Publicado em

Conheça os livros da Kapulana para 2019

O catálogo inclui autores angolanos, nigerianos, moçambicanos, zimbabuenses e brasileiros, como Pepetela, Akwaeke Emezi, Adelino Timóteo, Tsitsi Dangarembga, Walter Sousa Jr. e Marcelo Jucá

A Kapulana divulgou o seu calendário de publicações para 2019. O catálogo inclui autores angolanos, moçambicanos, zimbabuenses e brasileiros. Entre os títulos estão as obras O cão e os caluandas e O quase fim do mundo, ambas do consagrado autor angolano Pepetela, e o romance Cemitério dos pássaros, do moçambicano Adelino Timóteo. A editora também lançará duas obras infantis de autores brasileiros, com temáticas que abordam reflexões socais acerca de temas atuais: Nina tem medo de palhaço, de Walter de Sousa Júnior, e Ilha, de Marcelo Jucá – este, vencedor do concurso “Seja Nosso Autor”, promovido pela Kapulana.

Dando continuidade às publicações de autores africanos de língua inglesa – projeto que teve início em 2018 para o catálogo da editora -, a Kapulana prepara o livro Nervous conditions, da escritora e cineasta Tsitsi Dangarembga, do Zimbábue, premiado e classificado entre os 12 primeiros livros no ranking dos “100 Melhores Livros Africanos do Século XX”, e contemplado, em 2018, na lista da BBC de “100 Histórias que Formaram o Mundo”. A obra retrata a história da uma família Shona, durante o período pós-colonial, no Zimbábue (Rodésia, antes da independência). O aclamado Freshwater, de Akwaeke Emezi, da Nigéria, utiliza uma linguagem crua e, ao mesmo tempo, sensível, a obra celebra a possibilidade do ser múltiplo, os muitos “eus” que podem existir dentro de qualquer um. Já em Minha irmã, a serial killer, Oyinkan Braithwaite, também da Nigéria, conta uma história ao mesmo tempo bem-humorada e assustadora sobre duas irmãs com temperamentos e atitudes bem diferentes uma da outra.

Leia as sinopses de cada obra: https://www.kapulana.com.br/proximos-lancamentos/?mc_cid=44f2daace9&mc_eid=d9a246dbcb

Conheça os autores: https://www.kapulana.com.br/nossos-autores/

Saiba mais sobre a Editora Kapulana: https://www.kapulana.com.br/a-editora/

Publicado em

TSITSI DANGAREMBGA

TSITSI DANGAREMBGA nasceu na Rodésia (Zimbábue após a independência do país). É escritora, cineasta, dramaturga, poeta, professora e mentora. Atualmente vive em Harare, capital do Zimbábue, com seu marido e dois filhos.

Fez seus estudos escolares iniciais no Zimbábue, e os estudos universitários na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e na Universidade do Zimbábue. Tem mestrado, com honras, em Cinematografia pela Academia Alemã da Cinema e Televisão de Berlim (1996).

Tsitsi é feminista e ativista. É idealizadora e diretora de diversos projetos e programas que dão suporte financeiro e técnico para mulheres que atuam como artistas e cineastas no Zimbábue e na África como um todo. Entre eles estão o Institute of Creative Arts for Progress in Africa que, sob o lema “Quando mudamos a África, mudamos o mundo”, financia peças de arte transformadoras, com especial ênfase na abertura de portas e caminhos para jovens que trabalham com cinema, especialmente mulheres.

Outro projeto é African Women Filmmakers’ Hub (AWFH), um programa pan-africano de treinamento, mentoria e desenvolvimento de capacidades para cineastas africanas, presente em onze países da África. Esse projeto continua o trabalho que ela começou como Presidente do Women Filmmakers of Zimbabwe, posição que ocupou de 2000 a 2005. 

Além de atuar na área do cinema, sua obra inclui livros de literatura, de ensaios e peças para teatro.

Tsitsi Dangarembga foi a primeira mulher negra do Zimbábue a publicar um livro em inglês: Nervous conditions (1988).  É o primeiro volume da trilogia Tambudzai, da qual fazem parte Nervous conditions (1988), The book of Not (2006) e This mournable body (2018).

Também é autora do livro de ensaios Preta e mulher (Black and female), próximo lançamento.

Em teatro, um dos destaques é o livro She no longer weeps, atualmente adotado nas escolas secundárias do Zimbábue.

A escritora foi curadora do “African Book Festival Berlin 2019”, festival Literário em Berlim, com foco em escritores africanos. http://www.jamesmurua.com/tsitsi-dangarembga-to-curate-berlins-african-book-festival-2019/

OBRA DA KAPULANA:

  1. Condições nervosas (Nervous conditions). Tradução: Carolina Kuhn Facchin. São Paulo, 2019.
  2. O livro do Não (The book of Not). Tradução: Carolina Kuhn Facchin. São Paulo, 2022.
  3. Esse corpo lamentado (This mournable body). Tradução: Carolina Kuhn Facchin. São Paulo, 2022.
  4. Preta e mulher (Black and female). Tradução: Carolina Kuhn Facchin. São Paulo, 2023.

OBRA SELECIONADA:

Literatura e Teatro

  • 1983 – The lost of the soil. Harare: University of Harare.
  • 1987 – She no longer weeps (peça). Harare: College Press Publishers.
  • 1985 – “The letter” (conto), em Whispering Land: An Anthology of Stories by African Women. Stockholm: SIDA, Office of Women in Development.
  • 1988 – Nervous conditions. London: The Women’s Press Ltd.; Oxfordshire: Ayebia Clarke Publishing Ltd., 2004; São Paulo: Kapulana, 2019; Minneapolis: Graywolf Press, 2021; London: Faber & Faber Ltd., 2021.
  • 2004 – Nervous conditions. Reino Unido: Ayebia Clarke Publishing Ltd.
  • 2006 – The book of Not. Oxfordshire: Ayebia Clarke Publishing Ltd.; Minneapolis: Graywolf Press, 2021; London: Faber & Faber Ltd., 2021; São Paulo: Kapulana, 2022.
  • 2018 – This mournable body. Minneapolis: Graywolf Press; London: Faber & Faber Ltd., 2020.
  • 2022, Ago. 16 – Black and female. London: Faber & Faber Ltd. (e-book)
  • 2023, Jan. 17 – Black and female. Minneapolis: Graywolf Press. (brochura)

Cinema

  • 1993 – Neria (autoria).
  • 1996 – Everyone’s child (coautoria e direção).
  • 2000 – Hard earth: land rights in Zimbabwe. Nyerai Films.
  • 2004 – Mother’s day (curta-metragem). Melhor Curta Africano, Cinema Africano, Milão, em 2005; Melhor Curta no Festival Internacional de Cinema do Zanzibar, 2005; Melhor Curta no Festival de Cinema do Zimbábue, 2004).
  • 2010 – I want a wedding dress (longa-metragem).
  • 2011 – Nyami Nyami and the evil eggs (curta-metragem musical).
  • 2012 – Kuyambuka (Going Over): cross boarder traders. (documentário; produção).

PRÊMIOS e DESTAQUES

  • 1989 – Nervous conditions (Condições nervosas): vencedor do The Commonwealth Writers’ Prize.
  • 2007 – National Arts Merits Awards Arts Personality of the Year.
  • 2008 – National Arts Merit Award for Service to the Arts.
  • 2008 – Zimbabwe Institute of Management Award for National Contribution.
  • 2012 – Zimbabwe International Film Festival Trust Safirio Madzikatire for Distinguished Contribution to Film.
  • 2018 – Nervous conditions (Condições nervosas): Um dos 100 livros que moldaram o mundo (BBC).
  • 2020 – This mournable body (Esse corpo lamentado): 2020 Booker Prize for Fiction (finalista).
  • 2021 – Tsitsi Dangarembga: The PEN Award for Freedom of Expression.
  • 2021 – Tsitsi Dangarembga: Prêmio da Paz na Feira do Livro de Frankfurt (Peace Prize of the German Book Trade).
  • 2021 – Honorary Fellowship of Sidney Sussex College, Cambridge.
  • 2021 – PEN Pinter Prize from English PEN.
  • 2022 – Windham-Campbell Literature Prize (fiction).

Saiba mais sobre a escritora:

Publicado em

AKWAEKE EMEZI

AKWAEKE EMEZI nasceu em 1987, na Nigéria, em Umuahia, mas cresceu em Aba. Atualmente vive nos Estados Unidos.

Em 2017, recebeu uma bolsa do “Global Arts Fund”para realizar a videoarte de seu projeto The Unblinding, e uma bolsa “Sozopol Fellowship for Creative Nonfiction”.

Akwaeke identifica-se como Ọgbanje, palavra da cultura Igbo que significa um espírito intruso que nasce em uma forma humana, e que resultaria em uma criança com um terceiro gênero. Traduzindo isto para sua realidade terrena, Akwaeke nasceu em um corpo feminino, mas não é mulher, identificando-se como trans e utilizando pronomes neutros para se referir a si. No texto “Transition: My surgeries were a bridge across realities, a spirit customizing its vessel to reflect its nature”, publicado no site The Cut, Akwaeke fala de suas cirurgias e experiências para adequar seu espírito à realidade física.

OBRA DA KAPULANA

OBRA ORIGINAL

  • Who is like God (conto). Londres: Granta Publications, 2017.
  • Freshwater. Nova York: Grove Press, 2018.
  • Pet. Faber&Faber, 2019.
  • The Death of Vivek Oji. Faber&Faber, 2020.
  • Dear Senthuran: a black spirit memoir. Riverhead Books 2020).

DESTAQUES

  • Em 2017, seu conto Who is like God ganhou o “Commonwealth Short Story Prize for Africa”.
  • Água doce (Freshwater), uma autobiografia ficcionalizada, é a obra de estreia de Akwaeke Emezi, lançada em 2018.
  • Akwaeke Emezi está entre os homenageados da National Book Foundation ‘5 Under 35’, de 2018.
  • Água doce (Freshwater) é finalista do “First Novel Prize da Center for Fiction” e foi pré-finalista do “Aspen Words Literary Prize”.
  • Traduzido para seis línguas, o livro é um dos “100 Notable Books de 2018”, do jornal New York Times.
  • O livro foi pré-finalista do “Carnegie Medal of Excellence” e do “The Brooklyn Public Library Literary Prize”.
  • O livro foi “Escolha do Editor”, do New York Times Book Review e recebeu resenhas elogiosas do New York Times, Wall Street Journal, New Yorker, Guardian e LA Times, entre outros.
  • Os textos de Akwaeke foram publicados pela T Magazine, Dazed Magazine, The Cut, Buzzfeed, Granta Online, Vogue.com e Commonwealth Writers, entre outros.
  • PET foi incluído na shortlist para o “National Book Awards” em 2019.
  • PET foi indicado entre os “100 Melhores livros de Fantasia de todos os tempos”, na Revista Time, por um júri formado pelos principais autores de obras de fantasia. A lista indica as obras de ficção mais engajadas, inventivas e influentes do século IX até hoje: https://time.com/collection/100-best-fantasy-books/
Publicado em

Kapulana participa de roda de conversa “Como Montar e Gerir Uma Editora Independente” no Sesc Paulista

Diretora e fundadora da Kapulana conversou sobre o desenvolvimento da editora em encontro no Sesc Avenida Paulista

A diretora editorial da Kapulana, Rosana Weg, participou, em novembro, no Sesc Avenida Paulista, de uma roda de conversa sobre como desenvolver uma editora independente. Intitulada “Como Montar e Gerir uma Editora Independente”, o bate-papo contou também com as presenças dos editores Eduardo Lacerda, da Patuá; Marcelo Nocelli, da Reformatório; e Marciano Ventura, da Ciclo Contínuo.  A mediação ficou a cargo do escritor e produtor cultural Jorge Ialanji Filholini. 

No encontro, os quatro editores conversaram sobre as fases do mercado editorial brasileiro, como são escolhidas as obras e autores que farão parte do catálogo, a elaboração do material físico e/ou virtual do livro, os meios de comunicação na divulgação e promoção dos livros, o lançamento, relação com as livrarias, os eventos literários e, assim, as vendas. O bate-papo aprofundou um pouco do desenvolvimento e dinâmica das editoras independentes no Brasil.

 

Publicado em

Editora Kapulana traz mais uma vez ao Brasil o escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa para lançamento de novo livro sobre o imperador Gungunhana

O premiado escritor moçambicano esteve em novembro no Brasil para lançar seu novo livro e participar de diversos eventos culturais e acadêmicos no país

O premiado escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa esteve em novembro no Brasil para realizar o lançamento de seu novo livro Gungunhana: Ualalapi e As mulheres do Imperador, publicada pela Editora Kapulana, além de participar de eventos pelo país onde conversou sobre a sua trajetória literária. O autor passou pelas cidades de São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro e Salvador.

O livro é composto por duas obras em um só volume. As duas obras têm o imperador Gungunhana como elo. Na primeira história, publicada em 1987, Ualalapi, classificado em rancking internacional entre “os 100 melhores romances africanos do século XX”, conta a história de Gungunhana, de sua ascensão à sua queda. Na segunda história, As mulheres do Imperador (2018), Ungulani traz de volta a mesma personagem Gungunhana, mas as protagonistas são suas mulheres, que são separadas do Imperador no exílio e retornam a Moçambique após quinze anos de isolamento.

Em São Paulo

Na Universidade de São Paulo (USP), em 5 de novembro, seu primeiro encontro no país, o escritor compartilhou com o público, durante a programação do “XVIII Encontro de Estudos Comparados de Literatura de Língua Portuguesa”, a sua carreira na escrita literária e a nova edição de Ualalapi, obra bastante estudada no país. O encontro contou com a participação da diretora da Kapulana, Rosana Weg, que explicou o processo editorial do novo volume, e da pesquisadora Jaqueline Kaczorowski, que conversou com o autor sobre Gungunhana: Ualalapi e As mulheres do Imperador. Segundo Ungulani:

“A literatura tem dessas pretensões de não moralizar os personagens que escolhemos, torna-se importante socializar essas figuras histórias. A minha vontade foi tentar deixar o Gungunhana mais humano. Já em “As mulheres do Imperador” eu quis encontrar o ponto certo e entrar naquele universo. O escritor escolhe um enredo e entrega o resultado de corpo e alma”.

Na Blooks Livraria, do Shopping Frei Caneca, em São Paulo, na noite do dia 12 de novembro, o autor bateu um papo com o jornalista e crítico literário Rodrigo Casarin. Durante a conversa, Ungulani destacou a homenagem que prestou às esposas de Gungunhana, e a todas as mulheres, em sua mais recente obra:

“Foi uma ideia que eu vinha tendo ultimamente e, de repente, enxerguei um tema que dá para eu tratar sobre isto. Procurei por documentos sobre elas e não encontrei nada. Anos depois recebi alguns documentos se tratando do exílio delas em São Tomé, capital de São Tomé e Príncipe, e, à medida que fui analisando, percebi o papel secundário que a História renega às mulheres”.

Na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em Campinas-SP, no dia 14 de novembro, Ungulani esteve com estudantes de diversos cursos, inclusive estudiosos de suas obras. O encontro foi organizado pelo GELCA – Grupo de Estudos de Literaturas e Culturas Africanas e mediado pela Profa. Dra. Elena Brugioni. Contou com as presenças da pesquisadora Natasha Magno e da diretora da Kapulana, Rosana Weg.

Ainda em São Paulo, em 23 de novembro, Ungulani Ba Ka Khosa participou de mesa de debate no “II Seminário A língua portuguesa na educação, na literatura e na comunicação”, promovido pela CPCLP, Comissão para a Promoção de Conteúdo em Língua Portuguesa, da Câmara Brasileira do Livro (CBL), realizado no Sesc – Centro de Pesquisa e Formação. Participaram do bate-papo o escritor moçambicano e a premiada escritora brasileira Maria Valéria Rezende, sob a mediação da escritora e jornalista Josélia Aguiar. Os convidados debateram com o público presente sobre sua produção literária, sua experiência em educação, e também sobre as principais influências culturais e literárias em suas obras. Na ocasião, Ungulani realizou o lançamento, com sessão de autógrafos, da edição brasileira de Gungunhana: Ualalapi e As mulheres do Imperador.

No Rio de Janeiro

Na cidade carioca, Ungulani Ba Ka Khosa, participou de dois eventos organizados para a sétima edição da Festa Literária das Periferias, FLUP, realizada no Cais do Valongo.

Em 7 de novembro, na Flup Parque, Ungulani conversou com alunos do ensino fundamental da região sobre o seu processo de desenvolvimento do livro infantil O rei mocho – que faz parte da série Contos de Moçambique, publicada pela Kapulana -, assim como sobre sua experiência como educador.

Em 9 de novembro, na Flup, realizou o lançamento nacional da obra Gungunhana: Ualalapi e As mulheres do Imperador e compartilhou a sua experiência literária ao lado dos pesquisadores e escritores brasileiros Tom Farias e Djamila Ribeiro. Em uma noite de teatro cheio, Ungulani destacou a importância da literatura no país moçambicano:

“A literatura tem desempenhado o papel de recuperar a memória, porque a memória é uma amnésia em nosso país. As elites que nascem no nosso continente muitas vezes se afastam de seu chão cultural. Desta forma, as jovens gerações perdem as suas ancestralidades. No entanto, para encontrá-los e trazê-los de volta para a nossa cultura, eu faço por meio da literatura. E se não consigo desta maneira, acabo não sendo ninguém para este mundo”

Na Universidade Federal do Rio de Janeiro, participou de vários encontros sobre literatura e cinema de Moçambique, em seminário organizado pela Profa. Dra. Carmen Lucia Tindó Secco: “Literaturas Africanas & Cinema & História: olhares múltiplos, perspectivas críticas, leituras cruzadas”:

Em 21 de novembro, debate e lançamento do livro de ensaios organizado da Profa. Carmen L. T. Secco, publicado pela Editora Kapulana: Pensando o cinema moçambicano – ensaios.

Em 22 de novembro, debate e lançamento do livro da Kapulana, Gungunhana: Ualalapi e as Mulheres do Imperador, seguido de sessão de autógrafos.

Recebido por estudantes, professores, pesquisadores de sua obra literária e da cultura moçambicana em geral, Ungulani conversou sobre o seu processo criativo em geral e sobre a obra Ualalapi (1987), e sobre sua mais recente obra As mulheres do imperador (2018), juntas agora na edição brasileira da Kapulana.

Em Salvador

Em sua 13ª edição, a já tradicional “Balada Literária” convidou o escritor Ungulani Ba Ka Khosa para a sua programação realizada em Salvador (BA).

Em 17 de novembro, na Casa do Benin, no Pelourinho, o escritor moçambicano participou da mesa “Sei dos caminhos – Moçambique e Brasil”, ao lado dos professores e escritores Nelson Maca, também curador da Balada na Bahia, Wesley Correia e Rodrigo Dultra. Ungulani falou sobre o seu processo criativo e da sua paixão pela Literatura. Depois da conversa, o escritor moçambicano lançou Gungunhana: Ualalapi e As mulheres do Imperador.

O escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa ainda visitou livrarias brasileiras, no Rio e em São Paulo, onde seus livros estão à venda. Lá encontrou os livros publicados pela Kapulana no Brasil: O rei mocho, Orgia dos Loucos e o mais recente Gungunhana. Nessas visitas, os profissionais do livro tiveram a oportunidade rara de conhecer pessoalmente um grande escritor de ficção moçambicana.

São Paulo, 27 de novembro de 2018.

***

FOTOS das atividades:

SÃO PAULO

05/11/2018 – Encontro com o escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa na USP, em São Paulo, SP.

https://www.kapulana.com.br/05-11-2018-encontro-com-o-escritor-mocambicano-ungulani-ba-ka-khosa-na-usp-em-sao-paulo-sp/

12/11/2018 – Resistência na Literatura: bate-papo com Ungulani Ba Ka Khosa, na Blooks Livraria, em São Paulo, SP.

https://www.kapulana.com.br/12-11-2018-resistencia-na-literatura-bate-papo-com-ungulani-ba-ka-khosa-na-blooks-livraria-em-sao-paulo-sp/

14/11/2018 – Encontro com o escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa, na Unicamp, Campinas, SP.

https://www.kapulana.com.br/14-11-2018-encontro-com-o-escritor-mocambicano-ungulani-ba-ka-khosa-na-unicamp-sp/

23/11/2018 – Lançamento de Gungunhana: Ualalapi e as Mulheres do Imperador, de Ungulani Ba Ka Khosa, no Sesc Centro de Pesquisa e Formação, em São Paulo, SP.

https://www.kapulana.com.br/lancamento-de-gungunhana-ualalapi-e-as-mulheres-do-imperador-de-ungulani-ba-ka-khosa-no-sesc-centro-de-pesquisa-e-formacao-em-sao-paulo-sp/nggallery/page/1

 

RIO DE JANEIRO

22/11/2018 – Lançamento de Gungunhana: Ualalapi e as Mulheres do Imperador, de Ungulani Ba Ka Khosa, na UFRJ, Rio de Janeiro, RJ.

https://www.kapulana.com.br/lancamento-e-sessao-de-autografos-do-livro-gungunhana-de-ungulani-ba-ka-khosa-na-ufrj-rj/

 

SALVADOR

17/11/2018 – Ungulani Ba Ka Khosa na Balada Literária de Salvador, BA.

https://www.kapulana.com.br/ungulani-ba-ka-khosa-na-balada-literaria-de-salvador-ba/

 

VÍDEOS com o escritor:

Flup Parque (07/11/2018) – Rio de Janeiro, RJ

https://www.facebook.com/FlupRJ/videos/345874612637916/

FLUP (09/11/2018) – Rio de Janeiro, RJ

https://www.facebook.com/FlupRJ/videos/vl.1966763803623029/2109192102465286/?type=1

https://www.facebook.com/FlupRJ/videos/vl.319463598867952/254753368535403/?type=1

 

ENTREVISTAS E LEITURAS de texto com o autor, para a Editora Kapulana, São Paulo, SP.

Entrevista: https://www.kapulana.com.br/uma-entrevista-com-ungulani-ba-ka-khosa-autor-de-gungunhana-ualalapi-as-mulheres-do-imperador/

Entrevista: https://www.youtube.com/watch?v=ZI-PMk9HrA4&t=8s

Leitura de trechos: https://www.youtube.com/watch?v=2X_t52b4xwA

 

ARTIGOS E MATÉRIAS sobre a obra:

Por Rita Chaves (Profa. da USP): https://www.kapulana.com.br/ualalapi-a-narrativa-e-os-ciclos-por-rita-chaves/

Por Carmen Lucia Tindó Secco (Profa. da UFRJ): https://www.kapulana.com.br/as-mulheres-do-imperador-entrelaces-de-historias-e-estorias-por-carmen-l-tindo-secco/

Por José dos Remédios (jornalista de Moçambique): https://www.kapulana.com.br/a-degradacao-da-personagem-em-gungunhana-por-jose-dos-remedios/

Jornal O GLOBO (RJ): Destaques culturais na Semana da Consciência Negra: https://oglobo.globo.com/cultura/selecionamos-destaques-culturais-na-semana-da-consciencia-negra-23244197

SOBRE OS LIVROS DO AUTOR publicados pela Kapulana:

Gungunhana: Ualalapi e As mulheres do Imperador: https://www.kapulana.com.br/produto/gungunhana-ualalapi-as-mulheres-do-imperador/

O rei mocho: https://www.kapulana.com.br/produto/o-rei-mocho-1-contos-de-mocambique/

Orgia dos loucos: https://www.kapulana.com.br/produto/orgia-dos-loucos/

 

SOBRE O AUTOR: https://www.kapulana.com.br/ungulani-ba-ka-khosa/

Publicado em

Cinco curiosidades sobre “Um dia vou escrever sobre este lugar”, de Binyavanga Wainaina

A Kapulana destacou cinco curiosidades importantes sobre o seu próximo lançamento, a obra de memórias de um dos escritores mais geniais da atualidade

  1. O Livro

Publicado pela primeira vez em Língua Portuguesa, com impecável trabalho editorial da Kapulana, em Um dia vou escrever sobre este lugar, Binyavanga Wainaina, a partir de suas memórias da infância à vida adulta, apresenta-nos nessa preciosa obra literária, um retrato pessoal, político e cultural da África, a partir de sua vivência no  Quênia, seu país natal, e em outros países onde viveu, como a África do Sul, Uganda, Gana e Togo. Para celebrar este livro incrível, a editora realizou uma parceria com a TAG – Experiências Literárias. O livro está à venda na TAG Loja (compre aqui) do período de 5 a 25 de novembro. No site da Kapulana e nas demais livrarias, o livro estará à venda a partir de 26 de novembro.

  1. O Autor

Binyavanga Wainaina é um defensor incansável da África, do poder do continente africano a partir de suas raízes e seu povo. Fala abertamente sobre questões referentes à realidade LGBTQ+ na África em comparação à realidade de outros países. Nasceu em Nakuru, Quênia, em 18 de janeiro de 1971.

Estudou Economia na África do Sul, mas desistiu do curso até perceber que sua vocação era, de fato, a escrita. Em 2002, ganhou o “Caine Prize for African Writing”, com “Discovering home”, sobre uma viagem com a família para Uganda. No ano de 2008, com o ensaio “How to write about Africa” ganhou reconhecimento mundial.  Em 2011 lançou o livro One day I will write about this place, seu livro de memórias. No ano de 2016, Dia Mundial de Combate à AIDS, o autor assumiu, em seu perfil do Twitter, que é HIV positivo e vive muito bem. 

  1. A obra foi indicada pela escritora Chimamanda Adichie 

Em outubro de 2017, quando foi curadora do clube de assinantes da TAG – Experiências Literárias, a renomada escritora nigeriana Chimamanda Adichie destacou Um dia vou escrever sobre este lugar, que ainda não havia sido publicado no Brasil, como um dos seus cinco livros favoritos. Confira aqui.

  1. Um livro aclamado pela crítica mundial 

“Wainaina é um cantor e pintor de palavras. Ele faz você cheirar, escutar, tocar, ver e, acima de tudo, sentir o drama e as vibrações da vida abaixo da superfície capturada de forma brilhante e concreta do Quênia e da África. Estas memórias explodem com vida e risadas e compaixão em todas as linhas e parágrafos” (Ngũgĩ wa Thiong’o, aclamado escritor queniano)

“O caminho de Wainaina até se tornar um escritor está entrelaçado à sua busca por sua identidade, por pertencer à sua família e, ao mesmo tempo, criar um retrato hilário, inteligente e cheio de nuances do que é ser Um Queniano-Ugandense-Gikuyu-Mufunbira-filho-irmão-estrangeiro-cidadão-artista no mundo, hoje” (por Caitlin Chandler, em Africa is a country)

“A linguagem é, claramente, o modo preferido pelo autor para estruturar o mundo, mas também é o brinquedo que ele usa com elegância idiossincrática e imediatismo brilhante para capturar ‘as sensações esparsas, oscilantes’ de memórias e emoções do passado” (Kirkus Prize, da edição na “BEA Big Books”)

  1. Edição brasileira conta com “capítulo perdido”

Em janeiro de 2014, após uma série de leis anti-homossexualidade terem sido aprovadas na África, Binyavanga escreveu o texto “Eu sou homossexual, Mãe”, no qual reinventa os eventos da morte da mãe, imaginando como teria sido lhe contar que é um homem gay. O texto, nomeado pelo autor como um “capítulo perdido” de suas memórias, publicadas em 2011, saiu inicialmente no site Africa is a country, e posteriormente foi publicado também no The Guardian e outros veículos da grande imprensa. Por sua coragem de se assumir como homossexual no Quênia, país no qual a homossexualidade é punida criminalmente, Binyavanga foi eleito, em 2014, uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, pela TIME. A edição brasileira de Um dia vou escrever sobre este lugar inclui este comovente e importante capítulo da vida de Binyavanga.

Leia um trecho do texto:

“- Nunca abri meu coração para você, Mamãe. Você nunca me pediu para fazer isso.

Só minha mente diz. Isso. Não minha boca. Mas com certeza o solavanco da minha respiração e do meu coração, ali, ao lado dela, foi percebido? Ela está me deixando entrar?

Ninguém, ninguém na minha vida ouviu isso, nunca. Nunca, mamãe. Eu não confiei em você. Mamãe. E. Eu. Puxei o ar com uma força e o segurei em uma bola no meu umbigo, e soltei pela boca devagar e continuamente, regular e sem tropeços, alto e claro por cima de um ombro, em seu ouvido.

– Mamãe, eu sou homossexual”.

 

Conheça o catálogo da Kapulanahttps://www.kapulana.com.br/catalogo/
Publicado em

Entrevista com Carmen Lucia Tindó Secco, brasileira, organizadora do livro de ensaios “Pensando o cinema moçambicano”

CARMEN LUCIA TINDÓ SECCO, da UFRJ, professora e pesquisadora de cinema e literatura de Moçambique, concede entrevista à Editora Kapulana sobre o novo livro de ensaios que organizou, Pensando o cinema moçambicano.

1- Sendo docente da área de Literatura, como surgiu seu interesse pelo Cinema, especificamente o moçambicano?

R- Há tempos venho trabalhando a correspondência entre as artes: literatura, pintura. Trabalhei Literaturas Africanas de Língua Portuguesa em diálogo com telas de importantes pintores de Moçambique, Angola , Cabo Verde. Depois, convidada a participar do Projeto “NARRATIVAS ESCRITAS E VISUAIS DA NAÇÃO PÓS-COLONIAL”- (NEVIS), coordenado por Ana Mafalda Leite da Universidade de Lisboa, me interessei também pelo cinema produzido nos países africanos de língua oficial portuguesa. Nas minhas aulas na UFRJ, projetei alguns filmes e houve uma motivação grande por parte dos alunos. A África tão distante destes ganhou uma visibilidade um pouco maior, o que propiciou diálogos mais fecundos entre narrativas literárias e cinematográficas. Ofereci várias disciplinas na Pós e na Graduação da UFRJ, propondo leituras comparadas entre literatura e cinema. Foram cursos bastante produtivos.

2- Como surgiu a iniciativa de produzir o Pensando o Cinema Moçambicano para um público brasileiro?

R- Ministrei um curso na Pós-Graduação em Letras Vernáculas na UFRJ no primeiro semestre de 2017. Os alunos gostaram muito e fizeram  monografias sobre filmes em diálogo com obras literárias de Moçambique, Angola, Guiné-Bissau. Realizamos, também, ao final do curso, uma Mostra de Cinema e trouxemos o escritor moçambicano Luis Carlos Patraquim, um dos fundadores do cinema moçambicano. A palestra proferida por ele motivou muito os alunos. Acredito que, por isso, a maioria das monografias versou sobre o cinema moçambicano e foram de qualidade. Então, resolvi publicar um livro reunindo esses trabalhos dos alunos.

Já  estou a organizar um outro livro sobre cinema, intitulado CineGrafias Moçambicanas,  em parceria com Luis Carlos Patraquim e Ana Mafalda Leite, cujos textos aprofundarão bastante a discussão sobre o cinema moçambicano ainda pouco conhecido no Brasil. Este segundo livro deve sair no ano que vem e reunirá ensaios de reconhecidos pesquisadores da área do cinema, entrevistas e crônicas de realizadores e cineastas de Moçambique, entre os quais: Camilo de Sousa, Ruy Guerra, Licínio Azevedo, Isabel de Noronha, Sol de Carvalho, João Ribeiro. Esse segundo livro lançará um outro olhar sobre o cinema moçambicano, trazendo reflexões importantes dos cineastas e realizadores.

3- É possível traçar paralelos entre o Cinema moçambicano e o brasileiro?

R- Sim. Há uma profunda ligação entre o cinema moçambicano e o brasileiro. No período logo após a independência de Moçambique, o cinema teve importante função na construção da nação moçambicana recém- libertada. Ruy Guerra, nascido em 1931 em Moçambique, residente no Brasil desde 1958, ao lado de Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos, participou da criação do Cinema Novo brasileiro e do processo de criação do Instituto Nacional de Cinema em Moçambique, levando cineastas e colaboradores brasileiros para Moçambique, entre os quais José Celso Martinez Corrêa, Chico Carneiro. Ruy Guerra ajudou a pensar o Instituto Nacional de Cinema em Moçambique. Mostrou que era possível fazer cinema de uma forma bem simples e não cara, com poucos meios e utilizando a realidade. Na opinião de cineastas de Moçambique, como Sol de Carvalho, “não houve uma influência estética do Ruy Guerra no cinema moçambicano. Na verdade, a influência do Ruy esteve exatamente na produção. Ele trouxe um grupo grande de brasileiros para ajudar a organizar o sistema de produção de Moçambique. Daquilo que podemos chamar os modelos de produção, há uma influência do Ruy, mas não é uma influência brasileira, é de alguns cineastas brasileiros que foram liderados por ele”. Também o cineasta brasileiro Licínio de Azevedo, radicado em Moçambique desde 1975, tem a mesma opinião. Segundo ele, “entre o cinema de Moçambique e o do Brasil, a influência, se existiu, foi ‘ao contrário’ ”.

4- Grandes títulos da produção cinematográfica moçambicana partem de obras literárias do país. Por que existe este diálogo tão intenso entre as duas linguagens?

R- Literatura e cinema em muitos países são artes que dialogam. A adaptação cinematográfica de obras literárias é encontrada em diversas partes do mundo. No caso específico de Moçambique, penso que tanto a Literatura, como o Cinema tiveram um papel importante na época da independência e também no período logo após a independência. Colônia de Portugal há séculos, assim como Angola e outros países, Moçambique precisava contar sua própria história, pensar a nação recém-libertada. Romances e filmes, como grandes relatos, são narrativas propícias a esse ato de ‘narrar a nação’, ou seja, (re)escrever a nação moçambicana, a partir de um olhar descolonizador. O projeto “NARRATIVAS ESCRITAS E VISUAIS DA NAÇÃO PÓS-COLONIAL”- (NEVIS), coordenado por Ana Mafalda Leite, do qual participei, evidencia justamente isso.

5- O Cinema africano em geral parece ser ainda pouco conhecido no Brasil. Qual você acredita que seja o caminho para que estes filmes entrem no repertório brasileiro?

R- Realmente, o cinema africano em geral é no Brasil ainda bastante desconhecido. É considerado um cinema periférico. E, como se afasta do cinema hollyoodiano, não é apoiado, nem divulgado, porque não dá lucro. O caminho, na minha opinião, seria um maior investimento das políticas públicas da Cultura e da Educação na área do cinema, principalmente dos cinemas considerados marginais. Seriam importantes festivais cinematográficos com prêmios regularmente realizados, cursos e oficinas de cinema oferecidos ao público, mostras de cinema com debates, incentivo a projetos que trabalhassem e divulgassem filmes africanos. 

6- Você teria alguma projeção sobre o futuro do Cinema moçambicano?

R- Atualmente, em Moçambique, os apoios e incentivos ao cinema desapareceram quase por completo. Vários cineastas que participaram do nascimento do cinema moçambicano apresentam um olhar bastante pessimista em relação às políticas públicas moçambicanas no que se refere à área cultural. Contudo, há uma resistência: cineastas e realizadores antigos continuam produzindo, com muitas dificuldades, mas não desistem. Há grupos de jovens também buscando outras formas cinematográficas de resistência. Há o projeto do Museu do Cinema de Moçambique. Há eventos de divulgação de filmes. Agora mesmo, entre 17 e 20 de outubro de 2018, ocorreu em Maputo a mostra intitulada “Cruzamentos Cinematográficos”. Portanto, mesmo com pouco investimento do governo moçambicano em relação ao cinema, há exibição de filmes. Há um interesse muito grande do povo moçambicano. Exemplos disso são os inúmeros prêmios conseguidos pelo filme “Comboio de Sal e Açúcar”, de Licínio Azevedo, bem como a recente concorrida estreia do longa-metragem “O Dia em que Explodiu Mabata-bata”, de Sol de Carvalho, que, mesmo debaixo de uma chuva fortíssima, colocou 400 pessoas no cinema Scala, em Maputo. Assim, embora não possa fazer uma projeção exata sobre o futuro do cinema moçambicano, penso que, como esse cinema foi muito importante após a independência, o gosto pela sétima arte está entranhado em muitos realizadores e cineastas –antigos e jovens – que continuam produzindo e hão de resistir preparando um futuro.

7- O que você indica para as pessoas interessadas em conhecer mais sobre o Cinema moçambicano e africano em geral?

R- Muitos filmes já se encontram na internet (no yotube, vimeo, etc). Há, também, escolas, oficinas e fóruns sobre cinema, há sites, projetos, publicações em livros e revistas, festivais, mostras. Vou aqui divulgar alguns. No Rio de Janeiro, há a Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Há em São Paulo, no Rio de Janeiro e em outros estados, mostras, como a da Caixa Cultural, nas quais foram exibidos muitos filmes africanos e moçambicanos. Há Centros de Estudos sobre Cinema em diversas universidades brasileiras. Há fóruns de cinema, como o Making off, em que podemos encontrar vários filmes. Há estudos na Rebeca – Revista Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (https://rebeca.socine.org.br/1). Há Centro Afro Carioca de Cinema, com Joel Zito Araújo, Janaína Oliveira e outros que promovem encontros sobre cinema africano. Há o Cineclube Atlântico Negro, com o cineasta Clementino Jr. que também divulga filmes africanos. Há publicações importantes na Revista Mulemba 17, número inteiramente dedicado ao cinema africano (https://revistas.ufrj.br/index.php/mulemba); há, ainda, publicações na Revista Cerrados, uma publicação da Universidade de Brasília (http://periodicos.unb.br/index.php/cerrados/issue/view/1362/showToc). Há blogues, como INCINERRANTE, coordenado pelo Professor Marcelo Ribeiro, da UFBA, reconhecido estudioso de cinema (https://www.incinerrante.com/textos/cinema-internacional-cinemas-africanos). Há os arquivos do Festival CINEPORT (http://www.festivalcineport.com.br/).

Há o meu site CinÁfrica, com meu projeto intitulado “LITERATURA, CINEMA E AFETO: REPRESENTAÇÕES DA HISTÓRIA EM ROMANCES E FILMES DE MOÇAMBIQUE E GUINÉ-BISSAU” (http://cinafrica.letras.ufrj.br/index.php), que nasceu como desdobramento do “Projecto NEVIS – NARRATIVAS ESCRITAS E VISUAIS DA NAÇÃO PÓS-COLONIAL”, CESA / FCT , PTDC / CPC-ELT / 4939 / 2012, coordenado pela Doutora Ana Mafalda Leite, Professora da Universidade de Lisboa, cujo link é o seguinte: http://www.nevisproject.com/page/presentation.

