Bata, por Aurélio Cuna

Se os títulos das obras funcionam como chaves de leitura, Outras Coisas, título do segundo livro do jovem contista Clemente Bata, parece-me avesso a essa função. Primeiro, a ambiguidade que caracteriza o substantivo “coisa”: coisa é tudo o que existe ou pode existir real ou abstratamente, é facto, circunstância, condição, assunto, mistério. Ou ainda: assuntos vários (que não se mencionam), ou seja, coisas e loisas. Segundo, o pronome indefinido “Outras” que nos remete ao diferente, ao diverso, potencia esse campo de indefinição enunciado pelo termo “coisas”. Portanto, ao invés de iluminar o caminho da leitura, o presente título conduziu-me a questionamentos: de que coisas se trata? matéria para ‘outras’? Ou seja, que sentido(s) se projecta(m) no título, enfim, na obra? A resposta a estas questões reside no facto de o quotidiano dos africanos se firmar como uma ficção inesgotável, segundo refere Francisco Noa, em texto de apresentação do livro de estreia de Clemente Bata, em 2010. E isso não é casual. Decorre da inserção e percurso de Clemente Bata na literatura moçambicana.

O autor inicia a sua actividade literária nos finais da década de 80, fase áurea da literatura nacional, produzida no período pós independência. De realçar que foi em 1982 que se fundou a AEMO (Associação dos Escritores Moçambicanos), agremiação cujo compromisso é promover a actividade literária, através da realização de tertúlias, prémios, edições e publicações, produção de revistas literárias, como são os casos de Charrua, Forja, Lua Nova, Oásis, entre outras actividades. No que concerne à publicação, destacam-se os trabalhos de Mia Couto, Ungulani Ba Ka Khosa, Aldino Muianga, Isaac Zita, Juvenal Bucuane, Aníbal Aleluia, Lília Momplé, Eduardo White. Assistiu-se, portanto, a uma verdadeira efervescência literária que, apadrinhada por escritores e poetas já consagrados como Luís Bernardo Honwana, Orlando Mendes, José Craveirinha, Rui Nogar, entre outros, mobilizou e influenciou a juventude da época. Trata-se de uma camada de jovens que herdou dos autores mais experientes, entre outros aspectos, o culto da temática virada para o real circundante, com maior incidência para a crítica social. São, pois, histórias do dia a dia dos moçambicanos que compõem a presente obra. Com efeito, Clemente explora os espaços rural, urbano e suburbano, cotejando sobretudo os conflitos típicos das relações humanas, com particular enfoque para as questões da transgressão da ordem seguida da consequente punição. Por exemplo, em “Jubileu das Dores”, relata-se o desalento de Jubileu das Dores, depois da falsa revelação de que era portador do vírus causador de SIDA. Sofrimento que terminaria, nove anos depois, quando ficou esclarecido que tudo não passava de um plano doloso do enfermeiro Djabo, que, por práticas indecentes fora suspenso do serviço. No conto “Marozana”, a morte foi o castigo máximo para Xpera-Pôko, responsável pelo roubo de uma cabeça de vaca e assassinato do respectivo proprietário, Guedjo. Em “Um corpo no vale S”, Tiro-e-Queda, na companhia dos comparsas que pretendiam assaltar os transeuntes, morre ao tentar fingir que está em estado de coma.

Observador atento da realidade em sua volta, Clemente confirma, nesta obra, a sua vocação de contista. Com efeito, em curtas histórias, o autor narra as mais complexas situações do seu meio, desde o amor, o crime, os linchamentos populares, o alcoolismo, o drama dos empregados domésticos, as brigas conjugais associadas aos telefones celulares, os sequestros, a violência doméstica, até aos excessos dos servidores públicos.

Para terminar, confesso que ler Outras Coisas é experimentar o prazer e privilégio, pouco comuns nos nossos dias, de tomar contacto com uma escrita de elevado grau de fineza, quer do ponto de vista estético, quer no que toca ao rigor na linguagem. Legitima, portanto, a função pedagógica da literatura.

Aurélio Cuna

Maputo, 26 de janeiro de 2016.