Há também centros de estudos em países estrangeiros. Há livros sobre o cinema em português editados em Portugal, entre os quais o de Maria do Carmo Piçarra, o de Manuela Penafria, entre outros. No Brasil, foi publicada pela Editora Boitempo de São Paulo, em 2017, a biografia escrita por Vavy Pacheco Borges, intitulada Ruy Guerra: Paixão Escancarada.

Enfim, sabendo procurar, podem ser encontrados materiais instigantes e de relevante importância para os estudos sobre cinema. Penso que o livro que organizei e o que estou organizando (ambos serão publicados pela Editora Kapulana de São Paulo) contribuirão sobremaneira para um maior conhecimento acerca do cinema africano e, especialmente, do cinema moçambicano.

18 de outubro de 2018.

Citar como:

SECCO, Carmen Lucia Tindó. Entrevista. São Paulo: Kapulana, 18 out. 2018. Disponível em: https://www.kapulana.com.br/entrevista-com-carmen-lucia-tindo-secco-organizadora-do-livro-de-ensaios-pensando-o-cinema-mocambicano/

Saiba mais sobre o livro: https://www.kapulana.com.br/produto/pensando-o-cinema-mocambicano-ensaios-carmen-tindo-secco/

Saiba mais sobre a organizadora: https://www.kapulana.com.br/carmen-tindo-secco/

Leia o artigo “Pensa Kanema – escritos sobre o cinema moçambicano – por Carmen Lucia Tindó Secco”: https://www.kapulana.com.br/pensa-kanema-escritos-sobre-o-cinema-mocambicano-por-carmen-lucia-tindo-secco/

 

Publicado em

WALTER DE SOUSA

WALTER DE SOUSA, brasileiro, é escritor e professor Doutor pela Escola de Comunicações e Artes da USP (Universidade de São Paulo). Faz pesquisa sobre temas relacionados ao lúdico na literatura, particularmente sobre a importância dos clowns (palhaços) na vida das pessoas.

Além de autor de Nina tem medo de palhaço, em homenagem à palhaça Jurubeba, (Gabi Sigaud Winter), do grupo “Palhaços sem Fronteiras”, escreveu outros livros.

OBRAS DA KAPULANA

OUTRAS PUBLICAÇÕES

  • Moda inviolada – Uma história da música caipira” (2006)
  • Mixórdia no picadeiro – Circo-teatro em São Paulo (2011)
  • Piolin, o corpo e a alma do circo (2016)

PARTICIPAÇÕES

  • Participa do coletivo “Jacaré na porta”, de autores e ilustradores de literatura infantojuvenil.
Publicado em

[Sobre] Um dia vou escrever sobre este lugar, de Binyavanga Wainaina – por Ellen Oléria

imagens feitas de sonhos.

palavras que nos conduzem ao mundo dos sonhos. 

nesta obra autobiográfica de binyavanga wainaina saboreamos a viagem como uma garfada inteligentemente mista num prato colorido, nutritivo, bem montado e saboroso. 

atravessamos o atlântico mais uma vez e, como nunca antes, pra sentir o calor do sol do quênia aquecendo nossa pele. outras décadas costuradas à essa nossa pela condição humana e pela morosidade de toda gente. 

em um dia vou escrever sobre esse lugar pregamos e liberamos cada passo numa teia diversa de povos, costumes, idiomas de uma áfrica múltipla em visões e memórias que falam com a verdade da autonomia, da conexão ancestral, da força de laços e rompimentos.

violência e solidariedade, governo e tribo com texturas de cultura pop afro-estadunidense. miragens de tradições em nakuru universalizadas nesse espelho capitalizado virado pro mundo inteiro. revivemos o choque da diferença numa terra entrecortada por fronteiras estreitas. 

bravio, sensível, perspicaz e agudo, wainaina, corta nossa carne e transfunde nosso sangue nesse livro que é um convite pra libertar o olhar do imperialismo colonial e expandir em muitas cores nossas noções de pertencimento.

São Paulo, 13 de outubro de 2018.

Ellen Oléria, brasileira, é compositora, cantora, atriz, apresentadora e ativista política voltada para questões da negritude.

Citar como: OLÉRIA, Ellen.  In: WAINAINA, Binyavanga. Um dia vou escrever sobre este lugar (orelha) São Paulo: Kapulana, 2018.

 

 

Publicado em

ELLEN OLÉRIA

ELLEN OLÉRIA, brasileira, é compositora, cantora, atriz, apresentadora e ativista política voltada para questões da negritude. Nasceu e cresceu em Brasília, onde se  formou em Artes Cênicas na Universidade de Brasília. Há quase duas décadas dedica-se à música, tendo lançado cinco discos e realizado turnês nacionais e internacionais, recebendo muitos prêmios em festivais. A soprano dramática é bastante conhecida pelo público por apresentar um repertório bem brasileiro com entusiasmo e alegria. Como atriz, atualmente está em temporada de seu primeiro musical por vários estados brasileiros. Apresenta programa próprio “Estação Plural”, semanalmente, na TV Brasil.

OBRA DA KAPULANA

texto da orelha de: WAINAINA, Binyavanga. Um dia vou escrever sobre este lugar, 2018.

ÁLBUNS

  • 2009: Peça (Independente)
  • 2013: Ellen Oléria (Universal Music)
  • 2016: Afrofuturista (independente)

DESTAQUES

Indicada como melhor cantora (canção popular) pelo “Prêmio da Música Brasileira” por seu mais recente disco e com este trabalho a artista tem se apresentado pelo Brasil.

Publicado em

OYINKAN BRAITHWAITE

OYINKAN BRAITHWAITE nasceu na Nigéria, na cidade de Lagos, onde ainda reside. Tem graduação em Escrita Criativa e em Direito, pela Kingston University, de Londres. Depois de se formar, trabalhou como assistente editorial na “Kachifo”, uma editora nigeriana, e como gerente de produção na “Ajapaworld”, uma empresa de educação e entretenimento infantil. Atualmente, Oyinkan atua como escritora e editora freelancer. Seu livro  de estreia, Minha irmã, a serial killer,  foi sucesso internacional instantâneo, tendo recebido vários prêmios. Foi publicado pela Kapulana no Brasil em 2019, ano em que a escritora veio ao Brasil para seu lançamento, na 3ª edição da Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô).

OBRA DA KAPULANA

OBRA ORIGINAL

  • 2014: Icatha – The Soul Eater (Naija Stories Anthology Book 2). (Participação em antologia de reconto de contos tradicionais da Nigéria.
  • 2018: My sister, the serial killer
  • 2021: The baby is mine.
  • 2025: Cursed daughters (em edição).

DESTAQUES

  • My sister, the serial killer: 390 reviews no site Goodreads.
  • 2014: indicada entre as dez melhores artistas spoken word (declamação) no concurso de poesia slam “Eko Poetry Slam”, em Lagos, Nigéria.
  • 2016: finalista do “Commonwealth Short Story Prize”, que premia os melhores textos ainda não publicados do ano.
  • 2018: My sister, the serial killer, n° 1 da LibraryReads para novembro de 2018.
  • 2018: My sister, the serial killer, um dos “Amazon Best Book” de novembro de 2018.
  • 2019: My sister, the serial killer foi indicado como finalista no “The Booker Prize 2019”, importante prêmio literário internacional. Até agosto de 2019, a obra havia sido traduzida e publicada em 26 idiomas.
  • 2020: vencedora do “Crime and Thriller Book of the Year at the British Book Awards”, com  o livro My sister, the serial killer).
  • 2021: vencedora do “Women”s Prize for Fiction”, com o livro My sister, the serial killer.
Publicado em

Kapulana publica o livro “Um dia vou escrever sobre este lugar”, do escritor queniano Binyavanga Wainaina

Binyavanga entrelaça suas memórias de infância, adolescência e vida adulta à história contemporânea do continente africano

A Kapulana publica em novembro um dos livros mais aguardados do ano, a obra Um dia vou escrever sobre este lugar, do queniano Binyavanga Wainaina. E para celebrar este incrível livro, a editora realizou uma parceria com a TAG – Experiências Literárias para as primeiras vendas dos exemplares.  A obra estará à venda na TAG Loja do período de 5 a 25 de novembro. No site da Kapulana e nas livrarias, o livro estará à venda a partir de 26 de novembro

Em Um dia vou escrever sobre este lugar, Binyavanga entrelaça suas memórias de infância, adolescência e vida adulta à história contemporânea do continente africano. Utilizando referências políticas, da cultura africana e da cultura popular mundial, o autor nos apresenta as constantes transformações acontecidas em países como Quênia, África do Sul, Uganda, Gana e Togo, a partir de seu próprio crescimento e amadurecimento como pessoa e, principalmente, escritor e constante observador do mundo ao seu redor.

Fascinado pelas diversas linguagens humanas, de palavras ao corpo, Binyavanga descreve, na obra, as diversas nuances e facetas de uma África gigante, complexa, mal compreendida, presenteando os leitores com histórias, acontecimentos e anedotas contadas com um olhar de dentro que não se pauta pelo externo, que não quer acomodar visões e conceitos restritos sobre África, mas, sim, explodi-los, para dar lugar a uma rica constelação de pessoas, impressões, línguas, costumes e situações, utilizando a própria vida, seus percalços, sua história para afogar ideias pré-concebidas e constantemente disseminadas sobre o continente africano.

A edição da Kapulana, traduzida por Carolina Kuhn Facchin, contém, ainda, o que o autor considera como um “capítulo perdido” de suas memórias, chamado “Mãe, eu sou homossexual”, publicado em 2014, três anos após o livro original. No texto, Binyavanga reinventa como teriam sido os últimos momentos de vida de sua mãe se ele tivesse viajado até o Quênia para estar com ela, e lhe contado que é um homem gay. Com muita sensibilidade, ele nos apresenta uma vida de autoconsciência mas, também, de restrição, devido ao medo, à vergonha e a profundas amarras culturais.

Em depoimento sobre o livro, o célebre escritor queniano Ngũgĩ wa Thiong’o destacou:

“Wainaina é um cantor e pintor de palavras. Ele faz você cheirar, escutar, tocar, ver e, acima de tudo, sentir o drama e as vibrações da vida abaixo da superfície capturada de forma brilhante e concreta do Quênia e da África”.

Para a cantora e compositora Ellen Oléria, que assina o texto de orelha da versão brasileira da obra:

“em um dia vou escrever sobre este lugar pregamos e liberamos cada passo numa teia diversa de povos, costumes, idiomas de uma áfrica múltipla em visões e memórias que falam com a verdade da autonomia, da conexão ancestral, da força de laços e rompimentos”.

Um dia vou escrever sobre este lugar é uma admirável leitura sobre o retrato reflexivo de um momento recente da história da África, pela perspectiva criativa de Binyavanga, onde a linguagem é o mote fundamental para a composição destas memórias afetivas e atenciosas, dialogando com cultura pop e tradições africanas. Uma obra mais que necessária para acompanhar a profunda jornada das sensações marcantes da escrita de um dos autores mais geniais da literatura deste começo de século.

Conheça o catálogo da Kapulanahttps://www.kapulana.com.br/catalogo/

 

Publicado em

“Ilha”, de Marcelo Jucá, foi a obra selecionada pelo processo Seja Nosso Autor da Editora Kapulana

Além da qualidade literária do texto, a obra se destaca por trazer à tona a discussão de temas de relevância cultural que fazem parte do mundo da criança

Ilha, do brasileiro Marcelo Jucá, retrata, de maneira sensível, a vida de Dado, garoto que vive em um lixão. Com suas descobertas e brincadeiras, Dado tenta entender a vida na “ilha” e imaginar o mundo que fica fora dela. Para onde vão as pessoas que conseguem ir embora, mas nunca retornam? Um livro delicado sobre questões sociais difíceis para serem enfrentadas por uma criança , como fome, pobreza e trabalho infantil. É obra infantil, ilustrada, que remete adultos e crianças a fazerem reflexões sobre a realidade.

Além da qualidade literária do texto, a obra se destaca por trazer à tona a discussão de temas de relevância cultural que fazem parte do mundo da criança. Desta forma, sensibiliza tanto as crianças como os adultos a refletirem sobre questões sociais como fome, moradia inadequada, relações de afeto. O livro atende tanto ao leitor já alfabetizado, que pode fazer uma leitura independente, ao mediador de leitura, momento em que um leitor alfabetizado pode ler o texto para uma criança. As ilustrações também funcionam como complemento para a compreensão do texto, como forma de sensibilizar as crianças.

Sobre o autor

MARCELO JUCÁ, brasileiro, é escritor, educador e jornalista. É mestre em Comunicação e Semiótica com orientação psicanalítica. Tem desenvolvido sua pesquisa e produção a partir das relações, do lúdico e do tempo. É autor de obras infantis e infantojuvenis, tendo conquistado reconhecimentos literários. No processo de seleção da Editora Kapulana, edição de 2018, foi o primeiro classificado, com seu livro Ilha, dedicado ao público infantil. Atua como artista-educador em oficinas e programas da prefeitura. Como jornalista colaborou em jornais, revistas e agências de comunicação. 

 

Publicado em

MARCELO JUCÁ

MARCELO JUCÁ, brasileiro, é escritor, educador e jornalista.

É autor de obras infantis e infantojuvenis que alcançaram reconhecimento literário.

No processo de seleção da Editora Kapulana, edição de 2018, foi o primeiro classificado, com seu livro Ilha, dedicado ao público infantil.

O que pegamos emprestado dos outros teve seu projeto aprovado e selecionado  pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, também em 2018, com publicação em 2019 pela Kapulana.

Atua como arte-educador em oficinas e programas da prefeitura. Como jornalista, colaborou em jornais, revistas e agências de comunicação. 

OBRAS DA KAPULANA

OUTRAS PUBLICAÇÕES:

  • A vida seria mais fácil se eu fosse um monstro, 2019.
  • A lista de Olívia, 2018.
  • Você faz, eu faço também, 2018.
  • Hora da soneca, 2017.
  • O que você quer ser quando comer?, 2017.
  • Meu cãopanheiro, 2017.
  • O sapato-pato de Pablo, 2016.
  • Ora bolas, que horas são no seu coração?, 2016.
  • As mentiras do Zodíaco, 2014.
  • A coleção de Maya, 2014.

PRÊMIOS

  • Selecionado no 2º Edital de Publicação de Livros da Prefeitura de São Paulo, com a obra O que pegamos emprestado dos outros. (2018)
  • Selecionado no “Seja Nosso Autor”, da Editora Kapulana, com a obra Ilha. (2018)
  • Selecionado pelo programa “Eu faço cultura”, do Ministério da Cultura, com as obras Meu cãopanheiro e O que você quer ser quando comer?. (2017 )
  • Contemplado pelo ProAC para a produção do livro infantil Ora bolas, que horas são no seu coração?. (2016) 
  • Finalista do “Prêmio Barco a Vapor”, com a obra O sapato-pato de Pablo. (2015)
Publicado em

Premiado escritor moçambicano, Ungulani Ba Ka Khosa vem ao Brasil lançar a obra “Gungunhana: Ualalapi e As mulheres do Imperador”

O autor moçambicano participa de mesas de conversas nas cidades de São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro e Salvador, além de realizar sessões de autógrafos de sua recente obra publicada pela Kapulana

O premiado escritor moçambicano virá ao Brasil em novembro para realizar o lançamento de sua obra Gungunhana: Ualalapi e As mulheres do Imperador, publicada pela Editora Kapulana, além de participar de eventos pelo país sobre a sua trajetória literária. O autor estará presente nas cidades de São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro e Salvador.

O livro Gungunhana é composto por duas obras em um só volume. As duas obras têm o imperador Gungunhana como elo. Na primeira história, publicada em 1987, Ualalapi recebe a missão de matar o rei Mafename, a mando de seu próprio irmão Ngungunhane (Gungunhana) que se torna, assim, o imperador de Gaza. Este imperador é famoso pela resistência que opôs aos portugueses nos finais do séc. XIX, mas a narrativa revela que Ngungunhane era um homem cruel e violento, um tirano para o seu povo. Eleito um dos cem melhores romances africanos do século XX, conta a história de Gungunhana de sua ascensão até sua queda. Na segunda história, As mulheres do Imperador (2018), Ungulani Ba Ka Khosa traz de volta a mesma personagem Gungunhana, mas as protagonistas são suas mulheres, que acompanham o Imperador ao exílio e retornam a Moçambique após quinze anos de isolamento.

Em depoimento para a editora, Ungulani destacou o seu trabalho de pesquisa histórica e a realização de escrita de suas obras:

“Quando escrevo, deixo-me levar pelo texto, pelos personagens. Não tenho um guião à priori. O tema do livro dá-me a estrutura e o movimento dos personagens. O que me ficou dos tempos de aprendizagem, ou seja, o meu mote, foi o de construir uma narrativa que tivesse por base os movimentos do cavalo: passo, trote e galope. Quero que o texto vibre como os tambores que ressoam pela noite adentro na savana tropical. O resto não me interessa”.

<https://www.kapulana.com.br/uma-entrevista-com-ungulani-ba-ka-khosa-autor-de-gungunhana-ualalapi-as-mulheres-do-imperador/>

Com uma longa trajetória literária, o autor e também professor, em 2018 recebeu o Prêmio de Literatura José Craveirinha, um dos maiores da área literária de Moçambique. Foi também condecorado, pelo Governo do Brasil, com o grau de comendador ao receber a “Ordem de Rio Branco”.  

Ungulani participará no Brasil de encontros culturais e universitários, assim como de conversas com o público sobre o seu processo criativo e a pesquisa para a elaboração da história de uma das  figuras simbólicas de Moçambique: Gungunhana.

Confira abaixo a agenda de Ungulani Ba Ka Khosa no Brasil:

SÃO PAULO – SP

5 de novembro, segunda-feira – 19h30

LANÇAMENTO DO LIVRO GUNGUNHANA na

Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Letras, no

XVIII Encontro de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa.

Mesa: “Encontro com o escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa”

Mediação: Profa. Dra. Tania Macedo (USP)

 

12 de novembro, segunda-feira – 19h00

LANÇAMENTO DO LIVRO GUNGUNHANA na

Blooks Livraria (Shopping Frei Caneca)

Mesa: “Resistências literárias” – Bate-papo com Ungulani Ba Ka Khosa

Mediação: Rodrigo Casarin, jornalista e editor do blog literário “Página Cinco”, do UOL

 

14 de novembro, quarta-feira (cidade de Campinas) – 15h

LANÇAMENTO DO LIVRO GUNGUNHANA na

Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)/ IEL

“Encontro com o escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa”

Mediação: Profa. Dra. Elena Brugioni

 

23 de novembro, sexta-feira – 10h30

LANÇAMENTO DO LIVRO GUNGUNHANA no

SESC – Centro de Pesquisa e Formação, durante o

II Seminário “A língua portuguesa na educação, na literatura e na comunicação”

Mesa: “Brasil e Moçambique: leituras, influências e produção literária”, ao lado da premiada escritora Maria Valéria Rezende

Mediação: Josélia Aguiar, jornalista e escritora

 

RIO DE JANEIRO – RJ

7 de novembro, quarta-feira – 10h40

ENCONTRO LITERÁRIO NA FLUP PARQUE (Festa Literária das Periferias)

Mesa: “Encontro literário: música e literatura”, ao lado de Carlos Carvalho

Mediação: Janine Rodrigues, professora e escritora

 

9 de novembro, sexta-feira – 18h00

LANÇAMENTO DO LIVRO GUNGUNHANA na Flup (Festa Literária das Periferias)

Mesa: “Nossos passos vêm de longe”,  ao lado da escritora e pesquisadora Djamila Ribeiro e do escritor e biógrafo Tom Farias.

Mediação: Thiago Ansel, professor e escritor

 

21 de novembro, quarta-feira – 15h25

Participação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Faculdade de Letras, no evento

“Literaturas Africanas & Cinema & História: olhares múltiplos, perspectivas críticas, leituras cruzadas”

Debate sobre o filme O silêncio da mulher, do cineasta moçambicano Gabriel Mondlane

 

22 de novembro, quinta-feira – 15h25

LANÇAMENTO DO LIVRO GUNGUNHANA na

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Faculdade de Letras, no evento

Mesa de debate sobre o livro com:

Profa. Dra. Rita Chaves (USP)

Profa. Dra. Carmen L. T. Secco (UFRJ)

Rosana M. Weg (Mediadora – Ed. Kapulana)

 

SALVADOR – BA

Balada Literária

(Ainda em desenvolvimento)

 

São Paulo, 31 de outubro de 2018.

 

LINKS

Saiba mais sobre o autor: http://kapulana.com.br/ungulani-ba-ka-khosa/

Saiba mais sobre “Gungunhana: Ualalapi | As mulheres do Imperadorhttp://kapulana.com.br/produto/gungunhana-ualalapi-as-mulheres-do-imperador/

Saiba mais sobre “Orgia dos loucos”: http://kapulana.com.br/produto/orgia-dos-loucos/

Saiba mais sobre “O rei mocho”: http://kapulana.com.br/produto/o-rei-mocho-1-contos-de-mocambique/

Leia – “A degradação da personagem em Gungunhana – por José dos Remédios”: https://www.kapulana.com.br/a-degradacao-da-personagem-em-gungunhana-por-jose-dos-remedios/

Leia – “As Mulheres do Imperador: Entrelaces de Histórias e Estórias – por Carmen L. Tindó Secco”: https://www.kapulana.com.br/as-mulheres-do-imperador-entrelaces-de-historias-e-estorias-por-carmen-l-tindo-secco/

Leia – “Ualalapi: a narrativa e os ciclos – por Rita Chaves”: https://www.kapulana.com.br/ualalapi-a-narrativa-e-os-ciclos-por-rita-chaves/

Leia – “Escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa é condecorado pelo Brasil com a Ordem de Rio Branco”: https://www.kapulana.com.br/escritor-mocambicano-ungulani-ba-ka-khosa-e-condecorado-pelo-brasil-com-a-ordem-de-rio-branco/

Leia – “Orgia dos Loucos: Moçambique sem saída de emergência – por Vanessa Ribeiro Teixeira”: https://www.kapulana.com.br/orgia-dos-loucos-mocambique-sem-saida-de-emergencia-por-vanessa-ribeiro-teixeira/

Leia – “A instabilidade social em O rei mocho, de Ungulani Ba Ka Khosa – por José dos Remédios”: https://www.kapulana.com.br/a-instabilidade-social-em-o-rei-mocho-de-ungulani-ba-ka-khosa-por-jose-dos-remedios/

 

★★

 

 

Publicado em

PEPETELA

PEPETELA (Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos) nasceu em Benguela, Angola, em 1941, onde fez o Ensino Secundário. Em 1958, partiu para Portugal onde frequentou a Universidade em Lisboa. Por razões políticas, em 1962 saiu de Portugal para França e, seis meses depois, foi para a Argélia, onde se licenciou em Sociologia e trabalhou na representação do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) e no Centro de Estudos Angolanos, que ajudou a criar.

Em 1969, foi chamado para participar diretamente na luta de libertação angolana, em Cabinda, tendo então adotado o nome de guerra PEPETELA, que mais tarde utilizaria como pseudônimo literário. Em Cabinda, foi simultaneamente guerrilheiro e responsável no setor da Educação.

Em 1972, foi transferido para a Frente Leste de Angola, onde desempenhou a mesma atividade até ao acordo de paz de 1974 com o governo português.

Em novembro de 1974, integrou a primeira delegação do MPLA, que se fixou em Luanda, desempenhando os cargos de Diretor do Departamento de Educação e Cultura e do Departamento de Orientação Política.

Até a data da independência de Angola, em 1975, foi membro do Estado Maior da Frente Centro das FAPLA (Forças Armadas Populares de Libertação de Angola) e participou na fundação da União de Escritores Angolanos.

De 1976 a 1982, foi vice-ministro da Educação, passando posteriormente a lecionar Sociologia na Universidade Agostinho Neto, em Luanda, até 2008. Desde sua fundação, desempenhou cargos diretivos na União de Escritores Angolanos e foi Presidente da Assembleia Geral da Associação Cultural “Chá de Caxinde” e da Sociedade de Sociólogos Angolanos. Em 2016, foi eleito para Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Academia Angolana de Letras, de que é membro-fundador.

OBRAS PUBLICADAS PELA KAPULANA

OBRA COMPLETA

  • As aventuras de Ngunga, 1973.
  • Muana Puó, 1978.
  • A revolta da casa dos ídolos, 1979.
  • Mayombe, 1980.
  • Yaka, 1985.
  • O cão e os caluandas, 1985.
  • Lueji, 1989.
  • Luandando, 1990.
  • A geração da utopia, 1992.
  • O desejo de Kianda, 1995.
  • Parábola do cágado velho, 1996.
  • A gloriosa família, 1997.
  • A montanha da água lilás, 2000.
  • Jaime Bunda, Agente Secreto, 2001.
  • Jaime Bunda e a morte do americano, 2003.
  • Predadores, 2005.
  • O terrorista de Berkeley, Califórnia, 2007.
  • O quase fim do mundo, 2008.
  • Contos de morte, 2008.
  • O planalto e a estepe, 2009.
  • Crónicas com fundo de guerra, 2011.
  • A sul. O sombreiro, 2011.
  • O tímido e as mulheres, 2013.
  • Como se o passado não tivesse asas, 2016.
  • Sua Excelência, de corpo presente, 2018.
  • Tudo-está-ligado, 2024. 

PRÊMIOS

  • Prêmio Nacional de Literatura de 1980, pelo livro Mayombe.
  • Prêmio Nacional de Literatura de 1985, pelo livro Yaka.
  • Prêmio especial dos críticos de arte de São Paulo (Brasil) em 1993, pelo livro A Geração da utopia.
  • Prêmio Camões de 1997, pelo conjunto da obra.
  • Prêmio Prinz Claus (Holanda) de 1999, pelo conjunto da obra.
  • Prêmio Nacional de Cultura e Artes de 2002, pelo conjunto da obra.
  • Prêmio Internacional para 2007 da Associação dos Escritores Galegos (Espanha).
  • Prêmio do Pen da Galiza “Rosália de Castro”, 2014.
  • Prêmio Fonlon-Nichols Award da ALA (African Literature Association), 2015.
  • Prêmio Oceanos – finalista com o romance Sua Excelência, de corpo presente, 2019.
  • Prémio Literário Casino da Póvoa – 21a. ed. do Festival Correntes d’Escritas 2020, pelo livro Sua Excelência, de corpo presente, 2020.
  • Prémio Literário dstangola/Camões, pelo livro Sua Excelência, de corpo presente, 2021. 

DESTAQUES

  • Medalha de Mérito de Combatente da Libertação pelo MPLA, 1985.
  • Medalha de Mérito Cívico da Cidade de Luanda, 1999.
  • Ordem do Rio Branco da República do Brasil com o grau de Oficial, 2003.
  • Medalha do Mérito Cívico pela República de Angola, 2005.
  • Ordem do Mérito Cultural da República do Brasil, grau de Comendador, 2006.
  • Nomeado pelo Governo Angolano Embaixador da Boa Vontade para a Desminagem e Apoio às Vítimas de Minas, 2007.
  • Doutor Honoris Causa pela Universidade do Algarve (Portugal), 2010.
  • Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (Brasil), 2021.
Publicado em

Ualalapi: a narrativa e os ciclos – por Rita Chaves

Publicado pela primeira vez em 1987, Ualalapi permanece mobilizando corações e mentes à volta de debates que, entre outros aspectos, exprimem a dinâmica histórica de Moçambique, um país atravessado por muita instabilidade e uma grande capacidade de resistir. A longa noite colonial, a difícil luta pela independência, os sucessivos conflitos que vêm atravessando décadas e a intensa pobreza que quase inviabiliza a vida de seus habitantes têm como contraface uma notável pluralidade cultural e uma imensa vocação para se reinventar.  Ungulani Ba Ka Khosa, o autor dessa narrativa e muitos outros títulos, inscreve-se nesse contexto, procurando de diversas maneiras balançar qualquer cordão de isolamento erguido para separar as tintas e disciplinar as cores. Sua opção ao longo dos anos tem sido o caminho da insubmissão no exercício de uma escrita que se demarca de versões cristalizadas pelo discurso hegemônico.

Reeditado entre nós em muito boa hora pela Kapulana, Ualalapi é um bom exemplo desse desassossego que marca o itinerário do autor em sua circulação pelos gêneros literários e em seu compromisso com os modos de ler a História enfrentando  com energia os perigos de sua petrificação. Mesmo a afirmação que escolhe como epígrafe “A História é uma ficção controlada”, colhida à romancista portuguesa Agustina Bessa Luís, em sua narrativa convida à discussão. Em um momento pulsante da vida do recém-fundado país, Ungulani vai buscar uma figura histórica escolhida pelo novo poder para ser uma espécie de mito fundador da nacionalidade e investe no desvendamento das contradições dessa hipótese que o discurso político elegia. Nas páginas em que desfilam passagens decisivas da vida de Gungunhana, o sentido da resistência desse imperador que lutou bravamente contra a invasão colonial é emoldurado pelas cenas que nos trazem as invasões protagonizadas pelo próprio na expansão de seu império.

Uma espécie de convulsão percorre o tempo captado, levando-nos logo à desmitificação da ideia de harmonia que ainda frequenta o imaginário sobre o período pré-colonial e exporta uma equivocada ideia do continente. Contaminada pela violência dos fatos, a escrita se apoia em expressões fortes, reveladoras da dimensão dos conflitos que estavam no cotidiano daquele espaço. Se, por um lado, dilui-se o mito da paz harmônica entre os africanos antes da chegada dos invasores, por outro lado, as ações revelam o africano como sujeito ativo, desfazendo a noção de passividade que a literatura colonial desejou perpetuar. Aqui, não nos vemos diante de elementos do cenário  – como podemos encontrar até mesmo em textos paradigmáticos do cânone ocidental – mas de homens em confronto com adversários. E, ao perderem, pagam o alto preço da derrota. São de qualquer forma, homens inteiros, empenhados em suas lutas, agentes de sua própria história.

As notas da originalidade que tocam o enredo são amplificadas na estrutura da obra que se nutre de elementos variados, que vão da incorporação de passagens bíblicas ao aproveitamento de provérbios africanos, propondo um diálogo refratário à rigidez de limites entre os vários patrimônios culturais que constroem Moçambique no presente. A montagem dos fragmentos aponta para um desenho peculiar que barra, à partida, a rápida identificação de um gênero literário. Assim, em sua interdependência, as partes que compõem o todo, combinam-se em sua autonomia e nos fazem indagar se o que nos apresenta é  um romance ou um conjunto de contos, questão que não precisa ser respondida e aguça o interesse da obra, pois nos coloca de frente para a reinvenção de modelos estéticos, compromisso com que os escritores africanos têm lidado e do qual desdobram-se diferentes soluções. A presença de matrizes da oralidade é apenas uma das chaves para esse processo que resulta na mesclagem entre bens de raiz e valores trazidos com a colonização.

A desmitificação de um dos heróis sagrados pela História que a voz dominante da independência quer disseminar exprime-se na força de uma escrita hiperbólica, que, em certa medida, reforça a função conativa e espelha um desejo de convencimento. Desse modo, insinua-se a disputa de versões presentes na construção da narrativa histórica que dá corpo ao discurso da nacionalidade. A pluralidade etno-linguística, por um lado, a ocupação recente do território colonial e, consequentemente, a tardia definição do mapa moçambicano explicam a instabilidade do terreno, no plano físico e no domínio cultural, tudo  a projetar-se em uma linguagem carregada de energias. Na voz do narrador e nas falas das personagens se fazem notar sinais de uma inegável aspereza refletida na escrita por uma adjetivação empenhada em banir qualquer hipótese de estabilidade.

Ao trazer as pontas de uma história constituída sobre abalos, o escritor busca demonstrar os limites de medidas que não considerem a profundidade das fendas que os tempos impuseram ao espaço que hoje é Moçambique.  Em 1985, após uma longa negociação com instituições portuguesas, o governo do país independente recupera o que seriam as cinzas de Gungunhana e, ao transportá-las solenemente de volta à terra da qual ele foi levado como símbolo da conquista colonial, pretende consagrá-lo entre os heróis da libertação. A reorganização da memória coletiva centrada na revisão de verdades plantadas pela dominação estrangeira integrava o programa da FRELIMO, a Frente de Libertação de Moçambique, em evidente coerência com o projeto de nacionalidade que a independência animava. Ao escrever Ualalapi, seu autor, sem dúvida, mostra-se atento a uma das funções da literatura: a de colocar em causa a horizontalidade das narrativas políticas e, assim, manter aceso o debate que atesta a vivacidade das questões éticas e a necessidade de projetos estéticos capazes de acusar a transitoriedade de pensamentos que se querem únicos e definitivos. Penetrando na linguagem, a noção de descontrole parece dominar a atmosfera para sugerir a iminência de novos ciclos, afinal, como evocaria outro escritor africano, o angolano Pepetela em A geração da utopia: “só os ciclos são eternos”. Se é verdade que a nação precisa de monumentos, e a história de todos os países não nos brinda com exemplos contrastantes, Ungulani Ba Ka Khosa nos recorda que a literatura só faz sentido como movimento, compromisso que ele tem abraçado ao longo de uma já extensa travessia.

Maputo, 23 de julho de 2018.

Rita Chaves é Professora Doutora do Depto. de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa (FFLCH-USP) e pesquisadora do CELP-FFLCH-USP (Centro de Estudos das Literaturas e Culturas de Língua Portuguesa – FFLCH-USP). É colaboradora da Editora Kapulana. 

Citar como:

O ARTIGO:
CHAVES, Rita. “Ualalapi: a narrativa e os ciclos”. In: KHOSA, Ungulani Ba Ka. Gungunhana: Ualalapi e As mulheres do Imperador. São Paulo: Kapulana. 2018. [Série Vozes da África]. Disponível em:<https://www.kapulana.com.br/ualalapi-a-narrativa-e-os-ciclos-por-rita-chaves/>

O LIVRO:
KHOSA, Ungulani Ba Ka. Gungunhana: Ualalapi e As mulheres do Imperador. São Paulo: Kapulana. 2018. [Série Vozes da África] 

Publicado em

As Mulheres do Imperador: Entrelaces de Histórias e Estórias, por Carmen L. Tindó Secco

Ao reunir em um só volume, sob o título Gungunhana: Ualalapi e As mulheres do imperador, dois romances em torno de Ngungunhane, o imperador de Gaza, o escritor Ungulani Ba Ka Khosa propõe uma desconstrução crítica da controvertida figura do imperador, tão contestada pelo colonialismo, quanto louvada pelos que lutaram pela independência de Moçambique. Trinta anos separam a publicação dessas duas narrativas – Ualalapi (1987) e As Mulheres do Imperador (2017) –, o que possibilita um distanciamento capaz de propiciar uma leitura questionadora de dois significativos momentos históricos moçambicanos: o do poder e queda, em 1895, de Ngungunhane – abordados em Ualalapi – e o da história de Moçambique colonial do início do século XX, ficcionalmente narrada pelo romance mais recente, a partir das vidas das viúvas do imperador, após o retorno delas do exílio, em 1911.

Ungulani, ao principiar As Mulheres do Imperador com instigantes epígrafes sobre a memória, traz à discussão a polivalência do conceito de “verdade histórica”, ratificando quão ambivalentes são tais “verdades”, uma vez deslizarem, constantemente, entre o real e o ficcional. Deixa evidente que muito depende dos olhares dos leitores, de sua capacidade hermenêutica, a construção das “verdades históricas”, levando-se em consideração inexistirem pontos de vista únicos. Memória e esquecimento fazem parte da “oficina da história” e de sua relação com a literatura, a geografia, a etnografia e com outras ciências e artes.

As histórias e estórias do imperador de Gaza e de suas mulheres, com compassados movimentos, são tecidas por um discurso literário aberto a múltiplas “verdades”. As sete mulheres de Ngungunhane – Phatina, Malhalha, Namatuco, Lhésipe, Fussi, Muzamussi e Dabondi –, aquando da queda do imperador, foram, em 1896, exiladas junto com este para Lisboa e, depois, para os Açores. Diferentemente de Ngungunhane que aí foi mantido até sua morte em 1906, as mulheres, forçadas a deixarem os Açores, seguiram para novo exílio em São Tomé, onde viveram até 1911, ocasião em que conseguiram regressar a Lourenço Marques. Entretanto, das sete mulheres só quatro – Phatina, Malhalha, Namatuco, Lhésipe – voltaram a Moçambique, acompanhadas de Oxaca e Debeza, estas mulheres de Zilhalha, súdito de Ngungunhane.

A narrativa de As Mulheres do Imperador começa, justamente, com esse retorno das quatro mulheres de Ngungunhane a Lourenço Marques. Decorridos quinze anos fora de terras moçambicanas, regressaram a bordo do paquete África a um Moçambique colonial, pressionado, ao mesmo tempo, por interesses portugueses e capitais ingleses. Essas mulheres, segundo entrevista do próprio escritor Ungulani Ba Ka Khosa, “queriam regressar à terra, mas não sabiam que a terra se chamava Moçambique. Para elas, Moçambique nunca existiu, existia apenas o império de Gaza em que tinham vivido[1]”. 

O narrador vai delineando a cartografia da cidade de Lourenço Marques, nas primeiras décadas do século XX, sob o jugo do colonialismo português. Ele vai mostrando como os espaços eram demarcados: o dos brancos, o dos negros, o dos orientais – indianos e chineses – com suas especiarias e cheiros, o da prostituição – a Rua Araújo, conhecida como “Rua do Pecado”, onde, no início do colonialismo, só brancas e mestiças podiam oferecer seus corpos a marujos de diferentes nacionalidades. À medida em que narra, vai apreendendo, também, referências culturais da época, ressaltando, entre outras, a importância do bilinguismo do jornal O Africano, dos irmãos Albasini.

Tais cartografias expressam contradições não só espaciais, como de classe, gênero e poder. Cartografias que nos dizem de margens, de mulheres que, embora rainhas, se encontravam, em suas culturas, nas franjas do domínio masculino, mas que conseguiram fugir dos limites e, pelas fronteiras do poder, provocaram, de alguma forma, rupturas em relação às cristalizações sociais impostas.

O regresso das mulheres do imperador a Lourenço Marques leva o olhar atento do narrador a descrever o cenário que elas encontraram: uma cidade cindida, conforme observa o escritor Ungulani na entrevista já mencionada:

Havia, na altura, a estrada da Circunvalação, que dividia a parte branca da negra – parte branca, é como quem diz, porque existia uma grande comunidade chinesa e indiana que ocupava uma grande parte da cidade. E aqueles conflitos, no primeiro ano da República [portuguesa], em 1911, retratam um pouco isso. E depois havia a parte negra, que era do outro lado, onde elas sentem que estão de regresso à terra que é o espaço delas modificado[2]

Chamando atenção para a pujança da cidade colonial, com seu desenvolvimento, suas diversidades, sua economia, seus usos, costumes e, também, para muitos preconceitos e estereótipos, a instância narracional vai, criticamente, evidenciando a oposição existente entre o passado de poder do imperador – denominado o “Leão de Gaza” –, entendido como tempo da barbárie, e a colonização lusitana, compreendida como engenho e acesso à civilização.

Também são assinaladas no romance contradições percebidas a partir de atitudes e práticas exercidas pelas mulheres de Ngungunhane, principalmente, após sua morte. Nos comportamentos destas são depreendidos jogos de poder, questões étnicas, desejos, novos interesses. Phatina, Malhalha, Namatuco, Lhésipe choram e recordam Ngungunhane. Debatem e se perguntam: que futuro teriam sem seu rei, elas que foram rainhas de um vasto império? Recorrendo às tradições, Namatuco, por meio de adivinhações dos espíritos ao redor do canhoeiro, vaticina acerca dos papéis e da vida de outras mulheres do imperador. O narrador, por meio de referências a documentos históricos, vai mencionando, com olhar crítico, a África dos colonizadores; a do governador-geral Mouzinho de Albuquerque, responsável pela prisão e exílio de Ngungunhane; a de Ayres d’Ornellas, militar português que empreendeu campanhas contra o imperador de Gaza e escreveu Cartas de África; a África dos relatórios e decisões dos que dominam. Mostra, não obstante, a partir do ponto de vista das viúvas do imperador, que existia uma outra África, misteriosa e profunda, a África de Namatuco, com suas crenças e profecias animistas.

O poder, emanado da figura autoritária e tirana de Ngungunhane, vai sendo, desse modo, subvertido pelos discursos e atitudes de suas mulheres. A instância narradora assinala a soberania masculina, porém, ao mesmo tempo, insinua como o feminino, por vezes, foi capaz de burlar o domínio másculo: “A palavra está para os homens, como o olhar, a linguagem das luzes e das sombras, para as mulheres”— comenta o narrador, na parte 6 do romance, referindo-se à Debeza que soube esconder seu adultério com o príncipe Godide. Essa cartografia do olhar, da memória e da imaginação traz lembranças que escrevem uma história no feminino, uma história que dá voz às mulheres de Ngungunhane, até então esquecidas sob a poeira dos tempos. O romance As Mulheres do Imperador comprova que, mesmo em um universo predominantemente masculino, essas mulheres conseguiram desvelar outras versões possíveis da história.

Ba Ka Khosa, em seu percurso literário, efetua uma reescrita de Moçambique pelo jogo entre história e ficção, entre tradição e modernidade, entre narrativas imaginadas e episódios históricos ocorridos, entre versões da oralidade e da história oficial. Optando, no título  Gungunhana: Ualalapi e As mulheres do imperador, pela grafia portuguesa da época – Gungunhana –, e usando, na escrita dos romances, Ngungunhane – que, graficamente, reproduz a forma oral, ou seja, a pronúncia própria da língua nguni –, Ungulani, intencionalmente, expressa a dualidade de pontos de vista, demonstrando que não existe uma única versão histórica. Entrelaçando literatura e história, repensa Moçambique pela voz dos que estão à margem do poder, joga com a sedução e o fascínio que o domínio da escrita literária pode oferecer tanto ao escritor como ao leitor. Este, com certeza, irá se encantar não só pelo prazer de decifrar a polêmica figura do imperador, mas também as vidas e as histórias de suas mulheres.

Rio de Janeiro, 18 de junho de 2018.

[1] KHOSA. “A memória é sempre costurada. É preciso escangalhá-la para abrir caminhos”. Entrevista a Nuno Ramos de Almeida. Lisboa, 03/04/2018. Disponível em: https://ionline.sapo.pt/606664. Acesso em 14/06/2018. 
[2] idem, ibidem.

Carmen Lucia Tindó Secco é Profa. Titular de Literaturas Africanas, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Pesquisadora do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e da FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro). É colaboradora da Editora Kapulana. 

Citar como:

O ARTIGO:
SECCO, Carmen L. T. “As Mulheres do Imperador: Entrelaces de Histórias e Estórias”. In: KHOSA, Ungulani Ba Ka. Gungunhana: Ualalapi e As mulheres do Imperador. São Paulo: Kapulana, 2018. [Vozes da África]. Disponível em: <https://www.kapulana.com.br/as-mulheres-do-imperador-entrelaces-de-historias-e-estorias-por-carmen-l-tindo-secco/>

O LIVRO:
KHOSA, Ungulani Ba Ka. Gungunhana: Ualalapi e As mulheres do Imperador. São Paulo: Kapulana, 2018. [Vozes da África]

Publicado em

A degradação da personagem em Gungunhana, por José dos Remédios

O ser humano não morre quando o seu coração deixa de bater.
O ser humano morre quando, de alguma forma, deixa de se sentir importante.
in O vendedor de sonhos, Jayme Monjardim

Há 31 anos, Ungulani Ba Ka Khosa estreou-se em livro, num período em que a literatura moçambicana passava, eventualmente, por um dos melhores momentos até aqui. Na década de 80, foi lançado o primeiro concurso literário do país, foi criada a Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO), e, enfim, foi lançada a primeira revista literária moçambicana pós-independência, a Charrua, de que o nosso escritor é co-fundador. Este foi um momento de ouro, que, inclusive, contribuiu para a afirmação de uma escrita comprometida com a estética, por nela existir, quiçá, os (des)equilíbrios cruciais à literatura.  É neste contexto de reinvenção de uma arte, num país recém-nascido, que Ba Ka Khosa ousa apresentar-se em obra, depois de muito publicar na imprensa. Nessa altura, tinha 30 anos de idade e havia vivido em todas as regiões de Moçambique.

E então, o livro escolhido para a primeira aparição foi Ualalapi, colectânea de contos, para uns, romance, para muitos, e novela, para os mais centristas. Neste livro, um dos dois que constitui Gungunhana, obra ora lançada pela editora Kapulana, Ungulani percorre os labirintos da história, e, fugaz, aldraba a morte, retirando nela um personagem controverso (ora herói, por ter travado toda uma luta contra o regime colonial português, ora vilão, por tanto ter liderado ofensivas contra os chopes, uma etnia do Sul de Moçambique): Gungunhana/ Ngungunhane. Ao ficcionar a vida do imperador de Gaza, homem extremamente violento, Khosa constrói um cenário maquiavélico, que ao tirano permite atingir o poder sem ameaças de o perder, delegando, por isso, a morte do seu irmão, Mafemane, a Ualalapi.

A partir dos conflitos, da ganância e dos jogos de interesse instituídos na narrativa, Ungulani introduz-nos no raciocínio de um ditador que, à imagem de tantos outros de terno e gravata, não medem consequências no longo percurso ao trono. Por isso, esta é uma história actual e com muitos anos de vida.

O segundo livro que compõe a obra Gungunhana é intitulado As mulheres do imperador, na qual temos um narrador didático como cicerone no prosseguimento dos caminhos trilhados pelas rainhas de Gaza, na desnecessária viagem que termina com um exílio delas na sua terra, mas longe da sua gente. Se Ualalapi, essencialmente, ergue e derroca um império nguni, essa etnia de Ngungunhane, As mulheres do imperador é mais uma história além das peripécias que ditaram o fim de um reinado. Esta história produz-se na viagem pelo Sul de Moçambique, por Portugal, São Tomé e, mais profundo, pelas crenças, dores, desassossegos e sentimentos dessas rainhas pretas, desabitadas de si mesmas por terem conquistado a preferência de Ngungunhane. Também por isso, dá-se nesta ficção a grave degradação da personagem. Mas comecemos pelo primeiro livro.

Em Ualalapi, temos pelo menos dois momentos em que a degradação da personagem acontece. No primeiro, é Damboia, tia do imperador, quem está no centro das atenções, quando morre ainda viva, vítima de uma menstruação de três meses. Devido ao cheiro nauseabundo aí causado, Damboia perde poder e influência, quando os seus movimentos ficam condicionados ao átrio domiciliar. A linguaruda, que chama cães aos súbditos, enferma, perde a capacidade de falar e é invadida por loucura: “Começou a andar de gatas e a trepar as paredes da casa como um réptil em desespero. Durante a noite uivava como os cães” (p. 48).

Num segundo momento, a degradação da personagem, em Ualalapi, acontece quando o imperador, já nas mãos dos portugueses, profere o seu último discurso ao seu povo. Sem poder nenhum, Ngungunhane transforma-se numa entidade banal, ridícula, deprimida e cheia de fel. Destarte, o outrora poderoso imperador vira um objecto falante, prémio de guerra, conduzido, na verdade, não para um exílio, mas para um museu em que ele é a síntese do passado.

Em As mulheres do imperador essa degradação continua, quer em Ngungunhane quer nas suas esposas. No caso do “leão de Gaza”, a situação é agravada porque, arrancado da sua terra com as sete das tantas mulheres que possui, em Portugal, não fica nem com uma sequer, um verdadeiro ultraje e castigo para quem tanto preza o calor feminino. Além disso, mesmo tendo-se recusado a converter-se à religião dos brancos, já dominado, o imperador é baptizado, passando a ter um nome português. Morre triste e humilhado.

Não obstante, separadas do homem, as rainhas de Gaza, igualmente, experimentam a derradeira condição do marido. Logo, com a excepção de Namatuco, tornam-se vulneráveis, passando a comer peixe e a desejarem ser amarfanhadas pelos braços dos homens. E o facto de Namatuco ser a mais sisuda, não a impede de se tornar uma personagem amarga, pois, desterrada de Moçambique, perde o contacto com os seus espíritos, daí a incapacidade de enxergar o futuro.

Portanto, este Gungunhana encerra nas suas linhas uma preocupação estética alicerçada a uma história que se vai diluindo. Esta é uma porta de entrada para quem se preocupa com o passado e com o presente de Moçambique. E faz sentido o livro ser publicado no Brasil, afinal em causa está o conhecimento sobre a humanidade, que não se esgota na fronteira dos nossos pés, que nos faz proprietários da nossa própria voz. A degradação da personagem manifesta em Gungunhana também é nossa, por aceitarmos ser parte de uma história cujos protagonistas são os narradores do esquecimento, esses que nos afastam da nossa terra e das nossas particularidades.

Maputo, 20 de outubro de 2018.

José dos Remédios é jornalista, pesquisador, resenhista e colaborador em veículos de comunicação em Moçambique como o jornal O país e a emissora de televisão STV. É colaborador da Editora Kapulana. 

Citar como:

REMÉDIOS, José dos. “A degradação da personagem em Gungunhana”. In: https://www.kapulana.com.br/artigos/

O livro: KHOSA, Ungulani Ba Ka. Gungunhana: Ualalapi e As mulheres do Imperador. São Paulo: Kapulana, 2018. [Vozes da África]

 

Publicado em

Conheça o projeto gráfico e a capa do livro de memórias “Um dia vou escrever sobre este lugar”, de Binyavanga Wainaina – por Mariana Fujisawa e Daniela Miwa Taira

 
Capa de Mariana Fujisawa: A arte da capa de Um dia vou escrever sobre este lugar surgiu após cuidadosa leitura da obra, tendo como base a ideia de mapeamento, fazendo referência aos diversos locais geográficos e sensíveis pelos quais o autor passou ao longo de sua vida. Optou-se pela utilização de formas abstratas coloridas, preenchidas com padrões distintos em cada cor, sugerindo ao mesmo tempo diversidade e construção minuciosa – fatores marcantes da obra literária de Binyavanga Wainaina. A pintura foi elaborada com tinta acrílica sobre papel, técnica que permite cores vibrantes e interessantes texturas. No conjunto, as cores e padronagens lembram estampas de tecidos quenianos.
 
Projeto gráfico de Daniela Miwa Taira: O projeto gráfico do livro foi pensado especialmente para o leitor. Tivemos como objetivo um visual limpo e elegante. Escolhemos tipografias projetadas especialmente para textos que proporcionam ao leitor um conforto na leitura e melhor apreciação da obra. O livro foi projetado para ser menor e impresso em folhas de gramatura mais fina, de modo a ser leve e de fácil manuseio e transporte. Os guias internos, como numeração de página, foram dispostos em locais a não atrapalhar a leitura. O projeto gráfico é pensado cuidadosamente para dar a melhor experiência ao leitor de acordo com a análise do conteúdo e necessidade da obra.
 
5 de outubro de 2018
 
 
O catálogo da Kapulanahttps://www.kapulana.com.br/catalogo/
 
Publicado em

Entrevista com Ungulani Ba Ka Khosa, moçambicano, autor de “Gungunhana: Ualalapi | As mulheres do Imperador”

UNGULANI BA KA KHOSA, escritor moçambicano, autor de Gungunhana: Ualalapi | As mulheres do Imperador, concede uma entrevista à Editora Kapulana

1. Você publicou Ualalapi em 1987, marcando o cenário da ficção histórica moçambicana. O que o fez escrever apenas recentemente As mulheres do Imperador, dando prosseguimento a Ualalapi?

As motivações por detrás de um livro estão, muitas das vezes, na esfera do imponderável: as vezes é uma ideia que surge, outras, uma paisagem, por vezes, uma frase, enfim, vários motivos. As mulheres  do Imperador foram-me martelando a cabeça depois da edição do livro Entre as memórias silenciadas. Isto em 2013. Anunciei a intenção aos amigos mais próximos. E quis com o livro prestar uma singela homenagem às mulheres sempre secundarizadas na História maiúscula. Mas o livro não conseguia sair das primeiras três páginas. Faltava-lhe alma. Até então eu não conhecia o nome das mulheres do Imperador que regressaram a Moçambique depois de quinze anos de exílio. E andei à busca delas em tudo o que era arquivo em Moçambique. Estive em S. Tomé, terra em que elas passaram catorze anos e nove meses de exílio, e nada encontrei. E foi graças ao meu editor  português, o João Rodrigues, que consegui ter os nomes das mulheres. Encontrei a alma. E o livro arrancou. Isto em 2016

E por ocasião dos trinta anos de Ualalapi, quis fechar o ciclo sobre o império de Gaza, trazendo à luz As mulheres do Imperador.

2. Qual você acredita que pode ser a importância de republicar Ualalapi atualmente, para Moçambique?

Ualalapi tem, felizmente, tido edições sucessivas em Moçambique. É um livro de leitura obrigatória para os alunos do ensino secundário e médio e universitário. E tem, estoicamente, resistido ao  desgaste do tempo. Isso satisfaz qualquer autor. O que falta ao Ualalapi é uma maior divulgação no exterior. Acabou de sair, ainda este ano, a edição americana –Ualalapi, fragments from the end of empire, pela prestigiosa editora Tagus Press, da Universidade de Massachusetts Dartmouth. Na colecção constam autores como Eduardo Lourenço,  Luís de Camões, Eça de Queirós, Sophia de Mello Breyner, entre outros. É prestigiante. Aqui no Brasil, a editora Kapulana prepara uma edição conjunta com As mulheres do Imperador. Em Portugal já saiu a edição conjunta, o Gungunhana. Enfim, os bons ventos estão dando vida ao Ualalapi e As Mulheres do Imperador.

3. Um dos pontos mais reiterados por pesquisadores de suas obras literárias é o fato de suas narrativas não serem maniqueístas no tratamento dos personagens, negando a estrutura de heróis x vilões. Isto é uma preocupação sua durante a escrita?

Na verdade, pouco leio o que têm escrito sobre a minha obra. Sei de uma quantidade de teses e dissertações, para além de críticas avulsas que as leio na diagonal.

Quando escrevo, deixo-me levar pelo texto, pelos personagens. Não tenho um guião à priori. O tema do livro dá-me a estrutura e o movimento dos personagens. O que me ficou dos tempos de aprendizagem, ou seja, o meu mote, foi o de construir uma narrativa que tivesse por base os movimentos do cavalo: passo, trote e galope. Quero que o texto vibre como os tambores que ressoam pela noite adentro na savana tropical. O resto não me interessa.

4. Se sim, qual a importância desta perspectiva, sobretudo em relação a uma figura histórica controversa como Gungunhana?

Tu queres tocar o Gungunhana. É provável que a tal perspectiva se encaixe no imperador. Mas quando escrevi sobre Gungunhana, em Ualalapi, tive em mente retratar a imagem do Gungunhana que sobrevive na história oral: um tirano, um invasor, um colonizador. Esta leitura difere da que é oficialmente veiculada: o grande herói da resistência anticolonial. O que de facto foi. Mas que não retira o seu lado tirano.

Eu enveredei por essa via da chamada tradição oral. Fiquei-me por aquilo que ouvi dos meus avós e outros da mesma geração.

5. De que maneira a Literatura pode contribuir com a História, e especificamente com a História moçambicana?

Hoje é já um lugar comum estudar-se uma época e recorrer-se a literatura de então. Penso que a literatura vai além do preenchimento dos espaços vazios ou dos interstícios da História maiúscula; ela dá alma a uma época, humaniza um período histórico.

Quando os alunos me perguntam como é que eu consegui retratar o Gungunhana daquela maneira, pensando eles que aquilo é verdade e não ficção, fico feliz porque a tal  verosimilhança que os académicos tanto apregoam, deu certo. E quando isto acontece, a literatura sai a ganhar.

 

6. Por que existe sua preocupação como autor em manter em suas obras diversos vocábulos das línguas locais?

Dei-me conta, ainda cedo, que certos vocábulos das línguas locais não têm correspondência na língua portuguesa e vice-versa. E isso levou-me a construir a minha narrativa sem me socorrer ao glossário. Vou explicando, dentro da narrativa, os significados dos vocábulos locais ou a interpretação do vocábulo português na língua local. Mas por vezes, em edições brasileiras,  veem-se forçados a usar um glossário por causa de alguns vocábulos que necessitam de uma explicação mais detalhada. Esta minha bantunização do português, como um académico se referiu à minha obra, torna a língua portuguesa mais moçambicana. Explico-me:

Mais do que debater a validade ou não do acordo ortográfico, eu sou dos que defendem a inclusão, nesta língua comum que é o português, dos  significados locais. Penso que a língua portuguesa só sai a ganhar na diversidade de significados.

7. Tanto Ualalapi quanto As mulheres do Imperador giram em torno de acontecimentos históricos moçambicanos bastante específicos, porém são obras que geram extremo interesse por parte dos leitores brasileiros. Por que você acredita que isso ocorre?

Todo o escritor, é minha opinião já arreigada, tem que partir do seu Macondo, do seu nicho cultural, do seu espaço, e dar alma a esse espaço. Craveirinha conseguiu fazer da Mafalala algo universal. Luís Bernardo Honwana, pegou na sua Moamba, terreola a cerca de 70 quilómetros de Maputo, e deu-nos um livro imortal: Nós Matamos o Cão Tinhoso. Malangatana, com os seus espíritos ancestrais, deu-nos quadros memoráveis. Estes meus três mestres ensinaram-me que é a partir do local, do teu espaço vital, que podes ir ao mundo. O mundo, esse mundo globalizado, vai entender essa alma local porque é uma alma por todos partilhada. As cores, as matizes, mudam, mas a alma, nas suas várias gradações, é universal.

8. Qual a importância de tratar especificamente das mulheres de Gungunhana neste novo texto?

Acho que respondi parcialmente a pergunta  em questões anteriores. Mas avanço, dizendo que As mulheres do Imperador é uma homenagem a todas as mulheres. Estas mulheres ocuparam um lugar tão secundário na História, que só lhes deram a graça de ter  o nome  ao lado do imperador. A História foi sempre machista. É chegada a altura de  se criarem outras narrativas, outros ângulos de observação, outros olhares à História.

Ao tempo delas, era normal, nos portos e em alguns jornais, constar a lista de passageiros a desembarcar. No caso, nada ficou grafado. Sabe-se apenas que desembarcaram em Lourenço Marques, no ano de 1911. O resto é ficção. É triste o que a História maiúscula reserva a certas personagens.

9. Além desta obra, você publicou no Brasil (também pela Kapulana) um livro de contos (Orgia dos loucos) e um de literatura infantil (O rei mocho). Como autor, quais são as diferenças em seu processo de escrita para gêneros literários tão diversos?

O conto, gênero difícil porque ou se agarra no princípio ou se perde, é um grande gênero. E é necessário para quem se aventura na narrativa. Já o conto infanto-juvenil exige outro músculo. É um gênero a que não me atrevo a mergulhar de qualquer maneira. Corre-se sempre o risco de fazer trapaça. E muito do que por aí circula no gênero infanto-juvenil é texto de segunda categoria. É preciso ter uma grande alma para escrever um conto infanto-juvenil. Vou ancorando noutros portos da narrativa. Sinto-me seguro aí.

Maputo, 24 de setembro de 2018.

Citar como:

KHOSA, Ungulani Ba Ka. Entrevista. São Paulo: Kapulana, 24 set. 2018. Disponível em: https://www.kapulana.com.br/uma-entrevista-com-ungulani-ba-ka-khosa-autor-de-gungunhana-ualalapi-as-mulheres-do-imperador/

Saiba mais sobre o autor: http://kapulana.com.br/ungulani-ba-ka-khosa/

Saiba mais sobre “Gungunhana: Ualalapi | As mulheres do Imperadorhttp://kapulana.com.br/produto/gungunhana-ualalapi-as-mulheres-do-imperador/

Saiba mais sobre “Orgia dos loucos”: http://kapulana.com.br/produto/orgia-dos-loucos/

Saiba mais sobre “O rei mocho”: http://kapulana.com.br/produto/o-rei-mocho-1-contos-de-mocambique/

Leia – “Escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa é condecorado pelo Brasil com a Ordem de Rio Branco”: https://www.kapulana.com.br/escritor-mocambicano-ungulani-ba-ka-khosa-e-condecorado-pelo-brasil-com-a-ordem-de-rio-branco/

Leia – “Orgia dos Loucos: Moçambique sem saída de emergência – por Vanessa Ribeiro Teixeira”: https://www.kapulana.com.br/orgia-dos-loucos-mocambique-sem-saida-de-emergencia-por-vanessa-ribeiro-teixeira/

Leia – “A instabilidade social em O rei mocho, de Ungulani Ba Ka Khosa – por José dos Remédios”: https://www.kapulana.com.br/a-instabilidade-social-em-o-rei-mocho-de-ungulani-ba-ka-khosa-por-jose-dos-remedios/

Publicado em

Kapulana lança em outubro a obra “O pátio das sombras”, escrita por Mia Couto e com ilustrações de Malangatana

Décimo e último volume da série “Contos de Moçambique”, o livro, escrito por Mia Couto e com deslumbrantes ilustrações do célebre artista Malangatana, narra a história sobre vida e morte pela perspectiva infantil

A Editora Kapulana publica em outubro o décimo volume da série de literatura infantil “Contos de Moçambique”, o livro O pátio das sombras, escrito por Mia Couto, com ilustrações de Malangatana.  A obra já está em pré-venda.

No enredo, um menino vive com a família em uma aldeia. Um dia, a avó se nega a ir até a plantação, pois diz estar cansada. Durante o trabalho, a família escuta ruídos de festa vindos da aldeia, e todos se perguntam se a avó tinha visitantes. O menino vai checar, mas encontra a avó sozinha. O acontecimento se repete, deixando o menino cada vez mais confuso, até que a avó lhe dá explicações ensinando-lhe uma linda lição sobre a vida e a morte. Mia Couto, em depoimento para o livro, explicou o motivo da escolha desta história que faz parte da tradição oral moçambicana.  “Este conto maconde foi a história escolhida por mim como base do conto que intitulei ‘O Pátio das Sombras’ por ser um conto muito sugestivo. Através dele podemos ver que os mortos, quando lembrados, não chegam nunca a morrer […] Do ponto de vista formal, pensei que seria bom criar um clima de mistério e introduzir um núcleo de conflito que se adensaria para, no final, se resolver de forma positiva”.

O livro é composto de deslumbrantes ilustrações do artista moçambicano Malangatana. Utilizando da técnica de pintura nanquim, os desenhos dialogam com o texto de forma fluída e fascinante. Com talento reconhecido em diversas vertentes da arte, Malangatana foi também poeta, cantor, dramaturgo, músico e dançarino. Durante sua carreira artística, foi premiado e celebrado no mundo, seu nome está ligado à criação de várias instituições culturais, como o Museu Nacional de Arte, Centro de Estudos Culturais, atual Escola Nacional de Artes Visuais, Centro Cultural de Matalana, e outras organizações artísticas. Malangatana faleceu em 2011, em Portugal.

O pátio das sombras é o último volume da série “Contos de Moçambique”, que, desde 2016, é publicada no país pela Editora Kapulana, tendo como objetivo divulgar no Brasil as histórias das tradições orais moçambicanas aos leitores brasileiros. O projeto surgiu da colaboração entre a Escola Portuguesa de Moçambique e a Fundació Contes pel Món, de Barcelona, Espanha. São histórias recontadas por renomados escritores e ilustradas por artistas de diversas expressões, como pintura, desenho, escultura, batique e artesanato.

Ilustração de Malangatana, que faz parte da obra “O pátio das sombras”

 

★★★

Saiba mais sobre a obra: https://www.kapulana.com.br/produto/o-patio-das-sombras-10-contos-de-mocambique/

Saiba mais sobre o autor: https://www.kapulana.com.br/mia-couto/

Saiba mais sobre o ilustrador: https://www.kapulana.com.br/malangatana-mocambique-patio-das-sombras/

Saiba mais sobre a ilustração: https://www.kapulana.com.br/nanquim-as-ilustracoes-de-malangatana-em-o-patio-das-sombras-de-mia-couto/

Conheça a série “Contos de Moçambique”: https://www.kapulana.com.br/serie-contos-de-mocambique/

Publicado em

Pensa Kanema – escritos sobre o cinema moçambicano, por Carmen Lucia Tindó Secco

A palavra kanema – que, na língua macua do norte de Moçambique, quer dizer “imagem”, “cinema” – foi bastante empregada após a independência moçambicana, quando Samora Machel, em 1975, incentivou a criação do Instituto Nacional de Cinema (INC) e promoveu intensa ação cultural por intermédio de unidades móveis que percorriam aldeias, levando ao interior do país o Kuxa Karema, cinejornal, cujo nome significa “o nascimento do cinema”.

O presidente Samora, conhecedor do poder da imagem, buscou construir a nova nação indepentente, incentivando o cinema em Moçambique. Seu lema era filmar imagens do povo para devolvê-las ao próprio povo.

Luís Carlos Patraquim, um dos cineastas moçambicanos que participou das edições do Kuxa Kanema, defende que

[…] o cinema moçambicano é parte do acervo histórico nacional e uma ferramenta poética para perceber o presente e perspectivar futuros; é patrimônio cultural, a par da nossa literatura, da pintura, da escultura, do teatro, do canto e da dança, podendo espelhá-las todas, essas belas e malasartes, mais a intensa riqueza linguística e diversidade de que é feita a invenção real e utópica da nossa plural identidade. (PATRAQUIM, 2011).

No caso particular de Moçambique, as produções cinematográficas tiveram o importante papel de pensar e representar, por intermédio de imagens, a nação recém-libertada, propiciando reflexões diversas acerca das culturas de várias etnias que habitavam o território antes da colonização portuguesa, acerca do colonialismo, acerca da guerra de libertação, acerca de problemas que afeta(va)m o povo moçambicano.

Considerado “a sétima arte”, o cinema funda um modo de pensamento que opera com imagens, sons, cores, luzes, movimentos, tempo, espaço. E, na medida em que pode gerar reflexões críticas, questionamentos, encontra-se em íntima correlação com a Filosofia, cuja principal característica é “fazer pensar”.

Para Gilles Deleuze, há dois tipos de cinema: o clássico e o moderno. No primeiro, há o predomínio da ação; a montagem segue uma lógica de causa e efeito, concatenando as imagens por intermédio de uma linearidade narrativa que se direciona para a resolução dos conflitos. Esse tipo de cinema é designado por Deleuze como “imagem-movimento”, distinguindo-se por apresentar um esquema sensório-motor que trabalha com enredos e mensagens, até certo ponto, previsíveis. Já o cinema moderno opera com a “imagem-tempo”, rompendo com conexões sensório-motoras esperadas e com ações sucessivas e sequenciadas. Essa segunda forma de cinema explora o espaço-tempo, não se preocupando com a narrativa, mas, sim, com uma constante produção crítica de reflexões, pensamentos. Essa modalidade de cinema é mais cerebral; nela não ocorre um encadeamento linear de imagens: “Em vez de uma imagem depois da outra, há uma imagem mais outra e cada plano é desenquadrado em relação ao enquadramento do plano seguinte” (DELEUZE, 2007, p. 255).

Para Mahomed Bamba, a África tem uma produção cinematográfica ainda incipiente; por isso, o cinema africano, de modo geral, ainda se encontra preocupado com processos de construção e consolidação das nações africanas, uma vez que, historicamente, muitas destas são recentes, tendo sido criadas com suas independências, na segunda metade do século XX. Por tais razões, há, nos filmes africanos, em geral, uma recorrente temática de procura e definição do nacional.  Diversos cineastas africanos, entre os quais o premiado Cheick Oumar Sissoko, natural do Mali, são adeptos do “cinema da verdade”, considerando função das narrativas cinematográficas

portar para a tela as imagens da África, as maneiras de  viver, as maneiras de amar, de sentir prazer, de sofrer, de lutar; a maneira de viver das sociedades africanas é um desafio. Isso porque hoje as imagens da África são quase ausentes do universo das imagens. Nós não as vemos. É importante essa missão porque a África não está inclusa. A África é apresentada como o continente de todas as calamidades, de conflitos, de guerra, de epidemias, da falta, da seca. O continente da pobreza. É isso que os países do norte mostram ao seu povo. A África é marginalizada, excluída. Nem ao menos se sabe que a África é o berço da humanidade ou que a África produziu inúmeros impérios ou então que, em certo momento da história da humanidade, a África estava muito mais avançada do que os países europeus. (SISSOKO, 2015).

Bamba adverte, ainda, que, apesar da insistência em buscar o nacional presente na filmografia africana, nesta “a representação da nação é, em grande parte, mais ideológica e política, que cultural” (BAMBA. In: FRANÇA e LOPES, 2010, p. 269); “na falta de nações no sentido pleno” (idem, p. 279), alguns cineastas africanos criam, “no plano simbólico e imaginário, uma espécie de pan-africanismo” (idem, ibidem), que focaliza a África como um todo harmônico, como se todas as nações africanas fossem homogêneas; geram, desse modo, concepções idealizadas de nação que não correspondem, inteiramente, à atual realidade sociopolítica e cultural dos multifacetados e multiétnicos países africanos.

De acordo com Marc Ferro, que investiga as relações entre cinema e história, “a câmera desvela segredo[s], apresenta o avesso de uma sociedade, seus lapsos” (FERRO, 2010, p. 31).  Os ensaios, reunidos no livro Pensando o cinema moçambicano, buscam apreender e interpretar sentidos ocultos da história de Moçambique em narrativas fílmicas – algumas delas postas em diálogo com obras literárias moçambicanas –, refletindo sobre o modo como tais relatos problematizam os contextos históricos por eles representados. Seguindo a orientação política de Marc Ferro, diversos dos estudos aqui publicados procuram relacionar e discutir diferentes temporalidades históricas e sociais suscitadas pelos filmes, documentários e romances analisados, uma vez que “o objeto da história não é apenas o conhecimento dos fenômenos passados, mas igualmente a análise dos elos que unem o passado ao presente, a busca de continuidades, de rupturas” (FERRO, 2010, quarta capa).

A proposta do livro Pensando o cinema moçambicano é, portanto, a partir da análise de filmes, documentários, romances, demonstrar como narrativas literárias e fílmicas podem gerar afetos capazes de levarem a questionamentos profundos acerca da história e da dimensão humana tanto em uma perspectiva existencial, como social.  Segundo Spinoza, os afetos denotam não apenas atitudes existenciais face à potência de viver, mas atitudes políticas que podem externar alegóricas manifestações de crítica e indignação. Deleuze, por sua vez, afirma que o pensamento necessita escapar aos clichês, sair da imobilidade do senso comum. O cinema, afetado por imagens descentradas, pode desempenhar um papel estimulador da potência de pensar.

Composto por uma coletânea de onze ensaios que analisam filmes e obras literárias de Moçambique, o presente livro é resultado do Encontro com Luis Carlos Patraquim, durante a III Mostra de Cinema Africano – organizada, sob minha coordenação, na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, de 5 a 9 de junho de 2017 –, e do curso “Afeto, Literatura e Cinema: representações da História em obras literárias e filmes de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau” – disciplina por mim ministrada no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas, na Faculdade de Letras/UFRJ, no primeiro semestre de 2017. Procede, ainda, de nossa pesquisa, “Literatura, cinema e afeto: representações da História em romances e filmes de Moçambique e Guiné-Bissau”, que dialoga e mantém parceria com os projetos “NEVIS – Narrativas escritas e visuais da nação pós-colonial”, CESA/FCT, PTDC/CPC-ELT/4939/2012, e “NILUS – Narrativas do Oceano Índico no espaço lusófono”, coordenados pela Doutora Ana Mafalda Leite.

O primeiro e o segundo ensaios de Pensando o cinema moçambicano, da autoria, respectivamente, de Vanessa Ribeiro Teixeira e Marlon Augusto Barbosa, se ocupam do curta-metragem O búzio (2009), de Sol de Carvalho, cuja mensagem principal é colocar em questão as contradições de uma guerra que talvez já não sirva mais ao seu propósito. Vanessa aborda os “intervalos” dessa guerra focalizados pelo filme e se interroga sobre o espaço da fábrica abandonada que, considerada como metáfora de múltiplas possibilidades – esconderijo? abrigo? solidão? extermínio? reflexão? lúdico? criação? –, faz o protagonista Vicente emergir como um sujeito diferente e questionador. Marlon, por sua vez, partindo de três eixos presentes no filme – a amizade, a lei da escolha e o perdão –, com base em considerações de Jacques Derrida sobre a amizade e sobre o perdão, pensa como tais elementos podem se entrelaçar e se relacionar poeticamente em prol de um questionamento político do projeto revolucionário.

O terceiro ensaio, de Maria Geralda de Miranda, centrando-se em A árvore dos antepassados, de Licínio Azevedo, chega à conclusão de que o filme é uma contribuição para a afirmação das raízes identitárias e culturais moçambicanas, pois, de maneira profunda, se insere em uma política cultural mais ampla, valorizando a paz e as tradições que devem ser respeitadas.

Viviane Mendes de Moraes, no ensaio seguinte – o quarto –, faz uma leitura do filme Fogata, de João Ribeiro, que é uma adaptação cinematográfica do conto “A Fogueira”, do escritor Mia Couto. Discute a “desdramatização da morte” – ponto de tensão entre as duas obras –, avaliando a forma como as comunidades rurais de Moçambique entendem a finitude da existência humana e a relação entre morte, vida e sepultamento vivenciada pelo casal protagonista do conto e do filme. Conclui que, apesar da sensação distópica em relação ao social, tanto o filme quanto o conto, embora apresentem uma evidente dicção irônica, deixam em aberto, no final, um desejo de que o amanhã seja menos amargo e a vida, junto à família e aos mortos, possa se reestabelecer e fluir menos solitária e um pouco mais harmoniosa.

Os quinto, sexto e sétimo ensaios se debruçam sobre Ngwenya, o crocodilo, de Isabel Noronha, documentário que realiza uma biografia do pintor Malangatana Valente e da própria cineasta. A narrativa fílmica se aproxima do cinema-poesia, na medida em que põe em diálogo diversas artes – cinema, pintura, literatura – e também a história e a cultura moçambicanas. O ensaio de Beatriz de Jesus Santos Lanziero, com base nos estudos de Deleuze sobre cinema, observa no filme a construção de imagens óticas e sonoras características do regime imagem-tempo. Demonstra como Isabel Noronha, afastando-se do clichê, do previsível, descolonizando a imagem, conjuga, de forma dialética, tradição e modernidade. Lucca Tartaglia, por seu turno, procura evidenciar, em sua leitura do referido documentário, os indícios de “uma espécie de iniciação”, de uma viagem iniciática ao universo ronga e, mais especificamente, à cosmovisão do pintor, através das escolhas de Noronha – posicionamento e movimento das câmeras, escolha das personagens, profundidade de campo, etc. –, levando sempre em consideração a via íntima e pessoal, a experiência da própria Isabel no que se refere ao relato do artista. Ana Lidia da Silva Afonso, também voltada para esse mesmo documentário, estuda, com base em Deleuze, Marcel Martin e Louis Delluc, a linguagem cinematográfica de Isabel Noronha, evidenciando como a cineasta, neste filme, opta por uma dicção afetiva, dinamizadora de imagens produzidas através da fotogenia, com o objetivo de ressaltar o aspecto poético extremo dos seres e das coisas.

O oitavo ensaio, de Carla Tais dos Santos, compara o filme Virgem Margarida, de Licínio Azevedo, com o romance Entre as memórias silenciadas, de Ungulani Ba Ka Khosa, a partir de um tema comum às duas narrativas: os campos de reeducação em Moçambique. Para tanto, utiliza categorias literárias, tais como espaço, personagem, tempo e narrativa, além de elementos da história e do estudo da linguagem cinematográfica, entre outras artes, amparando-se teoricamente em Frantz Fanon, Hugo Achugar, Ismail Xavier, Márcio Seligmann-Silva, entre outros.

O nono e o décimo ensaios também abordam o filme Virgem Margarida, de Licínio Azevedo, mas o fazem a partir do tema da prostituição em Moçambique. Marlene dos Anjos efetua uma leitura comparativa entre a Margarida de Licínio Azevedo e a “Mulata Margarida”, do poema de José Craveirinha. A história moçambicana é repensada, tendo por base as histórias das duas Margaridas. Cristine Alves da Silva, por sua vez, elege o romance O alegre canto da perdiz, de Paulina Chiziane, para dialogar com o filme Virgem Margarida, de Licínio Azevedo, examinando nessas obras situações de opressão a que o corpo negro feminino foi submetido enquanto objeto da afirmação da sexualidade masculina, tanto no regime colonial, como no governo pós-independente da FRELIMO. Discute a imagem da mulher prostituta em Moçambique, levantando questões históricas e sociais que determinaram sua inserção nesse universo de prostituição.