Citar como:

CUNA, Aurélio. “Os retratos sociais e a alegoria dos nomes em Outras coisas, de Clemente Bata”. Prefácio in: BATA, Clemente. Outras coisas, contos. Ilustrações de Brunna Mancuso. São Paulo: Kapulana, 2016. (Série Vozes da África). http://18.231.27.148/os-retratos-sociais-e-a-alegoria-dos-nomes-em-outras-coisas-de-clemente-bata/

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MAURO MANHIÇA

MAURO LEONEL MANHIÇA nasceu em 1980, em Maputo, Moçambique.

Tem formação superior em Ciências da Comunicação e, além de fazer muitas ilustrações para campanhas publicitárias, fez vários trabalhos para livros infantis de contos, HQs e outros projetos editoriais como manuais escolares e cartoon para jornais.

É publicitário e artista plástico há mais de treze anos. Passou pelas principais agências publicitárias de Moçambique, como a Ogilvy, DDB e YoungNetwork, onde desenvolveu e aprimorou sua arte.

Regularmente, faz ilustrações para vários projetos da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) e UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), onde é consultor externo para as áreas de comunicação.

Mauro Manhiça é também escritor. Seu livro de estreia, Cheio de Tão Vazio, uma coletânea de poemas, foi lançado em 2015, em Maputo, Moçambique.

 

OBRAS DA KAPULANA

As armadilhas da floresta, de Hélder Faife. Contos de Moçambique v. 2, 2016.

 

OUTRAS OBRAS/ OUTRAS PUBLICAÇÕES

  • Cheio de tão vazio – poemas, 2015 (autor).
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HÉLDER FAIFE

HÉLDER RAFAEL FAIFE nasceu em setembro de 1974, em Maputo, atual capital de Moçambique. Publicitário por formação desde 1994, estudou Arquitetura e Planejamento Físico na Universidade Eduardo Mondlane, também em Maputo, Moçambique. É artista plástico e membro da Associação dos Escritores Moçambicanos.

OBRAS DA KAPULANA

As armadilhas da floresta, Contos de Moçambique, v. 2, 2016.

OUTRAS PUBLICAÇÕES

  • Contos de fuga, 2010.
  • Poemas em sacos vazios que ficam de pé, 2010.
  • Pandza, Crónicas, 2011.
  • As armadilhas da floresta. Maputo: Escola Portuguesa de Moçambique; Barcelona: Fundació Contos pel Món, 2014.
  • Desdenhos, 2017.

PRÊMIOS, CONCURSOS OU OUTRAS PARTICIPAÇÕES

  • Prémio Literário TDM 2010 – categoria: conto (com Contos de fuga): Concurso Literário da empresa Telecomunicações de Moçambique (TDM)
  • Prémio Literário TDM 2010 – categoria: poesia (com Poemas em sacos vazios que ficam de pé): Concurso Literário da empresa Telecomunicações de Moçambique (TDM)
  • Prémio Literário 35 anos do Banco de Moçambique (conto).
  • Menção Honrosa do Prémio Literário 35 anos do Banco de Moçambique (poesia)
  • Prémio FUNDAC Rui de Noronha 2008 (poesia).
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Editora Kapulana participa da II Mostra do Cinema Africano na UFRJ

A Editora Kapulana participa das atividades da II Mostra de Cinema Africano promovida pelo Setor de Literaturas Africanas da Faculdade de Letras, do Depto. de Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro

De 11 a 15 de abril de 2016, a Editora Kapulana participa das atividades da “II Mostra de Cinema Africano: não existe história única”, a convite da Professora Dra. Carmen Tindó, Titular de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O projeto no qual se insere a mostra é uma parceria entre a Faculdade de Letras da UFRJ, o Setor de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa da Faculdade de Letras/UFRJ, o Cineclube Atlântico Negro, (CAN), a Cátedra Jorge de Sena e o Coletivo Negro Carolina de Jesus.

O evento foi organizado, como parte do programa de extensão cultural da universidade, pela Profa. Profa. Dra. Viviane Moraes (Literaturas Africanas de Língua Portuguesa), e pelo Prof. Mestre Clementino Jr. (Cineasta, Cineclubista FFP/ UERJ /CAN).

No primeiro dia, a diretora Rosana Weg fez uma exposição sobre o histórico e o perfil editorial da Kapulana e o seu vínculo com a cultura africana. Na ocasião, teve a oportunidade de discorrer sobre sua vivência como professora em Moçambique na passada década de 80 e expor os motivos que a levaram a criar um selo muito especial no catálogo da Kapulana: o “Vozes da África”.