O último ensaio – o décimo primeiro –, da autoria de Danyelle Marques Freire da Silva, analisa a adaptação do romance Terra sonâmbula, do escritor moçambicano Mia Couto, para o formato cinematográfico desenvolvido pela realizadora Teresa Prata. Chama atenção para o fato de que a cineasta optou por não fazer uma obra fiel ao romance, concluindo que, no processo de adaptação, o diretor tem liberdade para transpor para a linguagem fílmica sua leitura da obra literária.

Com o propósito de contribuir não apenas com a divulgação de filmes e cineastas moçambicanos, mas também com discussões teóricas sobre cinema e sobre a relação deste com a literatura, faço votos de que os ensaios aqui reunidos possibilitem um conhecimento mais profundo do assunto e um olhar mais amplo acerca do cinema moçambicano, sendo estímulo para novas edições que tratem do cinema e da literatura de outros países africanos.

Rio de Janeiro, 03 de agosto de 2018.

Carmen Lucia Tindó Secco é Profa. Titular de Literaturas Africanas, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Pesquisadora do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e da FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro). É colaboradora da Editora Kapulana. 

Citar como:

SECCO, Carmen L. R. T. (org.) “Pensa Kanema – escritos sobre o cinema moçambicano”. In: Pensando o cinema moçambicano. [Série Ciências e Artes]. São Paulo: Kapulana, 2018.

Publicado em

[Sobre] O pátio das sombras, por Mia Couto

“Este conto maconde foi a história escolhida por mim como base do conto que intitulei “O Pátio das Sombras” por ser um conto muito sugestivo. Através dele podemos ver que os mortos, quando lembrados, não chegam nunca a morrer. Contudo, pareceu-me que esta história se enquadra na crença generalizada nas sociedades rurais que as mulheres viúvas e velhas se convertem em feiticeiras. É esta a razão que leva a mulher idosa a ser morta, no final da história. Estes valores devem ser questionados hoje e senti ser necessário reconverter esta história alterando o seu desfecho.

Do ponto de vista formal, pensei que seria bom criar um clima de mistério e introduzir um núcleo de conflito que se adensaria para, no final, se resolver de forma positiva.”

Mia Couto nasceu em 1955, na cidade da Beira, em Moçambique. Em 1972 foi para Lourenço Marques, hoje Maputo, capital de Moçambique, para estudar Medicina, mas não terminou o curso. Nos anos 70 dedicou-se ao trabalho de jornalista em diversos órgãos de informação. Voltou aos estudos universitários e formou-se em Biologia, passando, então a exercer atividades como biólogo e escritor. Está traduzido em mais de 30 idiomas e recebeu importantes prêmios, nacionais e internacionais, como o Prémio Camões, que recebeu em 2013. Desde 1987, colabora com grupos de teatro, havendo múltiplas adaptações de contos e romances para teatro e cinema, tanto em Moçambique como no estrangeiro. Da sua vasta e rica obra destaca-se o romance Terra sonâmbula que foi considerado um dos 12 melhores romances africanos do século XX.

Citar como:

COUTO, Mia. O pátio das sombras. Ilustrações de Malangatana. São Paulo: Kapulana, 2018 [Contos de Moçambique, v. 10]

Publicado em

Nanquim – As ilustrações de Malangatana em “O pátio das sombras”, de Mia Couto

O Nanquim é uma técnica antiga, que se originou na China, na região da cidade de Nanjing, que já foi a capital chinesa. Essa tinta também foi muito utilizada na Índia, mas ganhou popularidade pelo seu uso no Japão. O nanquim é um material muito usado para a escrita, a pintura e também para o desenho.

Documentos de cerca de 2 mil a. C. comprovam que, na China, o nanquim já era utilizado em manuscritos. Geralmente, a tinta era utilizada em papel, pergaminho ou telas de seda, com pincéis e canetas de bambu (o que originou artes tradicionais como a Caligrafia e o Sumiê). Na Europa, o nanquim era utilizado com canetas bico-de-pena, que, no início, eram feitas de penas de corvos com a extremidade apontada; depois, evoluiu para penas de aço e canetas recarregáveis.

Por muito tempo, o nanquim foi obtido a partir da tinta preta liberada por moluscos marinhos da família dos octópodes. Atualmente, as tintas são fabricadas a partir de uma combinação de cânfora, gelatina e um pó de cor escura conhecido como pó de sapato (fuligem ou negro de fumo), muito usado na pigmentação de outros produtos de cor negra. Ele é uma das variedades mais puras de carvão.

O nanquim é uma tinta que dá ao artista a possibilidade de criar texturas lineares e dar um aspecto detalhista às obras. A tinta tem uma cor saturada e intensa, dando nitidez e clareza aos desenhos.

O livro “O pátio das sombras”, escrito por Mia Couto, e décimo volume da série “Contos de Moçambique”, é composto com as deslumbrantes ilustrações do artista moçambicano Malangatana. Utilizando da técnica de pintura nanquim, os desenhos dialogam com o texto de forma fluída e fascinante. Com talento reconhecido em diversas vertentes da arte, Malangatana foi também poeta, cantor, dramaturgo, músico e dançarino. Durante sua carreira artística, foi premiado e celebrado no mundo, seu nome está ligado à criação de várias instituições culturais, como o Museu Nacional de Arte, Centro de Estudos Culturais, atual Escola Nacional de Artes Visuais, Centro Cultural de Matalana, e outras organizações artísticas. Malangatana faleceu em 2011, em Portugal.

Citar como:

COUTO, Mia. O pátio das sombras. Ilustrações de Malangatana. São Paulo: Kapulana, 2018 [Contos de Moçambique, v. 10]

Publicado em

Poeta e artista plástica moçambicana Sónia Sultuane participa de eventos no Brasil em setembro

Sónia Sultuane realiza mesas de conversas e sessões de autógrafos em eventos culturais nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Paraíba

A Editora Kapulana trouxe em setembro para o Brasil a poeta e artista plástica moçambicana Sónia Sultuane, que publicou pela editora o livro Roda das encarnações. A poesia de Sultuane passa pelo feminismo, tradições africanas, principalmente as de Moçambique, maternidade, assim como pelo universo sensorial e místico. A poeta realizou mesas de conversas e sessões de autógrafos em eventos nas cidades de São Paulo, Campinas, São José dos Campos e Rio de Janeiro. No final do mês, a poeta ainda fará encontros literários em Recife, capital de Pernambuco, e João Pessoa, na Paraíba.

Com um vasto trabalho cultural, Sónia, além de poeta, é artista plástica e curadora de eventos. Sua poesia emociona ao trazer à tona suas impressões mais profundas, reveladoras das marcas de seu percurso como mulher, mãe, poeta e trabalhadora. Seus versos transportam o leitor por um universo sensorial e místico, com movimentos harmoniosos, no tempo e no espaço, muitas vezes em diálogo com a dicotomia vida e morte. Seus poemas transitam por mares, ares e terras, em meio a odores, sons, imagens e texturas surpreendentes.

Em São Paulo

Na cidade de São Paulo, Sónia participou, na quarta-feira (12), de bate-papo na “IV Feira Literária da Zona Sul” (Felizs), na Biblioteca Marcos Rey, em Campo Limpo, bairro da capital paulistana, ao lado do professor e escritor José de Nicola e do poeta angolano Ermi Panzo. Com a mediação da docente Érica Cristina Ferreira, a conversa teve como tema “Literatura Africana de Língua Portuguesa – Das heranças aos processos identitário de resistência”. Durante a conversa, Sónia contou sobre o seu processo criativo na literatura e nas artes plásticas, inclusive em relação à construção de seus poemas:

“A palavra para mim tem muito poder. Ela está sempre em trânsito, principalmente aqui no Brasil, onde pude trazer as linguagens que produzo no meu país, tendo sempre que buscar uma nova interpretação da linguagem”. Com um público de sua maioria professores da rede pública, Sónia destacou que “são os professores que nos formam e é incrível poder conversar e mostrar as diversidades literária de Moçambique”.

Sobre o trabalho artístico, a poeta abordou as recompensas que as artes fornecem:

“A arte tem a função de tornar as pessoas mais ricas intelectualmente. Sou mulher e sou da África e, destas formas, quero, de alguma maneira, escrever poemas de como enxergo o mundo”.

Em Campinas, na quinta-feira (13), na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), localizada no interior de São Paulo, Sultuane realizou uma roda de conversa com alunos do curso de Letras, sob a mediação da mestranda Jéssica Fabricia da Silva. O evento contou com o apoio do Grupo de Estudos de Literaturas e Culturas Africanas (GELCA), do IEL-Unicamp. Sónia falou sobre as suas motivações na escrita de Roda das Encarnações:

“Eu tive um câncer e poderia ser que eu não tivesse mais a possibilidade de escrever outro livro, queria terminar o Roda das encarnações pelas pessoas que eu amo e que me apoiaram. O amor é dá genuinamente sem estar à espera de nada e o Roda foi o meu ato de amor”.

Durante a sua fala, Sónia comentou sobre a interlocução com as artes plásticas e poesias:

“A poesia e as artes plásticas têm lugares em diversas outras formas, principalmente em transmitirmos a nossa evolução artística para as pessoas”.

De volta à capital paulista, Sónia esteve presente, na sexta-feira (14), na palestra com os alunos da Universidade da São Paulo (USP). O evento, com coordenação da Profa. Dra. Tania Macêdo e da Profa. Dra. Rita Chaves, contou com apoio do Centro de Estudos Africanos (CEA) e do Centro de Estudos das Literaturas e Culturas de Língua Portuguesa (CELP), da FFLCH-USP, e teve a mediação da pesquisadora de doutorado Jacqueline Kaczorowski. A poeta moçambicana conversou sobre Literatura e o começo de sua escrita: “Fiquei grávida muito cedo, aos treze anos, e, como forma de comunhão, comecei a escrever, de modo a compartilhar os meus sentimentos”.

Sónia também falou sobre seu projeto artístico “Walking Words”, em que se veste com uma roupa confeccionada com diversas palavras, tendo como intuito caminhar pelas ruas de Moçambique a compartilhar as variadas maneiras que a linguagem fornece: “Este projeto é essencial para tornar as palavras em algo físico, que se sente, para que elas não se diluem”.

No sábado, 15 de setembro, Sónia fez parte da programação da “V Festa Literomusical” (FLIM) do Parque Vicentina Aranha, na cidade de São José dos Campos, interior de São Paulo. O evento, realizado entre os dias 14 e 16 deste mês, teve a curadoria do escritor Marcelino Freire. A mesa literária com o tema “Por dentro dos gêneros” contou com as participações de Sónia Sultuane, da poeta e editora Jarid Arraes e da cantora e compositora Ellen Oléria, sob a mediação da apresentadora do programa Metrópolis, da TV Cultura, Adriana Couto. Muito emocionada, Sultuane comentou com o público sobre a produção de escrita de seu livro de poemas Roda das encarnações:

“A poesia para mim é um lugar sagrado. Quem escreve poesia conta sempre um pouco de nosso interior, ou seja, é parte de nós”. “O Roda das encarnações vem todo de um processo de minha luta pelo câncer, e é uma possibilidade de estar aqui no mundo”.

No Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, Sónia participou de palestras e debates sobre a cultura moçambicana, nos dias 18 e 19 de setembro, com alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e realizou sessão de autógrafos de seu livro de poesia publicado pela Kapulana, Roda das encarnações. O evento, intitulado “África & Brasil – trânsitos culturais: literatura, cinema e educação”, foi organizado pela Profa. Dra. Carmen Lucia Tindó Secco. Durante sua participação, Sónia falou com professores, estudantes e outros pesquisadores, sobre a sua produção poética, literatura infantil e o cinema moçambicano.

Em Pernambuco

Na capital de Pernambuco, Recife, em sua última semana no Brasil, a poeta moçambicana Sónia Sultuane participou de rodas de conversas e sessões de autógrafos em duas faculdades: Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Universidade Rural de Pernambuco (UFRPE).  Sultuane falou sobre o seu processo criativo e a publicação no Brasil, do livro de poemas Roda das encarnações. As atividades foram conduzidas pelo Prof. Dr. Sávio de Freitas (UFRPE) e Profa. Dra. Luiza Reis  (UFPE).

“Escrevi este livro pensando que seria a última vez que a literatura seria o porto seguro para minhas confidências, mas o Senhor Deus mostrou que me ama e me deu a oportunidade de fazer minha roda girar no mundo como um objeto de cura da alma”

Além das participações em mesas de conversas, debates e palestras, Sónia Sultuane foi muito bem recebida em centros culturais, exposições de artes e nas grandes livrarias, tendo, assim, a oportunidade de vivenciar um pouco da vida cultural brasileira e de reencontrar seu próprio livro nas estantes à disposição do leitor brasileiro.

Na Paraíba

Em João Pessoa, capital da Paraíba, a poeta e artista plástica moçambicana Sónia Sultuane realizou uma roda de conversa sob a mediação dos docentes acadêmicos Vanessa Riambau e Sávio Freitas. No encontro, Sónia abordou o desenvolvimento do seu livro de poemas Roda das encarnações, publicado pela Kapulana, e seus mais de dezessete anos dedicados às artes. O evento aconteceu na terça-feira, 25 de setembro, às 10h00, na sala 401 CCHLA, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

“Sou mulher e mestiça, não me considero negra, respeito as discussões sobre raça, mas não devemos alimentar o discurso racista, minha literatura é livre, universal, dialoga com os propósitos da humanidade. A literatura é uma arte, não faço poesia combate, pois José Craveirinha e Noémia de Sousa já o fizeram”.

São Paulo, 20 de setembro de 2018

Saiba mais sobre o livro Roda das Encarnações:

https://www.kapulana.com.br/produto/roda-das-encarnacoes/

Saiba mais sobre a escritora Sónia Sultuane:

https://www.kapulana.com.br/sonia-sultuane/

 

Veja fotos das atividades:

SÃO PAULO

11/09/2018 – Sónia Sultuane na Editora Kapulana, em São Paulo, SP:

https://www.kapulana.com.br/sonia-sultuane-na-editora-kapulana-em-sao-paulo-sp/

12/09/2018 – Sónia Sultuane na IV Feira Literária da Zona Sul (FELIZS), em São Paulo, SP:

https://www.kapulana.com.br/sonia-sultuane-na-iv-feira-literaria-da-zona-sul-felizs-em-sao-paulo-sp/

13/09/2018 – Sónia Sultuane no IEL-Unicamp, em Campinas, SP:

https://www.kapulana.com.br/sonia-sultuane-na-unicamp-iel-em-campinas-sp/

14/09/2018 – Mesa de conversa com Sónia Sultuane na FFLCH-USP, em São Paulo, SP:

https://www.kapulana.com.br/mesa-de-conversa-com-sonia-sultuane-na-fflch-usp-em-sao-paulo-sp/

11/09/2018 – Sónia Sultuane nas livrarias brasileiras:

https://www.kapulana.com.br/sonia-sultuane-nas-livrarias-brasileiras-sao-paulo/

15/09/2018 – Sónia Sultuane na Festa Literomusical do Parque Vicentina Aranha (FLIM), em São José dos Campos, SP:

https://www.kapulana.com.br/sonia-sultuane-na-festa-literomusical-do-parque-vicentina-aranha-flim-em-sao-jose-dos-campos-sp/

RIO DE JANEIRO

19/09/2018 – Debate sobre o cinema moçambicano com Sónia Sultuane na UFRJ, no Rio de Janeiro, RJ.

LINK: https://www.kapulana.com.br/palestra-e-sessao-de-autografos-com-sonia-sultuane-na-ufrj-no-rio-de-janeiro-rj/

Assista aos vídeos com a escritora:

Entrevista: 

https://www.youtube.com/watch?v=EH1R5-uOy0c

Leitura dos poemas do livro “Roda das encarnações”: 

https://www.youtube.com/watch?v=9p7SA1VeGjQ&feature=youtu.be

Vídeo 3ª Mesa Literária: POR DENTRO DOS GÊNEROS

https://www.youtube.com/watch?v=fGXR2Pm9NkU

 

 

 

Publicado em

MALANGATANA

MALANGATANA Valente Ngwenya, conhecido nacional e internacionalmente como MALANGATANA, nasceu em Matalana, Moçambique, em 6 de junho de 1936. Trabalhou como criado e apanhador de bolas antes de ser encorajado a desenhar e a pintar, pelo biólogo Augusto Cabral e, posteriormente, pelo arquiteto Pancho Miranda Guedes.

Seu talento é reconhecido em várias formas de arte como desenho, aquarela, tapeçaria, cerâmica, gravura, escultura monumental em ferro e em cimento, em murais. Foi também poeta, cantor, dramaturgo, músico e dançarino.

Em 1959, expôs pela primeira vez, no salão de Artes Plásticas de Lourenço Marques, hoje Maputo, capital de Moçambique. Nos anos de 1960, foi preso pela polícia política portuguesa (PIDE), acusado de ligações com a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique, hoje partido político). Em 1961, realizou sua primeira exposição individual.

Depois da Independência de Moçambique (1975), participou de numerosas exposições coletivas dentro e fora do país. Em 1986, realizou uma retrospectiva em Maputo. Na década de 1990, exerceu funções políticas como deputado da FRELIMO e na Assembleia Municipal de Maputo, tendo sido reeleito em 2003.

Seu nome está ligado à criação de várias instituições culturais, como o Museu Nacional de Arte, Centro de Estudos Culturais, atual Escola Nacional de Artes Visuais, Centro Cultural de Matalana, e outras organizações artísticas.

Faleceu em 5 de janeiro de 2011, em Matosinhos, Portugal. 

OBRA DA KAPULANA

O pátio das sombras, de Mia Couto, Contos de Moçambique, v. 10 , 2018.

PRÊMIOS E DESTAQUES

1997 – Recebeu a medalha Nachingwea, pela sua contribuição para a cultura moçambicana e foi investido como Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Foi nomeado “Artista pela Paz”, pela UNESCO. Recebeu o prêmio Príncipe Claus.

2010 – Recebeu o título de “Doutor Honoris Causa” pela Universidade de Évora e a condecoração, atribuída pelo governo francês, de “Comendador das Artes e das Letras”.

Publicado em

Escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa é condecorado pelo Brasil com a Ordem de Rio Branco

O premiado autor foi consagrado pela Governo do Brasil, pelos serviços meritórios e virtudes cívicas, estimulando a prática de ações e feitos dignos de honrosa menção

O escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa foi condecorado com o grau de comendador, pelo governo brasileiro, através do decreto de 18 de Abril de 2018,  pelos seus 30 anos de carreira literária, iniciada com a publicação de Ualalapi, em 1987, clássico livro do autor e considerado uma das 100 melhores obras africanas do século XX.

A “Ordem de Rio Branco” foi instituída, em 1963, com o objetivo de homenagear personalidades brasileiras e estrangeiras que, pelos seus serviços ou méritos excepcionais, são merecedoras desta distinção. A cerimônia de entrega aconteceu na última quinta-feira, 30 de agosto, no Centro Cultural Brasil-Moçambique, em Maputo, e contou com as presenças do Embaixador do Brasil Rodrigo Baena Soares e do Ministro da Cultura e Turismo Silva Armando Dunduro.

Com onze livros publicados, o autor é uma das principais referências da literatura moçambicana, tendo também recebido o prêmio literário José Craveirinha, em 2007. Ainda sobre a obra “Ualalapi”, que foi aclamado como o primeiro romance histórico moçambicano, além de vencer, em 1990, o Grande Prêmio de Ficção Narrativa Moçambicana e, mais tarde, em 1994, Prémio Nacional de Ficção.

O autor publicou pela a Editora Kapulana o livro infantil O rei mocho, primeiro volume da série “Contos de Moçambique”, e a obra Orgia dos loucos (2016), originalmente publicado em Moçambique no ano de 1990, é uma compilação de histórias sobre cruéis enchentes, secas devastadoras, devaneios e alucinações em que animais, fantasmas e gente compartilham os mesmos momentos.

Ungulani Ba Ka Khosa, nome tsonga (grupo étnico do sul de Moçambique) de Francisco Esaú Cossa, nasceu em 1º de agosto de 1957, em Inhaminga, distrito de Cheringoma, província de Sofala, Moçambique. Professor de carreira, exerceu funções importantes em Moçambique como as de Diretor do Instituto Nacional do Livro e do Disco e Diretor Adjunto do Instituto Nacional de Cinema e Audiovisual de Moçambique. Durante a década de 90, foi cronista assíduo de vários jornais. Atualmente exerce as funções de Diretor do Instituto Nacional do Livro e do Disco (INLD) e Secretário-Geral da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO).

O célebre escritor tem  forte vínculo com a cultura brasileira, tendo participado de vários eventos culturais e acadêmicos no Brasil, como FlinkSampa (São Paulo/SP), Afrolic (Recife/PE), FliPoços (Poços de Caldas – MG), USP (São Paulo/SP) e Unicamp (Campinas/SP).

Ungulani durante cerimônia de entrega da Ordem de Rio Branco (Crédito: Centro Cultural Brasil-Moçambique)

Ordem de Rio Branco

A Ordem de Rio Branco foi instituída pelo Decreto nº 51.697, de 5 de fevereiro de 1963, com o objetivo de, ao distinguir serviços meritórios e virtudes cívicas, estimular a prática de ações e feitos dignos de honrosa menção.

A Ordem de Rio Branco, assim intitulada em homenagem ao Patrono da diplomacia brasileira – o Barão do Rio Branco -, consta de 5 graus, a saber: Grã-Cruz, Grande Oficial, Comendador, Oficial e Cavaleiro, além de uma Medalha anexa à Ordem.

A Ordem é dividida em dois Quadros – Ordinário e Suplementar. O primeiro, com vagas limitadas, reúne os diplomatas brasileiros da ativa e o segundo congrega os diplomatas aposentados e todas as demais pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que venham a ser agraciadas com a Ordem.

O Conselho da Ordem é constituído pelo Presidente da República, Grão-Mestre da Ordem, pelo Ministro de Estado das Relações Exteriores, na qualidade de Chanceler da Ordem, pelos Chefes das Casas Civil e Militar da Presidência da República e pelo Secretário-Geral do Ministério das Relações Exteriores. O Chefe do Cerimonial do Itamaraty é o Secretário da Ordem.

31 de agosto de 2018

★★★

Sobre O rei mochohttps://www.kapulana.com.br/produto/o-rei-mocho/

Sobre Orgia dos loucoshttps://www.kapulana.com.br/produto/orgia-dos-loucos/

Sobre o autor: https://www.kapulana.com.br/ungulani-ba-ka-khosa/

Ordem de Rio Branco: http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/cerimonial/5698-ordem-de-rio-branco

Crédito das fotos: Centro Cultural Brasil-Moçambique

Publicado em

Kapulana lança em agosto “Leona, a filha do silêncio”, nono volume da série “Contos de Moçambique”

A série apresenta histórias tradicionais recriadas com narrativas que revelam os múltiplos universos do país

A Kapulana lança em agosto o nono volume da sérire de literatura infantil “Contos de Moçambique”, chega às livrarias o livro “Leona, a filha do silencio”, de Marcelo Panguana e ilustrações a aquarela de Luís Cardoso.

Em um lugar de mil encantos, vivem o Leão, a Leoa e sua filha, Leona. Leona é muito bela e encanta a todos que enxergam sua beleza, mas é triste e há muito tempo que não fala nada, nem ri. Um dia, seus pais viajam para um reino distante e, ao retornarem, trazem um vestido de noiva e decretam que aquele que conseguisse fazer Leona falar, a levaria ao altar. O que ninguém sabe é que Leona já está apaixonada e espera a volta do seu amado. Será que algum dia seu amor vai retornar e ela vai voltar a falar e a rir?

Marcelo Panguana nasceu em 1951, na cidade de Lourenço Marques, atual Maputo, capital de Moçambique. Escreve desde o momento em que conheceu as primeiras letras do alfabeto. Começou por pequenas histórias para as páginas e revistas culturais. A página literária “Diálogo”, do Notícias da Beira, foi o espaço onde começou a amadurecer a sua escrita. Em Maputo, junta-se a um grupo de escritores do projeto da revista “Charrua”. Deste grupo nasceram alguns dos que constituem, hoje, a nata dos melhores escritores do país. Foi fundador da Editora Lithangu.

Luís Cardoso nasceu na cidade da Beira, em Moçambique, em 1962. É artista e publicitário. Desde pequeno conviveu com o universo das cores, das artes. Participou, desde muito jovem, de núcleos de arte e cultura, onde estabeleceu seu primeiro contato com as várias vertentes das artes plásticas. Teve formação como professor de Português e História, e, mais tarde, como designer. Desenvolve, também, projetos de ilustração, onde utiliza várias técnicas como a fotografia, o desenho, a aquarela e a ilustração digital.

Arte de Luis Cardoso

CONTOS DE MOÇAMBIQUE

A série “Contos de Moçambique” surgiu da colaboração entre a Escola Portuguesa de Moçambique e a Fundació Contes pel Món, de Barcelona, Espanha. A Editora Kapulana fez uma parceria com a Escola Portuguesa de Moçambique para publicar no Brasil a coleção, com o objetivo de apresentar ao leitor brasileiro um pouco da cultura moçambicana. A série é composta por dez volumes de contos da tradição oral de Moçambique. São histórias recontadas por renomados escritores e ilustradas por artistas de diversas expressões, como pintura, desenho, escultura, batique e artesanato.

Arte de Luis Cardoso

20 de julho de 2018

★★★

Saiba mais sobre a obra: https://www.kapulana.com.br/produto/leona-a-filha-do-silencio/

Saiba mais sobre o autor: https://www.kapulana.com.br/marcelo-panguana/

Saiba mais sobre o ilustrador: https://www.kapulana.com.br/luis-cardoso/

Saiba mais sobre a ilustração: https://www.kapulana.com.br/ilustracoes-de-leona-a-filha-do-silencio-aquarela/

Conheça a série “Contos de Moçambique”: https://www.kapulana.com.br/serie-contos-de-mocambique/

À VENDA NAS SEGUINTES LIVRARIAS:

Amazon.com.br: https://amzn.to/2mvBrwz
Livraria Cultura: https://bit.ly/2mxlVjX
Livraria Travessa: https://bit.ly/2NzlNvN
Martins Fontes Paulista: https://bit.ly/2O426NG
Cia dos Livros: https://bit.ly/2uRQXXp
Fnac: https: //bit.ly/2LE8ZUo
Mundo da Leitura: https://bit.ly/2uPhTHq

Publicado em

Escritora Rutendo Tavengerwei, do Zimbábue, participa de sessões de lançamento de seu livro no Brasil

Rutendo Tavengerwei, jovem escritora do Zimbábue, esteve no Brasil, nas cidades de São Paulo (SESC Paulista) e Salvador (Flipelô), de 4 a 12 de agosto de 2018, para promover seu novo livro Esperança para voar, da Editora Kapulana

Em dois bate-papos e visitas a livrarias, a autora conversou sobre seu livro Esperança para voar (Hope is our only wing), seu processo criativo e de escrita, suas opiniões e visões sobre a literatura africana e literatura negra, sua existência como mulher, negra e africana, além de questões sobre a política e a economia do Zimbábue em 2008, época dos acontecimentos do livro. Conversou também sobre a situação atual no Zimbábue e da conexão com o momento político brasileiro.

Em 7 de agosto, terça-feira, participou do bate-papo “Vozes da África”, em São Paulo, no SESC Avenida Paulista, na companhia de Luciana Bento, do Instagram @amaepreta e do canal Quilombo Literário, no YouTube, e de Bianca Gonçalves, do blog “Bianca Não É Branca” e idealizadora do projeto “Leia Mulheres Negras”.

A conversa focou na construção das personagens do livro, na dinâmica de escrita da autora e na questão dos autores negros e, principalmente, autoras negras no Brasil e no mundo, além da situação da literatura africana dentro do mercado editorial brasileiro e mundial. O público, que se envolveu ativamente nas perguntas e nos comentários acerca dos assuntos trazidos durante o evento, fez fila para cumprimentar a autora, levar para casa livros assinados e tirar fotos com Rutendo.

No dia seguinte, 8 de agosto, a escritora, acompanhada de equipe da Editora Kapulana, embarcou para Salvador, capital do estado da Bahia. A convite da “Fundação Casa de Jorge Amado”, marcou presença na 2ª Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô) onde, no dia 9, quinta-feira, participou de bate-papo com a historiadora Profa. Luiza Reis (UFPE) sobre literatura “Esperança para voar – uma conversa sobre África”.

Em Salvador, as questões principais foram sobre o livro Esperança para voar, como as referências literárias presentes na obra, dentre elas os nigerianos Chimamanda Ngozi Adichie e Chinua Achebe, e a presença musical no livro, representada pela mbira, instrumento tradicional africano, que é uma personagem dentro da história.

O público, que lotou o auditório do SESC-SENAC Pelourinho, também quis conhecer as impressões de Rutendo sobre o Brasil e a Bahia e as aproximações possíveis entre Brasil e Zimbábue. Após o debate, que contou com a participação ativa do público, houve fila para a sessão de autógrafos e fotos com a autora.

Além das duas mesas de conversa para as quais foi convidada, Rutendo, acompanhada da equipe da Kapulana, também visitou diversas livrarias, nas quais assinou exemplares de seu livro que estão disponíveis para compra e fez sessões de fotos. Em São Paulo, a autora foi sempre muito bem recebida pelas equipes das livrarias Martins Fontes Paulista, Cultura do Conjunto Nacional, Giostri na Casa das Rosas e  Blooks do Shopping Frei Caneca. Em Salvador, visitou e deu autógrafos na LDM, livraria oficial da Flipelô, e foi recepcionada na Livraria Cultura do Salvador Shopping.

As atividades da escritora foram divulgadas por alguns dos maiores veículos de comunicação brasileiros, como Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Carta Capital e Geledés.

Nos bate-papos, nas visitas, nas entrevistas e em outros momentos em que trocou ideias com o público brasileiro, Rutendo Tavengerwei esteve sempre acompanhada da intérprete da Kapulana, Carolina Kuhn Facchin, a tradutora de seu livro para o Português.

A Kapulana agradece às equipes da “Fundação Casa de Jorge Amado”, de Salvador, Bahia, e do SESC Unidade Av. Paulista, de São Paulo, SP, pelo apoio dado à escritora no Brasil.

São Paulo, 17 de agosto de 2018.

 

LINKS:

Livro: https://www.kapulana.com.br/produto/esperanca-para-voar/

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=TnIMNidh-8g&t=11s

 

FOTOS:

Na Flipelô:

https://www.kapulana.com.br/09-08-2018-rutendo-tavengerwei-na-flipelo-festa-literaria-internacional-do-pelourinho-em-salvador-ba/

No Sesc Av. Paulista:

https://www.kapulana.com.br/07-08-2018-bate-papo-com-rutendo-tavengerwei-lu-bento-e-bianca-goncalves-no-sesc-avenida-paulista-em-sao-paulo-sp/

Nas livrarias:

https://www.kapulana.com.br/04-a-11-08-2018-rutendo-tavengerwei-nas-livrarias-brasileiras-sao-paulo-e-salvador/

Na Editora Kapulana:

https://www.kapulana.com.br/rutendo-tavengerwei-no-brasil/

Publicado em

LUCIANA BENTO

LUCIANA BENTO é socióloga, blogueira, escritora e pesquisadora de literatura infantil. Formada em Ciências Sociais pela UFRJ, tem especialização em Gênero e Sexualidade (UERJ).  Tem cursos na área de preparação e revisão de textos e produção editorial pela Unifesp. Cursa especialização em História da África e do Negro no Brasil pela UCAM e MBA em Book Publishing pela LabPub. 

É criadora do blog A mãe preta, no qual fala sobre maternidade, negritude e literatura, e do canal no Youtube Quilombo Literário, no qual fala sobre literaturas com protagonismo negro.

Editou os livros As férias fantásticas de Lili, da poeta Lívia Natália, e No Reino da Carapinha, de Fausto Antonio, pela Ciclo Contínuo Editorial.  Atuou como coordenadora editorial na Mostra de Literatura Negra Paula Brito (2018). Ministra cursos e oficinas sobre formação de público leitor, mediação de leitura, diversidade e representatividade na literatura infantil, além de formações para professores.  Atualmente, é colunista do Portal Lunetas, onde escreve sobre infâncias, maternidade e educação antirracista.

OBRAS DA KAPULANA

OBRAS DA COLABORADORA

  • As férias fantásticas de Lili. São Paulo: Ciclo Contínuo Editorial, 2018.
  • No Reino da Carapinha. São Paulo: Ciclo Contínuo Editorial, 2018.
Publicado em

Rutendo Tavengerwei, escritora do Zimbábue, no Sesc Av. Paulista

Rutendo Tavengerwei participou de mesa literária no Sesc Paulista e conversou com o público de São Paulo sobre o seu romance “Esperança para voar”

A escritora Rutendo Tavengerwei, do Zimbábue, que lançou pela Kapulana o romance young adult Esperança para voar, está no Brasil para participar de conversas literárias e conhecer o seu público leitor no país. Na última terça-feira (7), a autora realizou uma mesa de conversa no Sesc Avenida Paulista ao lado das blogueiras Lu Bento, do portal A Mãe Preta e canal Quilombo Literário, e Bianca Gonçalves, do site Bianca não é Branca e do projeto Leia Mulheres Negras. A mesa também contou com a participação da tradutora da obra, Carolina Kuhn Facchin

Durante a conversa, a jovem autora comentou sobre o processo de desenvolvimento do livro e das personagens Shamiso e Tanyaradzwa, assim como da sua infância no país africano em que se passa o enredo. “O livro é muito querido por mim, pois é narrado da perspectiva de quem nasceu no Zimbábue. Isto é muito importante, que um habitante do país contasse a história e situação que ocorreu naquela época”. A obra se passa no Zimbábue de 2008, ano de forte crise financeira, social e política. Sobre as personagens, Rutendo apontou que “as duas são formadas a partir de mim, dos meus sentimentos. Elas apresentam um pouco das minhas características. Mas as circunstâncias desenvolvidas no livro foram por causa do que eu observava, além de escutar os problemas que meus amigos me passaram e nos assuntos que meus pais comentavam sobre o país”.

Em relação à sua forma de escrita, Rutendo comentou: “A primeira dica é sempre escrever. Escreva do jeito e sobre o que quiser. Não importa, pratique cada vez mais a sua escrita. Volte, releia e, dessa forma, você melhorará o seu texto”. “O mercado editorial pode ser muito cruel, mas acredite no que você escreve e terá sempre uma boa história para contar”, finalizou.

A escritora ainda participa de um bate-papo em Salvador, durante a 2ª Festa Literária Internacional do Pelourinho (FLIPELÔ), na quinta-feira, 9 de agosto, às 18h00, no Teatro Sesc-Senac, ao lado da professora e historiadora Luiza Reis.

Bianca Gonçalves, Carolina Kuhn Facchin, Rutendo Tavengrwei e Lu Bento durante conversa

Sobre o livro

Em Esperança para voar, Rutendo narra a história de amizade de duas adolescentes. Depois de anos morando no Reino Unido, Shamiso precisa voltar para o Zimbábue após a morte do pai, jornalista de oposição ao regime ditatorial da época. A obra apresenta um lugar destroçado pela corrupção e pelo autoritarismo, mas amado por seu povo resiliente. Abre-se um enredo sobre como jovens do século XXI enfrentam perdas, rupturas, dores, miséria e autoritarismo. Delicado e emocionante, ao mesmo tempo em que nos apresenta um cenário africano com muita musicalidade, a obra é contada de forma a mostrar que aqueles fatos poderiam ter ocorrido em qualquer país, em qualquer tempo.

Sobre a autora

Rutendo Tavergerwei – jovem escritora africana nasceu, cresceu e estudou no Zimbábue, onde morou até os 18 anos. Continuou, então, seus estudos na África do Sul, na área de Direito na Universidade de Witwatersrand, onde recebeu o diploma de especialização em Direito Comercial Internacional. Na Suíça, completou um Mestrado no World Trade Institute, Universidade de Berna. Atualmente, trabalha na Organização Mundial do Comércio, em Genebra. Esperança para voar (Hope is our only wing) é seu primeiro livro de ficção publicado no Brasil em 2018, pela Kapulana.

8 de agosto de 2018

★★★

 

Confira as fotos do evento: https://www.kapulana.com.br/07-08-2018-bate-papo-com-rutendo-tavengerwei-lu-bento-e-bianca-goncalves-no-sesc-avenida-paulista-em-sao-paulo-sp/

Saiba mais sobre a escritorahttps://www.kapulana.com.br/rutendo-tavengerwei/

Saiba mais sobre o livrohttps://www.kapulana.com.br/produto/esperanca-para-voar/

Saiba mais sobre a tradutorahttps://www.kapulana.com.br/carolina-kuhn-faccin/

Uma entrevista com Rutendo Tavengerwei: https://www.kapulana.com.br/uma-entrevista-com-rutendo-tavengerwei-autora-de-esperanca-para-voar/

Assista ao vídeo com Rutendo Tavengerwei: https://www.youtube.com/watch?v=0oZBCwnbfTk&t=3s

Assista o booktrailer: https://www.youtube.com/watch?v=Vu0x0XTGnkw

Leia a resenha de Lu Bentohttps://www.kapulana.com.br/esperanca-para-voar-um-livro-envolvente-e-emocionante-por-luciana-bento/

Leia as sinopses dos três livros africanos de língua inglesa: http://kapulana.com.br/em-2018-kapulana-lanca-tres-livros-de-autores-de-literaturas-africanas-de-lingua-inglesa/

 

Publicado em

“Serei sereia?”, da Editora Kapulana, na Bienal Internacional do Livro de São Paulo

A Kapulana participa da Bienal Internacional do Livro de São Paulo com duas mesas, uma com a autora e a ilustradora do livro, e outra com a diretora editorial Rosana M. Weg

A 25ª edição da Bienal Internacional de Livro de São Paulo terá um estande dedicado exclusivamente a livros publicados em múltiplos formatos acessíveis e inclusivos, destinados não apenas ao público com deficiência, mas a todos os tipos de leitores. Cada obra reúne vários recursos de acessibilidade, como narração em áudio, texto original e/ou em Leitura Fácil, interpretação em Libras e descrição das imagens em áudio. Os livros contam ainda com animações e trilhas sonoras desenvolvidas especialmente para as versões acessíveis.

Foram produzidos livros em domínio público, que poderão ser acessados por todo público, e livros proprietários que, segundo a legislação brasileira, são conectados de forma gratuita por pessoas com deficiência, a Coleção de Livros Acessíveis.