Paralelamente à participação da diretora da Kapulana, a editora foi convidada a vender seus livros no local.

A “II Mostra de Cinema Africano: não existe história única” é de fundamental importância para a divulgação da produção cultural da África entre os brasileiros. Foram apresentados filmes de produtores africanos, com debates e mesas redondas sobre os temas de interesse, com a presença de renomados pesquisadores e representantes da universidade e de centros culturais.

A equipe da Editora Kapulana agradece a todos que a apoiaram durante as atividades, em particular aos srs. professores Carmen Tindó, Viviane Moraes, Clementino Jr. e Nazir A. Can.

São Paulo, 14 de abril de 2016.

 

Veja fotos do evento: https://www.kapulana.com.br/?p=5460

Saiba mais sobre a curadora do evento, Profa. Carmen L. Tindó Secco: https://www.kapulana.com.br/carmen-tindo-secco/


 

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Suleiman Cassamo: a viva voz do conto, por Rita Chaves

Com um considerável atraso, Suleiman Cassamo desembarca no Brasil. O regresso do morto, que vem marcar a estreia do escritor entre nós, teve sua primeira edição em 1989, tempos conturbados em Moçambique. Passavam-se 14 anos da tardia independência e o país estava imerso nos sobressaltos de uma guerra que perduraria até 1992. Nesse período, a literatura, que tinha integrado o eufórico coro da utopia nos anos 70, já observava os desvios do sonho e as dificuldades do projeto nacional que a partir de 1964 mobilizara a luta armada.

Sem perder de vista a noção de originalidade que é condição da obra literária, Suleiman Cassamo nos traz, revitalizados, personagens que fizeram sua entrada na literatura produzida em Moçambique pelos poemas de José Craveirinha e Noémia de Sousa. Como nos poemas dos anos 50 e 60, os contos de O regresso do morto estão povoados pelos trabalhadores pobres da cidade, os deslocados do campo, os magaíças a retornar do duro trabalho das minas sul-africanas, carregados de bugigangas, fantasia e a memória do desterro. Na narrativa que dá nome à coletânea, é um deles, o emigrado que vem da estranha terra do “jone” a irromper na cena, trazendo uma das poucas imagens de alívio e alegria de toda a obra.

Optando pelo conto, modalidade literária bastante presente no contexto moçambicano, Suleiman Cassamo nos traz dez narrativas que compõem um instigante painel das diversas realidades abrigadas num conjunto espaciotemporal que se desenha para além das fronteiras que teoricamente dividiriam o colonial e o tempo da independência. São muitas e de muitas ordens as contradições que estão no centro das vidas que se movimentam nos diferentes cenários. A aproximar os personagens está a experiência da exclusão, que, em muitos casos, é temperada por atos violentos.

Física e simbólica, a violência constitui uma presença de relevo nas vidas que se representam em cada conto. De maneira intensa, ela toca a mulher, que está situada na ponta extrema da injustiça social e individual nessas sociedades em que a sobrevivência é uma luta diária, e tantas vezes fadada ao fracasso. Pelas narrativas de Cassamo, podemos observar como as personagens femininas condensam em si as duas pontas: a da dor e a da resistência. Os dois primeiros contos são exemplares desse lugar que tocado pela humilhação gera respostas insubmissas. Seus títulos – “Ngilina, tu vai morrer” e “Laurinda, tu vai mbunhar” – têm a mesma estrutura e traduzem uma espécie de ameaça que, ao se realizar, confere uma especial dignidade a inarredáveis destinos.

Sem se referir explicitamente ao colonialismo, o autor confronta-nos com a sua face mais cruel, trazendo-nos as gentes que ele explora e segrega e apontando-nos as suas mais profundas contradições. A brutalidade maior desse sistema talvez seja precisamente a sua capacidade de prolongar-se, arrastando-se para além do celebrado tempo das independências nacionais. E, assim, algumas das cenas não se identificam especificamente com os anos de vigência do sistema. A condição colonial ultrapassa os limites cronológicos e a tinta das iniquidades surge, por exemplo, na “caça” ao pão do já referido “Laurinda, tu vai mbunhar”. Intensamente marcadas, as imagens asseguram ao conto uma envolvente tensão, fazendo do contista, nas palavras de Julio Cortázar, “um pescador de momentos singulares”.