A coleção tem 10 títulos da literatura infantil e infantojuvenil: Uma nova amiga, de Lia Crespo; O discurso do urso, de Julio Cortàzar e O menino no espelho, de Fernando Sabino; Peter Pan, de J. M. Barrie; A volta ao mundo em 80 Dias, de Júlio Verne; Frritt-Flacc, de Júlio Verne; A bolsa amarela, de Lygia Bojunga; Bem do seu tamanho, de Ana Maria Machado e Sei por ouvir dizer, de Bartolomeu Campos de Queiros.

Publicado pela Kapulana, o livro infantil Serei sereia?, de Kely de Castro, com ilustrações de Amanda Azevedo, também faz parte dessa importante Coleção de Livros Acessíveis

Programação na BIENAL: Mesas de conversas

06/08 – 14h – estande O030: A Kapulana estará presente, na segunda-feira, 6 de agosto, na Bienal, com duas mesas de conversas. Será realizada a roda de conversa “Livro e leitura para todos”, com Rosana M. Weg, diretora da Editora Kapulana.

06/08 – 16h – estande O030: acontecerá um bate-papo com a autora Kely de Castro e a ilustradora Amanda de Azevedo.

A venda de livros será feita no Clube do Livro (estande A098).

Sobre o livro

Serei sereia? é a história de Inaê, uma menina que já nasceu com um grande desafio a vencer: o fato de não poder andar. Nessa narrativa, contada pela artista Kely de Castro, Inaê, como todas as crianças, passa por momentos de tristeza, alegria, conflito e tranquilidade. A bordo de sua cadeira de rodas, enfrenta obstáculos e, aos poucos, com o apoio de sua mãe, descobre que pode construir sua própria história. O livro é ilustrado por Amanda de Azevedo e por fotos de bonecas confeccionadas pela autora.

A Bienal

A 25ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo acontecerá de 03 a 12 de Agosto de 2018 no Pavilhão de Exposições do Anhembi. O evento é palco para o encontro das principais editoras, livrarias e distribuidoras do país, apresentando seus mais importantes lançamentos para aproximadamente 700 mil visitantes em um espaço total de 70 mil m². Além da grande oferta de livros, a Bienal do Livro ainda conta com uma programação cultural abrangente, mesclando literatura, gastronomia, cultura e negócios.

3 de agosto de 2018

 

 

Saiba mais:

Sobre as atividades: https://www.kapulana.com.br/eventos/kapulana-na-bienal-internacional-do-livro-de-sao-paulo/

Sobre a escritora: https://www.kapulana.com.br/kely-de-castro/

Sobre a ilustradora: http://www.kapulana.com.br/amanda-de-azevedo/

Sobre a diretora editorialhttps://www.kapulana.com.br/rosana-morais-weg/

Sobre o livro: https://www.kapulana.com.br/produto/serei-sereia/

Sobre a Bienalhttp://www.bienaldolivrosp.com.br/

Conheça a Kapulanahttp://kapulana.com.br/a-editora/

 

Publicado em

Kapulana participa de eventos na Flip – 2018

A Kapulana participa de programação no Sesc Paraty  e se reúne com outras editoras na Casa Paratodxs

A Editora Kapulana estará na 16ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que acontece de 25 a 29 de julho, em Paraty (RJ). Durante a festa, a Kapulana participa da Casa Paratodxs, ao lado das editoras Nós, Edith, Demônio Negro, Relicário, Dublinense, TAG – Experiências Literárias, assim como da Papel Pólen, com vendas de livros de seu catálogo.

A Paratodxs também está recheada de programação, com mesas de conversas, sessões de autógrafos, lançamentos e pocket show. A casa ficará localizada na Galeria Aecio Sarti (Rua Dr. Samuel Costa, 254), no Centro Histórico da cidade carioca. 

No dia 29 de julho, domingo, às 11h00, na Casa Edições Sesc (Rua Marechal Santos Dias, 43 – Rua da Matriz), no Centro Histórico, acontece a mesa de conversa “Promoção Internacional da Língua Portuguesa”. A mesa reúne profissionais que atuam na promoção da língua portuguesa junto aos países e comunidades que falam esse idioma. 

Com Paula Alves de Souza, bacharel em Relações Internacionais pelo Richmond College, mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics and Political Science e atual Diretora do Departamento Cultural do Ministério das Relações Exteriores, que abordará a agenda brasileira de promoção da língua portuguesa no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa; Lúcia Riff, agente literária que representa mais de 50 autores brasileiros e seus herdeiros, falará sobre o seu trabalho de gestão do capital literário de alguns dos nossos principais escritores; Rosana Weg, Doutora em Letras Clássicas pela USP, sócia e diretora editorial da Kapulana, falará sobre a publicação de autores africanos de língua portuguesa, no Brasil; Leonardo Tonus, professor da Paris-Sorbonne IV e criador do projeto Printemps Littèraires, tratará de alguns cenários para a divulgação de escritores brasileiros contemporâneos no mundo. Mediação: Francis Manzoni, coordenador editorial nas Edições Sesc e coordenador da Comissão para Promoção de Conteúdo em Língua Portuguesa, da Câmara Brasileira do Livro.

 

23 de julho de 2018

★★★

Saiba mais sobre a programação da Casa Paratodxshttps://www.kapulana.com.br/eventos/casa-paratodxs-kapulana-na-flip-2018/

Saiba mais sobre a programação do Sesc na Fliphttps://www.sescsp.org.br/programacao/161348_INTERCAMBIOS+DA+LINGUA+PORTUGUESA

Saiba mais sobre Rosana Morais Weghttps://www.kapulana.com.br/rosana-morais-weg/

Saiba mais sobre a Flip 2018http://flip.org.br/

Publicado em

Revelação literária do Zimbábue, Rutendo Tavengerwei participa de eventos no Brasil

A jovem escritora e revelação literária do Zimbábue, Rutendo Tavengerwei, virá ao Brasil para participar em agosto de dois eventos. Em São Paulo, no Sesc Paulista, e em Salvador, na Flipelô.

Em 07/08/2018, 3a. feira, em São Paulono Sesc Paulista, Rutendo Tavengerwei, autora do livro Esperança para voar, da Editora Kapulana, participará da atividade “Vozes da África – Rutendo Tavengerwei”, um bate-papo com as blogueiras Lu Bento e Bianca Gonçalves, e a tradutora de seu livro.  .

Saiba mais sobre Rutendo no Sesc Paulista:

https://www.sescsp.org.br/programacao/161881_VOZES%20DA%20AFRICA%20RUTENDO%20TAVENGERWEI

Em 09/08/2018, 5a. feira, em Salvador, na Flipelô (2ª Festa Literária Internacional do Pelourinho), participará da “Roda de Conversa – Esperança para voar – Uma conversa sobre a África”, na companhia da Profa. Luiza Reis e da tradutora do livro, Carolina Kuhn Facchin. O evento será no Teatro do Sesc-Senac, no Pelourinho. Durante o evento, a autora, que lançou recentemente no Brasil pela Kapulana o romance young adult “Esperança para voar”, conversará sobre a obra de estreia, assim como o seu  processo criativo, a literatura young adult (jovem adulto), a  construção da narrativa, das personagens, repressão e do país em que cresceu, no Zimbábue de 2008, ano em que o país sofreu uma forte crise financeira. 

Saiba mais sobre a programação da Flipelô: www.flipelo.com.br

 

Sobre a autora

Rutendo Tavergerwei – jovem escritora africana nasceu, cresceu e estudou no Zimbábue, onde morou até os 18 anos. Continuou, então, seus estudos na África do Sul, na área de Direito na Universidade de Witwatersrand, onde recebeu o diploma de especialização em Direito Comercial Internacional. Na Suíça, completou um Mestrado no World Trade Institute, Universidade de Berna. Atualmente, trabalha na Organização Mundial do Comércio, em Genebra. Esperança para voar (Hope is our only wing) é seu primeiro livro de ficção publicado no Brasil em 2018, pela Kapulana.

Sobre o livro

Em Esperança para voar, Rutendo narra a história de amizade de duas adolescentes. Depois de anos morando no Reino Unido, Shamiso precisa voltar para o Zimbábue após a morte do pai, jornalista de oposição ao regime ditatorial da época. A obra apresenta um lugar destroçado pela corrupção e pelo autoritarismo, mas amado por seu povo resiliente. Abre-se um enredo sobre como jovens do século XXI enfrentam perdas, rupturas, dores, miséria e autoritarismo. Delicado e emocionante, ao mesmo tempo em que nos apresenta um cenário africano com muita musicalidade, a obra é contada de forma a mostrar que aqueles fatos poderiam ter ocorrido em qualquer país, em qualquer tempo.

“Quando refleti sobre 2008, percebi que a maioria das minhas lembranças e a maneira como eu via o mundo era da perspectiva de uma adolescente, então fez sentido para mim que as protagonistas fossem adolescentes”, explicou Rutendo em entrevista para a Kapulana. “Ainda mais porque lições sobre esperança e perseverança são importantes, e eu queria compartilhá-las especialmente com o público jovem”, concluiu.

2º FLIPELÔ – FESTA LITERÁRIA INTERNACIONAL DO PELOURINHO

A 2ª Festa Literária Internacional do Pelourinho – FLIPELÔ tem como tema  a frase de Jorge Amado “a amizade é o sal da vida” e é em homenagem ao escritor itaparicano João Ubaldo Ribeiro, grande amigo de Jorge. Assim, de 8 a 12 de agosto a 2ª FLIPELÔ, uma realização da Fundação Casa de Jorge Amado, ganha as ruas, largos, praças e casarões do Centro Histórico e promove, em 13 espaços de cultura, de forma absolutamente gratuita,  uma ampla programação com mais de 50 atividades. Nos cinco do evento são esperados cerca de 50 mil participantes, apaixonados pelo mundo das palavras.

Autores locais, nacionais e internacionais estarão em contato direto com o público em mesas de debates, bate-papos com jovens, lançamentos de livros, saraus de poesia e slans e na programação infantil. Haverá também exposições, apresentações teatrais e shows musicais e, pela primeira vez, a Rota Gastronômica Amados Sabores, que contará com a participação de 20 restaurantes do Centro Histórico, que produzirão pratos com preços especiais com receitas inspiradas no livro de Paloma Amado, “A Comida Baiana de Jorge Amado”.

Nos dias da Flipelô haverá uma programação paralela promovida por instituições com sede no Centro Histórico e 46 lojas da região oferecerão descontos nas compras realizadas durante os cinco dias do evento. Nas ruas, monitores cuidarão da orientação ao público.

A 2ª edição da Festa Literária Internacional do Pelourinho, a FLIPELÔ 2018, conta com o patrocínio do Ministério da Cultura, Instituto CCR, Banco do Nordeste do Brasil e TPC Logística, por meio da Lei Rouanet,  e do Estado da Bahia e Bahiagás. O evento tem ainda o apoio da CCR Metrô e do Shopping da Bahia, corealização do SESC, produção da Sole Produções e realização da Fundação Casa de Jorge Amado.

A Fundação Casa de Jorge Amado é mantida com apoio do Fundo de Cultura do Estado da Bahia e é considerada um ponto de referência na geografia cultural de Salvador.

18 de julho de 2018

★★★

Saiba mais sobre a escritorahttps://www.kapulana.com.br/rutendo-tavengerwei/

Saiba mais sobre o livrohttps://www.kapulana.com.br/produto/esperanca-para-voar/

Saiba mais sobre a tradutorahttps://www.kapulana.com.br/carolina-kuhn-faccin/

Uma entrevista com Rutendo Tavengerwei: https://www.kapulana.com.br/uma-entrevista-com-rutendo-tavengerwei-autora-de-esperanca-para-voar/

Assista ao vídeo com Rutendo Tavengerwei: https://www.youtube.com/watch?v=0oZBCwnbfTk&t=3s

Assista o booktrailer: https://www.youtube.com/watch?v=Vu0x0XTGnkw

Leia a resenha de Lu Bentohttps://www.kapulana.com.br/esperanca-para-voar-um-livro-envolvente-e-emocionante-por-luciana-bento/

Leia as sinopses dos três livros africanos de língua inglesa: http://kapulana.com.br/em-2018-kapulana-lanca-tres-livros-de-autores-de-literaturas-africanas-de-lingua-inglesa/

Publicado em

Aquarela – Ilustrações de Luís Cardoso em “Leona, a filha do silêncio”, de Marcelo Panguana

Aquarela é uma técnica de pintura criada há cerca de 2000 anos na China. Esta tinta é famosa e inigualável por ser extremamente translúcida. Por trás das pinceladas, o papel branco é revelado e a pintura parece brilhar de dentro para fora, o que permite que a luz seja representada de forma única, diferente de outros materiais.

Nas pinturas em aquarela, os pigmentos coloridos são diluídos em água ou suspensos sobre o suporte. As tintas fluem sobre a água de maneira bastante livre, o que pode criar manchas e texturas muito expressivas, sejam ela planejadas ou acidentais. Os papéis de qualidade mais usados são os de fibras de algodão, linho e cascas de árvore, com uma gramatura alta para que não enruguem com a grande quantidade de água usada.

Artistas europeus popularizaram esta técnica, que foi utilizada por grandes pintores, como o alemão Albert Dürer, o inglês William Turner – que produziu mais de 19 mil telas utilizando a aquarela e influenciou pintores impressionistas -, o francês Paul Cézanne e o suíço Paul Klee. No Brasil, o renomado artista Carybé pintava usando a aquarela, assim como a pintora Anita Malfatti.

Citar como: Panguana, Marcelo. Leona, a filha do silêncio. Ilustrações de Luís Cardoso. São Paulo: Kapulana, 2018. [Contos de Moçambique, v. 9]

Luís Cardoso, artista moçambicano, é ilustrador de vários livros da Editora Kapulana, dentre 

Publicado em

Os recentes lançamentos da Kapulana, “O que acontece quando um homem cai do céu” e “Esperança para voar”, já estão disponíveis em e-book

As obras estão disponíveis nas plataformas da Amazon.com.br, Livraria Cultura, Apple iBooks Store, Google e Kobo

Os dois novos lançamentos deste ano também estão disponíveis em e-book.  Os livros Esperança para voar, de Rutendo Tavengerwei, e O que acontece quando um homem cai do céu, de Lesley Nneka Arimah, já estão disponíveis nas plataformas da Amazon.com.br, Livraria Cultura, Apple iBooks Store, Google e Kobo

A obra de estreia da jovem autora narra a história de amizade de duas adolescentes. Shamiso retorna com sua família do Reino Unido para o Zimbábue, após a morte do pai, jornalista de oposição ao regime ditatorial da época. Ocorrido em 2008, ano de grave crise política nesse país africano, o livro mostra um lugar destroçado pela corrupção e pelo autoritarismo. Abre-se um enredo de como jovens no século XXI enfrentam perdas, rupturas, dores, miséria e autoritarismo. Delicado e emocionante, ao mesmo tempo em que nos apresenta um cenário africano com muita musicalidade, a obra é uma espécie de fábula universal, cujos fatos poderiam ter ocorrido em qualquer país em qualquer tempo. O livro foi traduzido por Carolina Kuhn Facchin.

Confira as livrarias com o romance disponível em e-book:

Amazon.com.br: https://amzn.to/2Iar9KR
Livraria Cultura: https://bit.ly/2QIJaJq
Apple iBooks Store: https://apple.co/2lzBwPu
Google: http://bit.ly/2yGdlbs
Kobo: https://bit.ly/2Mpg2jN

Em O que acontece quando um homem cai do céu, a escritora Lesley Nneka desenvolve, em doze contos, diversas formas literárias que abrangem o insólito, a distopia, as memórias da guerra na Nigéria, as relações complexas entre mãe e filha, a convivência humana com as tecnologias,  a infância e o embate entre as tradições de seus familiares e o cotidiano na América, muitas vezes com uma visão afrofuturista. Lesley nasceu no Reino Unido, viveu na Nigéria e agora mora em Minnesota, nos Estados Unidos. A obra original foi publicada nos Estados Unidos, em 2017, com o título de What it means when a man falls from the sky, e será lançada pela Editora Kapulana em julho de 2018. A escritora ganhou o “Kirkus Prize”, além da obra ter recebido aclamação da crítica e de leitores internacionais.  O livro também foi traduzido por Carolina Kuhn Facchin.

Confira as livrarias com o livro de contos disponível em e-book:

Amazon.com.br: https://amzn.to/2uFfUVR
Livraria Cultura: https://bit.ly/2JFX6QV
Apple iBooks Store: https://apple.co/2uwDbdc
Google: encurtador.com.br/dnzKL
Kobo: https://bit.ly/2Lj6iY1

 

★★★

Saiba mais sobre Lesley Nneka Arimah: https://www.kapulana.com.br/lesley-nneka-arimah/

Saiba mais sobre “O que acontece quando um homem cai do céu”: https://www.kapulana.com.br/produto/o-que-acontece-quando-um-homem-cai-do-ceu/

Saiba mais sobre Rutendo Tavengerweihttps://www.kapulana.com.br/rutendo-tavengerwei/

Saiba mais sobre “Esperança para voar”https://www.kapulana.com.br/produto/esperanca-para-voar/

Saiba mais sobre a tradutora: https://www.kapulana.com.br/carolina-kuhn-faccin/

 

Publicado em

Kapulana lança o aclamado livro de contos “O que acontece quando um homem cai do céu”, de Lesley Nneka Arimah

Evocativo e provocativo, O que acontece quando um homem cai do céu anuncia a chegada de uma autora com capacidade narrativa extraordinária, uma nova voz da literatura contemporânea

A Kapulana lança no Brasil nesta quinta-feira, 12 de julho, o elogiado O que acontece quando um homem cai do céu, da autora de origem nigeriana Lesley Nneka Arimah.

Em seu livro de estreia, a escritora desenvolve, em doze contos, diversas formas literárias que abrangem o insólito, a distopia, as memórias da guerra na Nigéria, as relações complexas entre mãe e filha, a convivência humana com as tecnologias, a infância e o embate entre as tradições de seus familiares e o cotidiano na América, muitas vezes com uma visão afrofuturista.

Aclamado pela crítica internacional, a autora ganhou o “Kirkus Prize” e recentemente o “Young Lions Fiction Award”, promovido por The New York Public Library, premiação que celebra os autores em ascensão no mundo da literatura. O livro também foi indicado para o “John Leonard Prize”, da National Book Critics Circle.

Evocativo e provocativo, O que acontece quando um homem cai do céu anuncia a chegada de uma autora com capacidade narrativa extraordinária, uma nova voz da literatura contemporânea. O The Washington Post, na resenha da jornalista Tayla Burney, destacou: “A voz de Arimah é vibrante e nova, os assuntos que ela traz são, ao mesmo tempo, oportunos e atemporais. Este é um volume raro que fui forçada a colocar nas mãos de amigos dizendo ‘Você tem que ler isso’”. Segundo o The New York Times Book Review, o livro é “estranho e maravilhoso. Uma contadora sagaz, oblíqua e provocativa, Arimah consegue encaixar a história de uma família em poucas páginas, e inventar parábolas utópicas, fábulas mágicas e cenários aterrorizantes”.

No Brasil, a obra, traduzida por Carolina Kuhn Facchin, já está ganhando boas críticas, como na resenha do escritor Allan da Rosa, publicada na edição de julho do Suplemento Pernambuco: “Lesley Arimah abre o ser humano como uma cebola. Despetala, corta, pica e não perdemos seu ardor. Conta histórias com excelência e seus enredos magnetizam quem ouve, como tirei a prova lendo em aulas pra turma e em casa pro meu guri. Mas como ela domina sobretudo a linguagem da escrita por seus ritmos e imagens, referências e funduras, encanta a cabeça e infla o peito de quem a lê em silêncio, desenhando no seu tempo e na sua mente as figuras e passagens que nos entortam no desfrute nem sempre doce. Com apenas este livro, compilação, Lesley Arimah já é uma das grandes”. A slammer e apresentadora, Roberta Estrela D’Alva, no texto da versão brasileira da orelha do livro escreveu: “Vozes negras de um feminino diaspórico, que sempre chegando ou partindo de algo (uma pessoa, uma lembrança, um país, um medo) criam territórios imaginários, emocionais, familiares que nos transportam para o centro da ação”.

Com lançamento em 12 de julho de 2018, O que acontece quando um homem cai do céu é o segundo livro de autores das literaturas africanas de língua inglesa que a Kapulana lança neste ano. Em maio, a editora publicou o romance Esperança para voar, da jovem escritora Rutendo Tavengerwei, do Zimbábue, e em novembro será a vez do livro de memórias Um dia vou escrever sobre este lugar, do queniano Binyavanga Wainaina.

12 de julho de 2018

 

★★★

Saiba mais sobre a escritora: https://www.kapulana.com.br/lesley-nneka-arimah/

Saiba mais sobre o livro: https://www.kapulana.com.br/produto/o-que-acontece-quando-um-homem-cai-do-ceu/

Saiba mais sobre a tradutora: https://www.kapulana.com.br/carolina-kuhn-faccin/

Assista ao booktrailer: https://www.youtube.com/watch?v=co_yxwtmq08

Leia as sinopses dos três livros africanos de língua inglesa: http://kapulana.com.br/em-2018-kapulana-lanca-tres-livros-de-autores-de-literaturas-africanas-de-lingua-inglesa/

Publicado em

Leia as resenhas internacionais sobre o livro “O que acontece quando um homem cai do céu”, de Lesley Nneka Arimah, que a Kapulana lança no Brasil

O foco de Arimah é na construção do enredo que permeia a originalidade de contar surpreendentes histórias

Elogiado por jornais e revistas internacionais, o livro O que acontece quando um homem cai do céu, da autora de origem nigeriana Lesley Nneka Arimah, finalmente chega ao Brasil em uma extraordinária publicação da Editora Kapulana.

Em doze contos, a autora aborda histórias contadas majoritariamente de uma perspectiva feminina, e trazem questões como maternidade e relação mãe e filha, sacrifício, feminilidade, amadurecimento e violência. Alguns dos contos apresentam aspectos da literatura fantástica e afrofuturismo, outros são mais realistas. A autora ganhou o “Kirkus Prize” e recentemente o “Young Lions Fiction Award”, promovido por The New York Public Library, premiação que celebra os autores em ascensão no mundo da literatura. O livro também foi indicado para o “John Leonard Prize”, da National Book Critics Circle.

O foco de Arimah é na construção do enredo que permeia a originalidade de contar surpreendentes histórias. Sua habilidade narrativa é fascinante em textos concisos que abordam as relações humanas. Elogiada por diversos jornais e revistas internacionais, Arimah aborda o rompimento da rotina e a vulnerabilidade de seus personagens. O livro, traduzido por Carolina Kuhn Facchin, será lançado no dia 12 de julho. 

Com a publicação em julho, O que acontece quando um homem cai do céu é o segundo livro de autores das literaturas africanas de língua inglesa que a Kapulana lança neste ano. Em maio, a editora publicou o romance Esperança para voar, da jovem escritora Rutendo Tavengerwei, do Zimbábue, e em novembro será a vez do livro de memórias Um dia vou escrever sobre este lugar, do queniano Binyavanga Wainaina.

Confira os trechos de resenhas e críticas na imprensa internacional:

 

“A voz de Arimah é vibrante e nova, os assuntos que ela traz são, ao mesmo tempo, oportunos e atemporais […] Este é um volume curto e raro que fui forçado a colocar nas mãos de amigos dizendo ‘Você tem que ler isso’.” (Washington Post, EUA, 13 de abril de 2017)

 

“[…] uma escritora surpreendente, cujas palavras desafiam o coração e a mente a permanecerem impassíveis. Com sua mistura fluida de humor sombrio, tristeza e visitas a um realismo mágico, algumas das histórias de Arimah parecem com as de Octavia Butler e Shirley Jackson. Porém, não há nada derivativo aqui. A escrita de Arimah é deliciosamente imprevisível. As palavras dela pulsam, verdadeiras.” (Boston Globe, EUA, 14 de abril de 2017)

 

“Arrepiante, surreal, frequentemente arrebatador… As histórias de Arimah são espirituosas, poéticas e queimantes, cheias de personagens com falhas, mas amáveis, e imagens que fazem o leitor querer reler algumas passagens. A autora tem um senso apurado de fantasia e do absurdo, e o seu trabalho se baseia em experiências e impulsos que parecem muito familiares.” (The Seattle Times, EUA, 16 de abril de 2017)

 

“Estranho e maravilhoso… uma contadora de histórias sagaz, oblíqua e provocativa, Arimah consegue encaixar a história de uma família em poucas páginas, e inventar parábolas utópicas, fábulas mágicas e cenários aterrorizante, movendo-se com desembaraço entre um distanciamento cômico e um realismo psicológico perspicaz […] As suas histórias de ficção científica, que trazem questões feministas e relativas ao meio-ambiente, lembram as de Margaret Atwood.” (New York Times Book Review, EUA, 11 de maio 2017)

 

“Arimah capta o senso de tempo narrativo e muda o tom caótico. Contos rápidos e impiedosos, deixando os enredos fora de nossas mãos”. (The Guardian, Reino Unido, 2 de setembro de 2017)

 

“Em sua coleção de estreia, Lesley Nneka Arimah mistura realismo mágico e elementos de ficção científica para criar um conjunto de histórias realmente únicas sobre família, amizade e a ideia de um lar, que vão deixar o leitor faminto para ler mais do seu trabalho.” (Cosmopolitan, EUA, 11 de dezembro de 2017)

 

“Deslumbrante… Cada história no conjunto de estreia de Arimah consegue cumprir a tarefa difícil de ser, ao mesmo tempo, complexa e convidativa. Parte da atração se deve às frases maravilhosas construídas por Arimah. Os temas são duros, e as situações são frequentemente desesperadoras, mas há algo estranhamente reconfortante sobre essas histórias. Talvez seja o fato de que nesses mundos problemáticos há personagens com os quais conseguimos nos conectar. Ou talvez seja mais simples do que isso. Talvez eles sejam nós.” (Critical Mass, EUA, 16 de janeiro de 2018)

26 de junho de 2018

★★★

Saiba mais sobre a escritora: https://www.kapulana.com.br/lesley-nneka-arimah/

Saiba mais sobre o livro: https://www.kapulana.com.br/produto/o-que-acontece-quando-um-homem-cai-do-ceu/

Saiba mais sobre a tradutora: https://www.kapulana.com.br/carolina-kuhn-faccin/

Leia as sinopses dos três livros africanos de língua inglesa: http://kapulana.com.br/em-2018-kapulana-lanca-tres-livros-de-autores-de-literaturas-africanas-de-lingua-inglesa/

 

EM PRÉ-VENDA NAS SEGUINTES LIVRARIAS:

Publicado em

“Esperança para voar”, de Rutendo Tavengerwei, disponível em e-book

Kapulana lançou em maio o romance “Esperança para voar”, da jovem autora do Zimbábue, Rutendo Tavengerwei. E uma grande novidade, o livro também está disponível em e-book 

A obra de estreia da jovem autora narra a história de amizade de duas adolescentes. Shamiso retorna com sua família do Reino Unido para o Zimbábue, após a morte do pai, jornalista de oposição ao regime ditatorial da época. Ocorrido em 2008, ano de grave crise política nesse país africano, o livro mostra um lugar destroçado pela corrupção e pelo autoritarismo. Abre-se um enredo de como jovens no século XXI enfrentam perdas, rupturas, dores, miséria e autoritarismo. Delicado e emocionante, ao mesmo tempo em que nos apresenta um cenário africano com muita musicalidade, a obra é uma espécie de fábula universal, cujos fatos poderiam ter ocorrido em qualquer país em qualquer tempo. O livro foi traduzido por Carolina Kuhn Facchin.

 

Confira as livrarias com o romance disponível em e-book:

Amazon.com.br: https://amzn.to/2Iar9KR
Livraria Cultura: https://bit.ly/2IoUscH
Apple iBooks Store: https://apple.co/2lzBwPu
Google: http://bit.ly/2yGdlbs
Kobo: https://bit.ly/2Mpg2jN

Esperança para voar é o primeiro livro de literatura em língua inglesa que a Kapulana lança neste ano. Em 12 de julho, será publicado o livro de contos O que acontece quando um homem cai do céu, da autora de origem nigeriana Lesley Nneka Arimah. Em novembro, ocorrerá a publicação do livro de memórias, Um dia vou escrever sobre este lugar, do queniano Binyavanga Wainaina.

 

★★★

Saiba mais sobre a escritorahttps://www.kapulana.com.br/rutendo-tavengerwei/

Saiba mais sobre o livrohttps://www.kapulana.com.br/produto/esperanca-para-voar/

Saiba mais sobre a tradutorahttps://www.kapulana.com.br/carolina-kuhn-faccin/

Uma entrevista com Rutendo Tavengerwei: https://www.kapulana.com.br/uma-entrevista-com-rutendo-tavengerwei-autora-de-esperanca-para-voar/

Assista ao vídeo com Rutendo Tavengerwei: https://www.youtube.com/watch?v=0oZBCwnbfTk&t=3s

Assista o booktrailer: https://www.youtube.com/watch?v=Vu0x0XTGnkw

Leia a resenha de Lu Bentohttps://www.kapulana.com.br/esperanca-para-voar-um-livro-envolvente-e-emocionante-por-luciana-bento/

Leia as sinopses dos três livros africanos de língua inglesa: http://kapulana.com.br/em-2018-kapulana-lanca-tres-livros-de-autores-de-literaturas-africanas-de-lingua-inglesa/

Publicado em

CAROLINA KUHN FACCHIN

 

CAROLINA KUHN FACCHIN é tradutora, intérprete e pesquisadora sobre tradução cultural dentro da literatura, principalmente sobre a literatura africana de língua inglesa. É Bacharel em Letras pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), com pesquisa em tradução cultural dentro da literatura. É Mestra em Letras/Tradução pela Universidade Federal do Paraná, onde conduziu pesquisa sobre tradução e teoria queer. É tradutora de obras do Inglês para o Português, com especialidade em livros de literatura africana em língua inglesa, de países como Nigéria, Quênia, Zimbábue. É intérprete do Inglês para o Português, em mesas de debate no Brasil com escritores de língua inglesa.

TRADUÇÕES

2018 – O que acontece quando um homem cai do céu (What it means when a man falls from the sky), de Lesley Nneka Arimah (Nigéria/ RU). São Paulo: Kapulana.

2018 – Esperança para voar (Hope is our only wing), de Rutendo Tavengerwei (Zimbábue). São Paulo: Kapulana.

2018 – Um dia vou escrever sobre este lugar (One day I will write about this place), de Binyavanga Wainaina (Quênia). São Paulo: Kapulana.

2019 – Minha irmã, a serial killer (My sister, the serial killer), de Oyinkan Braithwaite (Nigéria). São Paulo: Kapulana.

2019 – Água doce (Freshwater), de Akwaeke Emezi (Nigéria). São Paulo: Kapulana.

2019 – Condições nervosas (Nervous conditions), de Tsitsi Dangarembga (Zimbábue). São Paulo: Kapulana.

2020 – Aké: os anos de infância (Aké: the years of childhood), de Wole Soyinka (Nigéria). São Paulo: Kapulana.

2021 – O bebê é meu (The baby is mine), de Oyinkan Braithwaite (Nigéria). São Paulo: Kapulana.

2021 – Pet (Pet), de Akwaeke Emezi (Nigéria). São Paulo: Kapulana.

2022 – O livro do Não (The book of Not), de Tsitsi Dangarembga (Zimbábue). São Paulo: Kapulana.

2022 – Esse corpo lamentado (This mournable body), de Tsitsi Dangarembga (Zimbábue). São Paulo: Kapulana.

2023 – Preta e mulher (Black and female), de Tsitsi Dangarembga (Zimbábue). São Paulo: Kapulana.

2023 – Sob as árvores Udala (Under the Udala trees), de Chinelo Okparanta (Nigéria). São Paulo: Kapulana. 

2025 – Cursed daughters (em trad.)

INTÉRPRETE

07 ago 2018: com Rutendo Tavengerwei (Zimbábue), autora de ”Esperança para voar”. Sesc Paulista, São Paulo, SP.
<https://www.kapulana.com.br/07-08-2018-bate-papo-com-rutendo-tavengerwei-lu-bento-e-bianca-goncalves-no-sesc-avenida-paulista-em-sao-paulo-sp/>

8-9 Ago 2019: com Oyinkan Braithwaite (da Nigéria), autora de “Minha irmã, a serial killer”. Flipelô (Festa Literária Internacional do Pelourinho), Salvador, Ba.
<https://www.kapulana.com.br/08-08-09-08-2019-oyinkan-braithwaite-na-flipelo-em-salvador-ba/>

09 ago 2018: com Rutendo Tavengerwei (Zimbábue), autora de ”Esperança para voar”. Flipelô (Festa Literária Internacional do Pelourinho), Salvador, Ba.
<https://www.kapulana.com.br/09-08-2018-rutendo-tavengerwei-na-flipelo-festa-literaria-internacional-do-pelourinho-em-salvador-ba/>

12 ago 2019: com Oyinkan Braithwaite (Nigéria), autora de “Minha irmã, a serial killer”. Pré-Balada Literária. São Paulo, SP.
<https://www.kapulana.com.br/12-08-2019-bate-papo-com-oyinkan-braithwaite-autora-de-minha-irma-a-serial-killer-na-pre-balada-literaria-em-sao-paulo-sp/>

Publicado em

[Sobre] O que acontece quando um homem cai do céu, de Lesley N. Arimah, por Roberta Estrela D’Alva

O povo negro sempre teve suas contadoras de histórias. Lembro-me de Dona Rosa, minha saudosa e enérgica avó, tecendo suas narrativas para uma plateia de netos um tanto atônita, um tanto maravilhada. Boas contadoras de história têm a capacidade de mover nossos sentidos com suas vozes. Foi exatamente assim que me senti ao ouvir Lesley Nneka Arimah. Sim, porque ainda que escrita, é uma voz que se escuta, e que faz com que muitas outras sejam escutadas, e às quais não há como se passar incólume. Vozes negras de um feminino diaspórico, que sempre chegando ou partindo de algo (uma pessoa, uma lembrança, um país, um medo) criam territórios imaginários, emocionais, familiares que nos transportam para o centro da ação. Uma negritude não- maniqueísta, onde não só a poesia e a virtude, mas também a crueldade de mulheres que se encontram dentro de sistemas com os quais tem que contracenar, e dos quais não conseguem escapar, estão expostas. Sombras de passados, luzes do presente, adestramento de cabelos e caráteres aos quais desde muito cedo mulheres negras são submetidas. Sem ranço, com ironia, humor e um tanto de imaginação fantástica que nos faz tirar os pés do chão (e cá pra nós, estamos precisando).

São Paulo, 4 de junho de 2018.

Roberta Estrela D’Alva é atriz, Mc, diretora, diretora musical, ativista, apresentadora e slammer. Formada em Artes Cênicas pela USP (Universidade de São Paulo), Roberta também fez mestrado em Semiótica pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), onde atualmente cursa o doutorado.

Citar como: ESTRELA D’ALVA, Roberta.  In: ARIMAH, Lesley Nneka. O que acontece quando um homem cai do céu. (orelha) São Paulo: Kapulana, 2018.

 

 

Publicado em

ROBERTA ESTRELA D’ALVA

ROBERTA ESTRELA D’ALVA

é atriz, Mc, diretora, diretora musical, ativista, apresentadora e slammer. Formada em Artes Cênicas pela USP (Universidade de São Paulo), Roberta também fez mestrado em Semiótica pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), onde atualmente cursa o doutorado.

Roberta é membro fundadora da primeira companhia de “teatro hip-hop” do Brasil, o Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, assim como da Frente 3 de Fevereiro, que desenvolve ações simbólicas, produção de livros, documentários e investigações colaborativas sobre o racismo na sociedade brasileira.

No poetry slam – competição, geralmente realizada na rua, em que poetas leem ou recitam trabalhos originais, e, logo após, são julgados pela plateia ou por um júri pré-estabelecido –, Roberta foi finalista da Copa do Mundo de Poesia Slam 2011, em Paris.  É curadora do Rio Poetry Slam, que acontece anualmente na FLUP (Festa Literária das Periferias), no Rio de Janeiro, e coordenadora do SLAM-SP e do SLAM-BR (campeonatos estadual e nacional de poetry slam).

Na direção musical, Roberta realizou o espetáculo Cindi Hip Hop – pequena ópera rap, vencedor do prêmio Cooperativa de Teatro, na categoria de melhor dramaturgia. Roberta também venceu o Prêmio Shell (uma das maiores premiações do teatro nacional) de melhor atriz em 2012 pela atuação no espetáculo Orfeu Mestiço, Uma Hip–Hópera Brasileira.

Dirigiu o documentário SLAM: Voz de Levante, juntamente com a documentarista Tatiana Lohmmann. O filme foi realizado nos últimos 7 anos e registra a chegada dos poetry slams ao Brasil e as experiências de pioneiros nos EUA e na França – respectivamente local de origem e um dos maiores redutos internacionais do slam. O filme será lançado comercialmente no primeiro semestre de 2018, e teve seu lançamento mundial no 19° Festival do Rio, em 2017, onde recebeu o prêmio especial do júri e o prêmio de melhor direção de documentário. Também participou da 41a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Na literatura, Roberta lançou, em 2014, o seu primeiro livro, Teatro Hip-Hop, a performance poética do ator-MC, pela editora Perspectiva. É a atual apresentadora do Manos e Minas (TV Cultura), programa de televisão semanal que, desde 1993, é referência nacional sobre cultura Hip-Hop.

OBRAS DA KAPULANA

OBRAS DA COLABORADORA

  • Teatro Hip-Hop, a performance poética do ator-MC. Brasil: Perspectiva, 2014;

DESTAQUES/ PRÊMIOS

  • Terceiro lugar na Copa do Mundo de Poesia Slam, em Paris, 2011.
  • Prêmio Shell de Melhor Atriz, pelo espetáculo Orfeu Mestiço, Uma Hip–Hópera Brasileira, 2012.
Publicado em

Confira a capa do livro “O que acontece quando um homem cai do céu”, de Lesley Nneka Arimah, com lançamento em julho

São histórias contadas majoritariamente de uma perspectiva feminina, e trazem questões como maternidade e relação mãe/filha, sacrifício, feminilidade, amadurecimento e violência

Conheça a capa brasileira do próximo lançamento da Kapulana. Em julho, a editora publica O que acontece quando um homem cai do céu, de Lesley Nneka Arimah. Em doze contos, a autora, de origem nigeriana, desenvolve diversas formas literárias que abrangem a distopia, as memórias da guerra na Nigéria, as relações complexas entre mãe e filha e a convivência humana com as tecnologias, muitas vezes com uma visão afrofuturista. Lesley ganhou o “Kirkus Prize”, além de o livro estar em várias listas dos mais lidos e mais recomendados de 2017. A obra é traduzida por Carolina Kuhn Facchin.

 

 

“A voz de Arimah é vibrante e nova, os assuntos que ela traz são, ao mesmo tempo, oportunos e atemporais”

(Washington Post, EUA, 13 de abril de 2017)

“Estranho e maravilhoso… uma contadora de histórias sagaz, oblíqua e provocativa, Arimah consegue encaixar a história de uma família em poucas páginas, e inventar parábolas utópicas, fábulas mágicas e cenários aterrorizante, movendo-se com desembaraço entre um distanciamento cômico e um realismo psicológico perspicaz”

 (New York Times Book Review, EUA, 11 de maio 2017)

“Arimah capta o senso de tempo narrativo e muda o tom caótico. Contos rápidos e impiedosos, deixando os enredos fora de nossas mãos”.

(The Guardian, Reino Unido, 2 de setembro de 2017)

 

Conheça a capa:

 

Com o lançamento em julho, O que acontece quando um homem cai do céu é o segundo livro de autores das literaturas africanas de língua inglesa que a Kapulana lança neste ano. Em maio, a editora publicou o romance Esperança para voar, da jovem autora Rutendo Tavengerwei, do Zimbábue, e em novembro será a vez do livro de memórias Um dia vou escrever sobre este lugar, do queniano Binyavanga Wainaina.

22 de maio de 2018

★★★

 

Saiba mais sobre a escritora: https://www.kapulana.com.br/lesley-nneka-arimah/

Saiba mais sobre o livro: https://www.kapulana.com.br/produto/o-que-acontece-quando-um-homem-cai-do-ceu/

Leia as sinopses dos três livros africanos de língua inglesa: http://kapulana.com.br/em-2018-kapulana-lanca-tres-livros-de-autores-de-literaturas-africanas-de-lingua-inglesa/

 

Publicado em

Revelação do Zimbábue, Rutendo Tavengerwei lança pela Kapulana, no Brasil, o romance “Esperança para voar”

Rutendo Tavengerwei aborda uma emocionante história, com extraordinárias personagens, dialogando e refletindo sobre as mudanças da adolescência, as questões político-sociais e, claro, a importância da amizade

Já à venda nas livrarias o novo livro publicado pela Editora Kapulana, o romance Esperança para voar, de Rutendo Tavengerwei, do Zimbábue. A obra de estreia da jovem autora narra a história de amizade de duas adolescentes. Shamiso retorna com sua família do Reino Unido para o Zimbábue, após a morte do pai, jornalista de oposição ao regime ditatorial da época. Ocorrido em 2008, ano de grave crise política nesse país africano, o livro mostra um lugar destroçado pela corrupção e pelo autoritarismo. Abre-se um enredo de como jovens no século XXI enfrentam perdas, rupturas, dores, miséria e autoritarismo. Delicado e emocionante, ao mesmo tempo em que nos apresenta um cenário africano com muita musicalidade, a obra é uma espécie de fábula universal, cujos fatos poderiam ter ocorrido em qualquer país em qualquer tempo.

“Quando refleti sobre 2008, percebi que a maioria das minhas lembranças e a maneira como eu via o mundo era da perspectiva de uma adolescente, então fez sentido para mim que as protagonistas fossem adolescentes”, explicou a autora em entrevista exclusiva para a Kapulana. “Ainda mais porque lições sobre esperança e perseverança são importantes, e eu queria compartilhá-las especialmente com o público jovem”, concluiu.

Promissora e com hábil desenvolvimento narrativo, Rutendo aborda uma emocionante história, com extraordinárias personagens, dialogando e refletindo sobre as mudanças da adolescência, as questões político-sociais e, claro, a importância da amizade. “De certa maneira, eu traço paralelos entre minha escrita e meu cotidiano. Acho que é importante, se você quer que a história fique plausível, usar situações reais e adicioná-las à história. Então, em alguns casos, se eu escuto algo interessante ou engraçado, às vezes eu tento incorporar isso à história. Mas tanto de minha vida está na minha escrita. Eu escrevo sobre música e os sons que escuto, escrevo sobre cenários que eu acho maravilhosos. Basicamente, eu tento compartilhar tudo que me toca com o mundo”, destacou a escritora. “O mundo é muito caótico, e muitas coisas frustrantes acontecem em nossos países e nas nossas vidas pessoais também. A história da Shamiso e da Tanyaradzwa é sobre lutar para sair de tempos difíceis, e preservar a esperança em momentos sombrios. Meu desejo é que esta história sobre esperança inspire a vida dos leitores, mesmo que de uma maneira singela”, desejou a autora.

Em seu texto na versão brasileira na orelha do romance, a blogueira Luciana Bento apontou: “Este é um YA (Young Adult) contemporâneo que apresenta questões universais , sem perder a essência africana […] Rutendo Tavengerwei tem uma voz própria que cala estereótipos sobre África ressoando jovialidade e leveza na escrita mesmo diante de temas áridos. Esperança para voar nos apresenta um novo momento da literatura de língua inglesa africana”.

Esperança para voar é o primeiro livro de literatura em língua inglesa que a Kapulana lança neste ano. Em julho, será publicado o livro de contos O que acontece quando um homem cai do céu, da autora de origem nigeriana Lesley Nneka Arimah. Em novembro, ocorrerá a publicação do livro de memórias, Um dia vou escrever sobre este lugar, do queniano Binyavanga Wainaina.

 

 

★★★

Saiba mais sobre a escritorahttps://www.kapulana.com.br/rutendo-tavengerwei/

Saiba mais sobre o livrohttps://www.kapulana.com.br/produto/esperanca-para-voar/

Uma entrevista com Rutendo Tavengerwei: https://www.kapulana.com.br/uma-entrevista-com-rutendo-tavengerwei-autora-de-esperanca-para-voar/

Assista ao vídeo com Rutendo Tavengerwei: https://www.youtube.com/watch?v=0oZBCwnbfTk&t=3s

Assista o booktrailer: https://www.youtube.com/watch?v=Vu0x0XTGnkw

Leia a resenha de Lu Bentohttps://www.kapulana.com.br/esperanca-para-voar-um-livro-envolvente-e-emocionante-por-luciana-bento/

Leia as sinopses dos três livros africanos de língua inglesa: http://kapulana.com.br/em-2018-kapulana-lanca-tres-livros-de-autores-de-literaturas-africanas-de-lingua-inglesa/

 

À VENDA NAS SEGUINTES LIVRARIAS:

Publicado em

Entrevista com Rutendo Tavengerwei, autora de “Esperança para voar”

RUTENDO TAVENGERWEI, nascida no Zimbábue, autora de Esperança para voar, concede entrevista à Editora Kapulana

1- Como surgiu a ideia de escrever o romance e como foi a construção das personagens Shamiso e Tanyaradzwa?

R- Uma das coisas pelas quais meu país é conhecido é a instabilidade econômica e política de 2008, mas o que sempre me incomodou é que não há muitas histórias sendo contadas por habitantes do Zimbábue sobre o que realmente estava acontecendo no país. Então, enquanto eu estava escrevendo “Esperança”, eu queria tentar contar a história de 2008 de uma perspectiva zimbabuana*. Especialmente porque a maior parte da história foi escrita em 2016, quando as coisas estavam começando a piorar de novo, e eu queria mandar uma mensagem de esperança para os zimbabuanos que estavam desesperados, e usar minha voz para resistir com os milhares de habitantes do Zimbábue que estava exigindo que o governo instituísse mudanças.

Quando refleti sobre 2008, percebi que a maioria das minhas lembranças e a maneira como eu via o mundo era da perspectiva de uma adolescente, então fez sentido para mim que as protagonistas fossem adolescentes. Ainda mais porque lições sobre esperança e perseverança são importantes, e eu queria compartilhá-las especialmente com o público jovem.

2- Em seu romance, é muito importante a contextualização geográfica e histórica sobre o Zimbábue. Para você, na elaboração do enredo, o que veio primeiro: o desenvolvimento da trama, detalhes narrativos e personagens ou a circunstância político-social do país?

R- Não acho que houve uma cronologia clara quanto ao que veio antes. Meu processo de escrita é relativamente aleatório e não ortodoxo. Então, a situação político-social definitivamente inspirou a trama e as personagens. Mas a trama também influenciou a caracterização; os eventos que eu escolhi para a história determinaram como as personagens seriam, por causa de como eu queria que elas respondessem a esses eventos. Então, resumindo, foi um processo bastante “misturado”.

3- Você traça um paralelo entre seu processo de escrita e seu cotidiano?

R- De certa maneira, eu traço paralelos entre minha escrita e meu cotidiano. Acho que é importante, se você quer que a história fique plausível, usar situações reais e adicioná-las à história. Então, em alguns casos, se eu escuto algo interessante ou engraçado, às vezes eu tento incorporar isso à história. Mas tanto de minha vida está na minha escrita. Eu escrevo sobre música e os sons que escuto, escrevo sobre cenários que eu acho maravilhosos. Basicamente, eu tento compartilhar tudo que me toca com o mundo.

4- A carta/apresentação no início do livro mostra como você está feliz de publicá-lo, e como isso é importante para você. O que significa para você estar publicando este livro? Você sempre sonhou em escrever um livro?

R- Eu quero ser escritora desde que eu tinha 6 anos, como disse na carta. O amor dos meus pais por contar histórias e pela escrita foi inegavelmente contagioso. No início do Ensino Médio, eu costumava comprar caderninhos de 32 páginas e escrever histórias para os outros alunos lerem. Os meus colegas gostavam do que eu escrevia, e isso me encorajou a continuar. E eu lembro que costumava dizer para todo mundo que um dia eles leriam um livro meu de verdade, que eles comprariam na livraria. E acho que esse dia chegou.

“Esperança” é particularmente importante para mim por causa da mensagem que ele traz. Não é apenas uma mensagem positiva para o mundo, mas também um lembrete para que eu não esqueça de ter esperança. E para mim foi muito importante usar minha voz para protestar contra as grandes injustiças que estavam acontecendo no meu país.

5- Quem são os escritores que mais influenciaram você, e quais são os seus gêneros favoritos?

R- Eu cresci lendo Enid Blyton. Os livros dela ampliaram minha imaginação e meu gosto por aventuras, e eu amava as histórias dela porque eu conseguia imaginar o que ela estava descrevendo.

No Ensino Médio eu lia muito as escritoras Tsitsi Dangarembga e Chimamanda Ngozi Adichie. Elas me fizeram sentir que não era impossível a literatura africana ser lida no mundo todo, em especial a literatura africana escrita por mulheres negras. Particularmente, eu devo ter lido o “Hibisco roxo” da Chimamanda mais de uma dúzia de vezes, muito interessada no uso que ela faz da linguagem e em como ela se atém às suas raízes nigerianas. Eu sabia que queria escrever de maneira parecida.

E, é claro, para mim foi sempre um prazer ler Shakespeare. Eu sempre amei como a escrita dele é lírica e poética. Como ele criava sua própria linguagem e expressões. Eu acabo fazendo isso muito quando escrevo; a linguagem, como qualquer experiência gastronômica, deve ser apresentada e saboreada.

Recentemente, tenho me inspirado muito em Angie Thomas e Tomi Adeyemi. Porque a escrita delas é um movimento, uma contribuição para o difícil diálogo sobre a marginalização dos negros nos Estados Unidos, mas também porque as histórias que elas contam passam uma mensagem para o público jovem. E eu sempre acreditei muito nisso.

Quanto aos gêneros, não sei se consigo escolher um favorito. Eu leio qualquer coisa que seja interessante, porém tenho uma tendência a gostar de livros que ensinem algo a seus leitores, seja qual for o gênero.

6- Você planeja escrever outros livros?

R- Sim, planejo escrever outros livros, porque eu realmente amo escrever e compartilhar minhas histórias com o mundo. Eu acredito que é muito importante que livros de escritores marginalizados se tornem a norma na literatura contemporânea, porque isso nos ajudaria a entender mais uns sobre os outros, apesar das nossas diferenças. E mais do que isso, porque talvez uma menina com um sonho como o meu, que sente que ninguém prestaria atenção nela por causa da cor da pele dela ou do país de onde ela é, pudesse ver que não é impossível. 

Eu já estou trabalhando no meu próximo livro, que também vai se passar no Zimbábue. Quero dividir um pouco mais da história do Zimbábue nesta próxima história, e compartilhar mais sobre a cultura também.

7- Finalmente, considerando a situação atual do mundo, você tem uma mensagem para os leitores brasileiros que vão conhecer Shamiso e Tanyaradzwa?

R- O mundo é muito caótico, e muitas coisas frustrantes acontecem em nossos países e nas nossas vidas pessoais também. A história da Shamiso e da Tanyaradzwa é sobre lutar para sair de tempos difíceis, e preservar a esperança em momentos sombrios. Meu desejo é que esta história sobre esperança inspire a vida dos leitores, mesmo que de uma maneira singela.

02 de abril de 2018.

(*) Em 2008 ocorreram tumultuadas eleições presidenciais no Zimbábue. A disputa ocorreu entre Robert Mugabe (ZANU), presidente do país desde 1987 e o opositor Morgan Tsvangirai (MDC). Em 29 de março ocorreu o primeiro turno das eleições, que apontaram pequena maioria dos votos para Tsvangirai. Entre a data de divulgação deste fato e o segundo turno das eleições, seguidores dos dois partidos travaram violentos conflitos que resultaram em dezenas de mortes. Diante da situação, Tsvangirai decidiu desistir de concorrer ao cargo, afirmando que seus eleitores corriam risco de serem mortos, o que fez com que Mugabe fosse mais uma vez eleito.

 

Citar como:

TAVENGERWEI, Rutendo. Entrevista. São Paulo: Kapulana, 02 abr. 2018. [Trad. de Carolina Kuhn Facchin]. Disponível em: https://www.kapulana.com.br/uma-entrevista-com-rutendo-tavengerwei-autora-de-esperanca-para-voar/

Saiba mais:

sobre a escritora: https://www.kapulana.com.br/rutendo-tavengerwei/

sobre o livro: https://www.kapulana.com.br/produto/esperanca-para-voar/

um vídeo com Rutendo Tavengerwei: https://www.youtube.com/watch?v=0oZBCwnbfTk&t=11s&mc_cid=fc7d7ceed9&mc_eid=d9a246dbcb

 

 

Publicado em

Kapulana esteve na III Jornada do GELCA-Unicamp e realizou o lançamento do livro de poemas “Outras fronteiras: fragmentos de narrativas”, de Ana Mafalda Leite

Na obra, Ana Mafalda apresenta um conjunto de poemas organizados em quatro momentos, em que a poeta viaja por paisagens diversas, que conversam entre si

 

A III Jornada de Teoria Literária e Estudos Africanos do GELCA (Grupo de Estudos de Literaturas e Culturas Africanas) ocorreu nos dias 25, 26 e 27 de abril, no Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (IEL/Unicamp). Na última sexta-feira (27),  a ensaísta, docente e poeta Ana Mafalda Leite realizou o lançamento de seu livro Outras fronteiras: fragmentos de narrativas, publicado pela Kapulana.

Na obra, Ana Mafalda apresenta um conjunto de poemas organizados em quatro momentos, em que a poeta viaja por paisagens diversas, que conversam entre si. As viagens começam no interior do eu-lírico e percorrem cenários de Moçambique, em terra e no Índico, repletos de portais, jardins, templos, minaretes, serpentes e flautas mágicas, em um universo em que história e poesia convivem.

Ana nasceu em Portugal, mas cresceu e realizou os primeiros estudos acadêmicos na Universidade Eduardo Mondlane, de Maputo, Moçambique. É docente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com Mestrado em Literaturas Brasileira e Africanas de Língua Portuguesa, além do Doutora em Literaturas Africanas, sua área principal de investigação.  Desenvolveu pesquisa de Doutorado e Pós-Doutorado na Escola de Estudos Orientais e Africanos (SOAS) da Universidade de Londres, na Universidade de Roma e na Universidade de Dakar.

Ana Mafalda Leite durante sessão de autógrafos no Gelca

Com mais de 30 anos de trajetória literária, Mafalda lançou seu primeiro livro de poemas, Em sombra acesa (Vega), no ano de 1984. Em seguida, a autora publicou as obras Canções de Alba (Vega), de 1989, Mariscando Luas (Vega), em colaboração com Luís Carlos Patraquim e Roberto Chichorro. de 1992, Rosas da China (Quetzal Editores), de 1999, entre outros. Em 2015, Mafalda recebeu o prêmio Femina Lusofonia de Literatura, honraria que contempla as “Notáveis Mulheres Portuguesas e da Lusofonia, mérito ao nível profissional, cultural e humanitário no Mundo, pelo Conhecimento e pelo seu relacionamento com outras Culturas”.

Pela kapulana, a autora lançou, no ano passado, Outras Fronteiras: Fragmentos de narrativas. Sobre o livro, a Professora Titular de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Carmen L. Tindó Secco, escreveu no posfácio: “O eu lírico conversa com quem escreve. Ana no espelho. E os pirilampos na noite, com sua luz, enfeitam lembranças. Como os vaga-lumes de Didi-Huberman, resistem, revelando-se metáforas da poesia em meio a um mundo-espetáculo de luzes ofuscantes”.

GELCA – A III Jornada de Teoria Literária e Estudos Africanos do GELCA (Grupo de Estudos de Literaturas e Culturas Africanas) reuniu os resultados de projetos de iniciação e pesquisa científica realizados por alunos de pós-graduação da Unicamp e de outras instituições nacionais e internacionais, assim como professores de escolas públicas e particulares e professores universitários. O Gelca tem o apoio do Programa de Pós-graduação em Teoria Literária e Direção do IEL, da Pró-reitoria de graduação da Universidade Estadual de Campinas e da Editora Kapulana.

 

 

 

 

 

Saiba mais sobre o livro: https://www.kapulana.com.br/produto/outras-fronteiras-fragmentos-de-narrativas/

Saiba mais sobre a autora Ana Mafalda Leite: https://www.kapulana.com.br/ana-mafalda-leite/

Assista uma entrevista com a autora: https://www.youtube.com/watch?v=pHcdN6beuFY

Veja fotos das atividades: https://www.kapulana.com.br/28-02-a-13-03-2018-ana-mafalda-leite-no-brasil/

Publicado em

Esperança para voar: um livro envolvente e emocionante, por Luciana Bento

Sabe quando você começa a ler um livro e ele automaticamente transporta você para outro lugar? Esperança para voar é um desses livros. Ele conta a história de duas adolescentes, Shamiso e Tanyaradzwa, que fazem da perda – concreta ou iminente – um caminho para o florescimento de uma amizade e para o amadurecimento pessoal.

Shamiso é uma jovem que retorna ao Zimbábue com sua família após crescer no exterior. Seu pai, um famoso jornalista investigativo e contrário ao governo, é morto em circunstâncias suspeitas e ela precisa se adaptar ao novo rumo de sua vida.  A ausência do pai, o novo colégio interno e a distância das amigas da Europa… tanta coisa acontecendo! Shamiso sente dificuldades em se adaptar à nova rotina e estabelecer vínculos com seu país de origem e as pessoas ao seu redor.

Tanyaradzwa é uma garota feliz. Nem a terrível doença que enfrenta é capaz de afetar a sua paixão pela música e sua vontade de viver. Mas os sintomas da doença são cada vez mais marcantes e sua fraqueza aparente pode impedi-la de fazer o que mais ama: cantar.

Esperança para voar narra o encontro dessas duas jovens que amadurecem juntas a partir das dificuldades e que lutam contra as vozes que gritam para que elas desistam de tudo. Em meio à uma situação política delicada e um caos social, as duas precisam descobrir uma forma de lidar com as transformações em suas vidas.

Ao mesmo tempo que o encontro das amigas poderia se dar em qualquer lugar do mundo sem perder o sentido, a autora reforça a importância da territorialidade na narrativa, situando seu livro em um importante momento da história recente do país. De forma leve e cuidadosa, Rutendo traz para a literatura o contexto político do Zimbábue a partir dos relacionamentos humanos e nos apresenta os impactos das escolhas políticas no cotidiano da população.

Em seu romance de estreia, Rutendo Tavengerwei mostra que sua juventude não é sinônimo de imaturidade na escrita. Sua obra traz uma nova perspectiva sobre realidade africana, em especial a do Zimbábue, que também é o país de origem da autora.  Aborda questões universais como a morte e a política sem perder a essência africana. A musicalidade é o pano de fundo perfeito, conferindo ritmo ao enredo e uma melodia que amarra todo a história.

A edição do livro reforça o compromisso da editora Kapulana em apresentar ao público brasileiro narrativas africanas contextualizadas. Termos tradicionais são mantidos na tradução, e essa decisão editorial é fundamental para que os leitores permaneçam atentos à riqueza cultural e étnica do universo narrado.

Um livro envolvente e emocionante que trata de temas áridos sem ser piegas e nos mostra o valor da coragem de lutar pelo que se acredita. A autora diz na nota introdutória ao livro que seu objetivo era contar uma história que trouxesse uma mensagem ao leitor sem subestimar o quão difícil a vida pode ser. Ao final da leitura, suspirei com aquele sorriso satisfeito por conhecer essa história. Rutendo, creio que a sua mensagem foi recebida.

São Paulo, 1 de abril de 2018.

Luciana Bento – A mãe preta

 

Citar como: BENTO, Luciana. “Esperança para voar: um livro envolvente e emocionante.” In: Tavengervei, Rutendo. Esperança para voar. Trad. Carolina Kuhn Facchin. São Paulo: Kapulana, 2018.

 

Publicado em

Livro ‘Serei sereia?’, de Kely de Castro e publicado pela Kapulana, disponível em múltiplos formatos acessíveis

 DIVERSOS – LIVROS ACESSÍVEIS E INCLUSIVOS surge do compromisso e da necessidade de disponibilizar clássicos da literatura infantil e infantojuvenil em múltiplos formatos acessíveis

A Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo apresentou, na tarde desta quarta-feira (25), na Biblioteca de São Paulo, o projeto DIVERSOS – LIVROS ACESSÍVEIS E INCLUSIVOS, que reúne obras de diversos autores, em múltiplos formatos acessíveis e publicado no site do Centro de Tecnologia e Inovação (CTI). ‘Serei sereia?’, livro de Kely de Castro e com ilustrações de Amanda Azevedo, lançado pela Kapulana, foi escolhido para fazer parte do formato. Estão também disponíveis as obras ‘Uma nova amiga’, de Lia Crespo, ‘O discurso do urso’, de Julio Cortázar e ‘O menino no espelho’, de Fernando Sabino.  A iniciativa irá fornecer gratuitamente títulos com recursos de acessibilidade como legenda, narração, libras, ilustrações e audiodescrição das imagens em formato digital para pessoas com deficiência. 

‘Serei sereia?’ é a história de Inaê, uma menina que já nasceu com um grande desafio a vencer: o fato de não poder andar. Nessa narrativa, contada pela artista Kely de Castro, Inaê, como todas as crianças, passa por momentos de tristeza, alegria, conflito e tranquilidade. A bordo de sua cadeira de rodas, enfrenta obstáculos e, aos poucos, com o apoio de sua mãe, descobre que pode construir sua própria história. O livro é ilustrado por Amanda de Azevedo e por fotos de bonecas confeccionadas pela autora.

O projeto

Em parceria com a organização Mais Diferenças, o DIVERSOS – LIVROS ACESSÍVEIS E INCLUSIVOS surge do compromisso e da necessidade de disponibilizar clássicos da literatura infantil e infanto-juvenil em múltiplos formatos acessíveis, como contribuição à leitura no processo de formação da cidadania responsável e sustentável. 

Nos últimos anos, o Brasil avançou muito em relação aos direitos das pessoas com deficiência em diferentes campos e áreas de atuação, segmento que alcança 45,6 milhões no Brasil, e 9,3 milhões no estado de São Paulo.  Nos diferentes espaços, quer sejam escolas, bibliotecas, livrarias e os próprios lares, não existem ainda livros audiovisuais em formatos bilíngues – Português/Libras, ou mesmo livros que considerem as características das pessoas com deficiência intelectual.

O Brasil garante a educação inclusiva em todas as etapas e modalidades de ensino, com salas de aula organizadas por grupos heterogêneos e múltiplos, assegurando às crianças com e sem deficiência o direito de aprender e conviver juntas nas salas de aula. No entanto, muitas vezes, o livro – que apresenta diferentes formas de ler e de levar o leitor a se relacionar com o texto, com as imagens, com o som, os movimentos, os códigos e as línguas – pode ser muito rico para todas as pessoas, com e sem deficiência, se contar com recursos alternativos e adaptáveis, para seu pleno acesso.

O acesso à informação, à comunicação, ao livro, à leitura e à literatura continuam sendo desafios importantes, que demandam conscientização, pesquisa, produção e disseminação de materiais acessíveis para pessoas com diferentes tipos de deficiência. O Projeto DIVERSOS – LIVROS ACESSÍVEIS E INCLUSIVOS apresenta bloco de livros desenvolvido para que todas as pessoas com e sem deficiência possam ter acesso à leitura, por via digital –  computador, notebook, tablet ou celular.

Como o próprio nome diz, os livros são diversos! São histórias divertidas, animadas, de suspense, de aventura, de amor, de fantasia. São histórias de hoje e de antigamente. São histórias que se passam aqui e em outros lugares do mundo. Crianças e adolescentes, com e sem deficiência, podem escutar a história que está sendo contada; podem ouvir os sons que ajudam a imaginar; podem ver o texto escrito na tela; podem ver as imagens que estão nos livros e escutar as descrições delas. Também podem ver o livro ser contado em Libras, o idioma de muitas pessoas surdas.

As memórias que nos acompanham ao longo da vida em relação às histórias, aos livros, aos contos de fadas e às diferentes narrativas que sobrevivem ao tempo são fundamentais e carregam uma carga simbólica expressiva. Em alguns livros, o texto foi reescrito de uma forma mais simples, ao qual denominamos Leitura Fácil, com glossário explicativo para facilitar o entendimento de palavras menos usuais. DIVERSOS – LIVROS ACESSÍVEIS E INCLUSIVOS é o projeto de leitura fácil da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo – para todos.

Saiba mais:

Sobre a escritora: https://www.kapulana.com.br/kely-de-castro/

Sobre a ilustradora: https://www.kapulana.com.br/amanda-de-azevedo/

Sobre o livro: https://www.kapulana.com.br/produto/serei-sereia/

Veja fotos da atividadehttp://kapulana.com.br/livro-serei-sereia-disponivel-em-multiplos-formatos-acessiveis/

Conheça a Kapulanahttp://kapulana.com.br/a-editora/

Publicado em

Confira a capa do romance ‘Esperança para voar’, da jovem escritora Rutendo Tavengerwei

O romance, com lançamento para maio, é a primeira obra das literaturas de língua inglesa que a Kapulana publica neste ano. Os títulos, inéditos e com primeiras traduções em língua portuguesa, são de diversas temáticas e estilos literários

Esperança para voar narra a história de superação e amizade de duas adolescentes. Shamiso retorna com sua família do Reino Unido para o Zimbábue, após a morte do pai, jornalista de oposição ao regime ditatorial da época. O cenário é o Zimbábue, em 2008, ano de grave crise política nesse país africano, destroçado pela corrupção e pelo autoritarismo. Abre-se um enredo de como jovens no século XXI enfrentam perdas, rupturas, dores, miséria e autoritarismo. Delicado e emocionante, ao mesmo tempo em que nos apresenta um cenário africano com muita musicalidade, a obra é uma espécie de fábula universal, cujos fatos poderiam ter ocorrido em qualquer país em qualquer tempo.

Rutendo Tavengerwei nasceu, cresceu e estudou no Zimbábue, onde morou até os dezoito anos. Em seu primeiro romance, a jovem autora constrói uma emocionante narrativa, com extraordinárias personagens, dialogando diretamente com o público jovem, além de abordar as mudanças da adolescência, a superação e, claro, a importância da amizade. A obra, traduzida por Carolina Kuhn Facchin, será lançada no Brasil pela Editora Kapulana.

Veja abaixo a capa:

O romance é o primeiro das literaturas de língua inglesa que a editora lança neste ano. Os títulos, inéditos e com primeiras traduções em língua portuguesa, são de diversas temáticas e estilos literários. Em julho será publicado o livro de contos O que acontece quando um homem cai do céu, da autora de origem nigeriana Lesley Nneka Arimah. E em novembro ocorrerá o lançamento do livro de memórias Um dia vou escrever sobre este lugar, do queniano Binyavanga Wainaina.

Saiba mais:

Publicado em

Kapulana celebra o Dia da Mulher Moçambicana

A data é comemorada em 7 de abril e homenageia Josina Machel

O Dia da Mulher Moçambicana é comemorado no dia 7 de abril. Na ocasião, é lembrado do aniversário de morte de Josina Machel (1945-1971), segunda esposa de Samora Machel (1933-1986), primeiro presidente de Moçambique após a independência. Josina, que se juntou à Luta Armada de Libertação Nacional ainda jovem, é destacada como heroína de Moçambique, por batalhar a favor da independência de seu país, além de ser inspiração do movimento feminino moçambicano.

A Kapulana tem muito orgulho de publicar as obras literárias de magníficas autoras moçambicanas e homenagear a data simbólica do país africano.

Josina Machel

Confira as autoras moçambicanas que fazem parte do catálogo da editora:

Lica Sebastião – Nasceu em Maputo, capital de Moçambique. Fez a licenciatura em Ensino do Português em 1994. Concilia a atividade docente com as artes plásticas e a poesia desde 2006. Participou de exposições coletivas e realizou várias mostras individuais. É membro do “Núcleo de Arte” em Maputo.

Livro publicado pela Kapulana: 

de terra, vento e fogo, da série “Vozes da África”, é uma coletânea inédita de poemas da escritora moçambicana. Em seu primeiro livro publicado no Brasil, a poeta expressa um lirismo incontido quando expõe corajosamente suas alegrias e angústias. Para o título, escolheu três dos quatro elementos da natureza, terra, vento e fogo. O quarto elemento, a água, aparecerá para o leitor durante a leitura deste precioso conjunto de versos. Amanda de Azevedo criou as delicadas vinhetas para esta edição.

 

Noémia de Sousa – Nasceu em 1926, em Catembe, vila no litoral Sul de Moçambique, banhada pelo Oceano Índico, na baía de Maputo, bem em frente à capital de Moçambique. Faleceu em 2002, em Cascais, Portugal. Por sua influência nas gerações de poetas de Moçambique, ficou conhecida como “Mãe dos poetas moçambicanos”. É autora de densa obra poética, que representa a resistência da mulher africana e luta do povo moçambicano por sua liberdade. 

Livro publicado pela Kapulana: 

Seu único livro, Sangue negro, é composto por 49 poemas, escritos entre os anos de 1948 e 1951 do século passado, que circularam em jornais como O brado africano. Em 2001, seus poemas foram reunidos no livro Sangue negro, publicado pela Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO) e, dez anos mais tarde, uma nova edição foi publicada pela editora moçambicana Marimbique. No ano de 2016, a Editora Kapulana publicou a primeira edição brasileira da obra, com os 49 poemas mais marcantes da literatura moçambicana.

 

Sílvia Bragança – Nasceu em Goa, na Índia, e vive em Moçambique há muitos anos. É professora, pintora, poeta e escritora. Sempre teve paixão por crianças e dedica-se a projetos de educação com crianças moçambicanas. É artista bastante conhecida internacionalmente e faz várias exposições de arte na Índia, em Portugal e em Moçambique. Silvia foi casada com Aquino de Bragança, figura importante na libertação dos povos africanos e na luta contra o sistema colonial português. Aquino morreu em 1986 em um acidente de avião, no qual se encontrava toda a comitiva do então presidente de Moçambique, Samora Machel, também falecido na ocasião, de quem era muito próximo.

Livro publicado pela Kapulana: 

Na obra Sonho da Lua, da série “Vozes da África”, a escritora Sílvia Bragança, com vasta e profunda vivência em Moçambique, nos oferece dez poemas infantis sobre o universo, apresentando às crianças o mundo que está ao seu redor, visível ou não. As ilustrações da brasileira Amanda de Azevedo enriquecem ainda mais as pequenas joias poéticas de Sílvia sobre a lua, o vento, a chuva, o elefante, a aranha, as flores, os pássaros, o arco-íris e outros elementos da natureza.

 

 

Sónia Sultuane – Nasceu em Maputo, em 4 de março de 1971. É uma artista multifacetada: poeta, artista plástica e curadora. Sultuane é uma voz afirmada na poesia, desde a estreia com a obra Sonhos, em 2001. Ganhou notoriedade em Imaginar o poetizado, 2006, e No colo da lua, 2009. Publicou igualmente o conto infantojuvenil A Lua de N’weti, 2014. É membro da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO), onde ocupou o cargo de Secretária da Assembleia Geral.

 

Livro publicado pela Kapulana: 

Em Roda das encarnações, da série “Vozes da África”, a poeta moçambicana emociona o leitor ao revelar suas impressões mais profundas, como mulher, mãe, poeta e trabalhadora. Os poemas levam o leitor por um universo sensorial e místico em que as vivências espiritual e terrena se misturam, numa viagem por Moçambique, pela Índia e pelo interior vivo e profundo da poeta. Amanda de Azevedo criou delicadas vinhetas para esta edição.

 

Tatiana Pinto – Nasceu na Zambézia, província do norte de Moçambique, em 1985. Em Moçambique, viveu 17 anos da sua vida. Após isso, foi viver mais uns tantos em Timor-Leste, país de sua mãe. Em 2006 mudou-se para Portugal para estudar Jornalismo. Após  terminar o curso, decidiu regressar para Moçambique.

Livro publicado pela Kapulana: 

A viagem é o terceiro volume da série “Contos de Moçambique”. Masud e Wimbo tinham dois filhos, Agot e Mbuio, e uma filha, Inaya, que deseja ter o mesmo tratamento que seus irmãos. Ela sai de sua aldeia para salvá-los em outra cidade. Durante seu caminho, descobre sua força e coragem. Luís Cardoso usa diversas técnicas para dar vida aos bonecos tradicionais de Tomás Muchanga, ilustrando belamente esta história moçambicana.

Saiba mais:

Publicado em

Em 2018, Kapulana lança três livros de autores de literaturas africanas de língua inglesa

Rutendo Tavengerwei, Lesley Arimah e Binyavanga Wainaina são os autores dos  títulos inéditos da Kapulana, que tratam de diversas temáticas em cenários do Zimbábue, Nigéria e Quênia

 

Neste ano, a Editora Kapulana amplia seu catálogo e publica três obras de autores africanos de língua inglesa. Em maio, chegará aos leitores brasileiros o romance Esperança para voar, da zimbabuense Rutendo Tavengerwei. Já em julho, será lançado o premiado livro de contos de Lesley Nneka Arimah, de origem nigeriana – O que acontece quando um homem cai do céu. E em novembro ocorrerá a publicação do livro de memórias, do queniano Binyavanga Wainaina – Um dia vou escrever sobre este lugar.

Confira as sinopses dos três livros:

Esperança para voar, de Rutendo Tavengerwei, jovem escritora do Zimbábue, é a história de superação e amizade de duas adolescentes, Shamiso e Tanyaradzwa. Shamiso retorna com sua família do Reino Unido para o Zimbábue, após a morte do pai, jornalista de oposição ao regime ditatorial da época. O cenário é o Zimbábue, em 2008, ano de grave crise política nesse país africano, destroçado pela corrupção e pelo autoritarismo. É a história de como jovens no século XXI enfrentam perdas, rupturas, dores, miséria e autoritarismo. Esse delicado e emocionante livro, ao mesmo tempo em que nos apresenta um cenário africano com muita musicalidade, é uma espécie de fábula universal, cujos fatos poderiam ter ocorrido em qualquer país em qualquer tempo.

O que acontece quando um homem cai do céu é o livro de estreia da premiada Lesley N. Arimah. Elogiado por jornais e revistas do mundo todo, o livro discute, em doze contos, diversas temáticas contemporâneas como o insólito, a distopia, as memórias da guerra na Nigéria, a convivência humana com as tecnologias, a infância, a mulher na sociedade, e o embate entre as tradições familiares e a cultura na América – a autora nasceu no Reino Unido, viveu na Nigéria e agora mora em Minnesota, nos Estados Unidos.

Um dia vou escrever sobre este lugar, do escritor queniano Binyavanga Wainaina, conta suas memórias desde a infância, de forma bastante lírica, dando grande ênfase às questões linguísticas e culturais, revelando muito da história do Quênia e de outros países da África, como Uganda e África do Sul. O autor é um digital influencer bastante ativo em questões relativas à África e ao ativismo LGBTQ+, já participou de TED Talks e escreveu para grandes revistas e jornais, como National Geographic e NY Times. Em 2017, a Times o elegeu como “Uma das 100 pessoas mais influentes do mundo”. A edição da Kapulana inclui texto inédito do autor: “I am a homosexual, mum”.

Conheça os próximos lançamentos: https://www.kapulana.com.br/proximos-lancamentos/

Conheça as biografias dos novos escritores: https://www.kapulana.com.br/nossos-autores/

 

 

Publicado em

Conheça dois novos volumes da série ‘Contos de Moçambique’

A série, originalmente publicada em Moçambique, apresenta histórias orais recriadas com narrativas que desenvolvem múltiplos universos e memórias das culturas africanas

 

Desde 2016, a série Contos de Moçambique vem sendo publicada no país pela Kapulana. Trata-se de um projeto em conjunto com a Escola Portuguesa de Moçambique (EPM), tendo como objetivo divulgar no Brasil as histórias das tradições orais moçambicanas. Ao todo serão dez volumes, sendo seis já lançados pela editora. Em março chega às livrarias as obras Na aldeia dos crocodilos, de Adelino Timóteo, e O caçador de ossos, de Carlos dos Santos.

Originalmente publicados em Moçambique, os livros revelam as riquezas das expressões populares do país, por meio de contos que inspiram o imaginário infantil e ampliam o conhecimento das culturas africanas. A série apresenta histórias tradicionais recriadas com narrativas que revelam os múltiplos universos. Além dos textos, as páginas acompanham ilustrações de artistas moçambicanos e suas diversas manifestações, como as pinturas a óleo de Silva Dunduro em Na aldeia dos crocodilos e as esculturas maconde de Emanuel Lipanga na composição de O caçador de ossos.