Conhecedor dos riscos de uma avaliação superficial, Cassamo empenha-se em mergulhar em profundidade na rede armada pelo sistema e mostra como se amarram alguns de seus nós, dos quais não escapa o colonizado, dividido, ou melhor, emparedado entre os mundos em que cresceu. Em “Madalena, xiluva do meu coração”, na angústia de Fabião / Neves, temos a machucada consciência de quem se vê perifericamente num mundo sem deixar de pertencer a um outro. A experiência da dualidade que se nota está longe do hibridismo suavizado por alguns discursos pós-coloniais. Sob a temática do dilaceramento amoroso, o enredo evoca, a célebre conferência intitulada “Cultura e colonização” de Aimé Césaire: “A colonização é esse fenômeno que inclui, entre outras consequências psicológicas a seguinte: fazer vacilar os conceitos sobre os quais os colonizados poderiam construir ou reconstruir o mundo.”

Erguendo-se das ruínas de uma sociedade, sobre as quais era preciso erguer outra, a voz de Suleiman Cassamo busca projetar na linguagem esse mundo feito de estilhaços, refratário às hipóteses de harmonia em que tantos africanos tentaram acreditar. Daí deriva uma escrita feita de pedaços, constituindo-se a partir de fortes imagens, apoiando-se numa sintaxe que contraria a norma da língua portuguesa. A expressão por ele cultivada elege como eixo um léxico que, mesclando ao português palavras e construções das línguas moçambicanas que fertilizam a língua herdada/imposta, faz da oralidade não um recurso, mas uma poderosa matriz. Na diversidade de tempos, de espaços, de enredos, o ritmo da oralidade assume a mediação e coloca-se como a face viva de um universo historicamente cindido. Isso explica o peso das lacunas na modulação da escrita. Montado com fragmentos, construído sobre e sob escombros, o mundo que emerge não pode prescindir da elipse como uma importante chave de estruturação.

Conferindo visibilidade a um conjunto de seres marginalizados, os “esquecidos” que desfilam pelas ruas de tantas cidades africanas, e não só, O regresso do morto supera os domínios da denúncia e apresenta-se como um fascinante trabalho literário. Vemo-nos diante de um exercício capaz de conduzir o leitor a um singular universo de sentidos, recordando-nos que a literatura nos permite ver aquilo que a vida, a um só tempo, mostra e esconde. Venha de onde vier.

Janeiro de 2016.

Rita Chaves

Universidade de São Paulo

Citar como:

CHAVES, Rita. “Suleiman Cassamo: a viva voz do conto”. Prefácio in: CASSAMO, Suleiman. O regresso do morto, contos. Ilustrações de Mariana Fujisawa. São Paulo: Kapulana, 2016. (Série Vozes da África). http://18.231.27.148/suleiman-cassamo-a-viva-voz-do-conto-de-rita-chaves-universidade-de-sao-paulo/

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UNGULANI BA KA KHOSA

UNGULANI BA KA KHOSA, nome tsonga (grupo étnico do sul de Moçambique) de FRANCISCO ESAÚ COSSA, nasceu a 1º de Agosto de 1957, em Inhaminga, distrito de Cheringoma, província de Sofala, Moçambique.

Professor de carreira, exerceu funções importantes em Moçambique como as de Diretor do Instituto Nacional do Livro e do Disco e Diretor Adjunto do Instituto Nacional de Cinema e Audiovisual de Moçambique. Durante a década de 90, foi cronista assíduo de vários jornais. Foi Secretário-Geral da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO) e Diretor do Instituto Nacional do Livro e do Disco (INLD).

Tem forte vínculo com a cultura brasileira, tendo participado de vários eventos culturais e acadêmicos no Brasil, como FlinkSampa (São Paulo/SP), Afrolic (Recife/PE), FliPoços (Poços de Caldas – MG), USP (São Paulo/SP) e Unicamp (Campinas/SP).