Ilustração de Silva Dunduro

AS OBRAS

Em Na aldeia dos crocodilos, Mandoguinhas e seu avô Boaventura vivem na localidade que dá título ao livro: uma terra fértil, onde tudo que é semeado cresce. O avô conta ao neto que os crocodilos que ficam na beira das águas não são animais, mas ubuntus (gente). O menino acha que o avô está alucinado devido à velhice, mas quando Boaventura desaparece no rio, Mandoguinhas tem que desvendar o mistério dos crocodilos. O conto foi inspirado no Vale do rio Zambeze, uma região em Moçambique onde ocorrem diversas manifestações tradicionais, sendo uma delas a da encarnação humana nos crocodilos. No relato sobre o livro, o autor Adelino escreveu:

“Na minha infância ouvi várias vezes contar essas histórias. Foram as que mais prenderam os meus sentidos. […] inspiraram-me a escrever este conto, a partilhar convosco este lado desconhecido de vidas paralelas (terra e rio) e que tornam Zambeze não só um vale rico e fértil, como também uma fonte que poderá alimentar novas gerações, e, quiçá, motivá-las à descoberta e à divulgação de contos tradicionais genuinamente moçambicanos, da memória e da autoria coletiva do povo moçambicano”.

A obra é ilustrada com as deslumbrantes pinturas a óleo de Dunduro.

Já no volume 8, O caçador de ossos, Carlos dos Santos narra a história de Sinaportar, reconhecido como um grande caçador de sua aldeia. Sua fama era de egoísta e solitário, pois negava-se a caçar em grupo, sendo acompanhado apenas dos cachorros que havia herdado do pai, antigo e lendário caçador. Mas Sinaportar guardava um segredo da aldeia: ele não era caçador e dependia totalmente dos cães para capturar as presas. Certo dia, inesperadamente, os cães passam a se negar a caçar. Diante disto, Sinaportar deverá resolver a situação antes que o seu segredo seja revelado. Carlos retrata a trajetória do crescimento humano com temas que abrem discussões sobre as consequências das mentiras e o individualismo. “Este conto talvez seja a mais importante de todas as lições: que é saber aprender das ações dos outros do que querer ser melhores do que eles”, relatou o autor. As esculturas de Lipanga desenvolvem as dinâmicas do enredo e estampam as tradições artísticas moçambicanas.

Ilustração de Emanuel Lipanga

 

OS AUTORES

ADELINO TIMÓTEO Nascido em 1970, na Beira, Adelino Timóteo é jornalista, artista plástico e escritor, destacando-se os livros Viagem à Grécia através da Ilha de Moçambique (Poesia, edição da Ndjira, do Grupo Leya – prêmio Nacional Revelação AEMO) e Dos Frutos do Amor e Desamores até à Partida (Poesia, 2011, Alcance Editores – prêmio BCI-2011). Como artista plástico, Adelino realizou várias exposições individuais de artes, tanto em Moçambique quanto no estrangeiro.

CARLOS DOS SANTOS Nascido em 1962, em Lourenço Marques, hoje Maputo, capital do país, Carlos dos Santos é profissional da educação desde 1981 e formado em Psicologia e Pedagogia (1989-1994) pela Universidade Pedagógica de Maputo. Carlos tem artigos publicados em vários jornais de seu país, além de poemas com o pseudônimo de Nyama.

OS ARTISTAS

SILVA DUNDURO Nascido em 1964, no distrito de Buzi, província de Sofala, Silva Dunduro é Ministro da Cultura e Turismo de Moçambique e vive em Maputo, capital do país. Entre 2008 e 2009, fez estudos de Mestrado no Brasil e trabalhou com a pintora Maria Do Karmmo, em seu atelier, no Rio de Janeiro. Desde 2012 tem participado de várias exposições coletivas em Moçambique (Beira, Chimoio, Maputo e Tete) e no estrangeiro (Itália Namíbia, Portugal, Suécia, entre outros). 

EMANUEL LIPANGA Nascido em Nangade, Cabo Delgado, em 1967, Emanuel Lipanga estudou na Tanzânia, em Ntwara. Em 1982, Lipanga foi para Dar es Salaam, onde aprendeu com o seu tio o ofício de escultor. Participou da Exposição de Artes da TDM (Telecomunicações de Moçambique), em 2001. além de já ter apresentado o seu trabalho artístico na China, em 2008.

CONTOS DE MOÇAMBIQUE

A série Contos de Moçambique surgiu da colaboração entre a Escola Portuguesa de Moçambique e a Fundació Contes pel Món, de Barcelona, Espanha. A Editora Kapulana fez uma parceria com a Escola Portuguesa de Moçambique para publicar no Brasil a coleção, com o objetivo de apresentar ao leitor brasileiro um pouco da cultura moçambicana. A série é composta por dez volumes de contos da tradição oral de Moçambique. São histórias recontadas por renomados escritores e ilustradas por artistas de diversas expressões, como pintura, desenho, escultura, batique e artesanato.

Para conhecer mais sobre as publicações anteriores, acesse o site da editora: www.kapulana.com.br.

Publicado em

Últimos dias: Submissão de originais para a Kapulana

A Editora Kapulana está ampliando o seu catálogo para a publicação de autores brasileiros. A linha editorial da Kapulana prioriza obras que tratem de questões marginalizadas, tais como questões raciais, de gênero, de sexualidades e de minorias sociais. Os gêneros e estilos podem ser diversos: romances, contos, crônicas, poemas, biografias, adultos, infantis e juvenis. O envio de originais deverá ser feito via formulário até o dia 31 de março.  Clique aqui e leia o regulamento.

Atualmente, o catálogo da editora é composto por livros de ficção e científicos, para adultos e crianças, em prosa e poesia. Os escritores e colaboradores são de países como Brasil, Angola, Moçambique, Nigéria, Portugal, Quênia e Zimbábue. 

 

Saiba mais: http://www.kapulana.com.br/seja-nosso-autor-aberto/

 

Publicado em

Ana Mafalda Leite, escritora e pesquisadora, participa de eventos no Brasil

Em fevereiro e março deste ano, a professora da Universidade de Lisboa e escritora portuguesa Ana Mafalda Leite participou de palestras com lançamento de seu novo livro de poemas

Ana Mafalda Leite, pesquisadora, professora, ensaísta e poeta, autora de ensaios e de livros de poesia veio ao nosso país para participar de palestras, cursos e sessões de lançamento de seu mais novo livro: Outras fronteiras: fragmentos de narrativas, da Editora Kapulana.

Em 27 e 28/02/2018, Ana Mafalda Leite participou de ciclo de debates sobre o Cinema da Guiné Bissau e fez palestra com leitura de poemas de seu novo livro, com sessão de autógrafos. O evento foi promovido Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e contou com a presença da curadora Profa. Dra. Carmen Tindó Secco e da Profa. Dra. Rosana M. Weg, diretora da Kapulana.

 Na semana de 5 a 10 de março, a escritora participou de atividades promovidas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (UFRS), como palestras, cursos e, no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, fez o lançamento com sessão de autógrafos de seu livro Outras fronteiras: fragmentos de narrativas. O evento foi promovido pela Escola de Humanidades e organizado pelo Prof. Paulo Ricardo Kralik Angelini.

No dia 13 de março, a escritora Ana Mafalda Leite participou de atividades na sede da Editora Kapulana, em São Paulo, com gravação de entrevista, leitura de trechos de seu novo livro e sessão de fotos.

A Editora Kapulana agradece à estimada escritora Ana Mafalda Leite, por presença no Brasil e por sua disposição e divulgar a literatura em nossa país.

A Kapulana agradece também à organização da URFJ e da PUCRS, pela oportunidade de participar de eventos literários de tanta importância.

Ainda este ano a escritora voltará ao Brasil a convite de outras instituições universitárias quando terá a oportunidade de participar de novas mesas de debate sobre poesia, sempre com o apoio da Kapulana.

São Paulo, 15 de março de 2018.

Saiba mais sobre o livro: https://www.kapulana.com.br/produto/outras-fronteiras-fragmentos-de-narrativas/

Saiba mais sobre a autora Ana Mafalda Leite: https://www.kapulana.com.br/ana-mafalda-leite/

Veja fotos das atividades: https://www.kapulana.com.br/28-02-a-13-03-2018-ana-mafalda-leite-no-brasil/

Assista aos vídeos com a autora

 

 

 

 

Publicado em

Dia Mundial da Poesia com a Kapulana

Na última quarta-feira (21) comemorou-se o Dia Mundial da Poesia. A data foi criada em 1999, na XXX Conferência Geral da Unesco, com o objetivo de celebrar a leitura e a escrita.

A Kapulana tem o enorme prazer de fazer parte desta celebração com as publicações de obras poéticas de diversas autoras e autores que conduzem os leitores à reflexão da sociedade e os vastos sentimentos do mundo.

A editora selecionou diversos poemas dos livros de seu catálogo para comemorar este dia especial.

 

 
Sangue Negro

de Noémia de Sousa

Súplica

Tirem-nos tudo,
mas deixem-nos a música!

Tirem-nos a terra em que nascemos,
onde crescemos
e onde descobrimos pela primeira vez
que o mundo é assim:
um tabuleiro de xadrez…

Tirem-nos a luz do sol que nos aquece,
a lua lírica do xingombela
nas noites mulatas
da selva moçambicana
(essa lua que nos semeou no coração
a poesia que encontramos a vida)
teirem-nos a palhota – humilde cubata
onde vivemos e amamos,
tirem-nos a machamba que nos dá o pão,
ttrem-nos o calor de lume
(que nos é quase tudo)
– mas não nos tirem a música!

Podem desterrar-nos,
levar-nos
para longes terras,
vender-nos como mercadoria,
acorrentar-nos
à terra, do sol à lua e da lua ao sol,
mas seremos sempre livres
se nos deixarem a música!

Que onde estiver nossa canção
mesmo escravos, senhores seremos;
e mesmo mortos, viveremos,
e no nosso lamento escravo
estará a terra onde nascemos,
a luz do nosso sol,
a lua dos xingombelas,
o calor do lume,
a palhota onde vivemos,
a machamba que nos dá pão!

E tudo será novamente nosso,
ainda que cadeias nos pés
e azorrague no dorso…
E o nosso queixume
será uma libertação
derramada em nosso canto!
– Por isso pedimos,
de joelho pedimos.
Tirem-nos tudo…
mas não nos tirem a vida,
não nos levem a música!

(04/01/1949)

 

 

Mesmos barcos ou poemas de revisitação do corpo

de Sangare Okapi

 

cardume de beijos

Teu corpo tem litoral
e mangal

A brisa, que
da boca escapa
alguma linguagem
marinha

e

oral, me devolve
o cardume de beijos

 

 

Viagem pelo mundo num grão de pólen e outros poemas

de Pedro Pereira Lopes

 

A ilha é um mundo

A ilha é um mundo,
uma bolha de terra
sentada na água

Uma bolha de areia em pilha.
A ilha que brilha
a água que molha.

Sobre o mar como folha
a bolha que é ilha
o vento embrulha.

A bolha que borbulha
a água empilha e molha
a folha que brilha,
a ilha.

 

 

 

Outras fronteiras: fragmentos de narrativas

de Ana Mafalda Leite

 

A lenda da criação

No princípio havia chauta [deus] e a terra parada

um dia um relâmpago imenso desenhou nos céus

a chuva

que trouxe à terra o homem e todos os animais

Pousaram nos planaltos da marávia e da angónia

no topo da montanha de domué

deus, os homens e os animais

as rochas ainda mostram as antigas pegadas, uma cesta uma enxada e um pilão

em harmonia sagrada

 

 

 

Roda das Encarnações

de Sónia Sultuane

A fome, com cara de menino, tocou-me
os pés e o coração. A fome, no corpo faminto
de um bebé inocente,
sem idade ainda para entender
esse karma que carrega
nem para saber que cada vida exige
uma profunda aprendizagem da alma
neste universo
onde milhões de pessoas por vezes
são iludidas, sem se aperceberem
que ela se mascara de várias maneiras
e inúmeras vezes até
com cara de bebé

 

 

 

O cão na margem

de Luís Carlos Patraquim

O olho
intrusivo

o que vês na paisagem
se houvesse

e
dizes a palavra
muda

há uma savana anjo
que te redime

ela
pietá
a invisível árvore

e tu
filho de nada
no seu colo

 

 

de terra, vento e fogo

de Lica Sebastião

Os poemas não revelam tudo
Faltam sempre as metáforas perfeitas
para descrever a tua respiração
entre o sono e o sonho.

As palavras não cabem todas nos dicionários.
Algumas escapam à caçada Académica dos lexicólogos.
E eu que precisava tanto do sinónimo para o teu gesto
a compor-me as tranças, sorrindo…

Os poemas não são tão maravilhosos assim.
Queria que dissipassem a minha fúria quando te censuro
só porque me trazes rosas e não margaridas,
só porque estás inseguro e eu altiva,
só porque não és o Hércules, apenas tu

 

 

Sonho da Lua

de Sílvia Bragança

 

Queria nascer como a Lua

Queria nascer como a Lua
Ao toque do anoitecer
uma bola prateada
rolando… rolando…

segredos escondidos
quantos os tenho eu!

Segredos escondidos
quantos os tenho eu!
À Lua os entrego

Para serem seus
Para serem seus
Para serem seus

Correi, correi para as montanhas
levai tranquila a verdade
que ela perdure
por toda a eternidade

 

 

 

Canções do caos – Vozes brasileiras

de Adriana CecchiAna Júlia BaldiAndrea Lucia Barros e Marcella Barbieri

 

Maçaneta

(Adriana Cecchi)

Acho que escrevi um texto pensando em você
Eu juro, ainda não sei o que isso quer dizer

Comecei a te ver em todos os lugares
Doa mais improváveis até
Ruas, ônibus, shoppings e bares

Pense que coisa louca, até na parede eu vi o seu rosto
Mas nada me abalou mais quando, de repente, da sua boca eu senti o gosto

Por isso, antes que qualquer coisa aconteça
Deixo este bilhete pendurado na sua maçaneta
Peço que leia e não se aborreça

Não tem erro, vocâ vai ver
Passando alguns dias, é certo
irá me esquecer

 

Existência

(Ana Júlia Baldi)

Penso que existo
E a cabeçadós, a alma pesa

Mandaram-me viver
E eu não soube recusar

Agora que já sou eu
Possoser um outro?
Tenho a mim
Mas a mim não desejo

Vivo assim, sendo.
Não sei não ser
Ainda que eu queira
Querer saber não ser

A vida que me deram
Não soube aceitar
Vivo assim, sem a vida
Que todos me esperaram acreditar

 

 

Somente…

(Andrea Lucia Barros)

Somente você
É capaz de mexer na ferida
Que insiste em sangrar
Aberta em meu peito
Deixa à vista o coração
Mostrando todas as veias
Que me fazem
Perder a razão
Enlouquecer em pensar
Que me deixaste
Estenda-me a mão
Mostre-mea esperança
Revele-me teu sorriso
Quebre minhas defesas
Busque o melhor de mim
Encontre o amor
Enfim, pronto para ser…
… Somente seu.

 

 

Ponto final

(Marcela Barbieri)

Qurendo chorar por tudo, mas chora por nada.

Desenvolvendo uma nova personalidade para disfarçar aquela que ninguém quer conhecer.

Contandocada respiração, torcendo para que o ar que vem de fora acalme o caos que está por dentro.

Ouvindo a música como se a melodia fosse capaz de consertar o aperto no peito.

Pensando em como acabar com a ansiedade, sem saber o porquê de ter começado.

 

 

Publicado em

Kapulana participou da Mostra de Literatura Negra em São Paulo e lançou dois novos volumes da série ‘Contos de Moçambique’

A Editora Kapulana participou, de 16 a 18 de março, da Mostra de Literatura Negra – Ciclo Contínuorealizada na Galeria Olido, centro de São Paulo.

Durante a mostra, aconteceu o lançamento dos volumes 7 e 8 da série de livros infantis Contos de MoçambiqueNa aldeia dos crocodilos, de Adelino Timóteo, e O caçador de ossos, de Carlos dos Santos.  Integram nas páginas das obras as pinturas a óleo de Silva Dunduro e as esculturas maconde de Emanuel Lipanga.

Para apresentar as obras, os artistas Mariana Rhormens e Marcial Macome preparam uma performance por meio de música, representação cênica, manipulação de bonecos e teatro de sombras. O espetáculo ocorreu na Sala Vermelha e contou com um público de diversa faixa etária.

 

A série Contos de Moçambique surgiu da colaboração entre a Escola Portuguesa de Moçambique e a Fundació Contes pel Món, de Barcelona, Espanha. A Editora Kapulana fez uma parceria com a Escola Portuguesa de Moçambique para publicar no Brasil a série, com o objetivo de apresentar ao leitor brasileiro um pouco da cultura moçambicana. Composta por dez volumes de contos da tradição oral de Moçambique, são histórias recontadas por renomados escritores e ilustradas por artistas de diversas expressões, como pintura, desenho, escultura, batique e artesanato. 

São Paulo, 22 de março de 2018.

Veja fotos do eventoKapulana lança “Na Aldeia dos Crocodilos” e “O caçador de ossos”, na Mostra de Literatura Negra, na Galeria Olido, em São Paulo, SP

Saiba mais:

Publicado em

Literatura colonial: a presença moçambicana, por Rosana M. Weg

“Contudo, apesar da atitude de desconfiança ou de rejeição que gerou, a literatura colonial é um fato consumado.” (NOA, Francisco. Império, mito e miopia: Moçambique como invenção literária. São Paulo: Kapulana, 2015, p. 39.)

Francisco Noa, moçambicano, é Doutor em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa pela Universidade Nova de Lisboa, de Portugal. Ensaísta e professor de Literatura Moçambicana na Universidade Eduardo Mondlane (Maputo, Moçambique), é atualmente Reitor da Universidade Lúrio (UniLúrio), também em Moçambique. Estuda colonialidade, nacionalidade e transnacionalidade literária, a literatura como conhecimento e o diálogo intercultural no Oceano Índico, a partir da literatura. É autor de artigos e livros de análise e crítica literária[i]. Dentre eles, Império, mito e miopia: Moçambique como invenção literária, livro que ora destacamos.

A obra no espaço e no tempo

Sua tese de Doutoramento “Literatura Colonial. Representação e Legitimação – Moçambique como invenção literária, defendida em 2001, deu origem à edição portuguesa de Império, mito e miopia: Moçambique como invenção literária (2002).  Em 2015, a Editora Kapulana publicou a primeira edição brasileira. A grafia foi adaptada para a versão brasileira da língua portuguesa em conformidade com o acordo ortográfico em vigor, com exceção das citações, que tiveram sua grafia original preservada.

O todo e as partes

Na Introdução, o leitor é apresentado ao foco da análise que encontrará pela frente. O autor destaca o caráter multifacetado e problemático do tema que escolheu tratar: a literatura colonial em Moçambique.  No capítulo I, “Literatura colonial: enquadramento teórico e periodológico”, o escritor expõe os conceitos que norteiam sua pesquisa, o contexto em que ela se insere e o objeto de seu trabalho. Nos capítulos seguintes, o grande tema Representação é analisado a partir dos romances elencados, segundo aspectos como a verossimilhança, a representação do espaço, a representação do tempo, figuras, papéis e vozes, culminando com a legitimação do texto frente à crítica.

[…]

Leia o artigo na íntegra em:

Revista de Estudos Avançados. v. 31, no. 89. São Paulo, jan./abr. 2017. p. 465-468.

versão impressa ISSN 0103-4014

versão On-line ISSN 1806-9592: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142017000100465&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

versão em pdf: http://www.scielo.br/pdf/ea/v31n89/0103-4014-ea-31-89-0465.pdf

Saiba mais sobre Francisco Noa: https://www.kapulana.com.br/francisco-noa/

 

Conheça as obras do autor publicadas pela Kapulana

Perto do fragmento, a totalidade: https://www.kapulana.com.br/produto/perto-do-fragmento-a-totalidade-olhares-sobre-a-literatura-e-o-mundo/

Império, mito e miopia, Moçambique como invenção literáriahttps://www.kapulana.com.br/produto/imperio-mito-e-o-miopia-mocambique-como-invencao-literaria/ 

Uns e outros na literatura moçambicana: https://www.kapulana.com.br/produto/uns-e-outros-na-literatura-mocambicana/

Assista abaixo uma entrevista com o escritor:

Publicado em

Kapulana lança em São Paulo dois volumes da série ‘Contos de Moçambique’

A série, originalmente publicada em Moçambique, apresenta histórias orais recontadas por renomados escritores e ilustradas por artistas de reconhecimento internacional

A Editora Kapulana estará presente na Mostra de Literatura Negra – Ciclo Contínuo, que acontecerá entre os dias 16 e 18 deste mês, com descontos nas vendas dos livros do catálogo. Durante a mostra, será realizado o lançamento dos volumes 7 e 8 da série de livros infantis Contos de Moçambique, que são Na aldeia dos crocodilos, de Adelino Timóteo, e O caçador de ossos, de Carlos dos Santos.  Integram nas páginas das obras as pinturas a óleo de Silva Dunduro e as esculturas maconde de Emanuel Lipanga.

O evento ocorrerá no domingo (18), às 11h00, no Centro Cultural Olido, na Sala Vermelha.  Para apresentar as obras, os artistas Mariana Rhormens e Marcial Macome realizarão uma performance teatral, a partir de música, representação cênica e manipulação de bonecos. O espetáculo é aberto a todo público.

‘O caçador de ossos’, arte de Emanuel Lipanga

OBRAS

Na aldeia dos crocodilos (Vol. 7) –  A aldeia dos crocodilos fica na beira do rio, onde tudo que é semeado, cresce. Lá vivem Mandoguinhas e seu avô Boaventura, que conta ao neto que os crocodilos que ficam na beira das águas não são animais, mas, sim, gente. Quando o avô desaparece, Mandoguinhas tem que desvendar o mistério dos crocodilos.

O caçador de ossos (Vol. 8) – Sinaportar era um grande caçador, porém, se negava a caçar em grupo; ia sempre à caça apenas com seus cachorros. O que ninguém sabe é que ele depende dos cães para abater qualquer animal. Quando os cães passam a se negar a caçar, Sinaportar deve resolver esse problema antes que o seu segredo seja revelado.

 

‘Na aldeia dos crocodilos’, arte de Silva Dunduro

A série Contos de Moçambique surgiu da colaboração entre a Escola Portuguesa de Moçambique e a Fundació Contes pel Món, de Barcelona, Espanha. A Editora Kapulana fez uma parceria com a Escola Portuguesa de Moçambique para publicar no Brasil a série, com o objetivo de apresentar ao leitor brasileiro um pouco da cultura moçambicana. Composta por dez volumes de contos da tradição oral de Moçambique, são histórias recontadas por renomados escritores e ilustradas por artistas de diversas expressões, como pintura, desenho, escultura, batique e artesanato. 

Para conhecer mais sobre as publicações anteriores, acesse o site da editora: www.kapulana.com.br.

 

‘O caçador de ossos’, arte de Emanuel Lipanga

 

ARTISTAS

MARIANA RHORMENS – é atriz graduada em Artes Cênicas pela Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, doutoranda e mestra no Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena na UNICAMP com o projeto intitulado “Um olhar sobre as máscaras de Mapiko: apropriação técnica, simbólica e criativa da máscara”, com orientação de Matteo Bonfitto Júnior. Com a Kapulana, Mariana participou de diversas apresentações, como no lançamento de O rei mocho, de Ungulani Ba Ka Khosa e nas contações das obras O caso de Pedro e Inês(quecível) até o fim do mundo, de Francisco Maciel Silveira, e das performances literárias das obras A triste história de Barcolino, Mesmos barcos e Orgia dos loucos.

MARCIAL MACOME – Ator e jornalista moçambicano, concluiu licenciatura em teatro na Escola de Comunicação e Arte, da Universidade Eduardo Mondlane. Com vasta carreira teatral, Macome encenou o livro O gato e o escuro, de Mia Couto, e as peça Naque ou o de actores e piolhos, de Sanchis Sinisterra, A mãe, de Bertolt Brecht, Antígona, de Sofocles, entre outras.  Escreveu e encenou lobolo do Cadaver, em 2016. Macome é membro fundador da ASSITEJ – Moçambique (Associação internacional de Teatro para jovens e Adolescentes), também trabalha como diretor de dança.

Mariana Rhormens e Marcial Macome

 

Lançamento dos livros ‘Na aldeia dos crocodilos, de Adelino Timóteo, e ‘O caçador de ossos’, de Carlos dos Santos.

Data: domingo, 18 de março

Hora: das 11:00 às 12:00

Local: Centro Cultural Olido – Sala Vermelha (Av. São João, 473. São Paulo, SP)

‘Na aldeia dos crocodilos’, arte de Silva Dunduro
Publicado em

ROSANA MORAIS WEG

ROSANA MORAIS WEG, brasileira, é Mestre e Doutora em Letras Clássicas pela Universidade de São Paulo, com ênfase em Literatura Brasileira e Língua Portuguesa. Sua pesquisa principal é sobre a obra do escritor brasileiro Aníbal Machado. Dedica-se à pesquisa de obras de escritores africanos para divulgá-los no Brasil.
De 1982 a 1987, em Moçambique, foi professora na EFEP – Escola de Formação de Professores (hoje IPM – Instituto Pedagógico de Maputo) e delegada na Cruz Vermelha Internacional.
De 1987 a 2016 dedicou-se à docência, e de 2003 a 2016, foi professora da Fundação de Rotarianos de São Paulo – Faculdades Integradas Rio Branco em cursos de Comunicação Social e Pedagogia.
Desde 2013, é sócia e diretora editorial da Editora Kapulana Ltda., que tem em seu catálogo obras ficcionais e não ficcionais, em prosa e poesia, para crianças e adultos, de autores brasileiros, portugueses e de países africanos de língua portuguesa e de língua inglesa.
É autora de artigos e livros sobre Língua Portuguesa, Literaturas e Metodologia Científica.

OBRAS PUBLICADAS

  • Literatura colonial: A presença moçambicana. Revista do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, n. 89, maio 2017. Impressa e on-line: http://www.iea.usp.br/revista/edicoes
  • Português na prática: a língua como instrumento, v. 1, Contexto, 2011.
  • Português na prática: a língua como expressão e criação, v. 2, Contexto, 2011.
  • O texto científico: como fazer projetos, artigos, relatórios, memoriais, trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses e participar de eventos científicos, Cia. dos livros, 2010.
  • O texto acadêmico: projeto de pesquisa e monografia, Esfera, 2009.
  • Acordo ortográfico da língua portuguesa no Brasil: alterações na ortografia de expressão brasileira, Esfera, 2008.
  • Fichamento. São Paulo: Paulistana, 2006. [Col. Aprenda a fazer]

TRABALHOS ACADÊMICOS

  • Caos e catástrofe na obra de Aníbal Machado. Tese de Doutorado. São Paulo: FFLCHUSP, 1997.
  • Aníbal Machado em seu tempo. Dissertação de Mestrado. São Paulo: FFLCHUSP, 2002.
Publicado em

Dia Internacional da Mulher: conheça as autoras e ilustradoras da editora Kapulana

Neste Dia Internacional da Mulher, a Kapulana faz uma homenagem para todas as autoras e ilustradoras que fazem parte da história da editora.

São dezenove mulheres que promovem, por meio das palavras e artes, as diversas manifestações culturais, inspirando gerações e apresentando reflexões sobre a representatividade, passando para as questões políticas, econômicas e sociais.
A Kapulana tem o orgulho de publicar as obras de incríveis mulheres, as escritoras:

Adriana Cecchi, Ana Júlia Baldi, Ana Mafalda Leite, Andrea Lúcia Barros, Carolina Mondin, Kely de Castro, Lesley N. Arimah, Lica Sebastião, Marcella Barbieri, Maria Celestina Fernandes, Noémia de Sousa, Rutendo Tavengerwei, Sílvia Bragança, Sónia Sultuane e Tatiana Pinto.
E as ilustradoras:
Amanda de Azevedo, Brunna Mancuso, Filipa Pontes e Mariana Fujisawa.
Confira as obras publicadas pela editora:

Canções do caos – Vozes brasileiras
de Adriana Cecchi, Ana Júlia Baldi, Andrea Lucia Barros e Marcella Barbieri
É uma coletânea de textos poéticos contemporâneos de quatro escritoras brasileiras da atualidade, com idades, gostos e talentos diferentes. Fazem parte dessa preciosa antologia poemas em versos e poemas em prosa, sobre amor, solidão, depressão, adversidades e esperanças vivenciadas ou testemunhadas por jovens mulheres.

 

Roda das Encarnações
de Sónia Sultuane
A poeta moçambicana Sónia Sultuane emociona o leitor ao revelar suas impressões mais profundas, como mulher, mãe, poeta e trabalhadora. Os poemas levam o leitor por um universo sensorial e místico em que as vivências espiritual e terrena se misturam, numa viagem por Moçambique, pela Índia e pelo interior vivo e profundo da poeta.

 

Sangue Negro
de Noémia de Sousa
A obra de Noémia de Sousa, chamada “Mãe dos poetas moçambicanos”, é composta por 46 poemas, escritos entre 1948 e 1951, que representam a resistência da mulher africana e dos povos da África.

 

 

 Kambas para sempre
e Kalimba
de Maria Celestina Fernandes 

Kambas para sempre Lueji é uma menina brasileira e afrodescendente, com nome de rainha. Ela gosta de ouvir as histórias da avó, que narra os episódios contados por seus bisavós, que foram trazidos ao Brasil em navios negreiros. Nesta história, Lueji passa por diversos momentos de preconceito, porém, ao final, descobre o valor da amizade e a importância de celebrar as diferenças. Com imagens coloridas, Mariana Fujisawa ilustra os momentos vividos pela menina Lueji.

Kalimba É a história do menino angolano Kababo e seu pássaro Kalimba. Acompanhe as aventuras dos dois amigos por aldeias angolanas no continente africano, onde eles conhecem pessoas e animais e aprendem diversas lições. As ilustrações da brasileira Brunna Mancuso levam o leitor a um mundo mágico em que a criança e o pássaro vencem desafios e ajudam uma comunidade em momentos de dificuldade.

 

 

  
A viagem

de Tatiana Pinto
Na obra, Masud e Wimbo tinham dois filhos, Agot e Mbuio, e uma filha, Inaya, que deseja ter o mesmo tratamento que seus irmãos. Ela sai de sua aldeia para salvá-los em outra cidade. Durante seu caminho, descobre sua força e coragem. Luís Cardoso usa diversas técnicas para dar vida aos bonecos tradicionais de Tomás Muchanga, ilustrando belamente esta história moçambicana.

 

Outras fronteiras: fragmentos de narrativas
de Ana Mafalda Leite
O livro é um conjunto de poemas organizados em quatro momentos, em que a poeta viaja por paisagens diversas, que conversam entre si. As viagens começam no interior do eu-lírico e percorrem cenários de Moçambique, em terra e no Índico, repletos de portais, jardins, templos, minaretes, serpentes, flautas mágicas, em um universo em que história e poesia convivem.

 

Serei sereia?
de Kely de Castro
A autora conta a história de Inaê, uma menina que já nasceu com um grande desafio a vencer: o fato de não poder andar. Nessa narrativa, contada pela artista Kely de Castro, Inaê, como todas as crianças, passa por momentos de tristeza, alegria, conflito e tranquilidade. A bordo de sua cadeira de rodas, enfrenta obstáculos e, aos poucos, com o apoio de sua mãe, descobre que pode construir sua própria história.

 

Sonho da Lua
de Sílvia Bragança
Nesta preciosa obra, a escritora Sílvia Bragança, com vasta e profunda vivência em Moçambique, nos oferece dez poemas infantis sobre o universo, apresentando às crianças o mundo que está ao seu redor, visível ou não. As ilustrações da brasileira Amanda de Azevedo enriquecem ainda mais as pequenas joias poéticas de Sílvia sobre a lua, o vento, a chuva, o elefante, a aranha, as flores, os pássaros, o arco-íris e outros elementos da natureza.

 

   Clarinha e Berenice e o Dicionário do Inesperado
de Carolina Mondin
Em um dia chuvoso, Clarinha ganha uma boneca, Berenice. Como não podem brincar lá fora porque está chovendo, as amigas vão para o universo das letrinhas em busca do Sol. Com a ajuda do “Dicionário do Inesperado” e da mochila de Clarinha, enfrentam desafios e um adversário, o Sr. Caos!

 

de terra, vento e fogo
de Lica Sebastião
Coletânea inédita de poemas da escritora moçambicana Lica Sebastião. Em seu primeiro livro publicado no Brasil, a poeta mulher africana, expressa um lirismo incontido quando expõe corajosamente suas alegrias e angústias. Para o título, escolheu três dos quatro elementos da natureza, terra, vento e fogo. O quarto elemento, a água, aparecerá para o leitor durante a leitura desse precioso conjunto de versos.

 

Próximos lançamentos:

O que acontece quando um homem cai do céu
de Lesley Nneka Arimah
Coletânea de doze contos da escritora Lesley Nneka Arimah, que nasceu no Reino Unido, mas foi criada na Nigéria. São histórias contadas majoritariamente de uma perspectiva feminina, e trazem questões como maternidade e relação mãe/filha, sacrifício, feminilidade, amadurecimento e violência. Alguns dos contos apresentam aspectos da literatura fantástica, outros são mais realistas. A autora está em alta, ganhou o “Kirkus Prize”, além de o livro estar em várias listas de mais lidos e mais recomendados de 2017. A Kapulana lançará o livro neste semestre.

Esperança para voar
de Rutendo Tavengerwei
O romance conta a história de Shamiso que, após a morte do pai, tem que se mudar do Reino Unido e voltar para o Zimbabwe, e Tanyaradzwa, que tem câncer e recebeu um prognóstico não muito favorável. As duas meninas têm 15 anos e se conhecem na escola-internato onde estudam, formando uma amizade baseada no fato de as duas se sentirem de fora: Shamiso por ser recém-chegada ao país e ter que esconder quem era seu pai, e Tanya por esconder o real estado da sua saúde. O background é político, já que o pai de Shamiso era um jornalista que denunciava a realidade do seu país natal, e há rumores de que ele foi assassinado. É uma história sobre amizade, luto e superação.

Publicado em

BINYAVANGA WAINAINA

BINYAVANGA WAINAINA nasceu em Nakuru, Quênia, em 18 de janeiro de 1971. Faleceu em 21 de maio de 2019, em Nairobi, Quênia.

Leitor de livros e lugares, palavras e pessoas, Binyavanga estrutura seu mundo através da linguagem. Sempre na margem e olhando para dentro, teve dificuldade para se encaixar nos padrões estipulados da sociedade. Estudou Economia na África do Sul, mas desistiu do curso, lendo vorazmente e fazendo trabalhos temporários até perceber que sua vocação era, de fato, a escrita.

Seu texto “Discovering home”, sobre uma viagem com a família para Uganda, ganhou o “Caine Prize for African Writing”, em 2002, importante prêmio que reconhece o talento e a promessa de autores africanos de língua inglesa. Em 2008, o ensaio “How to write about Africa”, uma sátira sobre as armadilhas nas quais autores caem ao escrever sobre o continente africano, ganhou reconhecimento mundial. One day I will write about this place, seu livro de memórias, foi publicado em 2011, cimentando a carreira do queniano como escritor.

Em janeiro de 2014, após uma série de leis anti-homossexualidade terem sido aprovadas na África, Binyavanga escreveu o texto “I am a homosexual, Mum”, no qual reinventa os eventos da morte da mãe, imaginando como teria sido lhe contar que é um homem gay. O texto, nomeado pelo autor como um “capítulo perdido” de suas memórias publicadas em 2011, saiu inicialmente no site Africa is a country, e posteriormente foi publicado também no The Guardian e outros veículos da grande imprensa.

No mesmo ano, Binyavanga foi eleito uma das 100 pessoas mais influentes do ano pela revista TIME, devido à sua coragem em se assumir como um africano gay, residente do Quênia, onde “atos sexuais entre homens” são considerados ofensas criminais. Sua amiga de longa data Chimamanda Ngozi Adichie escreveu o perfil publicado na revista.

Em 1º de dezembro de 2016, Dia Mundial de Combate à AIDS, o autor assumiu, em seu perfil do Twitter, que é HIV positivo e vive muito bem.

Binyavanga Wainaina é um defensor incansável da África, do poder do continente africano a partir de suas raízes e seu povo. O autor se considera pan-africano, e não acredita nas divisões imaginadas impostas pelos colonizadores: a África, para ele, é um país. Em 2003, junto com outros escritores e artistas, criou o projeto/site Kwani?, que encontra patrocínios para publicar e divulgar as vozes de artistas africanos que não recebem espaço em premiações e na mídia mundial. Além disso, fala abertamente sobre questões referentes à realidade LGBTQ+ na África e como ela difere significativamente da realidade enfrentada por indivíduos LGBTQ+ em países ocidentais. Em seus dois TED Talks, “The reality constructed by stories” e “Conversations with Baba”, Binyavanga fala exatamente dessas questões.

OBRAS DA KAPULANA

 OUTRAS PUBLICAÇÕES

  • 2002 – “Discovering home”. Kwanini? Series. Online. Nairóbi: Kwani Trust (2006): <https://planetbinya.files.wordpress.com/2017/08/discovering-home-binyavanga-wainaina.pdf>
  • 2004 – Beyond the River Yei: Life in the Land Where Sleeping is a Disease. Nairóbi: Union Printing Section.
  • 2005 – Discovering Home: A Selection of Writings from the 2002 Caine Prize for African Writing (Caine Prize for African Writing series). Joanesburgo: Jacana Media.
  • 2006 – “How to write about Africa”. Granta Magazine, n. 92, Jan. 19, 2006: <https://granta.com/how-to-write-about-africa/>
  • 2008 – How to write about Africa. Kwanini? Series. Nairóbi: Kwani Trust.
  • 2011 – One day I will write about this place: A memoir, Graywolf Press: Minneapolis.
  • 2014 – “I am a homosexual, Mum”. In: Africa is a country. 19 jan. 2014: <https://africasacountry.com/2014/01/i-am-a-homosexual-mum/>.

PRÊMIOS

  • 2002 – Caine Prize for African Writing, por “Discovering home”.
  • 2014 – TIME 100 Most Influential People of 2014.
Publicado em

MIA COUTO

MIA COUTO

Nasceu em 1955, na cidade da Beira, em Moçambique.