OBRAS DA KAPULANA

OUTRAS PUBLICAÇÕES

  • Ualalapi. Maputo: Associação dos Escritores Moçambicanos, 1987.
  • Orgia dos loucos. Maputo: Associação dos Escritores Moçambicanos, 1990.
  • Histórias de amor e espanto. Maputo: INLD, 1993.
  • No reino dos abutres. Maputo: Imprensa Universitária, 2002.
  • Os sobreviventes da noite. Maputo: Texto Editora, 2005.
  • Orgia dos loucos. Maputo: Alcance, 2008.
  • Choriro. Lisboa: Sextante Editora, 2009.
  • O rei mocho. Maputo: Escola Portuguesa de Moçambique, 2012.
  • Ualalapi. Belo Horizonte: Nandyala, 2013.
  • Entre as memórias silenciadas. Maputo: Texto Editora, 2013.
  • Gungunhana. Porto: Porto Editora; Maputo: Plural Editores, 2018.

DESTAQUES/ PRÊMIOS

  • Grande Prémio de Ficção Narrativa, com Ualalapi (1987), 1990.
  • Prémio Nacional de Ficção, com Ualalapi (1987), 1994.
  • Um dos 100 melhores romances africanos do século XX: Ualalapi (1987), 2002.
  • Prémio José Craveirinha de Literatura, com Os sobreviventes da noite (2005),
  • Prémio BCI de Literatura, com Entre as memórias silenciadas (2013), 2013.
  • Ordem de Rio Branco, Grau de Comendador (2018) concedido pelo Governo Brasileiro, pelos 30 anos de carreira literária, iniciada com a publicação de Ualalapi, em 1987.
  • Prémio José Craveirinha de Literatura, pelo conjunto da obra literária (2018).
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SULEIMAN CASSAMO

SULEIMAN CASSAMO, filho de pai de origem asiática e de mãe ronga, nasceu em 1962, no distrito de Marracuene, Maputo, sul de Moçambique. É licenciado em Engenharia Mecânica e Mestre em Gestão Empresarial, pela Universidade Eduardo Mondlane, onde é docente há 25 anos.

Foi Secretário Geral da Associação de Escritores Moçambicanos (AEMO) no biênio de 1997-1999. É escritor com obra reconhecida internacionalmente, tendo já recebido prêmios europeus e africanos. Desde os anos de 1980, colabora com a imprensa de Moçambique, principalmente com contos e crônicas (Revista Charrua, Gazeta de Artes e Letras, Eco, Forja, Jornal Notícias). Tem participado de conferências em Angola, Brasil, Espanha, França, Moçambique, Portugal e Suíça.

OBRAS DA KAPULANA

O regresso do morto, contos, 2016. [Vozes da África].

OUTRAS PUBLICAÇÕES

  • O regresso do morto. Alfragide: Editorial Caminho, 1997.
  • Amor de baobá. Maputo: Ndjira, 1998.
  • Palestra para um morto. Maputo: Ndjira, 2000.

PRÊMIOS, CONCURSOS E OUTRAS PARCIPAÇÕES

  • Prémio Guimarães Rosa, 1994.
  • Grande Prémio Sonangol de Literatura, 2015.
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SÍLVIA BRAGANÇA

SÍLVIA BRAGANÇA nasceu em Goa, na Índia em 1937, e viveu em Moçambique durante muitos anos. Faleceu em Goa em 2020. Foi professora, pintora, poeta e escritora. Sempre teve paixão pela infância e dedicou-se a projetos de educação com crianças moçambicanas. Artista bastante conhecida internacionalmente, fez várias exposições de arte na Índia, em Portugal e em Moçambique.

Sílvia Bragança foi casada com Aquino de Bragança, figura importante na libertação dos povos africanos e na luta contra o sistema colonial português. Aquino morreu em 1986 em um acidente de avião, no qual se encontrava toda a comitiva do então presidente de Moçambique, Samora Machel, de quem era muito próximo, também falecido na ocasião.

OBRAS DA KAPULANA

Sonho da lua, 2015. [Vozes da África]

OUTRAS PUBLICAÇÕES

  • A quem a minha vida, a vida deu?. Maputo: Imprensa Universitária, 1998.
  • Aquino de Bragança, batalhas ganhas, sonhos a continuar. Maputo: Ndjira, 2009.
  • Sonho da lua. Maputo: Brinduka, 2010.