Em 1972 foi para Lourenço Marques, hoje Maputo, capital de Moçambique, para estudar Medicina, mas não terminou o curso. Nos anos 70 dedicou-se ao trabalho de jornalista em diversos órgãos de informação.

Voltou aos estudos universitários e formou-se em Biologia, passando, então a exercer atividades como biólogo e escritor.

Está traduzido em mais de 30 idiomas e recebeu importantes prêmios, nacionais e internacionais, como o Prémio Camões, que recebeu em 2013.

Desde 1987, colabora com grupos de teatro, havendo múltiplas adaptações de contos e romances para teatro e cinema, tanto em Moçambique como no estrangeiro.

Da sua vasta e rica obra destaca-se o romance Terra sonâmbula que foi considerado um dos 12 melhores romances africanos do século XX.

OBRAS DA KAPULANA

pátio das sombras, Contos de Moçambique, v. 10, 2018.

OUTRAS PUBLICAÇÕES

É autor de muitos livros, dentre os quais:

  • Raiz de orvalho e outros poemas (poesia), 1983.
  • Terra sonâmbula (romance), 1992.
  • Estórias abensonhadas (contos), 1994.
  • O último voo do flamingo (romance), 2000 .
  • O pátio das sombras. Maputo: Escola Portuguesa de Moçambique; Barcelona: Fundació Contes pel Món, 2009.
  • Tradutor de chuvas (poesia), 2011.
  • A confissão da leoa (romance), 2012.
  • Inundação (conto), 2014.
  • Mulheres de cinzas (trilogia “As areias do Imperador”) (romance), 2015.
  • A espada e a azagaia (trilogia “As areias do Imperador”) (romance), 2016.
  • O bebedor de horizontes (trilogia “As areias do Imperador”) (romance), 2017.
  • A água e a águia. (infantil), 2018.

PRÊMIOS, DESTAQUES E PARTICIPAÇÕES

  • Prémio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos, 1995.
  • Prémio Vergílio Ferreira, pelo conjunto da sua obra, 1999.
  • Prémio Mário António, pelo livro O último voo do flamingo, 2001.
  • Associação dos Escritores Moçambicanos (melhor romance), 2004.
  • Prémio União Latina de Literaturas Românicas, 2007.
  • Prêmio FNLIJ Literatura em Língua Portuguesa, 2009.
  • Prémio Eduardo Lourenço, 2012.
  • Prémio Camões , 2013.
  • Neustadt International Prize for Literature, 2014.
  • Man Booker International Prize (finalista), 2015.
Publicado em

Um clássico moçambicano de volta ao Brasil – por Jorge Vicente Valentim

É sempre com alegria e satisfação, quando me deparo com edições brasileiras de autores de língua portuguesa de outros países, sobretudo, se estes se encontram praticamente fora de alcance das mãos e do alcance dos leitores. Por isso, falar desta nova edição da Editora Kapulana de um dos textos mais paradigmáticos da literatura moçambicana, para mim, constitui um prazer inestimável.

Obra de visita obrigatória para aqueles que se dedicam ao estudo das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa (e faço, aqui, uma ressalva importante, talvez a única à presente edição, porque estamos lidando com sistemas literários distintos e, por isso, é urgente que o plural seja respeitado e usado: literaturas africanas), o texto de Luís Bernardo Honwana possui uma riqueza tão singular, que ele pode também ser acessado por leitores menos acostumados aos universos culturais dos países do continente sem qualquer tipo de prejuízo à mensagem e à compreensão dos elementos essenciais para sua absorção.

Publicado pela primeira vez em 1964, sob a chancela da Sociedade de Imprensa de Moçambique, Nós matamos o Cão Tinhoso! constitui um daqueles autênticos casos de um texto clássico, naquele mesmo sentido empregado pelo ensaísta italiano Ítalo Calvino. E se chamo a obra de Honwana assim é porque compreendo, agora, a sua releitura como uma “leitura de descoberta como a primeira”, exatamente porque se trata de um “livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer” (CALVINO, 2004, p. 11). E já chego a este ponto para justificar a minha afirmação.

Ao lado de outros textos contemporâneos seus – como Luuanda (1963), do angolano Luandino Vieira, e O galo que cantou na baía (1959), do cabo-verdiano Manuel Lopes –, a coletânea do escritor moçambicano faz parte de um elenco ficcional de toda uma geração singular e sensível de escritores que conseguiram representar os aspectos culturais mais distintos dos seus países, sem perder de vista uma intensa e crítica (e diria até, em alguns momentos, ácida) visão do cenário político, econômico e social dos seus espaços de origem e pertença. Vale lembrar, neste sentido, que o título de Honwana, anos depois de sua publicação em Moçambique, ganhou, em 1969, uma tradução inglesa (de Dorothy Guedes), sob a chancela da renomada editora Heinneman, num momento em que a guerra de libertação recrudescia no território moçambicano e a luta contra o domínio colonial aumentava o clima de tensão nos espaços ocupados por Portugal. Não à toa, portanto, que esta mesma obra ganha, em 2017, uma merecida reedição brasileira, com novas cores, novos desenhos e nova configuração.

Mas em que esta nova publicação se diferencia de sua primeira versão brasileira, de 1980, na antiga (e saudosa!) coleção “Autores Africanos”, da Editora Ática? Com um projeto gráfico e uma capa, assinados por Amanda de Azevedo e Mariana Fujisawa, a obra de Honwana rapidamente cativa o leitor pelo seu primeiro impacto visual, repetido, aliás, num singelo marcador de livros, com as mesmas imagens. E, ainda, importante é a composição bem estruturada desta nova publicação, com os textos originais da 1ª edição mais a inclusão de um inédito do autor (“Rosita, até morrer”) num índice muito bem distribuído, não deixando o leitor, portanto, sem saber o conteúdo formador da obra (como ocorre, por exemplo, com aquela versão anterior acima referida), além de mostrar que o autor ainda se encontra em plena produtividade.

Para além destes pormenores, há uma rica informação editorial do histórico da obra de Honwana, acompanhada de uma esclarecedora nota biobibliográfica e um posfácio muito didático e ilustrativo (“A visão do colonialismo pelos olhos de Luís Bernardo Honwana”), assinado por Vima Lima Rossi Martin, Professora Doutora da FFLCH/USP.

Muitos, porém, devem estar se perguntando, já aqui, por quais razões chamei eu a obra de “clássico”? Certamente pelos dados acima, claro, mas também porque se trata de uma coletânea de contos onde assuntos variados, flagrantes naquele Moçambique dos anos de 1960, são oferecidos abertamente ao leitor. Sem querer roubar o prazer da descoberta para aqueles que vão se debruçar pela primeira vez (até porque o lúcido prefácio de Vima Lia esclarece alguns pormenores, conto a conto), menciono, muito sucintamente, alguns destes eixos temáticos privilegiados na obra em questão: as experiências infantis e familiares narradas pela perspectiva de jovens personagens, as injustiças e as fraturas sociais, políticas e econômicas do universo colonial e as dimensões multifacetadas da violência sobre sujeitos subalternizados, são alguns dos elementos recorrentes em Nós matamos o Cão Tinhoso!, de Luís Bernardo Honwana.

Mas, se chamei, no início desta resenha, de “clássico” das literaturas africanas e, muito particularmente, da literatura moçambicana, não será demasiado relembrar as recomendações de Ítalo Calvino, em Por que ler os clássicos?, ao sublinhar que estes “são aqueles livros que chegam até nós trazendo consigo as marcas das leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram” (CALVINO, 2004, p. 11).

Assim também se sucede com Nós matamos o Cão Tinhoso!, de Luís Bernardo Honwana. Se a edição atual da Kapulana retoma (e, em muitos sentidos, revigora de forma mais positiva e acessível) aquela primeira versão brasileira, o texto per se também opera este procedimento. Objeto de estudo de nomes consagrados dos estudos literários africanos, o escritor moçambicano possui leitores competentes, todos eles, é claro, muito anteriores a esta minha breve e despretensiosa leitura. Mas, de todas, quero destacar aqui, talvez, aquela que considero uma das melhores (se não a melhor) e mais refinadas leituras do texto de Honwana (sem querer, é claro desmerecer qualquer um dos nomes da fortuna crítica, em virtude do importante trabalho de recuperação da obra do escritor moçambicano, pois se trata de uma opinião puramente pessoal e particular!). Refiro-me ao “clássico” ensaio da Profa. Dra. Inocência Mata, num texto seu de 1985, republicado em 1992 e 1994, intitulado “O espaço social e o intertexto do imaginário em Nós matamos o cão tinhoso”.

E a minha escolha dá-se por uma razão muito simples. Foi o ensaio que li, logo após o impacto da leitura dos contos de Luís Bernardo Honwana. Nele, Inocência Mata supera as observações recorrentes, que sempre esbarram nas questões de lutas de classe no contexto colonial, e observa de maneira muito sensível e pontual os embates do regime da intolerância, bem como a pertinência da função social dos espaços, o tema do olhar, os estigmas da cor e do gênero, a “eficácia simbólica das constelações míticas” e, sobretudo, aquilo que singulariza o conto que dá nome à coletânea de Honwana, a “consciencialização das diferenças” e “o discurso reiterativo dessa diferença (a cor dos olhos azuis, como a pedir qualquer coisa sem querer dizer, a pele velha e cheia de cicatrizes, a loucura)” (MATA, 1994, p. 111).

Esta, talvez, seja uma das lições deixadas pela obra do escritor moçambicano, que supera qualquer barreira do tempo e de localização espacial, e, nunca cessa de dizer aquilo que nela está registrado. Agora, essa possibilidade de ler e reler o texto encontra-se ao alcance do leitor brasileiro, graças à feliz iniciativa da Editora Kapulana. Num momento em que cresce uma onda de intolerância e de discursos violentos contra as diferenças (de cor, raça, religião e sexualidades), Nós matamos o Cão Tinhoso! não poderia chegar em hora melhor para sensibilizar o leitor, justamente, para aquela “consciencialização das diferenças”. Afinal, não são estas que enriquecem o nosso cotidiano e que, inegavelmente, também fazem parte das raízes de nossa formação identitária?

Por essas razões, no meu entender, o texto de Luís Bernardo Honwana pode, sim, ser considerado um “clássico”. Afinal, ele não nos deixa lições inestimáveis, tão adequadas àquele contexto de um Moçambique dos anos de 1960, mas também igualmente indispensáveis para nós, sujeitos pensantes do/no século XXI? Recebamos, pois, com alegria, satisfação e sensibilidade, esta nova edição deste “clássico”, Nós matamos o Cão Tinhoso! (1964-2017), sob a chancela da Kapulana. E que venham mais. O leitor brasileiro, com certeza, agradece.

São Carlos, fevereiro de 2018.

Prof. Dr. Jorge Vicente Valentim
Professor Associado de Literaturas de Língua Portuguesa (Literaturas Africanas de Língua Portuguesa e Literatura Portuguesa) / Departamento de Letras da UFSCar
Coordenador do GELPA (Grupo de Estudos Literários Portugueses e Africanos) / UFSCar http://lattes.cnpq.br/4427303771174064

Referências bibliográficas:

CALVINO, Ítalo. Por que ler os clássicos. Tradução: Nilson Moulin. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

HONWANA, Luís Bernardo. Nós matamos o cão tinhoso!. São Paulo: Kapulana, 2017.

MATA, Inocência. “O espaço social e o intertexto do imaginário em Nós matamos o cão tinhoso”. In: Literaturas Africanas de Língua Portuguesa. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1994.

Citar como:
VALENTIM, Jorge Vicente. “
Um clássico moçambicano de volta ao Brasil”. Disponível em: https://www.kapulana.com.br/artigos/

Publicado em

RUTENDO TAVENGERWEI

RUTENDO TAVENGERWEI, jovem escritora africana nasceu, cresceu e estudou no Zimbábue, onde morou até os dezoito anos.

Continuou, então, seus estudos na África do Sul, na área de Direito na Universidade de Witwatersrand, onde recebeu o diploma de especialização em Direito Comercial Internacional. Na Suíça, completou um Mestrado no World Trade Institute, Universidade de Berna.

Atualmente, trabalha na Organização Mundial do Comércio, em Genebra. Esperança para voar (Hope is our only wing) é seu primeiro livro de ficção publicado!

OBRAS DA KAPULANA

Esperança para voar (Hope is our only wing). Tradução: Carolina Kuhn Facchin. São Paulo, 2018.

OBRA ORIGINAL

Hope is our only wing. Londres: Hot Key Books, 2018.

Publicado em

Conheça a série de livros infantis ‘Contos de Moçambique’, publicada no Brasil pela Kapulana

A série apresenta histórias tradicionais recriadas com narrativas que revelam os múltiplos universos do país.

Desde 2016, a série Contos de Moçambique vem sendo publicada no país pela Kapulana. Trata-se de um projeto em conjunto com a Escola Portuguesa de Moçambique (EPM), com o objetivo de divulgar no Brasil as histórias das tradições orais moçambicanas. Ao todo serão dez volumes, sendo seis já lançados pela editora e à venda no site .

Originalmente publicados em Moçambique, os livros revelam as riquezas das expressões populares, por meio de contos que inspiram o imaginário infantil e ampliam o conhecimento das culturas africanas. A série apresenta histórias tradicionais recriadas com narrativas que revelam os múltiplos universos do país. Além dos textos, as páginas acompanham ilustrações de artistas moçambicanos e suas diversas manifestações.

AS OBRAS PUBLICADAS PELA KAPULANA

O rei mocho (v. 1), de Ungulani Ba Ka Khosa – No livro, Um pai mostra ao filho como as mentiras surgiram no mundo. Os pássaros escolheram o mocho, por causa dos chifres que tinha na cabeça, para guiá-los em suas tarefas. Até que o homem resolveu intervir, e descobriu a verdade que o mocho escondia. Américo Mavale ilustrou o livro a partir de peças em batique craquelê.

As armadilhas da floresta (v. 2), de Hélder Faife – Na história, homem e leão disputam a liderança na floresta. Cada um faz uso de artimanhas para vencer o outro, até que a disputa é solucionada, de maneira inesperada, com a participação de outro animal: o rato. O artista Mauro Manhiça ilustra majestosamente o conto com desenhos digitais que dão vida às personagens.

A viagem (v. 3), de Tatiana Pinto – Em A viagem, Masud e Wimbo tinham dois filhos, Agot e Mbuio, e uma filha, Inaya, que deseja ter o mesmo tratamento que seus irmãos. Ela sai de sua aldeia para salvá-los em outra cidade. Durante seu caminho, descobre sua força e coragem. Luís Cardoso usa diversas técnicas para dar vida aos bonecos tradicionais de Tomás Muchanga, ilustrando belamente esta história moçambicana.

O casamento misterioso de Mwidja (v. 4), de Alexandre Dunduro – O livro narra a intrigante história de Mwidja e seu irmão Zwiro, também melhores amigos, que passam por uma perigosa aventura e contam com a ajuda de seu amigo flamingo para encontrarem o caminho de volta para casa. Luís Cardoso usa diversas técnicas para dar vida aos bonecos de miçanga de Orlando Mondlane.

Kanova e o segredo da caveira (v. 5), de Pedro Pereira Lopes – No enredo, o mambo de Mopeia não está contente com as coroas em seu guarda-roupa! Ele envia meninos do reino para encontrar materiais para uma nova coroa. Um deles é Kanova, que, com a ajuda de uma caveira falante, passa por aventuras na busca de materiais dignos de uma coroa real. O artista Walter Zand ilustra essa narrativa misteriosa com pintura digital.

Wazi (v. 6), de Rogério Manjate – Na trama, o velho caçador Jhapondo ensina seu neto Wazi a caçar para manter as tradições do clã, mas apresenta uma regra misteriosa. Após a morte do avô, há uma reviravolta da vida de Wazi, que passa a entender a língua dos animais e a viver incríveis aventuras com seu cão Paciência. Celestino Mudaulane ilustra esta narrativa com a nanquim sobre papel.

Na aldeia dos crocodilos (v. 7), de Adelino Timóteo Altamente Recomendável FNLIJ 2019 – Produção 2018 (Categoria: Literatura em Língua Portuguesa). Na obra, a aldeia dos crocodilos fica na beira do rio, numa terra fértil onde tudo que é semeado, cresce. Lá vivem Mandoguinhas e seu avô Boaventura, que conta ao neto que os crocodilos que ficam na beira das águas não são animais, mas, sim, ubuntus – gente. O menino acha que o avô Boa estava alucinando devido à velhice, porém, quando ele desaparece no rio, Mandoguinhas tem que desvendar o mistério dos crocodilos. O livro é ilustrado com as deslumbrantes pinturas a óleo de Silva Dunduro.

O caçador de ossos (v. 8), de Carlos dos SantosAltamente Recomendável FNLIJ 2019 – Produção 2018 (Categoria: Literatura em Língua Portuguesa). No livro, Sinaportar era um grande caçador, reconhecido em sua Aldeia e arredores. Porém, tinha também fama de egoísta, solitário, pois se negava a caçar em grupo; ia sempre à caça sozinho, acompanhado apenas dos cachorros que havia herdado do pai, um lendário caçador. O que ninguém sabe é que Sinaportar não é um grande caçador, dependendo totalmente dos cães para abater qualquer animal. Um dia, inesperadamente, os cães passam a se negar a caçar. Agora, Sinaportar deverá resolver esse problema antes que o seu segredo seja revelado. As esculturas de Emanuel Lipanga desenvolvem as dinâmicas do enredo e estampam as tradições artísticas moçambicanas.

Leona,  a filha do silêncio (v. 9), de Marcelo Panguana Altamente Recomendável FNLIJ 2019 – Produção 2018 (Categoria: Literatura em Língua Portuguesa). Em um lugar de mil encantos, vivem o Leão e a Leoa e sua filha, Leona. Leona é muito bela e encanta a todos que enxergam sua beleza, mas é triste e há muito tempo que não fala nada, nem ri. Um dia, seus pais viajam para um reino distante e, ao retornarem, trazem um vestido de noiva e decretam que aquele que conseguisse fazer Leona falar a levaria ao altar. O que ninguém sabe é que Leona já está apaixonada e espera a volta do seu amado. Será que algum dia seu amor vai retornar e ela vai voltar a falar e a rir?

O pátio das sombras (v. 10), de Mia Couto – Vencedor do Prêmio FNLIJ 2019 – Produção 2018 (Categoria: Literatura em Língua Portuguesa). Um menino vive com a família em uma aldeia. Um dia, a avó se nega a ir até a plantação, pois diz estar cansada. Durante o trabalho, a família escuta ruídos de festa vindos da aldeia, e todos se perguntam se a avó tinha visitantes. O menino vai checar, mas encontra a avó sozinha. O acontecimento se repete, deixando o menino cada vez mais confuso, até que a avó lhe dá explicações ensinando-lhe uma linda lição sobre a vida e a morte. 

CONTOS DE MOÇAMBIQUE

A série “Contos de Moçambique” surgiu da colaboração entre a Escola Portuguesa de Moçambique e a Fundació Contes pel Món, de Barcelona, Espanha. A Editora Kapulana fez uma parceria com a Escola Portuguesa de Moçambique para publicar no Brasil a coleção, com o objetivo de apresentar ao leitor brasileiro um pouco da cultura moçambicana. A série é composta por dez volumes de contos da tradição oral de Moçambique. São histórias recontadas por renomados escritores e ilustradas por artistas de diversas expressões, como pintura, desenho, escultura, batique e artesanato.

EDITORA KAPULANA

A Kapulana é uma editora voltada para a publicação e divulgação da literatura de autores brasileiros e estrangeiros. A proposta é ampliar e apresentar as diversas linguagens literárias aos leitores brasileiros. A seleção de títulos – voltada para autores e livros que ainda não têm visibilidade – apresenta múltiplas identidades, com temas e cenários que expressem seus valores socioculturais. Atualmente, o catálogo da editora é composto por livros de ficção e científicos, para adultos e crianças, em prosa e poesia. Os escritores, ilustradores e colaboradores são de países como Brasil, Angola, Moçambique, Nigéria, Portugal, Quênia e Zimbábue.

São Paulo, 19 de fevereiro de 2018.

Publicado em

Esculturas maconde – Ilustrações de “O caçador de ossos”, de Carlos dos Santos

A escultura maconde é uma das artes tradicionais do povo maconde (ou makonde), pertencente ao grupo étnico bantu da região de Cabo Delgado, nordeste de Moçambique e sudeste da Tanzânia, na África.

A arte maconde é representada pela música, pela dança e por objetos produzidos em palha entrelaçada, com que são feitos cestos e esteiras. No entanto, a arte maconde mais conhecida é a escultura, em que o material utilizado é o pau preto, madeira extraída de uma árvore do continente africano.

O pau preto também é conhecido como ébano africano ou ébano moçambicano. Com o uso de serrotes, catanas, machados e outras ferramentas menores, o artesão esculpe em pau preto adereços pessoais, utensílios domésticos, instrumentos e ferramentas para uso doméstico e agrícola, móveis e objetos de arte.

 As esculturas artísticas têm vários estilos, em que a presença de figuras humanas, animais e seres sobrenaturais é frequente.  Grupos de pessoas ou famílias, às vezes com seus instrumentos de trabalho, são esculpidos em uma só peça de pau preto.  Também há conjuntos maiores de esculturas em que cenários inteiros, como aldeias, são representados em detalhes, peça por peça.

 A escultura maconde é uma das artes moçambicanas de maior reconhecimento nacional e internacional por representar com arte os costumes de um povo através dos tempos.

Citar como:
SANTOS, Carlos do. O caçador de ossos. Ilustrações de Emanuel Lipanga. São Paulo: Kapulana, 2018 [Contos de Moçambique, v. 8].

Publicado em

Ana Mafalda Leite realiza o lançamento de ‘Outras fronteiras: fragmentos de narrativas’ na UFRJ

O livro apresenta um conjunto de poemas organizados em quatro momentos, em que a poeta viaja por paisagens diversas, que conversam entre si

A ensaísta, docente e poeta Ana Mafalda Leite participa, na quarta-feira (28), às 11h00, na Faculdade de Letras, no auditório E-3, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da palestra O Cinema da Guiné-Bissau, com a exibição e o debate do filme Nha Fala (2002), de Flora Gomes. O evento faz parte do projeto CinÁfrica, coordenado pela Profª Drª Carmen Lucia Tindó Secco. Durante o encontro, Mafalda Leite realizará a leitura de poemas e sessão de autógrafos do livro Outras fronteiras: fragmentos de narrativas. Na programação, Carmen Tindó falará sobre a obra e poesia da convidada, com a participação de Rosana Weg, diretora da Editora Kapulana.

Em Outras fronteiras: fragmentos de narrativas, Ana Mafalda Leite apresenta um conjunto de poemas organizados em quatro momentos, em que a poeta viaja por paisagens diversas, que conversam entre si. As viagens começam no interior do eu-lírico e percorrem cenários de Moçambique, em terra e no Índico, repletos de portais, jardins, templos, minaretes, serpentes e flautas mágicas, em um universo em que história e poesia convivem.

Ana nasceu em Portugal, cresceu e realizou os primeiros estudos acadêmicos na Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, Moçambique. É docente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com Mestrado em Literaturas Brasileira e Africanas de Língua Portuguesa, além do Doutora em Literaturas Africanas, sua área principal de investigação.  Desenvolveu pesquisa de Doutorado e Pós-Doutorado na Escola de Estudos Orientais e Africanos (SOAS) da Universidade de Londres, na Universidade de Roma e na Universidade de Dakar.

Com mais de 30 anos de trajetória criando versos, Mafalda lançou seu primeiro livro de poemas, Em sombra acesa (Vega), no ano de 1984. Em seguida, as obras Canções de Alba (Vega), de 1989, Mariscando Luas (Vega), em colaboração com Luís Carlos Patraquim e Roberto Chichorro. de 1992, Rosas da China (Quetzal Editores), de 1999, entre outros. Em 2015, Mafalda recebeu o prêmio Femina Lusofonia de Literatura, honraria que contempla as “Notáveis Mulheres Portuguesas e da Lusofonia, mérito ao nível profissional, cultural e humanitário no Mundo, pelo Conhecimento e pelo seu relacionamento com outras Culturas”.

Pela Kapulana, a autora lançou, no ano passado, Outras fronteiras: fragmentos de narrativas. Sobre o livro, Carmen Tindó escreveu: “Poesia e história dialogam, lançando luzes sobre momentos problemáticos do passado moçambicano. Fragmentos narrativos e biográficos cruzam os poemas, trazendo informações sobre o contexto historiográfico de Moçambique, em especial sobre os prazos da coroa no vale do Zambeze, onde houve um sistema escravocrata interno que beneficiava as senhoras prazeiras e suas respectivas famílias”.

CINÁFRICA

O CinÁfrica é um projeto que aborda as relações entre literatura, cinema e afeto, investigando diferentes representações da história em obras literárias e cinematográficas moçambicanas e guineenses. O evento O cinema na Guiné-Bissau tem a organização Profª Drª Carmen Lucia Tindó Secco, Setor de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, além do apoio da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Diretoria de Cultura e Extensão.

Leia um poema de Outras Fronteiras: fragmentos de narrativas:

A lenda da criação

No princípio havia chauta (deus) e a terra parada
um dia um relâmpago imenso desenhou nos céus
a chuva
que trouxe à terra o homem e todos os animais

Pousaram nos planaltos da marávia e da angónia
no topo da montanha de domué
deus, os homens e os animais

as rochas ainda mostram as antigas pegadas, uma cesta uma enxada e um pilão

em harmonia sagrada

 

Saiba mais sobre o evento: https://www.kapulana.com.br/eventos/palestra-com-ana-mafalda-leite/

Saiba mais sobre o livro Outras fronteiras: fragmentos de narrativashttps://www.kapulana.com.br/produto/outras-fronteiras-fragmentos-de-narrativas/

Saiba mais sobre a autora Ana Mafalda Leite: https://www.kapulana.com.br/ana-mafalda-leite/

Leia o posfácio de Carmen L. T. Secco: https://www.kapulana.com.br/posfacio-do-livro-outras-fronteiras-fragmentos-de-narrrativas-por-carmen-lucia-tindo-secco/

São Paulo, 11 de fevereiro de 2018.

Publicado em

EMANUEL LIPANGA

EMANUEL LIPANGA nasceu em 1967 em Nangade, Cabo Delgado, Moçambique, e fez o ensino fundamental em Mtwara, na Tanzânia.

Em 1982, foi para Dar es Salaam, cidade também na Tanzânia, onde aprendeu com o seu tio o ofício de escultor.

Em 1995, regressou a Moçambique e morou na capital, Maputo, com um irmão que também é escultor.

Desde 1996, tem o seu próprio espaço-ateliê e participa da FEIMA (Feira de Artesanato, Flores e Gastronomia de Maputo), famosa exposição e mercado cultural na capital, onde os artesãos de Moçambique apresentam seus trabalhos artísticos durante o ano todo.

Em 2001, participou de uma mostra individual nas TDM (Telecomunicações de Moçambique), fez exposição nas dependências da Presidência da República de Moçambique e, em 2008, levou o seu trabalho à China, a convite do Ministério do Turismo daquele país.

OBRAS DA KAPULANA

O caçador de ossos, Contos de Moçambique, v. 8, de Carlos dos Santos, 2018.

Publicado em

CARLOS DOS SANTOS

CARLOS DOS SANTOS nasceu em 1962, em Lourenço Marques, atual Maputo, capital de Moçambique.

Profissional da educação desde 1981, é formado em Psicologia e Pedagogia (1989-1994) pela Universidade Pedagógica de Maputo.

 

OBRAS DA KAPULANA

O caçador de ossos, Contos de Moçambique, v. 8, 2018.

 

OUTRAS PUBLICAÇÕES

Ficção científica:

  • A quinta dimensão. Maputo: Imprensa Universitária, 2006.
  • A quinta dimensão. Maputo: Alcance Editores, 2010.
  • O pastor de ondas. Maputo: Alcance Editores, 2011.
  • O eco das sombras. Maputo: Alcance Editores, 2016.

Infantojuvenis:

  • O conselho. Maputo: Texto Editores, 2007.
  • Os frutos da amizade. Maputo: Plural Editores, 2008.
  • As cores da amizade. Maputo: Plural Editores, 2011.
  • Um passeio pelo céu. Maputo: Plural Editores, 2012.
  • O mundo e mais eu. Maputo: Plural Editores, 2013.
  • O caçador de ossosMaputo: Escola Portuguesa de Moçambique; Barcelona: Fundació Contes pel Món, 2013.
  • O bichinho da curiosidade. Maputo: Plural Editores, 2014.
  • O passeio das espécies. Maputo: Plural Editores, 2015.
  • Os pastores de letras. Maputo: Alcance Editores, 2016.

Didáticos e Técnicos:

  • Criação de animais, doenças dos animais e currais. Maputo: Plural Editores, 2009.
  • Cartilha da ética. Maputo: Plural Editores, 2011.
  • Guião de exploração para professores e para pais. Maputo: Plurais Editores, 2014.

 

Publicado em

MARCELO PANGUANA

MARCELO PANGUANA nasceu em março, em 1951, na cidade de Lourenço Marques, atual Maputo, capital de Moçambique. Escreve desde o momento em que conheceu as primeiras letras do alfabeto. Começou por escrever pequenas histórias para as páginas e revistas culturais. A página literária “Diálogo”, do Notícias da Beira, foi o espaço onde começou a amadurecer a sua escrita. Em Maputo, junta-se a um grupo de escritores do projeto da revista “Charrua”. Deste grupo nasceram alguns dos que constituem, hoje, a nata dos melhores escritores do país. Foi fundador da Editora Lithangu.

OBRAS DA KAPULANA 

Leona, a filha do silêncio, Contos de Moçambique, v. 9,  2018. (em edição)

OUTRAS PUBLICAÇÕES

  • As vozes que falam de verdade (contos). Maputo: Associação dos Escritores Moçambicanos, 1987 .
  • A balada dos deuses (contos). Maputo, Associação dos Escritores Moçambicanos, 1991.
  • Estórias de reconciliação. Unesco, 1994.
  • Fazedores da alma (entrevistas). Maputo: Tipografia Globo, 1999.
  • O chão das coisas (romance). Maputo: Imprensa Universitária da Universidade Eduardo Mondlane, 2003.
  • Os ossos de Ngungunhana (contos). Maputo: Imprensa Universitária da Universidade Eduardo Mondlane, 2004.
  • Como um louco ao fim da tarde. Maputo: Alcance, 2009.
  • Leona, a filha do silêncio. Maputo: Escola Portuguesa de Moçambique; Barcelona: Fundació Contes pel Món, 2010.
  • O filho do planalto. Luanda: União dos Escritores Angolanos (UEA), 2011.
  • Conversas do Fim do Mundo. Maputo: Alcance, 2012.
  • O vagabundo da Pátria. Maputo: Alcance, 2015.

PRÊMIOS

  • Prémio Literário Rui de Noronha, patrocinado pela FUNDAC, na categoria de escritores consagrados – Moçambique.
  • Menção Honrosa no Prémio Sonangol de Literatura 2011, com o livro O filho do Planalto – Angola.
Publicado em

LESLEY NNEKA ARIMAH

LESLEY NNEKA ARIMAH nasceu no Reino Unido e cresceu lá, mas também em outros países onde seu pai trabalhava, como a Nigéria. Atualmente mora em Minneapolis, no estado de Minnesota, Estados Unidos. É autora do livro What it means when a man falls from the sky (no Brasil, O que acontece quando um homem cai do céu), uma coletânea aclamada de contos lançada em 2017 nos EUA, no Reino Unido e na Nigéria. Não só o livro tem recebido prêmios, como vários dos contos já haviam sido premiados antes de serem publicados no formato de livro.

A OBRA

O livro – Edições de What it means when a man falls from the sky, stories (O que acontece quando um homem cai do céu).

2017 – What it means when a man falls from the sky, stories. New York: Riverhead Books/ Penguin Handon House LLC.
2017 – What it means when a man falls from the sky, stories. Reino Unido: Headline Publishing Group, London/ Tinder Press.
2017 – What it means when a man falls from the sky, stories. Lagos/Nigéria: Farafina.
2018 – O que acontece quando um homem cai do céu. São Paulo: Kapulana.

Os contos

Lesley N. Arimah, antes de ter seus contos reunidos em livro, os submeteu para apreciação a várias revistas literárias, que aprovaram e publicaram várias das histórias. Os seguintes contos já tinham seu mérito reconhecido e haviam sido publicados:

2014 – “Histórias de guerra” (War Stories). Mid-American Review, XXXIV, No. 2, Oct. 2014.
2014-2015 – “O futuro parece bom” (The Future Looks Good). PANK, Jan. 2014 (Incluído no Best American Nonrequired Reading, Houghton Mifflin Harcourt Publishing Company, 2015).
2015 – “Segundas chances” (Second Chances). “Second Chances“, The Toast, Feb. 2015.
2015 – “Acidental” (Windfalls). Per Contra, Online, Issue 35.
2015 – “Luz” (Light). GRANTA Online, April 28, 2015.
2015 – “O que acontece quando um homem cai do céu”(What It Means When a Man Falls from the Sky). Catapult, September 2015.
2015 – “Quem vai te receber em casa” (Who Will Greet You at Home). The New Yorker, October 26th, 2015.
2016 – “As meninas de Buchi” (Buchi’s Girls). Five Points, Vol. 16, No. 3, Sept. 2016.
2016 – “Glória”(Glory). Harper’s Magazine, March 2016.
2019 – “Skinned”. McSweeney’s Quarterly Concern (Issue 53).

PRÊMIOS E INDICAÇÕES

2015 – “Commonwealth Short Story Prize for Africa”, pelo conto “Light”. (Iniciativa da Commonwealth Foundation, que premia normalmente autores inéditos na categoria de contos. Conto foi publicado no NWT e recebeu indicação para o prêmio, pelo qual concorrem as principais revistas dos EUA.)
2016 – Finalista do “National Magazine Awards”, do New York Times, categoria Ficção, pelo conto “Who will greet you at home”.
2017 – Finalista do “National Book Critics Circle Leonard Prize”.
2017 – Nomeada uma das “5 under 35”, da National Book Foundation. (A lista nomeia 5 autores com menos de 35 anos que só tenham um livro de ficção publicado nos últimos cinco anos, e que são promissores.)
2017 – Vencedora do “Kirkus Prize”, categoria Ficção, pelo livro What it means when a man falls from the sky. (Um dos maiores prêmios literários do mundo, premia anualmente autores nas categorias ficção, não ficção e literatura juvenil.)
2017 – “O. Henry Prize”, pelo conto “Glory”. (Promovido pela editora Anchor Books em parceria com a PEN American Center. Premia contos publicados em inglês nos EUA e no Canadá.)
2017 – “Caine Prize Shortlist”, pelo conto “Who will greet you at home”. (Prêmio para contos de literaturas africanas escritas em Inglês.)
2018– “18º Young Lions Fiction Award” (Premiação promovida pela The New York Public Library)
2019 – “Caine Prize for African Writing” (vencedora com o conto “Skinned”, publicado na McSweeney’s Quarterly Concern (Issue 53).

RESENHAS

A obra de Lesley N. Arimah foi e é objeto da crítica literária de diversos veículos internacionais importantes como:

Africa in Words, Ayiba, BookRiot, Books Shelf, Bookspoils,  Boston Globe, Buzzfeed, Dallas News, Jezebel,  Kirkus Review, Media Diversified, NPR Books, Olisa TV, Publishers Weekly, Salisbury Post, Seattle Times, Shiny New Books, Star Tribune, The Atlantic, The Culture Trip, The Diamondback, The Guardian, The Johannesburg Review of Books, The Michigan Daily, The New York Times, The Rumpus, The Washington Post.

Trechos de resenhas

“Estranho e maravilhoso… uma contadora de histórias sagaz, oblíqua e provocativa, Arimah consegue encaixar a história de uma família em poucas páginas, e inventar parábolas utópicas, fábulas mágicas e cenários aterrorizante, movendo-se com desembaraço entre um distanciamento cômico e um realismo psicológico perspicaz… as suas histórias de ficção científica, que trazem questões feministas e relativas ao meio-ambiente, lembram as de Margaret Atwood. Mas seria errado não aclamar Arimah por sua originalidade estremecedora: ela está conduzindo aventuras em narrativas que seguem sua própria voz, alimentando seu rastro de luz, aquela brasa brilhante, queimando corajosamente, sem ofuscar-se.” – New York Times Book Review

“A voz de Arimah é vibrante e nova, os assuntos que ela traz são, ao mesmo tempo, oportunos e atemporais… Este é um volume curto e raro que fui forçado a colocar nas mãos de amigos dizendo ‘Você tem que ler isso’.” – The Washington Post

“Em sua coleção de estreia, Lesley Nneka Arimah mistura realismo mágico e elementos de ficção científica para criar um conjunto de histórias realmente únicas sobre família, amizade e a ideia de um lar, que vão deixar o leitor faminto para ler mais do seu trabalho.” – Cosmopolitan

Publicado em

Pintura a óleo – Ilustrações de Silva Dunduro, em “Na aldeia dos crocodilos”, de Adelino Timóteo.

A técnica de pintura a óleo é uma das técnicas mais antigas e tradicionais das artes plásticas.

Quase todos os documentos de história da arte dizem que essa técnica de pintura surgiu na Europa no século XV. Porém, quando em 2001, no Afeganistão, foram destruídas estátuas gigantes de Buda, pesquisadores encontraram cavernas com milhares de imagens decoradas com pinturas de Buda e seres mitológicos, feitas entre os séculos V e IX. As surpreendentes imagens tinham sido feitas com tinta a óleo, o que significa que essa técnica já era utilizada na Ásia antes de chegar à Europa. Naquela época, as tintas eram feitas à base de nozes e sementes de plantas.

A pintura a óleo, apesar de antiga, ainda é muito utilizada. As tintas são aplicadas em superfícies de madeira ou tela de algodão cru, ou sobre outros materiais, com pincéis ou espátulas. A espessura da tinta depende do efeito buscado pelo pintor. A tinta seca lentamente, o que permite ao artista alterar seu trabalho durante muito tempo, se ele quiser.

Algumas das obras de arte mais famosas do mundo, como a “Mona Lisa” (1503), do italiano Leonardo da Vinci, “A noite estrelada” (1889), do holandês Vincent van Gogh, e o “Abaporu” (1928), da brasileira Tarsila do Amaral, foram pintadas com o uso dessa técnica.

Citar como:
TIMÓTEO, Adelino. Na aldeia dos crocodilos. Ilustrações de Silva Dunduro. São Paulo: Kapulana, 2018 [Contos de Moçambique, v. 7].